República Rio-Grandense: diferenças entre revisões

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A '''República Rio-Grandense''', também conhecida como República de Piratini, foi um [[país]] reconhecido.{{Carece de fontes}} Formado na [[região sul do Brasil|região sul do]] [[Brasil]], deflagrando o atual [[Unidades federativas do Brasil|estado]] [[brasil]]eiro do [[Rio Grande do Sul]], sendo a mais longa revolta brasileira da qual se tem conhecimento, e, portanto, a mais longa do [[Império do Brasil]] (1822-89) – o nome oficial do [[Estado brasileiro]] à época<ref>{{Citation | contribution = A República | title = Movimento Gaúcho Independente | url = http://movimentogauchoindependente.blogspot.com/search/label/A%20Rep%C3%BAblica | publisher = Google | format = blogue}}.</ref>. Foi proclamada em [[11 de setembro]] de [[1836]], pelo general [[Antônio de Sousa Neto]], como consequência direta da vitória obtida por forças oligárquicas gaúchas na [[Batalha do Seival]] (1836), durante a [[Revolução Farroupilha]] (1835-45). No entanto, o objetivo inicial nunca foi proclamar um país próprio, e, portanto, separado do [[Estado brasileiro]], mas sim mostrar ao Império do Brasil que as [[oligarquia]]s gaúchas estavam insatisfeitas com os altos impostos.


A '''República Rio-Grandense''', também conhecida como República de Piratini, foi um [[Estado-nação]] não-reconhecido formado no extremo sul do [[Império do Brasil]], em território equivalente ao atual [[Unidades federativas do Brasil|estado]] do [[Rio Grande do Sul]]. O período constituiu sendo a mais longa revolta brasileira da qual se tem conhecimento<ref>A República - Movimento Gaúcho Independente [http://movimentogauchoindependente.blogspot.com/search/label/A%20Rep%C3%BAblica]</ref>. Foi proclamada em [[11 de setembro]] de [[1836]], pelo general [[Antônio de Sousa Neto]], como consequência direta da vitória obtida por forças oligárquicas gaúchas na [[Batalha do Seival]] (1836), durante a [[Revolução Farroupilha]] (1835-1845). No entanto, o objetivo principal nunca foi proclamar um estado-nação próprio, e, portanto, separado do [[Estado brasileiro]], mas sim mostrar ao Império do Brasil que as [[oligarquia]]s gaúchas não estavam nem um pouco satisfeitas com os altos impostos.
O [[Uruguai]], através de tratado de cooperação mútua, reconheceu a [[legitimidade]] desta república.


A [[bandeira]] oficial da República Rio-Grandense era composta pelas cores [[verde]], [[amarelo]] e [[vermelho]]. Há duas versões para o motivo da composição da bandeira: uma versão explica que seriam as cores-[[símbolo]]s do [[Brasil]], o [[verde]]-[[amarelo]], com o [[vermelho]], que simboliza a [[república]], entrecortando as mesmas; outra versão explica que o verde representava a mata dos pampas, o vermelho o ideal revolucionário, e o amarelo as riquezas do território gaúcho; e uma outra versão diz tratar-se o verde da bandeira [[Portugal | portuguesa]] e o amarelo da bandeira [[Espanha|espanhola]] (respectivamente, o mais importante [[colonizador]] e o segundo mais importante colonizador do território do estado do Rio Grande do Sul), entrecortados pela listra vermelha em vertical que seria símbolo de [[federação]] na região [[Rio da Prata|platina]] desde a época de [[José Gervásio Artigas]] (1764-1850). No entanto, o verde só seria adicionado à [[bandeira]] portuguesa em 1910, 65 anos depois do término da Revolução Farroupilha, o que descarta esta última versão. Da mesma forma, a atual [[bandeira do estado do Rio Grande do Sul]] vem a ter as mesmas cores, tendo sido adicionado o [[brasão]] da República Rio-Grandense no meio da bandeira.
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==Reconhecimento entre os povos==
==Reconhecimento entre os povos==
O [[Uruguai]], através de tratado de cooperação mútua, reconheceu a legitimidade da república. As [[Províncias Unidas do Rio da Prata]] à época estavam sendo unificadas pelo ditador [[Rosas]] e tentavam recuperar o território uruguaio ([[Guerra Grande]]), não afastando também a possibilidade de ''auxílio'' aos separatistas riograndenses. [[Juan Manuel de Rosas]], o ditador argentino, ofereceu apoio para que [[David Canabarro]] continuasse a luta.<ref>{{Citation | url = http://www.ahimtb.org.br/dcanabarro.htm | title = D Canabarro | publisher = AHIMTB | place = [[Brasil |BR]]}}.</ref> [[Juan Manuel de Rosas]] foi afastado do poder na Argentina em confronto de que participaram tropas brasileiras.
As [[Províncias Unidas do Rio da Prata]] à época estavam sendo unificadas pelo ditador [[Juan Manuel de Rosas]] e tentavam recuperar o território uruguaio ([[Guerra Grande]]), não afastando também a possibilidade de ''auxílio'' aos separatistas riograndenses. [[Juan Manuel de Rosas]], o ditador argentino, ofereceu apoio para que [[David Canabarro]] continuasse a luta.<ref>{{Citation | url = http://www.ahimtb.org.br/dcanabarro.htm | title = D Canabarro | publisher = AHIMTB | place = [[Brasil |BR]]}}.</ref> [[Juan Manuel de Rosas]] foi afastado do poder na Argentina em confronto de que participaram tropas brasileiras.


== Perenidade ==
== Perenidade ==

Revisão das 03h01min de 15 de agosto de 2015

 Nota: Não confundir com República do Rio Grande.



A República Rio-Grandense, também conhecida como República de Piratini, foi um Estado-nação não-reconhecido formado no extremo sul do Império do Brasil, em território equivalente ao atual estado do Rio Grande do Sul. O período constituiu sendo a mais longa revolta brasileira da qual se tem conhecimento[1]. Foi proclamada em 11 de setembro de 1836, pelo general Antônio de Sousa Neto, como consequência direta da vitória obtida por forças oligárquicas gaúchas na Batalha do Seival (1836), durante a Revolução Farroupilha (1835-1845). No entanto, o objetivo principal nunca foi proclamar um estado-nação próprio, e, portanto, separado do Estado brasileiro, mas sim mostrar ao Império do Brasil que as oligarquias gaúchas não estavam nem um pouco satisfeitas com os altos impostos.

A bandeira oficial da República Rio-Grandense era composta pelas cores verde, amarelo e vermelho. Há duas versões para o motivo da composição da bandeira: uma versão explica que seriam as cores-símbolos do Brasil, o verde-amarelo, com o vermelho, que simboliza a república, entrecortando as mesmas; outra versão explica que o verde representava a mata dos pampas, o vermelho o ideal revolucionário, e o amarelo as riquezas do território gaúcho; e uma outra versão diz tratar-se o verde da bandeira portuguesa e o amarelo da bandeira espanhola (respectivamente, o mais importante colonizador e o segundo mais importante colonizador do território do estado do Rio Grande do Sul), entrecortados pela listra vermelha em vertical que seria símbolo de federação na região platina desde a época de José Gervásio Artigas (1764-1850). No entanto, o verde só seria adicionado à bandeira portuguesa em 1910, 65 anos depois do término da Revolução Farroupilha, o que descarta esta última versão. Da mesma forma, a atual bandeira do estado do Rio Grande do Sul vem a ter as mesmas cores, tendo sido adicionado o brasão da República Rio-Grandense no meio da bandeira.

Os principais líderes sul-rio-grandenses eram estancieiros, que estavam insatisfeitos com os altos impostos sobre o charque e o couro, de modo que os mesmos produtos estrangeiros fossem mais baratos que os nacionais. A Constituição da República Rio-grandense foi aprovada em 1843, em Alegrete. No entanto, as oligarquias gaúchas se consideravam brasileiras, ainda que tivessem se rebelado por essa disparidade econômica. O mesmo acontecia com a população do Rio Grande do Sul, que também se considerava brasileira, ainda que tenham sido convencidos a lutar em favor dos estancieiros gaúchos, em função dos altos impostos sobre o charque e o couro, que prejudicavam diversos setores da economia local. Entre as principais cidades da então Província de São Pedro do Rio Grande do Sul que não aderiram aos revoltosos, está Porto Alegre, que por esse motivo recebeu do Império o título de "Leal e Valerosa Cidade de Porto Alegre", seu lema oficial até hoje.

História

Bandeira usada pelos farrapos durante a revolta (1835-1845).

A economia da então província de São Pedro do Rio Grande do Sul do Império do Brasil era voltada principalmente para a produção de charque e couro. A província voltava a sua produção para o mercado interno, do qual dependia inteiramente. Mas com o câmbio sobrevalorizado e os benefícios tarifários então oferecidos, o charque importado tinha um custo inferior ao nacional. Assim sendo, os estancieiros da região iniciaram uma rebelião contra o Império do Brasil, e, no dia 10 de setembro de 1836, ocorreu a Batalha do Seival. Com a fulminante vitória dos revoltosos, liderados por Antônio de Sousa Neto, a idéia separatista tomou forma. No dia seguinte, em 11 de setembro, o general Souza Neto proclamou a República Rio-Grandense.[2]

Outro líder separatista, Bento Gonçalves, então preso por forças imperiais na província da Bahia, foi aclamado presidente em 6 de novembro de 1836, junto com 4 vice-presidentes:

  1. Antônio Paulino da Fontoura,
  2. José Mariano de Matos,
  3. Domingos José de Almeida,
  4. Inácio José de Oliveira Guimarães.
Parreiras, Antônio (1915), Proclamação da República Piratini .

Como Bento Gonçalves estava preso, foi necessário eleger um novo presidente, José Gomes de Vasconcelos Jardim, que imediatamente nomeou o ministério da república:[2]

Ao longo da guerra foram nomeados generais da república:

A primeira capital da nova república foi a cidade de Piratini.[2] Em 1839, forças lideradas pelo revolucionário italiano Giuseppe Garibaldi e pelo gaúcho Davi Canabarro proclamaram a República Juliana na província de Santa Catarina, tomando a cidade de Laguna. A nova república formou uma confederação com a Rio-Grandense mas não durou muito, pois não conseguiu tomar a capital provincial de Nossa Senhora do Desterro (depois renomeada Florianópolis).

A República Rio-Grandense foi dissolvida em 1 de março de 1845, pelo Tratado de Poncho Verde, que manteve em vigor algumas leis derivadas da constituição rio-grandense. Teve ao todo cinco capitais durante os seus nove anos de existência: Piratini, Caçapava do Sul, Alegrete e São Gabriel (capitais oficiais), Bagé (somente por duas semanas) e São Borja. Os seus presidentes foram Bento Gonçalves e Gomes Jardim.

Cisma religioso

Alegoria Farroupilha, acervo do Museu Júlio de Castilhos, em Porto Alegre.

As paróquias gaúchas estavam vinculadas ao bispado do Rio de Janeiro, o que trazia vários entraves para a República Rio-Grandense. Para romperem com o Império do Brasil, os farroupilhas separaram-se completamente da corte. Em 22 de junho de 1838, nomearam o padre Chagas como vigário apostólico, negando obediência ao bispo do Rio de Janeiro, criando um cisma na Igreja Católica da então Província de São Pedro do Rio Grande do Sul. O vigário apostólico tinha verdadeira autoridade religiosa: crismava, nomeava padres e dava dispensas matrimoniais.[3] O padre Chagas, então, foi excomungado e seus atos foram declarados ilícitos pelo bispo do Rio de Janeiro – a autoridade máxima da Igreja Católica no Brasil.[3] Assim mesmo, a maior parte do clero gaúcho aderiu à nova autoridade eclesiástica.[4]

A situação durou até o final da Revolução Farroupilha (1835-45). Com a derrota, o padre Chagas buscou uma reconciliação com o bispo do Rio de Janeiro, tendo sido secretário do novo bispo de Porto Alegre.[3]

Após o fim da revolução, o padre Fidêncio José Ortiz foi encarregado pelo bispo do Rio de rever todos os atos praticados e demais documentos.

Reconhecimento entre os povos

As Províncias Unidas do Rio da Prata à época estavam sendo unificadas pelo ditador Juan Manuel de Rosas e tentavam recuperar o território uruguaio (Guerra Grande), não afastando também a possibilidade de auxílio aos separatistas riograndenses. Juan Manuel de Rosas, o ditador argentino, ofereceu apoio para que David Canabarro continuasse a luta.[5] Juan Manuel de Rosas foi afastado do poder na Argentina em confronto de que participaram tropas brasileiras.

Perenidade

Retrato de Bento Gonçalves, acervo do Museu Júlio de Castilhos, em Porto Alegre.

A República Rio-grandense está simbolicamente perenizada na bandeira e no brasão do estado do Rio Grande do Sul, da mesma forma que outros estados brasileiros mantiveram em seus símbolos cívicos evocações a feitos relevantes. Seu território derivou de cisão parcial da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul, que teve seus limites totalmente definidos em relação ao Uruguai somente após o final da Guerra dos Farrapos (1835-45). Após a proclamação da República brasileira (1889), todo o território da Província passou a constituir uma das unidades federativas do Brasil, o estado do Rio Grande do Sul.

Questionamento sobre o documento do Tratado de Poncho Verde

Ver artigo principal: Tratado de Poncho Verde

Numa hipótese de nulidade do Tratado de Poncho Verde, por inexistência formal ou incompetência dos signatários, a República remanescente nos dias posteriores careceria de soberania, pois não detém os requisitos que a legitimem:

  • Não detém o monopólio da força, já que deixou de ter exército próprio: sedia o Comando Militar do Sul, do Exército Brasileiro.
  • A sua administração não é independente da União, dentro do pacto federativo brasileiro, e tampouco houve posterior indicação ou eleição de outro presidente nacional desta República para além de Bento Gonçalves e Gomes Jardim.
  • Finalmente, os habitantes do território se declaram brasileiros e participam da vida política brasileira; carecendo assim do terceiro elemento fundamental para a existência legítima de qualquer Estado nacional.

Dentre os numerosos entendimentos sobre o que é Estado, podemos citar o firmado na Convenção de Montevideo em 26 de dezembro de 1933, sendo o Brasil um dos signatários. Nessa convenção a definição de estado consiste num(a):

  • governo,
  • população permanente,
  • território definido e
  • capacidade para se relacionar com outros Estados-nações.[6]

Mídia

Ver também

Referências

  1. A República - Movimento Gaúcho Independente [1]
  2. a b c SPALDING, Walter (1956), «A revolução farroupilha», Enciclopédia Rio-grandense, Canoas: Regional .
  3. a b c Hastenteufel, Zeno, O Rio Grande do Sul no tempo do Brasil Império (PDF), Fórum da igreja católica .
  4. História da Igreja no Rio Grande do Sul, 1, EdiPUCRS, 1994 , 181 pp.
  5. D Canabarro, BR: AHIMTB .
  6. http://www.britannica.com/EBchecked/topic/390844/Montevideo-Convention

Bibliografia