Tema da Trácia: diferenças entre revisões

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== História ==
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Tradicionalmente acredita-se que o Thema Trácio tenha sido fundado por volta de 600 como resposta à [[Asparuch|ameaça búlgara]].{{harvref|Haldon|1997|p=216}}{{harvref|name=Nesb155|Nesbitt|1991|p=155}} Esta teoria se baseia na menção de um tal ''[[patrikios]]'' Teodoro, conde de [[Opsikion]] e ''[[hipostrategos]]'' da Trácia em 680-681. Porém, é incerto se isto implica na existência da Trácia como um comando militar distinto, com Teodoro acumulando duas funções, ou se a Trácia estava administrativamente unida ao ao [[Thema Opsiciano]]. Na realidade, diferentes ''[[strategos|strategoi]]'' da Trácia não aparecem inequivocamente nas fontes literárias até 742, enquanto que selos dos ''strategoi'' sobreviventes só aparecem a partir do século VIII.{{harvref|Pertusi|1952|p=156}}{{harvref|Kazhdan|1991|p=2079–2080}} Inicialmente, [[Adrianópolis]] foi provavelmente a capital do thema.
Tradicionalmente acredita-se que o Thema Trácio tenha sido fundado por volta de 600 como resposta à [[Asparuch|ameaça búlgara]].{{harvref|Haldon|1997|p=216}}{{harvref|name=Nesb155|Nesbitt|1991|p=155}} Esta teoria se baseia na menção de um tal ''[[patrikios]]'' Teodoro, conde de [[Opsikion]] e [[hipoestratego]] da Trácia em 680-681. Porém, é incerto se isto implica na existência da Trácia como um comando militar distinto, com Teodoro acumulando duas funções, ou se a Trácia estava administrativamente unida ao ao [[Thema Opsiciano]]. Na realidade, diferentes ''[[strategos|strategoi]]'' da Trácia não aparecem inequivocamente nas fontes literárias até 742, enquanto que selos dos ''strategoi'' sobreviventes só aparecem a partir do século VIII.{{harvref|Pertusi|1952|p=156}}{{harvref|Kazhdan|1991|p=2079–2080}} Inicialmente, [[Adrianópolis]] foi provavelmente a capital do thema.


Sob a [[imperatriz bizantina|imperatriz]] [[Irene de Atenas]], no final do século VIII, o thema foi dividido, com a parte ocidental se tornando o [[Thema Macedônio]]. A partir daí, a capital trácia passou a ser [[Arcadiópolis]], com ''[[tourmarches|tourmarchai]]'' subordinados em [[Bizye]] e [[Sozópolis]]. Outro, chamado ''tourmarches tes Thrakes'' ("da Trácia") também é atestado nas fontes, possivelmente o enviado do ''strategos'' em Arcadiópolis.<ref name=Nesb155/> Os geógrafos árabes [[Ibn Khordadbeh]] ({{ca.}} 847) e [[Ibn al-Faqih]] ({{ca.}} 903) mencionam o thema como se estendendo ''"da Longa Muralha [a [[Muralha de Anastácio]]]"'' até ''"a terra dos eslavos"'', ao norte até o país dos [[Primeiro Império Búlgaro|búlgaros]], contendo dez fortalezas e 5.000 soldados.{{harvref|Pertusi|1952|p=157}} De fato, as fronteiras do thema flutuavam de acordo com as mudanças provocadas pelas [[guerras bizantino-búlgaras]]. Inicialmente, o thema deve ter abrangido a maior parte da antiga [[Diocese da Trácia]], exceto a região ao longo do [[Danúbio]], conquistada pelos búlgaros ([[Mésia Inferior]]), mas, após as conquistas dos [[cã]]s [[Krum da Bulgária|Krum]] (r. 803-814), [[Omurtag]] (r. 814-831) e [[Simeão I da Bulgária|Simeão I]] (r. 893-927), a fronteira se moveu gradativamente para o sul da [[cordilheira dos Bálcãs]] para, grosso modo, a região onde hoje está a fronteira com a [[Grécia]] e a [[Turquia]]. Assim, na virada do século IX, o thema abrangia essencialmente a metade oriental da moderna [[Trácia Oriental]], com uma extensão ao longo da costa até [[Anquialo]].{{harvref|Pertusi|1952|p=157–158}}
Sob a [[imperatriz bizantina|imperatriz]] [[Irene de Atenas]], no final do século VIII, o thema foi dividido, com a parte ocidental se tornando o [[Thema Macedônio]]. A partir daí, a capital trácia passou a ser [[Arcadiópolis]], com ''[[tourmarches|tourmarchai]]'' subordinados em [[Bizye]] e [[Sozópolis]]. Outro, chamado ''tourmarches tes Thrakes'' ("da Trácia") também é atestado nas fontes, possivelmente o enviado do ''strategos'' em Arcadiópolis.<ref name=Nesb155/> Os geógrafos árabes [[Ibn Khordadbeh]] ({{ca.}} 847) e [[Ibn al-Faqih]] ({{ca.}} 903) mencionam o thema como se estendendo ''"da Longa Muralha [a [[Muralha de Anastácio]]]"'' até ''"a terra dos eslavos"'', ao norte até o país dos [[Primeiro Império Búlgaro|búlgaros]], contendo dez fortalezas e 5.000 soldados.{{harvref|Pertusi|1952|p=157}} De fato, as fronteiras do thema flutuavam de acordo com as mudanças provocadas pelas [[guerras bizantino-búlgaras]]. Inicialmente, o thema deve ter abrangido a maior parte da antiga [[Diocese da Trácia]], exceto a região ao longo do [[Danúbio]], conquistada pelos búlgaros ([[Mésia Inferior]]), mas, após as conquistas dos [[cã]]s [[Krum da Bulgária|Krum]] (r. 803-814), [[Omurtag]] (r. 814-831) e [[Simeão I da Bulgária|Simeão I]] (r. 893-927), a fronteira se moveu gradativamente para o sul da [[cordilheira dos Bálcãs]] para, grosso modo, a região onde hoje está a fronteira com a [[Grécia]] e a [[Turquia]]. Assim, na virada do século IX, o thema abrangia essencialmente a metade oriental da moderna [[Trácia Oriental]], com uma extensão ao longo da costa até [[Anquialo]].{{harvref|Pertusi|1952|p=157–158}}

Revisão das 03h32min de 11 de novembro de 2013

 Nota: Para outros significados, veja Trácia (desambiguação).
 Nota: Para o thema na Anatólia de nome similar, veja Thema Tracesiano.
O Thema Trácio aparece à esquerda, no território europeu do Império Bizantino, neste mapa da região em 780.

O Thema da Trácia (em grego: θέμα Θρᾴκης ou θέμα Θρᾳκῷον), conhecido também como Thema Trácio, foi uma thema (província civil-militar) do Império Bizantino localizado no sudoeste dos Balcãs e que abarcou diferentes partes da região homônima durante a sua história.

História

Tradicionalmente acredita-se que o Thema Trácio tenha sido fundado por volta de 600 como resposta à ameaça búlgara.[1][2] Esta teoria se baseia na menção de um tal patrikios Teodoro, conde de Opsikion e hipoestratego da Trácia em 680-681. Porém, é incerto se isto implica na existência da Trácia como um comando militar distinto, com Teodoro acumulando duas funções, ou se a Trácia estava administrativamente unida ao ao Thema Opsiciano. Na realidade, diferentes strategoi da Trácia não aparecem inequivocamente nas fontes literárias até 742, enquanto que selos dos strategoi sobreviventes só aparecem a partir do século VIII.[3][4] Inicialmente, Adrianópolis foi provavelmente a capital do thema.

Sob a imperatriz Irene de Atenas, no final do século VIII, o thema foi dividido, com a parte ocidental se tornando o Thema Macedônio. A partir daí, a capital trácia passou a ser Arcadiópolis, com tourmarchai subordinados em Bizye e Sozópolis. Outro, chamado tourmarches tes Thrakes ("da Trácia") também é atestado nas fontes, possivelmente o enviado do strategos em Arcadiópolis.[2] Os geógrafos árabes Ibn Khordadbeh (c. 847) e Ibn al-Faqih (c. 903) mencionam o thema como se estendendo "da Longa Muralha [a Muralha de Anastácio]" até "a terra dos eslavos", ao norte até o país dos búlgaros, contendo dez fortalezas e 5.000 soldados.[5] De fato, as fronteiras do thema flutuavam de acordo com as mudanças provocadas pelas guerras bizantino-búlgaras. Inicialmente, o thema deve ter abrangido a maior parte da antiga Diocese da Trácia, exceto a região ao longo do Danúbio, conquistada pelos búlgaros (Mésia Inferior), mas, após as conquistas dos cãs Krum (r. 803-814), Omurtag (r. 814-831) e Simeão I (r. 893-927), a fronteira se moveu gradativamente para o sul da cordilheira dos Bálcãs para, grosso modo, a região onde hoje está a fronteira com a Grécia e a Turquia. Assim, na virada do século IX, o thema abrangia essencialmente a metade oriental da moderna Trácia Oriental, com uma extensão ao longo da costa até Anquialo.[6]

A partir do século XI, Trácia e Macedônia parecem ter sido geralmente combinadas, como atestam os numerosos strategoi e juízes (kritai) que tinham jurisdição sobre ambos themata.[2] O nome desapareceu do uso administrativo corrente durante o período Paleólogo, mas ainda se encontra em alguns historiadores da época como um termo arcaico.[7]

Referências

  1. Haldon 1997, p. 216.
  2. a b c Nesbitt 1991, p. 155.
  3. Pertusi 1952, p. 156.
  4. Kazhdan 1991, p. 2079–2080.
  5. Pertusi 1952, p. 157.
  6. Pertusi 1952, p. 157–158.
  7. Kazhdan 1991, p. 2080.

Bibliografia

  • Haldon, John F. (1999). Warfare, State and Society in the Byzantine World, 565-1204. Londres: University College London Press. ISBN 1-85728-495-X 
  • Pertusi, A. (1952). Constantino Porfirogenito: De Thematibus (em italiano). Roma: Biblioteca Apostolica Vaticana