Federados (Roma Antiga): diferenças entre revisões

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'''''Federado''''', ({{langx|la|Foederatus}}; pl. ''foederati'') nos primórdios da História da [[República Romana]], identificava uma tribo associada a [[Roma Antiga|Roma]] por tratado (''foedus''), mas que não tinha foro nem de [[colónia (história)|colónia]] romana nem de [[cidadania]] romana (''civitas'') mas que ainda assim estava obrigada a fornecer um contingente de soldados, caso isso lhe fosse solicitado. Os [[Lácio|latinos]] eram considerados aliados de sangue, mas os demais eram federados ou [[sócios (Roma Antiga)|sócios]] (''socii''). A palavra está na origem do termo moderno [[federalismo]].
'''Federado''', ({{langx|la|Foederatus}}; pl. ''foederati'') nos primórdios da História da [[República Romana]], identificava uma tribo associada a [[Roma Antiga|Roma]] por tratado (''foedus''), mas que não tinha foro nem de [[colónia (história)|colónia]] romana nem de [[cidadania]] romana (''civitas'') mas que ainda assim estava obrigada a fornecer um contingente de soldados, caso isso lhe fosse solicitado. Os [[Lácio|latinos]] eram considerados aliados de sangue, mas os demais eram federados ou [[sócios (Roma Antiga)|sócios]] (''socii''). A palavra está na origem do termo moderno [[federalismo]].


Durante a República Romana, os atritos provocados por estas obrigações (sem que a elas correspondessem os benefícios da cidadania) levaram à [[Guerra Social (91–88 a.C.)|Guerra Social]] entre os romanos e os sócios revoltados. Uma lei de [[90 a.C.]] (a [[Lei Júlia]]) outorgava a cidadania romana aos povos federados que aceitassem as suas condições. Nem todas as cidades, como [[Heracleia]] e [[Nápoles]] estavam preparadas para serem absorvidas pela ''[[res publica]]'' romana. Por outro lado, outros federados encontravam-se fora da [[Itália]]: Gades ([[Cádis]]), na [[Hispânia]] e Massília ([[Marselha]]), na [[Gália Narbonense]], são exemplos.
Durante a República Romana, os atritos provocados por estas obrigações (sem que a elas correspondessem os benefícios da cidadania) levaram à [[Guerra Social (91–88 a.C.)|Guerra Social]] entre os romanos e os sócios revoltados. Uma lei de [[90 a.C.]] (a [[Lei Júlia]]) outorgava a cidadania romana aos povos federados que aceitassem as suas condições. Nem todas as cidades, como [[Heracleia]] e [[Nápoles]] estavam preparadas para serem absorvidas pela ''[[res publica]]'' romana. Por outro lado, outros federados encontravam-se fora da [[Itália]]: Gades ([[Cádis]]), na [[Hispânia]] e Massília ([[Marselha]]), na [[Gália Narbonense]], são exemplos.

Revisão das 01h40min de 22 de abril de 2014

Federado, (em latim: Foederatus; pl. foederati) nos primórdios da História da República Romana, identificava uma tribo associada a Roma por tratado (foedus), mas que não tinha foro nem de colónia romana nem de cidadania romana (civitas) mas que ainda assim estava obrigada a fornecer um contingente de soldados, caso isso lhe fosse solicitado. Os latinos eram considerados aliados de sangue, mas os demais eram federados ou sócios (socii). A palavra está na origem do termo moderno federalismo.

Durante a República Romana, os atritos provocados por estas obrigações (sem que a elas correspondessem os benefícios da cidadania) levaram à Guerra Social entre os romanos e os sócios revoltados. Uma lei de 90 a.C. (a Lei Júlia) outorgava a cidadania romana aos povos federados que aceitassem as suas condições. Nem todas as cidades, como Heracleia e Nápoles estavam preparadas para serem absorvidas pela res publica romana. Por outro lado, outros federados encontravam-se fora da Itália: Gades (Cádis), na Hispânia e Massília (Marselha), na Gália Narbonense, são exemplos.

Posteriormente a expressão federados foi alargada para incluir a prática romana de subsidiar tribos bárbaras, entre as quais se incluíam os francos, os vândalos, os alanos e os visigodos, entre outros, em troca de fornecerem contingentes militares para o exército romano. Alarico começou a sua carreira comandando um grupo de federados visigodos.

Os subsídios pagos pelos romanos começaram por ser na forma de dinheiro ou géneros alimentares, mas à medida que as receitas fiscais caíam durante os séculos IV e V, os federados passaram a ser aquartelados em propriedades rurais, o que se tornou equivalente ao direito de passar a viver no território romano. A lealdade dos grandes proprietários rurais que viviam nas regiões fronteiriças das províncias romanas foi grandemente afectada por esta prática.

Os francos tornaram-se federados em 358, quando Juliano, o Apóstata, os autorizou a se estabelecerem em zonas do norte da Gália, despovoadas no decurso do século anterior. Esta política esperava obter o apoio dos francos na defesa da fronteira do Reno; não foi, porém, suficiente para conter a invasão do inverno de 406 e 407, na qual os romanos e os francos foram derrotados pelos vândalos e pelos alanos.

Em 376 os visigodos solicitaram ao imperador Valente autorização para se estabelecerem na margem sul do Danúbio, na condição de federados. Dois anos mais tarde, os visigodos revoltaram-se e derrotaram os romanos na batalha de Adrianópolis (378). A batalha causou baixas tão pesadas ao Império Romano que este teve de se apoiar cada vez mais nos federados. Exemplo desta situação é o vândalo Estilicão, um dos maiores generais romanos desta época.

No século V o exército romano era quase integralmente constituído por federados. Em 451, Átila só pôde ser derrotado com o auxílio dos federados visigodos e alanos. O golpe de misericórdia no Império Romano veio das mãos de federados quando, em 476, o rei dos hérulos, Odoacro depôs o último imperador do Ocidente, Rómulo Augusto.

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