Estação Ferroviária de Arco de Baúlhe: diferenças entre revisões
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Revisão das 22h08min de 1 de julho de 2015
Arco de Baúlhe
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Linha(s): | Linha do Tâmega (PK 51,464) |
Coordenadas: | 41° 28′ 56,15″ N, 7° 57′ 17,43″ O |
Município: | Cabeceiras de Basto |
Inauguração: | 15 de Janeiro de 1949 |
Encerramento: | 1 de Janeiro de 1990 |
A Estação Ferroviária de Arco de Baúlhe é uma antiga interface da Linha do Tâmega, que servia a localidade de Arco de Baúlhe, no Concelho de Cabeceiras de Basto, em Portugal.
Núcleo Museológico
Nas antigas dependências da Estação, foi instalado o Núcleo Museológico de Arco de Baúlhe.[1]
História
Planeamento, construção e inauguração
A construção da Linha do Tâmega iniciou-se em Março de 1905, tendo o primeiro troço, entre Livração e Amarante, sido inaugurado a a 21 de Março de 1909.[2] A linha chegou ao Apeadeiro de Chapa em 22 de Novembro de 1926, e à Estação de Celorico de Basto a 20 de Março de 1932.[2] Em meados desse ano, a autarquia de Ribeira de Pena pediu que a linha fosse continuada até Arco de Baúlhe.[3] Em 14 de Abril de 1934, a Comissão Administrativa do Fundo Especial de Caminhos de Ferro aprovou a abertura do concurso para este troço[4][5], incluindo os acessos rodoviários à futura estação de Arco de Baúlhe.[6] Em 1938, este troço estava em construção[7], encontrando-se muito adiantado em Novembro de 1948.[8]
O primeiro comboio chegou a Arco de Baúlhe por volta das 15 horas de 15 de Novembro de 1948; era composto por uma locomotiva e 4 carruagens transportando os trabalhadores da linha, tendo sido recebida na estação por uma multidão e uma banda de música.[9] A inauguração oficial da linha e a abertura à exploração deram-se no dia 15 de Janeiro de 1949, pela Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses[10]; para a cerimónia, foi realizado um comboio especial, que transportou os convidados, incluindo o Ministro das Comunicações, Manuel Gomes de Araújo, o director-geral dos caminhos de ferro, Rogério Vasco Ramalho, e o director-geral da Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses, Roberto de Espregueira Mendes.[11] O comboio inaugural, rebocado pela locomotiva 207, chegou a Arco de Baúlhe por volta das 11 horas.[10] Foi recebido com grande júbilo pela população reunida na gare e por bandas de música, tendo sido lançados vários foguetes.[10] Na estação, realizou-se uma sessão solene, dirigida por Gomes de Araújo, e na qual discursaram o presidente da Câmara Municipal de Cabeceiras de Basto, Albino Teixeira da Silva, do deputado Alberto da Cruz, e José Alberto dos Reis, em representação da Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses.[10] Após o encerramento da sessão solene, foram condecorados 6 funcionários da Companhia, e inaugurada uma feira de gado bovino, seguida do almoço.[10] Às 15 horas, o comboio saiu na direcção de Mondim de Basto, onde foi concluída a cerimónia de inauguração.[10] No mesmo dia, realizou-se o primeiro comboio regular entre Livração e Arco de Baúlhe.[10]
No Diário do Governo n.º 45, II Série, de 24 de Fevereiro de 1949, foi publicado um diploma que aprovou o processo de expropriação de uma parcela de terreno junto à estação, para a construção de uma placa de 10 metros.[12] O edifício da estação foi construído no estilo tradicional português.[13]
Ligação projectada a outras linhas
No Plano Geral da Rede Ferroviária, aprovado pelo Decreto 18.190 de 28 de Março de 1930, estava prevista a continuação da Linha do Tâmega até entroncar na Linha do Corgo, passando por Arco de Baúlhe; a partir desta estação, também devia partir a Linha do Ave, que terminaria no Caniços, na Linha de Guimarães.[14] Ambos os troços deveriam fazer parte da Transversal de Trás-os-Montes, um conjunto de linhas e ramais ligando entre si todas as linhas férreas de via estreita a Norte do Rio Douro.[15] Durante a cerimónia de inauguração, José Alberto dos Reis referiu-se a uma terceira ligação, de Arco de Baúlhe a Fafe, conhecida como Linha do Basto, que não foi incluída no Plano Geral.[10] O jornalista Guerra Maio também apoiou a ligação a Fafe, uma vez que melhoraria as comunicações entre o Porto e Cabeceiras de Basto, valorizando a região; por outro lado, criticou a projectada continuação até à Linha do Corgo, devido não só ao péssimo traçado que seria necessário para chegar a Vila Pouca de Aguiar ou Pedras Salgadas, mas também porque aquela zona já estava servida pela Linha do Corgo.[16] Desfavoreceu igualmente a Linha do Vale do Ave, uma vez que o seu traçado ficaria em grande parte paralelo às das Linhas de Guimarães e Braga.[16]
Declínio e encerramento
Devido ao reduzido movimento, o troço entre Arco de Baúlhe e Amarante foi encerrado ao serviço em 1 de Janeiro de 1990.[17] Em 2008, foi apresentado um projecto para a reabilitação e recuperação do troço entre Amarante e Arco de Baúlhe, que previa a exploração ferroviária turística e o regresso de um serviço regional de passageiros; no entanto, este projecto não foi aceite.[18]
Ver também
Referências
- ↑ «Núcleo Museológico de Arco de Baúlhe». Fundação Museu Nacional Ferroviário. Consultado em 2 de Dezembro de 2014
- ↑ a b TORRES, Carlos Manitto (16 de Fevereiro de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 70 (1684): 91-95. Consultado em 2 de Dezembro de 2014
- ↑ «Efemérides» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 51 (1238). 16 de Julho de 1939. 345 páginas. Consultado em 5 de Novembro de 2014
- ↑ «Direcção Geral de Caminhos de Ferro» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 46 (1111). 1 de Abril de 1934. 187 páginas. Consultado em 4 de Julho de 2010
- ↑ «Concursos» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 46 (1112). 16 de Abril de 1934. 23 páginas. Consultado em 17 de Julho de 2010
- ↑ «Concursos» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 46 (1111). 1 de Abril de 1934. pp. 193–196. Consultado em 5 de Novembro de 2014
- ↑ «Direcção Geral de Caminhos de Ferro: Relatório de 1938» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 51 (1245). 1 de Novembro de 1939. pp. 379–480. Consultado em 5 de Novembro de 2014
- ↑ «Linhas portuguesas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 60 (1461). 616 páginas. 1 de Novembro de 1948. Consultado em 6 de Novembro de 2014
- ↑ «Linhas portuguesas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 60 (1463). 644 páginas. 1 de Dezembro de 1948. Consultado em 6 de Novembro de 2014
- ↑ a b c d e f g h «Novos melhoramentos ferroviários» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 61 (1467): 123-129. 1 de Fevereiro de 1949. Consultado em 6 de Novembro de 2014
- ↑ «Novos Melhoramentos nos Caminhos de Ferro Portugueses» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 61 (1466). 107 páginas. 16 de Janeiro de 1949. Consultado em 6 de Novembro de 2014
- ↑ «Parte Oficial» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 61 (1470): 224-227. 16 de Março de 1949. Consultado em 7 de Novembro de 2014
- ↑ NUNES, José de Sousa (16 de Junho de 1949). «A Via e Obras nos Caminhos de Ferro em Portugal» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 62 (1476): 418-422. Consultado em 7 de Novembro de 2014
- ↑ PORTUGAL. Decreto n.º 18:190, de 28 de Março de 1930. Ministério do Comércio e Comunicações - Direcção Geral de Caminhos de Ferro - Divisão Central e de Estudos - Secção de Expediente, Paços do Governo da República. Publicado no Diário do Govêrno n.º 83, Série I, de 10 de Abril de 1930.
- ↑ SOUSA, José Fernando de; Esteves, Raul (1 de Março de 1935). «O Problema da Defesa Nacional» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 47 (1133): 101-103. Consultado em 18 de Maio de 2013
- ↑ a b MAIO, José da Guerra (16 de Março de 1949). «Reflexões sobre as novas linhas de Portalegre e do Tâmega» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 61 (1470): 181-182. Consultado em 7 de Novembro de 2014
- ↑ REIS et al, p. 150
- ↑ GOMES, Marco (16 de Fevereiro de 2009). «Na senda do progresso, continuamos a querer andar de bicicleta enquanto o futuro deseja outra coisa». Consultado em 4 de Julho de 2010
Bibliografia
- REIS, Francisco Cardoso dos; GOMES, Rosa Maria; GOMES, Gilberto; et al. (2006). Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006. [S.l.]: CP-Comboios de Portugal e Público-Comunicação Social S. A. 238 páginas. ISBN 989-619-078-X
Ligações externas
- «Fotografias da Estação de Arco de Baúlhe, no sítio electrónico Railfaneurope» (em inglês)
- «Página sobre a Estação de Arco de Baúlhe, no sítio electrónico Wikimapia»