Estação Ferroviária de Arco de Baúlhe: diferenças entre revisões

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Linha 50: Linha 50:
[[Categoria:Fundações em Portugal em 1949]]
[[Categoria:Fundações em Portugal em 1949]]
[[Categoria:Extinções em Portugal em 1990]]
[[Categoria:Extinções em Portugal em 1990]]
[[Categoria:Estações ferroviárias desativadas de Portugal]]

Revisão das 22h08min de 1 de julho de 2015

Arco de Baúlhe
Estação de Arco de Baúlhe, em 2013.
Estação de Arco de Baúlhe, em 2013.
Linha(s): Linha do Tâmega (PK 51,464)
Coordenadas: 41° 28′ 56,15″ N, 7° 57′ 17,43″ O
Município: Cabeceiras de Basto
Inauguração: 15 de Janeiro de 1949
Encerramento: 1 de Janeiro de 1990

A Estação Ferroviária de Arco de Baúlhe é uma antiga interface da Linha do Tâmega, que servia a localidade de Arco de Baúlhe, no Concelho de Cabeceiras de Basto, em Portugal.

Núcleo Museológico

Nas antigas dependências da Estação, foi instalado o Núcleo Museológico de Arco de Baúlhe.[1]

História

Planeamento, construção e inauguração

A construção da Linha do Tâmega iniciou-se em Março de 1905, tendo o primeiro troço, entre Livração e Amarante, sido inaugurado a a 21 de Março de 1909.[2] A linha chegou ao Apeadeiro de Chapa em 22 de Novembro de 1926, e à Estação de Celorico de Basto a 20 de Março de 1932.[2] Em meados desse ano, a autarquia de Ribeira de Pena pediu que a linha fosse continuada até Arco de Baúlhe.[3] Em 14 de Abril de 1934, a Comissão Administrativa do Fundo Especial de Caminhos de Ferro aprovou a abertura do concurso para este troço[4][5], incluindo os acessos rodoviários à futura estação de Arco de Baúlhe.[6] Em 1938, este troço estava em construção[7], encontrando-se muito adiantado em Novembro de 1948.[8]

O primeiro comboio chegou a Arco de Baúlhe por volta das 15 horas de 15 de Novembro de 1948; era composto por uma locomotiva e 4 carruagens transportando os trabalhadores da linha, tendo sido recebida na estação por uma multidão e uma banda de música.[9] A inauguração oficial da linha e a abertura à exploração deram-se no dia 15 de Janeiro de 1949, pela Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses[10]; para a cerimónia, foi realizado um comboio especial, que transportou os convidados, incluindo o Ministro das Comunicações, Manuel Gomes de Araújo, o director-geral dos caminhos de ferro, Rogério Vasco Ramalho, e o director-geral da Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses, Roberto de Espregueira Mendes.[11] O comboio inaugural, rebocado pela locomotiva 207, chegou a Arco de Baúlhe por volta das 11 horas.[10] Foi recebido com grande júbilo pela população reunida na gare e por bandas de música, tendo sido lançados vários foguetes.[10] Na estação, realizou-se uma sessão solene, dirigida por Gomes de Araújo, e na qual discursaram o presidente da Câmara Municipal de Cabeceiras de Basto, Albino Teixeira da Silva, do deputado Alberto da Cruz, e José Alberto dos Reis, em representação da Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses.[10] Após o encerramento da sessão solene, foram condecorados 6 funcionários da Companhia, e inaugurada uma feira de gado bovino, seguida do almoço.[10] Às 15 horas, o comboio saiu na direcção de Mondim de Basto, onde foi concluída a cerimónia de inauguração.[10] No mesmo dia, realizou-se o primeiro comboio regular entre Livração e Arco de Baúlhe.[10]

No Diário do Governo n.º 45, II Série, de 24 de Fevereiro de 1949, foi publicado um diploma que aprovou o processo de expropriação de uma parcela de terreno junto à estação, para a construção de uma placa de 10 metros.[12] O edifício da estação foi construído no estilo tradicional português.[13]

Ligação projectada a outras linhas

No Plano Geral da Rede Ferroviária, aprovado pelo Decreto 18.190 de 28 de Março de 1930, estava prevista a continuação da Linha do Tâmega até entroncar na Linha do Corgo, passando por Arco de Baúlhe; a partir desta estação, também devia partir a Linha do Ave, que terminaria no Caniços, na Linha de Guimarães.[14] Ambos os troços deveriam fazer parte da Transversal de Trás-os-Montes, um conjunto de linhas e ramais ligando entre si todas as linhas férreas de via estreita a Norte do Rio Douro.[15] Durante a cerimónia de inauguração, José Alberto dos Reis referiu-se a uma terceira ligação, de Arco de Baúlhe a Fafe, conhecida como Linha do Basto, que não foi incluída no Plano Geral.[10] O jornalista Guerra Maio também apoiou a ligação a Fafe, uma vez que melhoraria as comunicações entre o Porto e Cabeceiras de Basto, valorizando a região; por outro lado, criticou a projectada continuação até à Linha do Corgo, devido não só ao péssimo traçado que seria necessário para chegar a Vila Pouca de Aguiar ou Pedras Salgadas, mas também porque aquela zona já estava servida pela Linha do Corgo.[16] Desfavoreceu igualmente a Linha do Vale do Ave, uma vez que o seu traçado ficaria em grande parte paralelo às das Linhas de Guimarães e Braga.[16]

Declínio e encerramento

Devido ao reduzido movimento, o troço entre Arco de Baúlhe e Amarante foi encerrado ao serviço em 1 de Janeiro de 1990.[17] Em 2008, foi apresentado um projecto para a reabilitação e recuperação do troço entre Amarante e Arco de Baúlhe, que previa a exploração ferroviária turística e o regresso de um serviço regional de passageiros; no entanto, este projecto não foi aceite.[18]

Ver também

Referências

  1. «Núcleo Museológico de Arco de Baúlhe». Fundação Museu Nacional Ferroviário. Consultado em 2 de Dezembro de 2014 
  2. a b TORRES, Carlos Manitto (16 de Fevereiro de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 70 (1684): 91-95. Consultado em 2 de Dezembro de 2014 
  3. «Efemérides» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 51 (1238). 16 de Julho de 1939. 345 páginas. Consultado em 5 de Novembro de 2014 
  4. «Direcção Geral de Caminhos de Ferro» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 46 (1111). 1 de Abril de 1934. 187 páginas. Consultado em 4 de Julho de 2010 
  5. «Concursos» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 46 (1112). 16 de Abril de 1934. 23 páginas. Consultado em 17 de Julho de 2010 
  6. «Concursos» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 46 (1111). 1 de Abril de 1934. pp. 193–196. Consultado em 5 de Novembro de 2014 
  7. «Direcção Geral de Caminhos de Ferro: Relatório de 1938» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 51 (1245). 1 de Novembro de 1939. pp. 379–480. Consultado em 5 de Novembro de 2014 
  8. «Linhas portuguesas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 60 (1461). 616 páginas. 1 de Novembro de 1948. Consultado em 6 de Novembro de 2014 
  9. «Linhas portuguesas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 60 (1463). 644 páginas. 1 de Dezembro de 1948. Consultado em 6 de Novembro de 2014 
  10. a b c d e f g h «Novos melhoramentos ferroviários» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 61 (1467): 123-129. 1 de Fevereiro de 1949. Consultado em 6 de Novembro de 2014 
  11. «Novos Melhoramentos nos Caminhos de Ferro Portugueses» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 61 (1466). 107 páginas. 16 de Janeiro de 1949. Consultado em 6 de Novembro de 2014 
  12. «Parte Oficial» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 61 (1470): 224-227. 16 de Março de 1949. Consultado em 7 de Novembro de 2014 
  13. NUNES, José de Sousa (16 de Junho de 1949). «A Via e Obras nos Caminhos de Ferro em Portugal» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 62 (1476): 418-422. Consultado em 7 de Novembro de 2014 
  14. PORTUGAL. Decreto n.º 18:190, de 28 de Março de 1930. Ministério do Comércio e Comunicações - Direcção Geral de Caminhos de Ferro - Divisão Central e de Estudos - Secção de Expediente, Paços do Governo da República. Publicado no Diário do Govêrno n.º 83, Série I, de 10 de Abril de 1930.
  15. SOUSA, José Fernando de; Esteves, Raul (1 de Março de 1935). «O Problema da Defesa Nacional» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 47 (1133): 101-103. Consultado em 18 de Maio de 2013 
  16. a b MAIO, José da Guerra (16 de Março de 1949). «Reflexões sobre as novas linhas de Portalegre e do Tâmega» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 61 (1470): 181-182. Consultado em 7 de Novembro de 2014 
  17. REIS et al, p. 150
  18. GOMES, Marco (16 de Fevereiro de 2009). «Na senda do progresso, continuamos a querer andar de bicicleta enquanto o futuro deseja outra coisa». Consultado em 4 de Julho de 2010 

Bibliografia

  • REIS, Francisco Cardoso dos; GOMES, Rosa Maria; GOMES, Gilberto; et al. (2006). Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006. [S.l.]: CP-Comboios de Portugal e Público-Comunicação Social S. A. 238 páginas. ISBN 989-619-078-X 
O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre a Estação de Arco de baúlhe

Ligações externas



Ícone de esboço Este artigo sobre uma estação, apeadeiro ou paragem ferroviária é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.