Maximiliano do México: diferenças entre revisões

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 Nota: Se procura imperador Maximiliano I de Habsburgo, veja Maximiliano I, Sacro Imperador Romano-Germânico.
 Nota: Se procura imperador Maximiliano II de Habsburgo, veja Maximiliano II, Sacro Imperador Romano-Germânico.
 Nota: Se procura arquiduque Maximiliano de Áustria-Estíria, veja Maximiliano de Habsburgo (1583).
Maximiliano

Imperador do México

Imperador Maximiliano I.
Reinado 10 de abril de 1864
15 de maio de 1867
Consorte Carlota da Bélgica
Antecessor(a) nenhum
Sucessor(a) nenhum
Nascimento 6 de julho de 1832
  Viena, Áustria Áustria
Morte 19 de junho de 1867 (34 anos)
  Santiago de Querétaro, México México
Sepultado em Cripta Imperial de Viena, Viena Áustria
Nome completo Fernando Maximiliano José
Casa Casa de Habsburgo
Pai Francisco Carlos da Áustria
Mãe Sofia da Baviera
Filho(s) Sem descendência

Maximiliano de Habsburgo-Lorena (Viena, 6 de julho de 1832Santiago de Querétaro, 19 de junho de 1867) nasceu como arquiduque da Áustria e príncipe da Hungria e da Boêmia, mas renunciou a estes títulos para se tornar o imperador do México, encabeçando o Segundo Império Mexicano entre 1864 e 1867.

Primeiros anos

Fernando Maximiliano José de Habsburgo-Lorena nasceu no Palácio de Schönbrunn, na capital austríaca. Era o segundo filho varão do arquiduque Francisco Carlos e da princesa Sofia da Baviera. Entretanto, há boatos de que Maximiliano era, na verdade, filho biológico de Napoleão II (falecido em 1832), filho de Napoleão Bonaparte e de sua segunda esposa, Maria Luísa da Áustria.

Sofia e Napoleão II, titulado como duque de Reichstadt, tinham uma amizade íntima que provocou rumores na corte, os quais a arquiduquesa jamais se preocupou desmentir. Quando ela engravidou pela segunda vez, Napoleão II morreu de tuberculose.

Em Trieste, Maximiliano foi marinheiro por vários anos, vivendo bastante tempo em alto-mar; colaborou no triunfo de sua nação na guerra contra a Itália. Tendo conhecido a princesa D. Maria Amélia de Bragança, filha de D. Pedro I do Brasil (IV de Portugal) e D. Amélia de Leuchtenberg, ele teria planejado um matrimônio, mas D. Maria Amélia faleceu precocemente na Ilha da Madeira, em 1853. De luto com esta perda, Maximiliano passou a usar um anel contendo um cacho de cabelo da falecida princesa.

A imperatriz Carlota.

Em 27 de julho de 1857, Maximiliano contraiu matrimônio com Carlota da Bélgica, a única filha do rei Leopoldo I da Bélgica. O casamento, contudo, só ocorreu por interesses econômicos, pois ele precisava urgentemente de dinheiro para pagar suas dívidas da construção do Castelo de Miramare em Trieste, na costa do mar Adriático. Para isso, utilizou o dote de Carlota.

Leopoldo I pressionou o imperador Francisco José I, irmão de seu genro, para que concedesse a Maximiliano o cargo de vice-rei do Reino Lombardo-Vêneto. Assim, ele completaria suas ambições dinásticas para sua filha. Viveram então na cidade de Milão até 1859, quando o imperador retirou-o do posto porque os planos de guerra não estavam nos ideais liberais de Maximiliano. Pouco a pouco, a Áustria-Hungria perdeu suas possessões na Itália, e o arquiduque decidiu retirar-se da vida pública em seu castelo de Miramare.

Imperador

Foi persuadido pelo imperador francês Napoleão III e por realistas mexicanos a aceitar a coroa do recém-fundado Império Mexicano (1864-1867).

"É difícil imaginar, hoje, o quanto o México fascinava a Europa em meados do século XIX. Naqueles anos de otimismo e audácia inusitados, os intelectuais já estudavam os maias e os astecas, sua escrita misteriosa e seus monumentos enigmáticos.(...)Os franceses passaram a imaginar um tipo de efeito dominó: depois do México, haveria um modelo a ser seguido por quase todas as ex-colônias tornadas repúblicas nas Américas. Desse modo, seria possível “civilizar e monarquizar” aqueles Estados, conforme a expressão da imperatriz Eugênia, que já via na região lugar para instalar tronos para a numerosa nobreza européia e seu excesso de príncipes.Assim surgiu no império francês o projeto de criação de uma grande monarquia católica no México, tão poderosa quanto a República protestante dos Estados Unidos. Deixado livre, o projeto virou sonho, e o sonho se perdeu no exagero. Por desinformação ou paixão pelo próprio projeto, Napoleão III achou por bem propor à Áustria que o arquiduque Maximiliano, irmão do imperador do país, fosse levado ao trono no México. O que se seguiu foi a ocupação do México pela França, numa luta que de saída registrou mil baixas no exército invasor.(...)Os franceses descobriram que o México tinha um exército e um povo que, ao contrário da conversa palaciana de Paris, não estava à espera de um salvador nem se levantaria contra um dos seus. Para salvar a honra nacional francesa, porém, era preciso ficar na ex-colônia, ir até o fim. A chegada de reforços possibilitou o difícil avanço europeu até a tomada da Cidade do México, em junho de 1863."[1]

A Aventura de Maximiliano de Habsburgo - como foi chamada no México - não passou de um triste episódio de interesses criados, ingenuidade e desespero. Os conservadores viram em sua pessoa a possibilidade de manter um sistema político que lhes era cômodo e que lhes parecia seguro por contar com o apoio da França, da Inglaterra e da Santa Sé. O arquiduque austríaco, por sua vez, de certo modo condenado a ser sempre o irmão do imperador da Áustria, aceitou o papel que lhe era oferecido desempenhar em um país completamente desconhecido para ele e submerso numa profunda crise política.

Em meio à crise e aos inúmeros conflitos, era inevitável que ele se voltasse para seu poderoso primo-irmão, o imperador D. Pedro II do Brasil:

"O sonho do arquiduque Maximiliano, subitamente lançado ao posto de imperador do México, incluía D. Pedro II e uma poderosa aliança com o Brasil. Mas nunca chegou nem perto de se realizar. Em apenas três anos, desmoronou e virou tragédia.(...)Quatro anos antes, Maximiliano havia se encontrado pessoalmente com D. Pedro II. Numa viagem à América do Sul, fora recebido pelas princesas Isabel e Leopoldina em Petrópolis, e depois rumara até o Espírito Santo para ver o imperador. Amante da botânica e da zoologia, aproveitou a viagem para explorar a natureza tropical. Dizem que levou espécimes de aves, insetos e plantas para a sua coleção particular. Mas agora a boa vida tinha acabado. À frente do Império mexicano, pressionado por todos os lados, não tardou em escrever para o seu primo brasileiro. As cartas alternavam comentários formais com mensagens de cunho pessoal. Elas revelam as estratégias usadas pelo imperador mexicano para se aproximar do Brasil. Tratando o primo brasileiro por “irmão”, Maximiliano não poupa elogios ao governo que, segundo ele, “desperta a inveja do Novo Mundo”, e evoca possíveis afinidades entre seus impérios: “Tenho pensado nas similaridades que reinam entre nossos dois países e todo o meu desejo é seguir a via traçada por Vossa Majestade para obter bons resultados”.No afã de criar vínculos econômicos e diplomáticos com o Brasil, Maximiliano condecorou D. Pedro II com o Colar da Águia Mexicana, da Ordem das Grandes Cruzes. Este prêmio só havia sido concedido até então aos soberanos da Áustria e da Rússia. Como retribuição, o imperador brasileiro condecorou a imperatriz Carlota com as insígnias da Ordem Imperial. A imprensa brasileira, contudo, ignorou solenemente o gesto diplomático: os jornais não registram nenhuma menção ao intercâmbio de medalhas. Um projeto pessoal de Maximiliano também justificava suas investidas. O imperador queria consolidar a hegemonia de dois grandes impérios dos Habsburgo na América, recuperando o prestígio da dinastia. Para isso, pretendia casar seu irmão, o arquiduque Luís Victor, com a filha mais velha de Pedro II, a princesa Isabel, herdeira do trono do Brasil. Mais uma vez os planos de Maximiliano não deram resultado. O imperador austríaco Francisco José soube do plano e não o considerou um bom negócio. Estava mais interessado no futuro europeu da dinastia, e pressionou Luís Victor a desistir. Mesmo depois das várias tentativas de aproximação, até o começo de 1865 o Brasil ainda não havia reconhecido oficialmente o Império do México. Maximiliano, então, mudou de estratégia: passou a investir no envio de diplomatas ao Brasil. A representação diplomática no Rio de Janeiro passou a ter a mesma importância que tinham as de Viena, Bruxelas, Paris e Roma. Para defender os interesses mexicanos no Brasil, foi escalado D. Pedro Escandón, advogado e agente comercial, filho de uma das famílias mais ricas do México. Ao chegar, em janeiro de 1865, Escandón logo percebeu o pouco entusiasmo de D. Pedro II e o desprezo cínico que a imprensa devotava ao Império mexicano. Mas os ventos pareciam anunciar tempos melhores. No mês seguinte, Escandón foi recebido pelo imperador do Brasil no Palácio de São Cristóvão, em audiência pública e com todas as pompas. Seguro de que este reconhecimento de Pedro II serviria de fundamento para uma aliança de interesses entre os impérios americanos, Escandón discursou, entusiasmado, dizendo que era preciso “conservar inalteráveis as preciosas relações que sempre devem existir entre dois povos irmãos, identificados em origem, raça, crenças e governo, falando línguas diferentes, mas compreendendo-se facilmente, porque a cordialidade expressa seus pensamentos e simpatias”. Pedro II se limitou a agradecer a prova de amizade de seu “irmão e primo, o imperador do México”. Depois da audiência, Escandón ainda tentou consumar um tratado de comércio com o Império do sul, e propôs que se enviasse um representante brasileiro ao México. Tudo o que conseguiu, no entanto, foram respostas evasivas."[2]

Desenho da execução do imperador Maximiliano e de seus generais, Tomás Mejía e Miramón, fuzilados em Santiago de Querétaro, no México, em 19 de junho de 1867.

Devido a suas tendências liberais, Maximiliano logo perdeu o apoio dos conservadores. Foi alvo da hostilidade dos seguidores de Benito Juárez, os republicanos, ao ordenar a execução sumária de seus líderes (1865). A única proteção de Maximiliano era a presença de tropas francesas.

"Por sua vez, o presidente deposto, Benito Juárez, seguia vivo e em liberdade. Seus partidários controlavam boa parte do México e, apesar de alguns sucessos, o exército francês estava acossado pela guerrilha que ia ganhando terreno. Em 1865, ficou claro que era impossível ganhar aquela guerra.O golpe de misericórdia sobre a monarquia veio dos Estados Unidos. Desembaraçado da Guerra de Secessão, o governo americano se recusou a reconhecer o imperador Maximiliano e exigiu a retirada das tropas francesas. A alternativa seria a guerra.Napoleão III calculou o prejuízo de uma guerra e, em fevereiro de 1866, escreveu: “Minhas intenções assim se resumem: evacuar o mais depressa possível, mas fazer tudo que estiver ao nosso alcance para que a obra que fundamos não desmorone no dia seguinte ao da nossa partida”.om Maximiliano rifado interna e externamente, Juárez avançou e não tardou a chegar à capital mexicana. Desprezando os conselhos de Napoleão III, Maximiliano recusou-se a abdicar. Em 15 de maio de 1866 foi preso na cidade de Querétaro. Os guerrilheiros lhe propuseram a fuga, que ele chegou a aceitar, mas mudou de idéia – dizem que amava o país. Condenado à morte, foi executado no dia 19 de junho de 1867. Suas últimas palavras teriam sido: “Viva o México!”[3]

Encarando o ocorrido sob a perspectiva de Maximiliano, quando as tropas francesas se retiraram (1866-1867), ele assumiu pessoalmente o comando de seus soldados. Após um cerco em Santiago de Querétaro, foi capturado, aprisionado, julgado por uma corte marcial e fuzilado juntamente com seus generais Tomás Mejía e Miguel Miramón.

Com sua morte, a pretensão ao trono mexicano foi reivindicada por dois ramos distintos. Os Habsburgo-Itúrbide, por adoção dos netos do primeiro imperador do México Agustín de Itúrbide, e outro ramo os Habsburgo-Gueroust.

Posteridade

Logo após sua execução, o acontecimento foi imortalizado por Manet, que acompanhara toda a aventura e desventura deste Habsburgo na América do Norte.

"A notícia do fuzilamento de Maximiliano mal acabava de chegar a Paris quando Édouard Manet, cujas obras anteriores já tinham provocado muita discussão na sociedade francesa, se põe a trabalhar sobre o evento. Republicano convicto, contrário à ambiciosa política de Napoleão III que no México registrara mais um fracasso, o pintor produz, entre 1867 e 1869, três pinturas em escala monumental, um esquete a óleo e uma litografia retratando a execução.Feita com base em relatos escritos, gravuras e fotografias sobre o acontecimento assim como chegavam à França, escapando à censura do governo, a série mostra uma evolução na forma como Manet narra pictoricamente os fatos. No primeiro óleo, os soldados do pelotão de execução vestem uniformes de guerrilheiros mexicanos, enquanto já a partir da segunda tela o pintor muda os uniformes para que pareçam os do exército francês, sublinhando a crítica ao governo de seu país. O imperador enverga um chapéu mexicano, como o da fotografia tirada alguns meses antes da execução por um fotógrafo não identificado. Na pintura final, a obra de maior proporção e a definitiva, Manet acrescenta uma paisagem no fundo, com espectadores que retira de “Tourada”, uma de suas telas anteriores.(...)A litografia foi banida pelas autoridades e as telas nunca exibidas em Paris durante a vida do pintor. Ainda hoje são conservadas em museus estrangeiros (Boston, Londres, Copenhague e Mannheim/Alemanha)."[4]

Referências

BETHELL, Leslie. História da América Latina. Vol. 3. São Paulo: Edusp, 2001.

BIBLIOTECA NACIONAL, Revista de História. Maximiliano por Manet. Rio de Janeiro, edição nº 33, junho de 2008.

BRULEY, Yves. Maximiliano do México - Um fantoche francês. Revista História Viva, edição 66 - Abril 2009.

CHÁVEZ OROZCO, Luis. Maximiliano y la restitución de la esclavitud en México. 1865-1866. México: Secretaría de Relaciones Exteriores, 1961.

DEL PASO, Fernando. Noticias del imperio. México: Editorial Diana, 2000.

Relaciones Diplomáticas entre México y el Brasil (1822-1867). México: Secretaría de Relaciones Exteriores, 1964, 2 tomos.

MEDINA, Javier Torres.O primo desventurado. Revista de História da Biblioteca Nacional. Rio de Janeiro, edição nº 32, maio de 2008.

Ver também

Galeria

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