José Lino Grünewald: diferenças entre revisões

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'''José Lino Fabião Grünewald''' ([[Rio de Janeiro]], [[13 de fevereiro]] de [[1931]] - [[26 de julho]] de [[2000]]) foi um [[poeta]], [[tradutor]], [[ crítico de cinema]], [[música popular brasileira]] e [[literatura]], e [[jornalista]] [[brasil]]eiro, sendo um dos participantes do grupo de poetas concretos [[Noigandres]].
'''José Lino Fabião Grünewald''' ([[Rio de Janeiro]], [[13 de fevereiro]] de [[1931]] - [[26 de julho]] de [[2000]]) foi um [[poeta]], [[tradutor]], [[crítico de cinema]], [[música popular brasileira]] e [[literatura]], e [[jornalista]] [[brasil]]eiro, sendo um dos participantes do grupo de poetas concretos [[Noigandres]].


== Biografia ==
== Biografia ==
Conhecido entre os amigos como ''Zelino'', Grünewald obteve o diploma de Bacharel em Direito na Universidade do Brasil, atual [[Universidade Federal do Rio de Janeiro]], em 1953, trabalhando na [[Fundação Getúlio Vargas]] e [[Superintendência Nacional da Marinha Mercante - Sunaman]].
Conhecido entre os amigos como ''Zelino'', Grünewald obteve o diploma de Bacharel em Direito na Universidade do Brasil, atual [[Universidade Federal do Rio de Janeiro]], em 1953, trabalhando na [[Fundação Getúlio Vargas]] e [[Superintendência Nacional da Marinha Mercante - Sunaman]].


Começa a atuar na imprensa carioca em 1956, por intermédio do poeta [[Mário Faustino]], destacando-se na crítica literária e, principalmente, de cinema, sendo esta última embasada por conceitos filosóficos <ref>[http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_lit/index.cfm?fuseaction=biografias_texto&cd_verbete=5201&cd_item=35 Enciclopédia Itaú Cultural de Literatura Brasileira. ''Grünewald, José Lino (1931 - 2000)''. 12/05/2009.]</ref>, nas décadas seguintes, escrevendo para o [[Jornal do Brasil]], [[Correio da Manhã]], [[O Globo]], [[Tribuna da Imprensa]], [[Última Hora]], [[O Estado de São Paulo]], [[Jornal da Tarde]] e [[Folha de São Paulo]] até o ano de 1993<ref>[http://www.dicionariodetradutores.ufsc.br/pt/JoseLinoGrunewald.htm#b Dicionário de tradutores literários no Brasil. Núcleo de Pesquisas em Literatura e Tradução. UFSC. Florianópolis. SC. 2005-2007. Fonte Itaú Cultural.]</ref>.
Começa a atuar na imprensa carioca em 1956, por intermédio do poeta [[Mário Faustino]], destacando-se na crítica literária e, principalmente, de cinema, sendo esta última embasada por conceitos filosóficos <ref>[http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_lit/index.cfm?fuseaction=biografias_texto&cd_verbete=5201&cd_item=35 Enciclopédia Itaú Cultural de Literatura Brasileira. ''Grünewald, José Lino (1931 - 2000)''. 12/05/2009.]</ref>, nas décadas seguintes, escrevendo para o [[Jornal do Brasil]], [[Correio da Manhã]], [[O Globo]], [[Tribuna da Imprensa]], [[Última Hora]], [[O Estado de S. Paulo]], [[Jornal da Tarde]] e [[Folha de S.Paulo]] até o ano de 1993<ref>[http://www.dicionariodetradutores.ufsc.br/pt/JoseLinoGrunewald.htm#b Dicionário de tradutores literários no Brasil. Núcleo de Pesquisas em Literatura e Tradução. UFSC. Florianópolis. SC. 2005-2007. Fonte Itaú Cultural.]</ref>.


Em 1957 tornou-se o último dos cinco membros do grupo [[Noigandres]], fazendo parte da edição Noigandres 5, em 1962. Foi também um dos editores da revista [[Revista Invenção|Invenção]], outra mídia porta-voz da poesia e da música de vanguarda, desde o seu segundo número, em 1963, até o último, em 1966. Grünewald já participava, anteriormente, da equipe editora da página homônima [[Invenção]], no jornal [[Correio Paulistano]], em 1960.<ref>{{citar web |url=http://www.faap.br/revista_faap/revista_facom/facom_16/omar.pdf |publicado=Faap.br |formato=PDF |obra= |autor= |título=Khouri, Omar. Noigandres e Invenção. Facom. Faap. |acessodata= |data=Setembro de 2006}}</ref>
Em 1957 tornou-se o último dos cinco membros do grupo [[Noigandres]], fazendo parte da edição Noigandres 5, em 1962. Foi também um dos editores da revista [[Revista Invenção|Invenção]], outra mídia porta-voz da poesia e da música de vanguarda, desde o seu segundo número, em 1963, até o último, em 1966. Grünewald já participava, anteriormente, da equipe editora da página homônima [[Invenção]], no jornal [[Correio Paulistano]], em 1960.<ref>{{citar web |url=http://www.faap.br/revista_faap/revista_facom/facom_16/omar.pdf |publicado=Faap.br |formato=PDF |obra= |autor= |título=Khouri, Omar. Noigandres e Invenção. Facom. Faap. |acessodata= |data=Setembro de 2006}}</ref>


Em 1969, organizou e traduziu ''A Idéia do Cinema'', com ensaios de [[Walter Benjamin]], [[Eisenstein]], [[Godard]], [[Alain Resnais]] e [[Merleau-Ponty]]. Como crítico de cinema, foi dos primeiros a valorizar a obra dos cineastas [[Ingmar Bergman]] e [[Stanley Kubrick]] no Brasil.
Em 1969, organizou e traduziu ''A Idéia do Cinema'', com ensaios de [[Walter Benjamin]], [[Eisenstein]], [[Godard]], [[Alain Resnais]] e [[Merleau-Ponty]]. Como crítico de cinema, foi dos primeiros a valorizar a obra dos cineastas [[Ingmar Bergman]] e [[Stanley Kubrick]] no Brasil.


Nas décadas de 1980 e 1990 traduziu inúmeras obras, entre elas [[Os Cantos]], de [[Ezra Pound]] e ''Grandes Poetas da Língua Inglesa do Século XIX'', pelas quais recebeu prêmios [[Prêmio Jabuti|Jabuti]] de Tradução de Obra Literária em 1987 e 1989.
Nas décadas de 1980 e 1990 traduziu inúmeras obras, entre elas [[Os Cantos]], de [[Ezra Pound]] e ''Grandes Poetas da Língua Inglesa do Século XIX'', pelas quais recebeu prêmios [[Prêmio Jabuti|Jabuti]] de Tradução de Obra Literária em 1987 e 1989.


Em 1990 recebeu da Associação Paulista de Críticos de Arte ([[APCA]]), o Prêmio de Tradução pelo livro ''Poemas de [[Mallarmé]]''.
Em 1990 recebeu da Associação Paulista de Críticos de Arte ([[APCA]]), o Prêmio de Tradução pelo livro ''Poemas de [[Mallarmé]]''.


Também fez parte do ''Conselho Superior de MPB'', do [[Museu da Imagem e do Som]], e do Conselho Superior de Cinema<ref>[http://www.dicionariompb.com.br/jose-lino-grunewald/biografia Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira. Instituto Cultural Cravo Albin. 2002-2010.]</ref>.
Também fez parte do ''Conselho Superior de MPB'', do [[Museu da Imagem e do Som]], e do Conselho Superior de Cinema<ref>[http://www.dicionariompb.com.br/jose-lino-grunewald/biografia Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira. Instituto Cultural Cravo Albin. 2002-2010.]</ref>.


Casado com Ecila de Azeredo Grünewald e pai de Rodrigo, antropólogo, e Bernardo, publicitário.
Casado com Ecila de Azeredo Grünewald e pai de Rodrigo, antropólogo, e Bernardo, publicitário.
José Lino Grünewald morreu de câncer aos 69 anos e está enterrado no cemitério São João Batista, em Botafogo, zona sul da cidade do Rio de Janeiro <ref>[http://www.jornaldepoesia.jor.br/jlg02.html Jornal de Poesia. ''Morre o poeta José Lino Grünewald''. Extraído de ''Folha de São Paulo''. 27 de julho de 2000.]</ref>.
José Lino Grünewald morreu de câncer aos 69 anos e está enterrado no cemitério São João Batista, em Botafogo, zona sul da cidade do Rio de Janeiro <ref>[http://www.jornaldepoesia.jor.br/jlg02.html Jornal de Poesia. ''Morre o poeta José Lino Grünewald''. Extraído de ''Folha de S.Paulo''. 27 de julho de 2000.]</ref>.


== A poética ==
== A poética ==
Considerado um dos grandes esquecidos da história da [[Poesia]], autor de uma obra que permanece como uma das mais expressivas e criativas do pós-modernismo, incluindo o concretismo, Grünewald foi um poeta eclético, vazado no lirismo, utilizando-se de invenções poéticas de Stéphane Mallarmé e de Ezra Pound, avançando na utilização não tradicional do branco da página.
Considerado um dos grandes esquecidos da história da [[Poesia]], autor de uma obra que permanece como uma das mais expressivas e criativas do pós-modernismo, incluindo o concretismo, Grünewald foi um poeta eclético, vazado no lirismo, utilizando-se de invenções poéticas de Stéphane Mallarmé e de Ezra Pound, avançando na utilização não tradicional do branco da página.


“Um e dois”, de 1958, cujos poemas mais antigos foram escritos em 1956, representa, em sua primeira parte, a fase pré-concreta do poeta. Na sua segunda parte comparece o poeta concreto. "Aqui, Grünewald trabalha o espacial, a geometria do poema e suas possibilidades sonoras. Ainda assim, o poeta traz elementos da fase anterior. Notadamente, o gosto pelas oposições. O encadeamento de frase de grafia ou sonoridade semelhante, produzindo novas imagens poéticas a partir de seu inusitado contato", escreve o jornalista Dellano Rios <ref>[http://www.revista.agulha.nom.br/jlg.html#dellano Rios, Dellano. ''O concretista passional''. Revista Agulha. Extraído do ''Diário do Nordeste''. 19 de julho de 2008.]</ref>.
“Um e dois”, de 1958, cujos poemas mais antigos foram escritos em 1956, representa, em sua primeira parte, a fase pré-concreta do poeta. Na sua segunda parte comparece o poeta concreto. "Aqui, Grünewald trabalha o espacial, a geometria do poema e suas possibilidades sonoras. Ainda assim, o poeta traz elementos da fase anterior. Notadamente, o gosto pelas oposições. O encadeamento de frase de grafia ou sonoridade semelhante, produzindo novas imagens poéticas a partir de seu inusitado contato", escreve o jornalista Dellano Rios <ref>[http://www.revista.agulha.nom.br/jlg.html#dellano Rios, Dellano. ''O concretista passional''. Revista Agulha. Extraído do ''Diário do Nordeste''. 19 de julho de 2008.]</ref>.

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José Lino Fabião Grünewald (Rio de Janeiro, 13 de fevereiro de 1931 - 26 de julho de 2000) foi um poeta, tradutor, crítico de cinema, música popular brasileira e literatura, e jornalista brasileiro, sendo um dos participantes do grupo de poetas concretos Noigandres.

Biografia

Conhecido entre os amigos como Zelino, Grünewald obteve o diploma de Bacharel em Direito na Universidade do Brasil, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 1953, trabalhando na Fundação Getúlio Vargas e Superintendência Nacional da Marinha Mercante - Sunaman.

Começa a atuar na imprensa carioca em 1956, por intermédio do poeta Mário Faustino, destacando-se na crítica literária e, principalmente, de cinema, sendo esta última embasada por conceitos filosóficos [1], nas décadas seguintes, escrevendo para o Jornal do Brasil, Correio da Manhã, O Globo, Tribuna da Imprensa, Última Hora, O Estado de S. Paulo, Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo até o ano de 1993[2].

Em 1957 tornou-se o último dos cinco membros do grupo Noigandres, fazendo parte da edição Noigandres 5, em 1962. Foi também um dos editores da revista Invenção, outra mídia porta-voz da poesia e da música de vanguarda, desde o seu segundo número, em 1963, até o último, em 1966. Grünewald já participava, anteriormente, da equipe editora da página homônima Invenção, no jornal Correio Paulistano, em 1960.[3]

Em 1969, organizou e traduziu A Idéia do Cinema, com ensaios de Walter Benjamin, Eisenstein, Godard, Alain Resnais e Merleau-Ponty. Como crítico de cinema, foi dos primeiros a valorizar a obra dos cineastas Ingmar Bergman e Stanley Kubrick no Brasil.

Nas décadas de 1980 e 1990 traduziu inúmeras obras, entre elas Os Cantos, de Ezra Pound e Grandes Poetas da Língua Inglesa do Século XIX, pelas quais recebeu prêmios Jabuti de Tradução de Obra Literária em 1987 e 1989.

Em 1990 recebeu da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), o Prêmio de Tradução pelo livro Poemas de Mallarmé.

Também fez parte do Conselho Superior de MPB, do Museu da Imagem e do Som, e do Conselho Superior de Cinema[4].

Casado com Ecila de Azeredo Grünewald e pai de Rodrigo, antropólogo, e Bernardo, publicitário. José Lino Grünewald morreu de câncer aos 69 anos e está enterrado no cemitério São João Batista, em Botafogo, zona sul da cidade do Rio de Janeiro [5].

A poética

Considerado um dos grandes esquecidos da história da Poesia, autor de uma obra que permanece como uma das mais expressivas e criativas do pós-modernismo, incluindo o concretismo, Grünewald foi um poeta eclético, vazado no lirismo, utilizando-se de invenções poéticas de Stéphane Mallarmé e de Ezra Pound, avançando na utilização não tradicional do branco da página.

“Um e dois”, de 1958, cujos poemas mais antigos foram escritos em 1956, representa, em sua primeira parte, a fase pré-concreta do poeta. Na sua segunda parte comparece o poeta concreto. "Aqui, Grünewald trabalha o espacial, a geometria do poema e suas possibilidades sonoras. Ainda assim, o poeta traz elementos da fase anterior. Notadamente, o gosto pelas oposições. O encadeamento de frase de grafia ou sonoridade semelhante, produzindo novas imagens poéticas a partir de seu inusitado contato", escreve o jornalista Dellano Rios [6].

Grünewald se manterá fiel a proposta do concretismo por quatro décadas, sendo considerado pelo seu amigo e cunhado Augusto de Campos um concretista mais ortodoxo até do que os outros participantes do grupo Noigandres.

Em “Escreviver” de 1983, Grünewald incorpora na íntegra o seu livro de estreia e re-apresenta as suas faces concreta e pré-concreta repetindo a mesma estrutura bivalente.

Obras

Traduções Publicadas

  • A Ideia do Cinema. (Trad. e org.). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1969. Ensaios de Walter Benjamin, Eisenstein, Godard, Merleau-Ponty, entre outros.
  • Benjamin, Horkheimer, Adorno, Habermas. (Trad. e org.)São Paulo: Abril Cultural. Textos escolhidos. Coleção Os Pensadores.
  • Grandes Poetas da Língua Inglesa do Século XIX. (Trad. e org.) Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1988.
  • Mallarmé, Stéphane. Igitur; ou, A loucura de Elbehnon. Rio Janeiro: Nova Fronteira, 1985. Ed. bilíngüe.
  • Mallarmé, Stéphane. Poemas. (Trad. e org.). Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990. Ed. bilíngüe.
  • Merleau-Ponty, Maurice. O cinema e a nova psicologia. In: Xavier, Ismail. (Org.) A Experiência do Cinema. Rio de Janeiro: Graal, 1991.
  • Poetas Franceses do Século XIX. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1991.
  • Pound, Ezra. Cantos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2002.

Obra própria

  • Um e dois. 1958.
  • Escreviver. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1987.
  • Carlos Gardel, lunfardo e tango. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1994.
  • Um Filme é um Filme: o *Cinema de Vanguarda dos Anos 60. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. Ruy Castro (org.)
  • O Grau Zero do Escreviver. São Paulo: Perspectiva, 2002. (Coletânea de uma parte relativamente pequena dos trabalhos literários do autor, organizada por José Guilherme Corrêa)

Antologias organizadas

  • Grandes sonetos da nossa língua.Organização de José Lino Grunewald. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1988.
  • Bocage. Poemas. Organização de José Lino Grunewald. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1988.
  • Camões, Luís de. Líricas. Organização de José Lino Grunewald. Rio de Janeiro: Nova Fronteira.
  • Os Poetas da Inconfidência. Organização de José Lino Grunewald. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1989.
  • Quental, Antero de. Antologia. Organização de José Lino Grunewald. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1991.
  • Pedras de Toque da Poesia Brasileira. Organização de José Lino Grunewald. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1996.
  • Escreviver. São Paulo: Perspectiva, 2008. José Guilherme Correa (org. e prefácio) Augusto de Campos (contracapa)

Referências