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Como apreciável cultor do conto idílico e prosador fluente, foi sempre destacado por autorizados críticos. [[Nunes da Rosa]], em ''[[O Telégrafo]]'', de [[18 de Maio]] de [[1942]], considera-o ''uma glória nacional'', pelo nível artístico do seu estilo. [[Júlio de Castilho]], o segundo [[Visconde de Castilho]], que foi [[Distrito da Horta|governador civil da Horta]], refere-se também apreciativamente ao seu estilo e qualidades de artista da linguagem. Como excelente prosador o classifica [[Vitorino Nemésio]].
Como apreciável cultor do conto idílico e prosador fluente, foi sempre destacado por autorizados críticos. [[Nunes da Rosa]], em ''[[O Telégrafo]]'', de [[18 de Maio]] de [[1942]], considera-o ''uma glória nacional'', pelo nível artístico do seu estilo. [[Júlio de Castilho]], o segundo [[Visconde de Castilho]], que foi [[Distrito da Horta|governador civil da Horta]], refere-se também apreciativamente ao seu estilo e qualidades de artista da linguagem. Como excelente prosador o classifica [[Vitorino Nemésio]].


Escritor regionalizante, mas não regionalizante apenas, e na vida do povo, do Faial e do [[ilha do Pico|Pico]], que encontra a temática para sua obra de ficcionista. Criou personagens de certo realismo e vigor psicológico, observadas na vida social rural.
Escritor regional, mas não regionalizante apenas, é na vida do povo, do Faial e do [[ilha do Pico|Pico]], que encontra a temática para sua obra de ficcionista. Criou personagens de certo realismo e vigor psicológico, observadas na vida social rural.


Tentou o romance e o teatro. Não logrou, porém, essa obra teatral impor-se a uma vasta audiência. O seu drama ''Helena de Savignac'' foi representado na Horta em 1888. ''Luísa'', outro drama de colaboração com [[Manuel Zerbone]], lá se representara dois anos antes.
Tentou o romance e o teatro. Não logrou, porém, essa obra teatral impor-se a uma vasta audiência. O seu drama ''Helena de Savignac'' foi representado na Horta em 1888. ''Luísa'', outro drama de colaboração com [[Manuel Zerbone]], lá se representara dois anos antes.
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A par de [[Nunes da Rosa]], Florêncio Terra é um escritor açoriano digno de ser conhecido não apenas localmente, mas no plano da literatura lusófona.
A par de [[Nunes da Rosa]], Florêncio Terra é um escritor açoriano digno de ser conhecido não apenas localmente, mas no plano da literatura lusófona.


Faleceu na cidade da Horta a [[25 de Novembro]] de [[1941]], deixando inédita boa parte da sua produção literária.
Faleceu na cidade da Horta a [[25 de Novembro]] de [[1941]], deixando inédita boa parte da sua produção literária que aos poucos tem vindo a ser publicada.


A [[30 de Abril]] de [[1958]], a Câmara Municipal da Horta, por proposta do presidente Dr. Sebastião Goulart, deliberou que fosse colocada uma lápide na sepultura de Florêncio Terra e dado o seu nome ao Jardim Público da cidade.
A [[30 de Abril]] de [[1958]], a Câmara Municipal da Horta, por proposta do presidente Dr. Sebastião Goulart, deliberou que fosse colocada uma lápide na sepultura de Florêncio Terra e dado o seu nome ao Jardim Público da cidade.


A [[21 de Novembro]] de [[1987]], a mesma Câmara, então presidida por Herberto Dart, voltou a homenagear Florêncio Terra, mandando cunhar uma medalha evocativa e colocar uma fotografia sua no Salão Nobre dos Paços do Concelho.
A [[21 de Novembro]] de [[1987]], a mesma Câmara, então presidida por Herberto Dart, voltou a homenagear Florêncio Terra, mandando cunhar uma medalha evocativa e colocar uma fotografia sua no Salão Nobre dos Paços do Concelho.

A 18 de Maio de 2008, a Câmara Municipal da Horta , presidida por João Castro, prestou de novo louvores a este notável faialense organizando várias cerimónias e mandando descerrar um placa com o seu rosto em bronze no Jardim a que dá o nome.


==Referências==
==Referências==

Revisão das 17h47min de 13 de fevereiro de 2016

Florêncio Terra (c. 1915).

Florêncio Terra (Horta, Açores a 18 de Maio de 1858 — Horta, 25 de Novembro de 1941) foi um escritor, publicista, professor e político açoriano que se notabilizou como contista.

Biografia

Florêncio José Terra nasceu na ilha do Faial, filho do conhecido capitão da marinha mercante Florêncio José Terra Brum e de Maria dos Anjos da Silva Sarmento. Pelo lado paterno pertencia à família do barão de Alagoa, uma das mais distintas e influentes do seu tempo. Era casado com Teresa Amélia Ribeiro Guerra, filha do segundo barão de Santana, Rodrigo Alves Guerra.

Cursou com distinção o Liceu da Horta, aí começando, em 14 de Outubro de 1888, a reger interinamente a cadeira de Introdução à História Natural.

Pretendendo seguir a carreira do magistério liceal, prestou, de seguida, brilhantes provas em Lisboa, ficando aprovado. Foi nomeado a 8 de Novembro de 1896 professor vitalício, iniciando uma carreira que manteria toda a vida. Ensinou Matemática e Ciências Naturais.

Exerceu em duas ocasiões (1907-1919 e 1928-1929) o cargo de reitor do Liceu da Horta (Liceu Manuel de Arriaga), distinguindo-se como professor e administrador.

Para além da sua actividade como professor liceal, exerceu diversos cargos públicos na administração distrital e local, entre os quais os de vereador e vice-presidente da Câmara.

Foi sócio fundador do Grémio Literário Artista Faialense em 1874.

Pertenceu a uma geração de valores notáveis naquele centro citadino, embora nem todos naturais de lá, conhecendo outras figuras de relevo cultural, da geração anterior. Conviveu com António Lourenço da Silveira Macedo, autor da História das Quatro Ilhas que Formam o Distrito da Horta, com João José da Graça, Garcia Monteiro, Manuel Joaquim Dias, os contistas Nunes da Rosa e Rodrigo Guerra e diversos intelectuais que por aqueles anos viveram na Horta.

Como jornalista, dirigiu, com Luís Barcelos, o semanário literário A Pátria (que inicou publicação a 13 de Dezembro de 1876) e, com Manuel Zerbone, o semanário literário intitulado Biscuit (iniciou publicação a 5 de Julho de 1878).

A sua maior actividade como jornalista exerceu-a no diário O Açoreano ( na 2.ª série, iniciada a 1 de Março de 1895) e no semanário literário e noticioso O Faialense, cuja 2.ª série iniciou a 5 de Novembro de 1901, de parceria com Marcelino Lima e Rodrigo Guerra.

Colaborou ainda nas publicações do Grémio Literário Artista Faialense, n’O Telégrafo, no Correio da Horta e em diversas revistas e jornais de Lisboa, nomeadamente no Ocidente, na Ilustração Portuguesa, no Branco e Negro e na revista literária de O Século.

Assinava os seus artigos e contos usando, geralmente, os pseudónimos de "Ri…Cardo", "X", "XXX", "Y", "Máscara Verde", "Nemo", "Zague" e "Ignotus".

Cedo revelou dotes de contista. Em 1897, na colectânea Seara Alheia, organizada por Alfredo Mesquita, figura o seu conto A Debulha, a par de contos de Fialho de Almeida, Trindade Coelho, Ficalho, Abel Botelho e alguns mais.

Outros contos de Florêncio Terra foram publicados em vida do autor, dispersamente, por jornais e revistas portuguesas. Mas a maior parte ficou inédita.

Como apreciável cultor do conto idílico e prosador fluente, foi sempre destacado por autorizados críticos. Nunes da Rosa, em O Telégrafo, de 18 de Maio de 1942, considera-o uma glória nacional, pelo nível artístico do seu estilo. Júlio de Castilho, o segundo Visconde de Castilho, que foi governador civil da Horta, refere-se também apreciativamente ao seu estilo e qualidades de artista da linguagem. Como excelente prosador o classifica Vitorino Nemésio.

Escritor regional, mas não regionalizante apenas, é na vida do povo, do Faial e do Pico, que encontra a temática para sua obra de ficcionista. Criou personagens de certo realismo e vigor psicológico, observadas na vida social rural.

Tentou o romance e o teatro. Não logrou, porém, essa obra teatral impor-se a uma vasta audiência. O seu drama Helena de Savignac foi representado na Horta em 1888. Luísa, outro drama de colaboração com Manuel Zerbone, lá se representara dois anos antes.

No género romance salientam-se O Enjeitado, Vingança da Noviça e As Duas Primas (incompleto), os dois últimos escritos, sob o pseudónimo "Zigue e Zague", em co-autoria com Zerbone.

Postumamente, em 1942, com prefácio de Osório Goulart, foi editado o 1.º volume de Contos e Narrativas, sendo depositária a Parceria António Maria Pereira. Destes se faz uma apreciação crítica na História Ilustrada das Grandes Literaturas (Literatura Portuguesa, vol. II), por Óscar Lopes.

Júlio Martins, em Contos Escolhidos de Autores Portugueses, manual para o antigo 3.º ano liceal, inclui dois contos de Florêncio Terra, retirados da História Ilustrada das Grandes Literaturas editada por Óscar Lopes.

Em 1949, saiu a lume na Horta um pequeno livro de 47 páginas, Natal Açoreano: cinco contos, entre eles Corações Simples, já incluído em Contos e Narrativas.

A par de Nunes da Rosa, Florêncio Terra é um escritor açoriano digno de ser conhecido não apenas localmente, mas no plano da literatura lusófona.

Faleceu na cidade da Horta a 25 de Novembro de 1941, deixando inédita boa parte da sua produção literária que aos poucos tem vindo a ser publicada.

A 30 de Abril de 1958, a Câmara Municipal da Horta, por proposta do presidente Dr. Sebastião Goulart, deliberou que fosse colocada uma lápide na sepultura de Florêncio Terra e dado o seu nome ao Jardim Público da cidade.

A 21 de Novembro de 1987, a mesma Câmara, então presidida por Herberto Dart, voltou a homenagear Florêncio Terra, mandando cunhar uma medalha evocativa e colocar uma fotografia sua no Salão Nobre dos Paços do Concelho.

A 18 de Maio de 2008, a Câmara Municipal da Horta , presidida por João Castro, prestou de novo louvores a este notável faialense organizando várias cerimónias e mandando descerrar um placa com o seu rosto em bronze no Jardim a que dá o nome.

Referências

  • Às Lapas: Contos e Narrativas Faialenses, antologia organizada por Carlos Lobão, editada pela Direcção Regional dos Assuntos Culturais e pela Câmara Municipal da Horta, 254 pp., Horta, 1988.
  • Florêncio Terra in Joaquim Moniz de Sá Corte Real e Amaral, Biografias e Outros Escritos, Câmara Municipal de Angra do Heroísmo, 1989, pp. 143–144.
  • Lima, Marcelino, Famílias Faialenses, Subsídios para a História da Ilha do Faial, Horta, 1923, p 641.

Obras publicadas

Ligações externas