Sofia da Prússia: diferenças entre revisões

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=== Morte do pai ===
Após uma longa estadia em Inglaterra para celebrar o Jubileu de Ouro da sua avó, Sofia conheceu melhor o príncipe-herdeiro [[Constantino I da Grécia|Constantino da Grécia]] ("''Tino''") no verão de 1887. A rainha observava a sua relação cada vez mais próxima e escreveu: "''Haverá alguma hipótese de a Sofia se casar com o Tino? Seria muito agradável para ela e para ele é excelente''".<ref>Gelardi, p. 18.</ref> No entanto, este período coincidiu com uma época infeliz para a família de Sofia, uma vez que o seu pai, o imperador [[Frederico III da Alemanha|Frederico III]], estava a morrer de forma agonizante devido a um cancro na garganta. A sua esposa e filhos estavam sempre presentes no seu quarto no Novo Palácio, mesmo no dia de aniversário de Sofia. O imperador morreu no dia seguinte. O irmão mais velho de Sofia, agora imperador da Alemanha, não demorou a explorar as coisas do pai, na esperança de encontrar "''provas incriminatórias''" de "''conspirações liberais''". Sabendo que as suas três filhas mais novas dependiam mais dela para encontrar apoio moral, a imperatriz-viúva dedicou-se mais a elas. "Tenho as minhas três doces meninas - de quem ele gostava tanto - e que são a minha consolação".<ref>Gelardi, p. 20.</ref>
Após uma longa estadia em Inglaterra para celebrar o Jubileu de Ouro da sua avó, Sofia conheceu melhor o príncipe-herdeiro [[Constantino I da Grécia|Constantino da Grécia]] ("''Tino''") no verão de 1887. A rainha observava a sua relação cada vez mais próxima e escreveu: "''Haverá alguma hipótese de a Sofia se casar com o Tino? Seria muito agradável para ela e para ele é excelente''".<ref>Gelardi, p. 18.</ref> No entanto, este período coincidiu com uma época infeliz para a família de Sofia, uma vez que o seu pai, o imperador [[Frederico III da Alemanha|Frederico III]], estava a morrer de forma agonizante devido a um cancro na laringite. A sua esposa e filhos estavam sempre presentes no seu quarto no Novo Palácio, e foi no dia do aniversário de Sofia que o estado do imperador piorou de forma irreversível. Nesse dia, o pai de Sofia tinha planeado fazer um piquenique com a família para celebrar a ocasião, mas, depois de uma madrugada muito complicada, às sete da manhã, um dos criados pegou no ramo de flores que Frederico tinha encomendado para a filha e colocou-o ao seu lado na cama.<ref>{{citar livro|nome = Hannah|sobrenome = Pakula|título = "An Uncommon Woman - The Empress Frederick"|ano = 1995|isbn = 13 978-1-8421-2623-3|página = 541|editora = Phoenix}}</ref> O imperador morreu no dia seguinte. O irmão mais velho de Sofia, agora imperador da Alemanha, não demorou a explorar as coisas do pai, na esperança de encontrar "''provas incriminatórias''" de "''conspirações liberais''". Sabendo que as suas três filhas mais novas dependiam mais dela para encontrar apoio moral, a imperatriz-viúva dedicou-se mais a elas. "''Tenho as minhas três doces meninas - de quem ele gostava tanto - e que são a minha consolação''".<ref>Gelardi, p. 20.</ref>


=== Casamento e controvérsia com a família ===
Durante este período triste, Sofia aceitou o pedido de casamento do príncipe-herdeiro Constantino, algo visto como ''um desenvolvimento pouco surpreendente tendo em conta a atmosfera fúnebre que prevalecia em casa da sua mãe viúva''.<ref>Gelardi, p. 21.</ref> A 27 de outubro de 1889, Sofia casou-se com Tino em [[Atenas]], na Grécia. Os dois eram primos em terceiro grau através do czar [[Paulo I da Rússia]] e primos em segundo grau através do rei [[Frederico Guilherme III da Prússia]]. Havia uma antiga profecia grega que dizia que quando Constantino e Sofia reinassem, a Grécia voltaria a ser grande e a cidade de [[Constantinopla]] caíra em suas mãos.<ref>Gelardi, p. 22.</ref>
Durante este período triste, Sofia aceitou o pedido de casamento do príncipe-herdeiro Constantino, algo visto como ''um desenvolvimento pouco surpreendente tendo em conta a atmosfera fúnebre que prevalecia em casa da sua mãe viúva''.<ref>Gelardi, p. 21.</ref> A 27 de outubro de 1889, Sofia casou-se com Tino em [[Atenas]], na Grécia. Os dois eram primos em terceiro grau através do czar [[Paulo I da Rússia]] e primos em segundo grau através do rei [[Frederico Guilherme III da Prússia]]. Havia uma antiga profecia grega que dizia que quando Constantino e Sofia reinassem, a Grécia voltaria a ser grande e a cidade de [[Constantinopla]] caíra nas suas mãos.<ref>Gelardi, p. 22.</ref> Segundo a avó de Sofia, a rainha [[Vitória do Reino Unido|Vitória]], 'Tino', "''não é muito inteligente, mas tem um bom coração e um bom carácter (...) e isso vale muito mais do ser esperto.''"<ref name=":0">{{citar livro|nome = Hannah|sobrenome = Pakula|título = An Uncommon Woman - The Empress Frederick|ano = 1995|isbn = 13 978-1-8421-2623-3|página = 575|editora = Phoenix}}</ref>


Este casamento levou a vários conflitos na família de Sofia, principalmente da parte da imperatriz [[Augusta Vitória de Schleswig-Holstein|Augusta Vitória]], conhecida na família por ''Dona'' e esposa do kaiser [[Guilherme II da Alemanha|Guilherme II]]. Quando Sofia anunciou a sua intenção de se converter do evangelismo para a [[Igreja Ortodoxa Grega]], algo a que era obrigada segundo as leis da sua nova Casa Real, Dona mandou-a chamar e disse-lhe que, se ela o fizesse, não o seu irmão o acharia inaceitável, uma vez que era ele o Chefe da Igreja Evangélica das províncias mais antigas da [[Reino da Prússia|Prússia]], como seria também expulsa da Alemanha para sempre e a sua alma seria condenada ao inferno. Sofia respondeu que a sua cunhada não tinha nada a ver com as decisões que ela tomava. Dona ficou tão histérica que o filho que esperava, o príncipe [[Joaquim da Prússia|Joaquim]], acabou por nascer prematuro, levando a que Dona se dedicasse ardentemente a ele para o resto da vida, achando-o mais delicado do que os irmãos. Guilherme também ficou furioso, tendo escrito numa carta à mãe que, se o seu bebé morresse, Sofia seria responsável pelo seu assassinato.
Este casamento levou a vários conflitos de ordem religiosa em ambas as famílias, causados principalmente pela cunhada de Sofia, a imperatriz [[Augusta Vitória de Schleswig-Holstein|Augusta Vitória]], conhecida na família por ''Dona,'' e pelo marido dela e irmão de Sofia, o kaiser [[Guilherme II da Alemanha|Guilherme II]], assim como pela mãe de Constantino, a rainha [[Olga Constantinovna da Rússia|Olga da Grécia]]. Augusta Vitória era extremamente religiosa e não aceitou bem a ideia de a sua cunhada se casar com um príncipe ortodoxo. Quando expôs o caso ao marido, o kaiser declarou que, se Sofia alguma vez se convertê-se à Igreja Ortodoxa, nunca mais a deixaria regressar à Alemanha. Na altura do casamento, esta questão foi resolvida, tendo-se realizado duas cerimónias, uma evangélica e outra ortodoxa.<ref name=":0" /> No entanto, a poucos dias do casamento, o kaiser voltou a contrariar os desejos da irmã e da mãe, quando as informou de que, ao contrário do que estava previsto, a sua esposa estaria presente na cerimónia e que os dois iam levar consigo um pastor extremamente conservador da sua confiança, Kögel, para celebrar a cerimónia evangélica. A mãe de Sofia, Vitória, escreveu uma carta indignada à sua mãe, a rainha Vitória, sobre o assunto:

"''E anunciaram isto (...) sem me consultarem a mim nem a Sofia!!! Eles sabem que tanto eu como o Fritz [[[Frederico III da Alemanha]]] detestamos o Kögel e já tinha ficado combinado há vários meses que seria o capelão alemão do rei da Grécia, o Dr. Peterson (...) a realizar a cerimónia protestante!!! Eles tiveram mais de um ano para pensar e conversar sobre isto (...) O mais provável é que a Dona soubesse que eu e a Sofia não íamos concordar com isto, por isso combinaram tudo atrás das minhas costas (...) Só tenho receio que o Willy [o rei Jorge I] da Grécia fique magoado por nunca ninguém ter pedido também a opinião dele!''"<ref name=":0" />

Quando Sofia anunciou a sua intenção de se converter do evangelismo para a [[Igreja Ortodoxa Grega]], algo a que era obrigada segundo as leis da sua nova Casa Real, Dona mandou-a chamar e disse-lhe que, se ela o fizesse, não só o seu irmão o acharia inaceitável, uma vez que era ele o Chefe da Igreja Evangélica das províncias mais antigas da [[Reino da Prússia|Prússia]], como seria também expulsa da Alemanha para sempre e a sua alma seria condenada ao inferno. Sofia respondeu que a sua cunhada não tinha nada a ver com as decisões que ela tomava. Dona ficou tão histérica que o filho que esperava, o príncipe [[Joaquim da Prússia|Joaquim]], acabou por nascer prematuro, levando a que Dona se dedicasse ardentemente a ele para o resto da vida, achando-o mais delicado do que os irmãos. Guilherme também ficou furioso, tendo escrito numa carta à mãe que, se o seu bebé morresse, Sofia seria responsável pelo seu assassinato.


== Rainha da Grécia ==
== Rainha da Grécia ==

Revisão das 12h19min de 2 de fevereiro de 2016

Sofia
Princesa da Prússia
Sofia da Prússia
Rainha Consorte da Grécia
1º Reinado 18 de março de 1913
a 11 de junho de 1917
Predecessora Olga Constantinovna da Rússia
Sucessora ela mesma
2º Reinado 19 de dezembro de 1920
a 27 de setembro de 1922
Predecessora ela mesma
Sucessor(a) Isabel da Romênia
 
Nascimento 14 de junho de 1870
  Potsdam, Prússia
Morte 13 de janeiro de 1932 (61 anos)
  Frankfurt, República de Weimar
Sepultado em 22 de novembro de 1936, Cemitério Real, Palácio de Tatoi, Atenas, Grécia
Nome completo Sofia Doroteia Ulrica Alice
Marido Constantino I da Grécia
Descendência Jorge II da Grécia
Alexandre da Grécia
Helena da Grécia e Dinamarca
Paulo da Grécia
Irene da Grécia e Dinamarca
Catarina da Grécia e Dinamarca
Casa Hohenzollern (por nascimento)
Schleswig-Holstein-Sonderburg-Glücksburg (por casamento)
Pai Frederico III da Alemanha
Mãe Vitória, Princesa Real

Sofia Doroteia Ulrica Alice (Potsdam, 14 de junho de 1870Frankfurt, 13 de janeiro de 1932) foi a esposa do rei Constantino I e rainha consorte do Reino da Grécia de 1913 a 1917 e depois entre 1920 e 1922. Era a filha do imperador Frederico III da Alemanha e de Vitória, Princesa Real do Reino Unido.

Origens

Sofia nasceu a 14 de junho de 1870 no Novo Palácio de Potsdam, na Prússia. Era filha do então príncipe-herdeiro Frederico Guilherme da Prússia (que se tornaria mais tarde imperador da Alemanha), e da sua esposa, a princesa Vitória do Reino Unido, filha mais velha da rainha Vitória do Reino Unido e do seu marido, o príncipe Alberto.[1] Foi baptizada no mês seguinte numa cerimónia na qual todos os homens estavam vestidos de uniforme, uma vez que a Prússia tinha declarado guerra à França pouco tempo antes.[2] A sua mãe descreveu o acontecimento da seguinte forma à rainha Vitória: "O baptizado correu bem, mas foi triste e sério. Rostos ansiosos e olhos chorosos, e uma melancolia e prenúncio de toda a miséria que nos aguarda ensombraram a cerimónia que deveria ser de alegria e agradecimento".[3]

Sofia era chamada de "Sossy" quando era criança (é provável que este nome tenha sido escolhido porque rimava com "Mossy", a alcunha da sua irmã mais nova, a princesa Margarida). Sofia era também irmã do kaiser Guilherme II da Alemanha, das princesas Carlota e Vitória da Prússia e dos príncipes Henrique, Valdemar e Segismundo da Prússia.

A rainha Sofia em criança.

Os filhos do príncipe-herdeiro acabariam por juntar-se de acordo com a sua idade: Guilherme, Carlota e Henrique eram os preferidos dos seus avós paternos enquanto Sofia, Margarida e Vitória eram praticamente ignoradas por eles.[4] Dois dos seus irmãos mais velhos, Segismundo e Valdemar, morreram novos (Segismundo morreu antes de ela nascer e Valdemar morreu aos onze anos de idade, quando Sofia tinha oito), o que fez com que Vitória e as suas três filhas mais novas se aproximassem ainda mais. A princesa-herdeira chamava-as "as minhas três doces meninas" e "o meu trio".[5] Vitória acreditava que tudo o que fosse inglês era superior, por isso modelou a infância dos seus filhos seguindo o modelo da sua. Sofia foi criada sentindo um grande amor por Inglaterra e por tudo relacionado com o país. Fazia também visitas frequentes à sua avó, a rainha Vitória, de quem gostava muito.[nota 1]A princesa passava longos períodos de tempo em Inglaterra e, uma vez que durante a infância quase não conviveu com os seus avós paternos, a sua educação foi maioritariamente influenciada pelos seus pais e pela rainha Vitória.[7]

Quando era criança, Sofia passava grande parte do seu tempo entre as duas residências principais dos pais: o Kronprinzenpalais em Berlim e o Novo Palácio em Potsdam.[7]

Princesa-herdeira da Grécia

Foto de noivado de Sofia e Constantino. Ambos estão de luto pelo pai de Sofia.

Morte do pai

Após uma longa estadia em Inglaterra para celebrar o Jubileu de Ouro da sua avó, Sofia conheceu melhor o príncipe-herdeiro Constantino da Grécia ("Tino") no verão de 1887. A rainha observava a sua relação cada vez mais próxima e escreveu: "Haverá alguma hipótese de a Sofia se casar com o Tino? Seria muito agradável para ela e para ele é excelente".[8] No entanto, este período coincidiu com uma época infeliz para a família de Sofia, uma vez que o seu pai, o imperador Frederico III, estava a morrer de forma agonizante devido a um cancro na laringite. A sua esposa e filhos estavam sempre presentes no seu quarto no Novo Palácio, e foi no dia do aniversário de Sofia que o estado do imperador piorou de forma irreversível. Nesse dia, o pai de Sofia tinha planeado fazer um piquenique com a família para celebrar a ocasião, mas, depois de uma madrugada muito complicada, às sete da manhã, um dos criados pegou no ramo de flores que Frederico tinha encomendado para a filha e colocou-o ao seu lado na cama.[9] O imperador morreu no dia seguinte. O irmão mais velho de Sofia, agora imperador da Alemanha, não demorou a explorar as coisas do pai, na esperança de encontrar "provas incriminatórias" de "conspirações liberais". Sabendo que as suas três filhas mais novas dependiam mais dela para encontrar apoio moral, a imperatriz-viúva dedicou-se mais a elas. "Tenho as minhas três doces meninas - de quem ele gostava tanto - e que são a minha consolação".[10]

Casamento e controvérsia com a família

Durante este período triste, Sofia aceitou o pedido de casamento do príncipe-herdeiro Constantino, algo visto como um desenvolvimento pouco surpreendente tendo em conta a atmosfera fúnebre que prevalecia em casa da sua mãe viúva.[11] A 27 de outubro de 1889, Sofia casou-se com Tino em Atenas, na Grécia. Os dois eram primos em terceiro grau através do czar Paulo I da Rússia e primos em segundo grau através do rei Frederico Guilherme III da Prússia. Havia uma antiga profecia grega que dizia que quando Constantino e Sofia reinassem, a Grécia voltaria a ser grande e a cidade de Constantinopla caíra nas suas mãos.[12] Segundo a avó de Sofia, a rainha Vitória, 'Tino', "não é muito inteligente, mas tem um bom coração e um bom carácter (...) e isso vale muito mais do ser esperto."[13]

Este casamento levou a vários conflitos de ordem religiosa em ambas as famílias, causados principalmente pela cunhada de Sofia, a imperatriz Augusta Vitória, conhecida na família por Dona, e pelo marido dela e irmão de Sofia, o kaiser Guilherme II, assim como pela mãe de Constantino, a rainha Olga da Grécia. Augusta Vitória era extremamente religiosa e não aceitou bem a ideia de a sua cunhada se casar com um príncipe ortodoxo. Quando expôs o caso ao marido, o kaiser declarou que, se Sofia alguma vez se convertê-se à Igreja Ortodoxa, nunca mais a deixaria regressar à Alemanha. Na altura do casamento, esta questão foi resolvida, tendo-se realizado duas cerimónias, uma evangélica e outra ortodoxa.[13] No entanto, a poucos dias do casamento, o kaiser voltou a contrariar os desejos da irmã e da mãe, quando as informou de que, ao contrário do que estava previsto, a sua esposa estaria presente na cerimónia e que os dois iam levar consigo um pastor extremamente conservador da sua confiança, Kögel, para celebrar a cerimónia evangélica. A mãe de Sofia, Vitória, escreveu uma carta indignada à sua mãe, a rainha Vitória, sobre o assunto:

"E anunciaram isto (...) sem me consultarem a mim nem a Sofia!!! Eles sabem que tanto eu como o Fritz [[[Frederico III da Alemanha]]] detestamos o Kögel e já tinha ficado combinado há vários meses que seria o capelão alemão do rei da Grécia, o Dr. Peterson (...) a realizar a cerimónia protestante!!! Eles tiveram mais de um ano para pensar e conversar sobre isto (...) O mais provável é que a Dona soubesse que eu e a Sofia não íamos concordar com isto, por isso combinaram tudo atrás das minhas costas (...) Só tenho receio que o Willy [o rei Jorge I] da Grécia fique magoado por nunca ninguém ter pedido também a opinião dele!"[13]

Quando Sofia anunciou a sua intenção de se converter do evangelismo para a Igreja Ortodoxa Grega, algo a que era obrigada segundo as leis da sua nova Casa Real, Dona mandou-a chamar e disse-lhe que, se ela o fizesse, não só o seu irmão o acharia inaceitável, uma vez que era ele o Chefe da Igreja Evangélica das províncias mais antigas da Prússia, como seria também expulsa da Alemanha para sempre e a sua alma seria condenada ao inferno. Sofia respondeu que a sua cunhada não tinha nada a ver com as decisões que ela tomava. Dona ficou tão histérica que o filho que esperava, o príncipe Joaquim, acabou por nascer prematuro, levando a que Dona se dedicasse ardentemente a ele para o resto da vida, achando-o mais delicado do que os irmãos. Guilherme também ficou furioso, tendo escrito numa carta à mãe que, se o seu bebé morresse, Sofia seria responsável pelo seu assassinato.

Rainha da Grécia

Sofia quando rainha da Grécia

Constantino sucedeu ao seu pai a 18 de março de 1913, tornando Sofia na rainha-consorte da Grécia.

Durante a Primeira Guerra Mundial, a rainha Sofia envolveu-se a um certo nível nos assuntos de estado do país e mantinha-se em contacto frequente com o seu irmão mais velho. Nas palavras de G. Leon, Sofia permaneceu alemã e os interesses alemães estavam, para ela, acima dos interesses do seu país adoptado ao qual dava pouca importância. Na verdade, Sofia nunca teve qualquer simpatia pelo povo grego.[14] Outras fontes dizem o oposto, tendo por base os seus trabalhos caritativos e esforços para melhorar a vida do povo grego na capital e arredores. A má reputação de Sofia tem origem principalmente durante o período de Cisma Nacional na Grécia, já que a rainha serviu de bode expiatório no esforço republicano por denegrir a família real apenas por ser irmã do kaiser Guilherme II da Alemanha.[15]

Em 1916, a rainha e o rei estavam em Tatoi quando começou um misterioso incêndio que destruiu a residência principal e grande parte da floresta que a rodeava. A rainha Sofia pegou na sua filha mais nova, a princesa Catarina, e correu durante quilómetro e meio com ela nos braços. O incêndio durou quarenta-e-oito horas e suspeita-se que se tratou de fogo posto.

Exílio

Sofia deixou a Grécia ao lado do marido (que tinha abdicado do trono devido a acusações de ser pro-germânico) no dia 11 de Junho de 1917 e o casal foi exilado para a Suíça. Seriam chamados novamente ao trono pouco depois da morte do filho Alexandre derivada de uma infecção causada pela mordida de um macaco. Constantino seria novamente forçado a abdicar após a derrota grega na guerra com a Turquia em 1922 e acabaria por morrer no inicio desse ano.

Morte e enterro

Nos seus últimos anos de vida, Sofia foi diagnosticada com cancro e acabaria por morrer no exílio em Frankfurt, na Alemanha em 1932 onde foi inicialmente sepultada. Com a restauração da monarquia na Grécia, os restos mortais da rainha foram transferidos para o cemitério real de Tatoi em 1936, tendo Sofia sido enterrada junto do seu marido, o rei Constantino.[16]

Legado

Sofia é avó paterna da rainha Sofia de Espanha, que recebeu o nome em sua honra, e do ex-rei Constantino II dos Helenos. A rainha Sofia de Espanha é, por seu lado, avó da infanta Sofia de Espanha, filha de Filipe e Letícia de Espanha.

Descendência

  1. Jorge II da Grécia (20 de julho de 1890 - 1 de abril de 1947), rei da Grécia, casado com a princesa Isabel da Roménia; sem descendência.
  2. Alexandre I da Grécia (1 de agosto de 1893 - 25 de outubro de 1920), rei da Grécia, casado com Aspasia Manos; com descendência.
  3. Helena da Grécia (2 de maio de 1896 - 28 de novembro de 1982), casada com o rei Carlos II da Romênia; com descendência.
  4. Paulo I da Grécia (14 de dezembro de 1901 - 6 de março de 1964), rei da Grécia, casado com a princesa Frederica de Hanôver; com descendência.
  5. Irene da Grécia (13 de fevereiro de 1904 - 15 de abril de 1974), casada com o rei Tomislav II da Croácia; com descendência.
  6. Catarina da Grécia (4 de maio de 1913 - 2 de outubro de 2007), casada com o major Richard Brandram; com descendência.

Notas

  1. Gosto tanto de a [a rainha] beijar, nem podes imaginar, disse Sofia aos 11 anos.[6]

Referências

  1. Gelardi, p. 3.
  2. Gelardi, pp. 3-4.
  3. Gelardi, p. 4.
  4. Gelardi, p. 9.
  5. Gelardi, p. 11.
  6. Gelardi, p. 10
  7. a b Gelardi, p. 10.
  8. Gelardi, p. 18.
  9. Pakula, Hannah (1995). "An Uncommon Woman - The Empress Frederick". [S.l.]: Phoenix. p. 541. ISBN 13 978-1-8421-2623-3 Verifique |isbn= (ajuda) 
  10. Gelardi, p. 20.
  11. Gelardi, p. 21.
  12. Gelardi, p. 22.
  13. a b c Pakula, Hannah (1995). An Uncommon Woman - The Empress Frederick. [S.l.]: Phoenix. p. 575. ISBN 13 978-1-8421-2623-3 Verifique |isbn= (ajuda) 
  14. Leon, 1974, p. 77
  15. Ver Gelardi
  16. Sofia da Prússia (em inglês) no Find a Grave

Bibliografia

  • Gelardi, Julia P. (2005). Born to Rule: Five Reigning Consorts, Granddaughters of Queen Victoria. Nova Iorque: St. Martin's Press.
  • Leon, G. B. (1974). Greece and the Great Powers 1914-17. Thessaloniki: Institute of Balkan Studies.

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Rainha consorte da Grécia

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Rainha consorte da Grécia

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