Conurbação: diferenças entre revisões

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
m Foram revertidas as edições de 187.74.113.29 para a última revisão de FSogumo, de 16h05min de 26 de maio de 2015 (UTC)
Linha 14: Linha 14:
Principalmente após os anos 50, quando se verificou a grande [[industrialização]] do Brasil, o rápido crescimento ocorrido com as cidades brasileiras gerou um "envelhecimento" dos antigos centros, dada a grande demanda de serviços mais modernos e mais compatíveis com a nova industrialização. Isto acabou significando uma expansão desses centros, que buscavam novas áreas para crescer. Assim, a configuração dessas conurbações então consolidou-se<ref name="ROSS"/>.
Principalmente após os anos 50, quando se verificou a grande [[industrialização]] do Brasil, o rápido crescimento ocorrido com as cidades brasileiras gerou um "envelhecimento" dos antigos centros, dada a grande demanda de serviços mais modernos e mais compatíveis com a nova industrialização. Isto acabou significando uma expansão desses centros, que buscavam novas áreas para crescer. Assim, a configuração dessas conurbações então consolidou-se<ref name="ROSS"/>.


Há casos curiosos de conurbações que se desenvolveram junto às linhas de fronteira de diferentes países. É caso das cidades de [[Santana do Livramento]], no estado do [[Rio Grande do Sul]], no [[Brasil]], e [[Rivera (Uruguai)|Rivera]], sede do departamento de mesmo nome, no [[Uruguai]]. O conjunto urbano das duas cidades, denominado tradicionalmente de "[[Fronteira da Paz]]", tem mais de 170.000 habitantes que vivem de forma integrada. É comum, por exemplo, usar o sistema de educação ou de saúde pública de uma ou da outra cidade. O comércio tem especialidades que levam o consumidor a procurar lojas no Brasil ou no Uruguai além de serem muito freqüentes os casamentos "mistos" (entre cidadãos dos dois países). A divisão entre as duas cidades é feita por linhas imaginárias traçadas ao longo da malha viária e se estende por muitos quilômetros. Por isso, muitas vezes é difícil para um turista perceber que uma calçada de determinada rua se encontra em um país enquanto que a calçada em frente está no outro.<ref>{{citar web|url=http://www.proceedings.scielo.br/scielo.php?pid=MSC0000000012002000100053&script=sci_arttext&tlng=es|titulo=El fenómeno del bilingüismo en la comunidad fronteriza uruguayo-brasileña de Rivera|autor=Silvia Etel Gutiérrez Bottaro|acessodata=25 de novembro de 2007}}</ref>
Há casos curiosos de conurbações que se desenvolveram junto às linhas de fronteira de diferentes países. É caso das cidades de [[Santana do Livramento]], no estado do [[Rio Grande do Sul]], no [[Brasil]], e [[Rivera (Uruguai)|Rivera]], sede do departamento de mesmo nome, no [[Uruguai]]. O conjunto urbano das duas cidades, denominado tradicionalmente de "[[Fronteira da Paz]]", tem mais de 170.000 habitantes que vivem de forma integrada. É comum, por exemplo, usar o sistema de educação ou de saúde pública de uma ou da outra cidade. O comércio tem especialidades que levam o consumidor a procurar lojas no Brasil ou no Uruguai além de serem muito frequentes os casamentos "mistos" (entre cidadãos dos dois países). A divisão entre as duas cidades é feita por linhas imaginárias traçadas ao longo da malha viária e se estende por muitos quilômetros. Por isso, muitas vezes é difícil para um turista perceber que uma calçada de determinada rua se encontra em um país enquanto que a calçada em frente está no outro.<ref>{{citar web|url=http://www.proceedings.scielo.br/scielo.php?pid=MSC0000000012002000100053&script=sci_arttext&tlng=es|titulo=El fenómeno del bilingüismo en la comunidad fronteriza uruguayo-brasileña de Rivera|autor=Silvia Etel Gutiérrez Bottaro|acessodata=25 de novembro de 2007}}</ref>


Outro caso do gênero é a conurbação entre as cidades de [[Pedro Juan Caballero (cidade)|Pedro Juan Caballero]], no [[Paraguai]], e [[Ponta Porã]], no estado de [[Mato Grosso do Sul]], separadas apenas por uma avenida. Também vale ser mencionada a conurbação existente entre as cidades de [[Leticia (Amazonas)|Letícia]], na [[Colômbia]], e [[Tabatinga (Amazonas)|Tabatinga]], no estado do [[Amazonas]], separadas por uma avenida chamada de "Avenida da Amizade".
Outro caso do gênero é a conurbação entre as cidades de [[Pedro Juan Caballero (cidade)|Pedro Juan Caballero]], no [[Paraguai]], e [[Ponta Porã]], no estado de [[Mato Grosso do Sul]], separadas apenas por uma avenida. Também vale ser mencionada a conurbação existente entre as cidades de [[Leticia (Amazonas)|Letícia]], na [[Colômbia]], e [[Tabatinga (Amazonas)|Tabatinga]], no estado do [[Amazonas]], separadas por uma avenida chamada de "Avenida da Amizade".
Linha 21: Linha 21:
Nas cidades em processo de conurbação é comum a ocorrência do chamado [[Migração humana#Migrações Pendulares|fluxo pendular]]. O fluxo pendular é o fluxo de passageiros (em veículos particulares ou transporte público) atravessando mais de uma cidade com dois picos de maior intensidade, normalmente no período da manhã e no final da tarde. Geralmente, o sentido desse fluxo no final da tarde dirige-se às chamadas [[Cidade dormitório|cidades dormitórios]].
Nas cidades em processo de conurbação é comum a ocorrência do chamado [[Migração humana#Migrações Pendulares|fluxo pendular]]. O fluxo pendular é o fluxo de passageiros (em veículos particulares ou transporte público) atravessando mais de uma cidade com dois picos de maior intensidade, normalmente no período da manhã e no final da tarde. Geralmente, o sentido desse fluxo no final da tarde dirige-se às chamadas [[Cidade dormitório|cidades dormitórios]].


Essas migrações pendulares são simples fluxos populacionais que não correspondem verdadeiramente a migrações, pois não são realizados com intuito de mudança definitiva, estando embutida na saída do indivíduo a idéia concreta do seu retorno ao local de origem, e por isso o uso do termo "movimento pendular de população". Diferencia-se do conceito de migração por não ter caráter permanente.
Essas migrações pendulares são simples fluxos populacionais que não correspondem verdadeiramente a migrações, pois não são realizados com intuito de mudança definitiva, estando embutida na saída do indivíduo a ideia concreta do seu retorno ao local de origem, e por isso o uso do termo "movimento pendular de população". Diferencia-se do conceito de migração por não ter caráter permanente.
Alguns exemplos de migrações pendulares: deslocamento realizado pelo [[bóia-fria]]; viagens de residentes em [[cidade dormitório]], que são realizadas por pessoas que moram em uma determinada cidade e trabalham em outra; o deslocamento de fins de semana e de férias, com objetivos de lazer e descanso ([[viagem]]), que é o principal fator de congestionamentos nas estradas que partem das grandes metrópoles, em fins de semana e vésperas de feriados.
Alguns exemplos de migrações pendulares: deslocamento realizado pelo [[boia-fria]]; viagens de residentes em [[cidade dormitório]], que são realizadas por pessoas que moram em uma determinada cidade e trabalham em outra; o deslocamento de fins de semana e de férias, com objetivos de lazer e descanso ([[viagem]]), que é o principal fator de congestionamentos nas estradas que partem das grandes metrópoles, em fins de semana e vésperas de feriados.


{{referências}}
{{referências}}

Revisão das 14h37min de 23 de junho de 2015

A Região Metropolitana de São Paulo é um exemplo de grande conurbação que continua a ocorrer entre seus 39 municípios.
Vista de várias aglomerações urbanas do sul da Flórida, nos Estados Unidos, à noite.
Imagem de satélite da Grande Londres à noite

Conurbação (do lat. urbis, cidade) é a unificação da malha urbana de duas ou mais cidades, em consequência de seu crescimento geográfico[1]. Geralmente esse processo dá origem à formação de regiões metropolitanas. Contudo, o surgimento de uma, não é necessariamente vinculado ao processo de conurbação.

Características

O processo de conurbação é caracterizado por um crescimento que expande a cidade, prolongando-a para fora de seu perímetro absorvendo aglomerados rurais e outras cidades. Estas, até então com vida política e administrativa autônoma, acabam comportando-se como parte integrante da metrópole. Com a expansão e a integração, desaparecem os limites físicos entre os diferentes núcleos urbanos. Ocorre então uma dicotomia entre o espaço edificado e a estrutura político-administrativa[2].

Como uma importante característica, deve-se considerar a demanda de espaço na cidade. Todas as cidades do mundo, de modo geral, são constantemente pressionadas pela demanda de espaço. Isto acaba forçando tanto a incorporação de novos territórios como o adensamento dos já ocupados. Assim, as cidades tendem a crescer, ampliando sua periferia no sentido horizontal e verticalizando as áreas centrais. Quando esse crescimento não é controlado, como acontece com as metrópoles do Terceiro Mundo, o gigantismo deteriora as habitações, torna precários os serviços urbanos, desde os transportes até a segurança, e gera outros problemas[2].

Os países capitalistas desenvolvidos foram os primeiros a apresentar esse tipo de espacialização do fenômeno urbano. Londres, Nova Iorque, Paris, Tóquio, mesmo antes da Segunda Guerra Mundial, já apresentavam intensos processos de conurbação[2].

Principalmente após os anos 50, quando se verificou a grande industrialização do Brasil, o rápido crescimento ocorrido com as cidades brasileiras gerou um "envelhecimento" dos antigos centros, dada a grande demanda de serviços mais modernos e mais compatíveis com a nova industrialização. Isto acabou significando uma expansão desses centros, que buscavam novas áreas para crescer. Assim, a configuração dessas conurbações então consolidou-se[2].

Há casos curiosos de conurbações que se desenvolveram junto às linhas de fronteira de diferentes países. É caso das cidades de Santana do Livramento, no estado do Rio Grande do Sul, no Brasil, e Rivera, sede do departamento de mesmo nome, no Uruguai. O conjunto urbano das duas cidades, denominado tradicionalmente de "Fronteira da Paz", tem mais de 170.000 habitantes que vivem de forma integrada. É comum, por exemplo, usar o sistema de educação ou de saúde pública de uma ou da outra cidade. O comércio tem especialidades que levam o consumidor a procurar lojas no Brasil ou no Uruguai além de serem muito frequentes os casamentos "mistos" (entre cidadãos dos dois países). A divisão entre as duas cidades é feita por linhas imaginárias traçadas ao longo da malha viária e se estende por muitos quilômetros. Por isso, muitas vezes é difícil para um turista perceber que uma calçada de determinada rua se encontra em um país enquanto que a calçada em frente está no outro.[3]

Outro caso do gênero é a conurbação entre as cidades de Pedro Juan Caballero, no Paraguai, e Ponta Porã, no estado de Mato Grosso do Sul, separadas apenas por uma avenida. Também vale ser mencionada a conurbação existente entre as cidades de Letícia, na Colômbia, e Tabatinga, no estado do Amazonas, separadas por uma avenida chamada de "Avenida da Amizade".

Fluxo pendular

Nas cidades em processo de conurbação é comum a ocorrência do chamado fluxo pendular. O fluxo pendular é o fluxo de passageiros (em veículos particulares ou transporte público) atravessando mais de uma cidade com dois picos de maior intensidade, normalmente no período da manhã e no final da tarde. Geralmente, o sentido desse fluxo no final da tarde dirige-se às chamadas cidades dormitórios.

Essas migrações pendulares são simples fluxos populacionais que não correspondem verdadeiramente a migrações, pois não são realizados com intuito de mudança definitiva, estando embutida na saída do indivíduo a ideia concreta do seu retorno ao local de origem, e por isso o uso do termo "movimento pendular de população". Diferencia-se do conceito de migração por não ter caráter permanente. Alguns exemplos de migrações pendulares: deslocamento realizado pelo boia-fria; viagens de residentes em cidade dormitório, que são realizadas por pessoas que moram em uma determinada cidade e trabalham em outra; o deslocamento de fins de semana e de férias, com objetivos de lazer e descanso (viagem), que é o principal fator de congestionamentos nas estradas que partem das grandes metrópoles, em fins de semana e vésperas de feriados.

Referências

  1. Grande Enciclopédia Larousse Cultural; São Paulo: Nova Cultural, 1998. p. 1601. v. 7. ISBN 85-13-00761-7
  2. a b c d ROSS, Jurandyr. Geografia do Brasil. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2005. 5. ed. ISBN 85-314-0242-5
  3. Silvia Etel Gutiérrez Bottaro. «El fenómeno del bilingüismo en la comunidad fronteriza uruguayo-brasileña de Rivera». Consultado em 25 de novembro de 2007 

Ver também