Gigantes (mitologia grega): diferenças entre revisões

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'''Gigantes''' (em grego, no singular: Γίγας, no plural: Γίγαντες), na [[mitologia grega]], era uma raça de grande força e agressividade, embora não necessariamente de grande tamanho, conhecida pela ''Gigantomakhía'' (Γιγαντομαχία), sua batalha com os deuses do [[Monte Olimpo|Olimpo]]. De acordo com [[Hesíodo]], os gigantes eram filhos de [[Gaia (mitologia)|Gaia]] (Terra), nascidos do ''[[Icor|ichor]]'' que caiu sobre ela quando [[Urano (mitologia)|Urano]] (Céu) foi castrado por seu filho, o [[titã]] [[Cronos]].
'''Gigantes''' (em grego, no singular: Γίγας, no plural: Γίγαντες), na [[mitologia grega]], era uma raça de grande força e agressividade, embora não necessariamente de grande tamanho, conhecida pela ''Gigantomakhía'' (Γιγαντομαχία), sua batalha com os deuses do [[Monte Olimpo|Olimpo]]. De acordo com [[Hesíodo]], os gigantes eram filhos de [[Gaia (mitologia)|Gaia]] (Terra), nascidos do ''[[Icor|ichor]]'' que caiu sobre ela quando [[Urano (mitologia)|Urano]] (Céu) foi castrado por seu filho, o [[titã]] [[Cronos]].


Representações arcaicas e clássicas mostram os gigantes com o porte de homens ''[[Hoplita|hoplitas]]'' (antigos soldados gregos fortemente armados) totalmente humanos em sua forma. Representações mais tardias (após c. 380 a.C.) mostram os gigantes com serpentes no lugar de pernas. Em tradições posteriores, os gigantes foram muitas vezes confundidos com outros adversários dos atletas olímpicos, em especial os titãs, uma geração anterior de grandes e poderosos filhos de Gaia e Urano. Dizia-se que os gigantes vencidos eram enterrados sob os vulcões, e assim essa era a causa das erupções vulcânicas e dos terremotos.
Representações arcaicas e clássicas mostram os gigantes com o porte de homens ''[[Hoplita|hoplitas]]'' (antigos soldados gregos fortemente armados) totalmente humanos em sua forma. Representações mais tardias (após c. 380 a.C.) mostram os gigantes com serpentes no lugar de pernas. Em tradições posteriores, os gigantes foram muitas vezes confundidos com outros adversários dos atletas olímpicos, em especial os titãs, uma geração anterior de grandes e poderosos filhos de Gaia e Urano. Dizia-se que os gigantes vencidos eram enterrados sob os vulcões, e assim essa era a causa das erupções vulcânicas e dos terremotos.
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== Origens ==
== Origens ==


O nome "gigantes" é geralmente associado ao significado de "nascidos na Terra", e na ''[[Teogonia]]'', Hesíodo torna isso explícito ao considerar os gigantes uma prole de Gaia. Segundo Hesíodo, Gaia unindo-se com Urano gerou muitos filhos: a primeira geração de titãs, os [[Ciclope|ciclopes]] e os [[Hecatônquiros|Hecatonquiros]]. Mas Urano odiava os seus filhos e, assim que eles nasceram, ele os aprisionou dentro de Gaia, custando-lhe muito sofrimento. E assim Gaia criou uma foice de metal inflexível que deu a Cronos, o mais novo de seus filhos titãs, e escondeu-o em uma emboscada. E quando Urano veio deitar-se com Gaia, Cronos castrou seu pai, e "Gaia recebeu as gotas sangrentas que brotaram e assim como as estações mudam, ela gerou os imensos gigantes. A partir dessas mesmas gotas de sangue, também vieram as [[erínias]] (fúrias) e as [[Melíade|melíades]] (freixo), enquanto os genitais decepados de Urano caindo sobre [[Tálassa]] resultaram em uma espuma branca a partir do qual [[Afrodite]] nasceu. O mitógrafo [[Pseudo-Apolodoro|Apolodoro]] também considera os gigantes como prole de Gaia e Urano, embora ele não faça nenhuma conexão com a castração de Urano, dizendo simplesmente que Gaia "enfurecida por conta dos titãs, gerou os gigantes".
O nome "gigantes" é geralmente associado ao significado de "nascidos na Terra", na ''[[Teogonia]]'', Hesíodo torna isso explícito ao considerar os gigantes uma prole de Gaia. Segundo Hesíodo, Gaia unindo-se com Urano gerou muitos filhos: a primeira geração de titãs, os [[Ciclope|ciclopes]] e os [[hecatônquiros]]. Mas Urano odiava os seus filhos e, assim que eles nasceram, ele os aprisionou dentro de Gaia, custando-lhe muito sofrimento. E assim Gaia criou uma foice de metal inflexível que deu a Cronos, o mais novo de seus filhos titãs, e escondeu-o em uma emboscada. E quando Urano veio deitar-se com Gaia, Cronos castrou seu pai, e "Gaia recebeu as gotas sangrentas que brotaram e assim como as estações mudam, ela gerou os imensos gigantes. A partir dessas mesmas gotas de sangue, também vieram as [[erínias]] (fúrias) e as [[Melíade|melíades]] (freixo), enquanto os genitais decepados de Urano caindo sobre [[Tálassa]] resultaram em uma espuma branca a partir do qual [[Afrodite]] nasceu. O mitógrafo [[Pseudo-Apolodoro]] também considera os gigantes como prole de Gaia e Urano, embora ele não faça nenhuma conexão com a castração de Urano, dizendo simplesmente que Gaia "enfurecida por conta dos titãs, gerou os gigantes".


Há três breves menções de gigantes na ''[[Odisseia]]'' de [[Homero]], embora não seja totalmente claro se Homero e Hesíodo entendiam o termo, significando a mesma coisa. Homero considera os gigantes entre os ancestrais dos [[Feácios|Féacios]], uma raça de homens encontrados por [[Odisseu]], seu governante [[Alcínoo]], era filho de [[Nausítoo]], que era o filho de [[Posídon]] e Peribeia, a filha do rei gigante Eurimedon. Em outras partes da ''Odisseia'', Alcínoo diz que os Féacios, assim como os ciclopes e os gigantes, são "parente próximo" aos deuses.  E Odisseu descreve os [[lestrigões]] (outra raça encontrada por Odisseu em suas viagens) como mais semelhantes a gigantes que a homens. O geógrafo [[Pausânias (geógrafo)|Pausânias]], no século II d.C., dizia que nestas linhas da ''Odisseia'' havia o sentido de que, para Homero, os gigantes eram uma raça de homens mortais.
Há três breves menções de gigantes na ''[[Odisseia]]'' de [[Homero]], embora não seja totalmente claro se Homero e Hesíodo entendiam o termo, significando a mesma coisa. Homero considera os gigantes entre os ancestrais dos [[feácios]], uma raça de homens encontrados por [[Odisseu]], seu governante [[Alcínoo]], era filho de [[Nausítoo]], que era o filho de [[Posídon]] e Peribeia, a filha do rei gigante Eurimedon. Em outras partes da ''Odisseia'', Alcínoo diz que os feácios, assim como os ciclopes e os gigantes, são "parente próximo" aos deuses. E Odisseu descreve os [[lestrigões]] (outra raça encontrada por Odisseu em suas viagens) como mais semelhantes a gigantes que a homens. O geógrafo [[Pausânias (geógrafo)|Pausânias]], no século II d.C., dizia que nestas linhas da ''Odisseia'' havia o sentido de que, para Homero, os gigantes eram uma raça de homens mortais.


O poeta lírico [[Baquílides]] do século V-VI, chama os gigantes de "filhos da terra". Mais tarde, o termo "[[Gegenes]]" ("nascido na Terra") tornou-se um epíteto comum dos gigantes. [[Higino]] considera os gigantes sendo a prole de Gaia e [[Tártaro (mitologia)|Tártaro]], outra divindade grega primordial.
O poeta lírico [[Baquílides]] do século V-VI, chama os gigantes de "filhos da terra". Mais tarde, o termo "[[Gegenes]]" ("nascido na Terra") tornou-se um epíteto comum dos gigantes. [[Higino]] considera os gigantes sendo a prole de Gaia e [[Tártaro (mitologia)|Tártaro]], outra divindade grega primordial.


== Confusão com os titãs ==
== Confusão com os titãs ==
Embora fossem distinguidos em antigas tradições helenísticas e escritas posteriores, muitas vezes, se confundia ou se fundia os gigantes e suas ''Gigantomaquia'', com um conjunto anterior de descendentes de Gaia e Urano, os titãs e sua guerra contra os deuses do Olimpo, a ''Titanomaquia''. Esta confusão se estendeu a outros adversários dos atletas olímpicos, incluindo o enorme monstro Tifão, a prole de Gaia e Tártaro, a quem [[Zeus]] finalmente derrotou com seu raio, e os Aloádas, os grandes, fortes e agressivos irmãos Oto e Efialtes, filhos de Posídon, que empilharam os montes, [[Pelion]] e Ossa, a fim de escalar os céus e atacar o Olimpo. Por exemplo, o escritor latino Higino do século I, incluía os nomes de três titãs: [[Céos|Coios]], [[Jápeto]], e [[Astreu]], junto com Tifão e os aloádas, em sua lista de gigantes, e [[Ovídio]], parece confundir a ''Gigantomaquia'' com o cerco dos Aloádas depois no Olimpo.
Embora fossem distinguidos em antigas tradições helenísticas e escritas posteriores, muitas vezes, se confundia ou se fundia os gigantes e suas ''Gigantomaquia'', com um conjunto anterior de descendentes de [[Gaia (mitologia)|Gaia]] e [[Urano (mitologia)|Urano]], os titãs e sua guerra contra os deuses do Olimpo, a ''Titanomaquia''. Esta confusão se estendeu a outros adversários dos atletas olímpicos, incluindo o enorme monstro [[Tifão]], a prole de Gaia e Tártaro, a quem [[Zeus]] finalmente derrotou com seu raio, e os [[alóadas]], os grandes, fortes e agressivos irmãos Oto e Efialtes, filhos de [[Posídon]], que empilharam os montes, [[Pelion]] e Ossa, a fim de escalar os céus e atacar o Olimpo. Por exemplo, o escritor latino [[Higino]] do século I, incluía os nomes de três titãs: [[Céos]], [[Jápeto]], e [[Astreu]], junto com [[Tifão]] e os alóadas, em sua lista de gigantes, e [[Ovídio]], parece confundir a ''Gigantomaquia'' com o cerco dos alóadas depois no Olimpo.


== Descrições ==
== Descrições ==
Homero descreve o rei gigante Eurimedon com "grande coração" (μεγαλήτορος), e seu povo como "insolente" (ὑπερθύμοισι) e "perverso" (ἀτάσθαλος). Hesíodo chama os gigantes de "forte" (κρατερῶν) e "grande" (μεγάλους) que pode ou não pode ser uma referência ao seu tamanho. Apesar de uma possível adição posterior, a ''Teogonia'' também acrescenta aos gigantes nascidos "com brilhantes armaduras, segurando longas lanças em suas mãos".
[[Homero]] descreve o rei gigante Eurimedon com "grande coração" (μεγαλήτορος), e seu povo como "insolente" (ὑπερθύμοισι) e "perverso" (ἀτάσθαλος). [[Hesíodo]] chama os gigantes de "forte" (κρατερῶν) e "grande" (μεγάλους) que pode ou não pode ser uma referência ao seu tamanho. Apesar de uma possível adição posterior, a ''[[Teogonia]]'' também acrescenta aos gigantes nascidos "com brilhantes armaduras, segurando longas lanças em suas mãos".


Baquílides chama os gigantes de arrogantes, dizendo que eles foram destruídos por sua ''[[Húbris|híbris]]'' (orgulho excessivo). O poeta [[Álcman|Alcman]] do início do século VII a.C. talvez já tenha usado os gigantes como um exemplo de ''híbris'', com as frases: "A vingança dos deuses" e "eles sofreram punições inesquecíveis pelo mal que fizeram", possíveis referências a ''Gigantomaquia''.
Baquílides chama os gigantes de arrogantes, dizendo que eles foram destruídos por sua ''[[Húbris|híbris]]'' (orgulho excessivo). O poeta [[Álcman]] do início do século VII a.C. talvez já tenha usado os gigantes como um exemplo de ''híbris'', com as frases: "A vingança dos deuses" e "eles sofreram punições inesquecíveis pelo mal que fizeram", possíveis referências a ''Gigantomaquia''.


A comparação de Homero dos gigantes aos lestrigões sugere semelhanças entre as duas raças. Os lestrigões, que "atiraram rochas enormes que um homem não poderia levantar", certamente possuíam grande força, e, possivelmente, grande tamanho, assim como a esposa de seu rei é descrita como sendo tão grande quanto uma montanha.
A comparação de Homero dos gigantes aos lestrigões sugere semelhanças entre as duas raças. Os lestrigões, que "atiraram rochas enormes que um homem não poderia levantar", certamente possuíam grande força, e, possivelmente, grande tamanho, assim como a esposa de seu rei é descrita como sendo tão grande quanto uma montanha.
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== Gigantomaquia ==
== Gigantomaquia ==
A luta divina mais importante na mitologia grega era a ''Gigantomaquia'', a batalha travada entre os gigantes e os deuses do Olimpo pela supremacia do Cosmo. É principalmente por esta batalha que os gigantes são conhecidos, e sua importância para a cultura grega é atestada pela representação freqüente da ''Gigantomaquia'' na arte grega.
A luta divina mais importante na mitologia grega era a ''Gigantomaquia'', a batalha travada entre os gigantes e os deuses do Olimpo pela supremacia do Cosmo. É principalmente por esta batalha que os gigantes são conhecidos, e sua importância para a cultura grega é atestada pela representação frequente da ''Gigantomaquia'' na arte grega.


=== Fontes antigas ===
=== Fontes antigas ===
As referências a ''Gigantomaquia'', em fontes arcaicas são escassas. Nem Homero nem Hesíodo mencionam nada sobre os gigantes lutando contra os deuses. A observação de Homero de que Eurimedon "trouxe destruição ao seu povo perverso" pode, eventualmente, ser uma referência para a ''Gigantomaquia'' e a observação de Hesíodo de que [[Héracles]] realizou um "grande trabalho entre os imortais" é provavelmente uma referência ao "papel crucial de Héracles na vitória dos deuses sobre os gigantes". O ''[[Catálogo das Mulheres]]'' de Hesíodo faz menções em seus saques de [[Troia]] e de [[Cós (Grécia)|Cós]], referindo-se a Héracles como tendo matado "gigantes presunçosos". E outra provável referência a ''Gigantomaquia'' no ''Catálogo das Mulheres'' acrescenta que Zeus produziu Héracles para ser "um protetor contra a ruína dos deuses e dos homens".
As referências à ''Gigantomaquia'' em fontes arcaicas são escassas. Nem Homero nem Hesíodo mencionam nada sobre os gigantes lutando contra os deuses. A observação de Homero de que Eurimedon "trouxe destruição ao seu povo perverso" pode, eventualmente, ser uma referência para a ''Gigantomaquia'' e a observação de Hesíodo de que [[Héracles]] realizou um "grande trabalho entre os imortais" é provavelmente uma referência ao "papel crucial de Héracles na vitória dos deuses sobre os gigantes". O ''[[Catálogo das Mulheres]]'' de Hesíodo faz menções em seus saques de [[Troia]] e de [[Cós (Grécia)|Cós]], referindo-se a Héracles como tendo matado "gigantes presunçosos". E outra provável referência a ''Gigantomaquia'' no ''Catálogo das Mulheres'' acrescenta que Zeus produziu Héracles para ser "um protetor contra a ruína dos deuses e dos homens".


Há indícios de que pode ter havido um poema épico perdido, uma ''Gigantomaquia'', que fez um relato da guerra: na ''Teogonia'' de Hesíodo diz que as [[Musa|musas]] cantam sobre gigantes, e no século VI a.C. o poeta [[Xenófanes]] menciona a ''Gigantomaquia'' como um assunto a ser evitado à mesa. Um escoliasta de [[Apolónio de Rodes|Apolónio]] refere-se a uma ''Gigantomaquia'', na qual o titã Cronos, como um cavalo, gerou o [[centauro]] [[Quíron]] ao unir-se com [[Filira]], a filha de dois Titãs, mas o escoliasta pode ter confundindo os titãs e gigantes. Outras fontes arcaicas possíveis incluem os poetas líricos, Alcman e no século VI [[Íbico]].
Há indícios de que pode ter havido um poema épico perdido, uma ''Gigantomaquia'', que fez um relato da guerra: na ''Teogonia'' de Hesíodo diz que as [[Musa|musas]] cantam sobre gigantes, e no século VI a.C. o poeta [[Xenófanes]] menciona a ''Gigantomaquia'' como um assunto a ser evitado à mesa. Um escoliasta de [[Apolónio de Rodes|Apolónio]] refere-se a uma ''Gigantomaquia'', na qual o titã Cronos, como um cavalo, gerou o [[centauro]] [[Quíron]] ao unir-se com [[Filira]], a filha de dois titãs, mas o escoliasta pode ter confundindo os titãs e gigantes. Outras fontes arcaicas possíveis incluem os poetas líricos, [[Álcman]] e, no século VI, [[Íbico]].


No fim do século VI e início do século V a.C. o poeta lírico [[Píndaro]] fornece alguns dos primeiros detalhes da batalha entre os gigantes e os deuses do Olimpo. Ele a localiza "na planície de [[Flégra]]" e acrescenta que [[Tirésias]] prevê Héracles matando os gigantes "sobre suas setas certeiras". Ele chama Héracles de "aquele que subjugou os gigantes", e acrescenta Porfirion, que ele chama de "o rei dos gigantes", sendo superado pelo arco de [[Apolo]]. Em ''Héracles'' de [[Eurípides]] acrescenta seu herói atirando nos gigantes com setas, e em sua ''Ion'' tem um refrão descrevendo uma representação da ''Gigantomaquia'' no século V no Templo de Apolo em [[Delfos]], com [[Atena]] lutando contra o Gigante Encélado com seu "escudo [[Górgona]]", Zeus queimando o Gigante Mimas com seu "poderoso raio, resplandecente em ambas as extremidades", e [[Dioniso]] matando um Gigante sem nome com o seu ''tirso''.
No fim do século VI e início do século V a.C. o poeta lírico [[Píndaro]] fornece alguns dos primeiros detalhes da batalha entre os gigantes e os deuses do Olimpo. Ele a localiza "na planície de [[Flegra]]" e acrescenta que [[Tirésias]] prevê Héracles matando os gigantes "sobre suas setas certeiras". Ele chama Héracles de "aquele que subjugou os gigantes", e acrescenta Porfirion, que ele chama de "o rei dos gigantes", sendo superado pelo arco de [[Apolo]]. Em ''Héracles'' de [[Eurípides]] acrescenta seu herói atirando nos gigantes com setas, e em sua ''Ion'' tem um refrão descrevendo uma representação da ''Gigantomaquia'' no século V no Templo de Apolo em [[Delfos]], com [[Atena]] lutando contra o gigante [[Encélado (mitologia)|Encélado]] com seu "escudo [[Górgona]]", Zeus queimando o gigante Mimas com seu "poderoso raio, resplandecente em ambas as extremidades", e [[Dioniso]] matando um gigante sem nome com o seu ''tirso''.


=== Apolodoro ===
=== Apolodoro ===
O relato mais detalhado da ''Gigantomaquia'' é o do mitógrafo Apolodoro (século I ou século II d.C.). Nenhuma das primeiras fontes dão motivos para a guerra. Um escoliasta da ''[[Ilíada]]'' menciona o estupro de Hera pelo Gigante Eurimedon e de acordo com o escoliasta de Píndaro na 6ª ''Isthmia'', foi o roubo do gado de [[Hélio (mitologia)|Hélio]] pelo gigante Alcioneu que começou a guerra. Mas Apolodoro, que também menciona o roubo do gado de Hélio por Alcioneu, sugere a vingança de uma mãe como o motivo para a guerra, dizendo que Gaia gerou os gigantes por causa de sua raiva contra os titãs (que tinham sido vencidos e aprisionados pelos atletas olímpicos). E, aparentemente, tão logo os gigantes nasceram começaram atirando "pedras e queimando carvalhos no céu".
O relato mais detalhado da ''Gigantomaquia'' é o do mitógrafo [[Pseudo-Apolodoro]] (século I ou século II d.C.). Nenhuma das primeiras fontes dão motivos para a guerra. Um escoliasta da ''[[Ilíada]]'' menciona o estupro de Hera pelo Gigante Eurimedon e de acordo com o escoliasta de Píndaro na 6ª ''Isthmia'', foi o roubo do gado de [[Hélio (mitologia)|Hélio]] pelo gigante Alcioneu que começou a guerra. Mas Apolodoro, que também menciona o roubo do gado de Hélio por Alcioneu, sugere a vingança de uma mãe como o motivo para a guerra, dizendo que Gaia gerou os gigantes por causa de sua raiva contra os titãs (que tinham sido vencidos e aprisionados pelos atletas olímpicos). E, aparentemente, tão logo os gigantes nasceram começaram atirando "pedras e queimando carvalhos no céu".


Havia uma profecia de que os gigantes não poderiam ser mortos somente pelos deuses, mas eles poderiam ser mortos com a ajuda de um mortal. Ouvindo isso, Gaia procurou por uma determinada planta (''phármakon''), que iria proteger os gigantes. Mas antes que Gaia ou qualquer outra pessoa pudesse encontrar esta planta, Zeus proibiu [[Eos]] (Aurora), [[Selene]] (Lua) e Hélio (Sol) de brilhar, e ele mesmo colheu o vegetal, então ele pediu a Atena para convocar Héracles.
Havia uma profecia de que os gigantes não poderiam ser mortos somente pelos deuses, mas eles poderiam ser mortos com a ajuda de um mortal. Ouvindo isso, Gaia procurou por uma determinada planta (''phármakon''), que iria proteger os gigantes. Mas antes que Gaia ou qualquer outra pessoa pudesse encontrar esta planta, Zeus proibiu [[Eos]] (Aurora), [[Selene]] (Lua) e Hélio (Sol) de brilhar, e ele mesmo colheu o vegetal, então ele pediu a Atena para convocar Héracles.


De acordo com [[Pseudo-Apolodoro]], Alcioneu e Porfirion eram os dois gigantes mais fortes. Héracles atirou em Alcioneu, que caiu no chão, mas depois reviveu, pois Alcioneu era imortal dentro de sua terra natal. Assim Héracles, por conselho de Atena, arrastou-o para além das fronteiras daquela terra, onde Alcioneu depois morreu. Porfirion atacou Héracles e Hera, mas Zeús fez com que Porfirion  se apaixonasse enlouquecidamente por [[Hera]], a quem Porfirion tentou violar, mas Zeus atingiu Porfirion com seu raio e Héracles matou-o com uma flecha.
De acordo com Pseudo-Apolodoro, Alcioneu e Porfirion eram os dois gigantes mais fortes. Héracles atirou em Alcioneu, que caiu no chão, mas depois reviveu, pois Alcioneu era imortal dentro de sua terra natal. Assim Héracles, por conselho de Atena, arrastou-o para além das fronteiras daquela terra, onde Alcioneu depois morreu. Porfirion atacou Héracles e Hera, mas Zeús fez com que Porfirion se apaixonasse enlouquecidamente por [[Hera]], a quem Porfirion tentou violar, mas Zeus atingiu Porfirion com seu raio e Héracles matou-o com uma flecha.


Outros gigantes e seus destinos são mencionados por Apolodoro. Efialtes foi cegado por uma flecha de Apolo em seu olho esquerdo, e outra flecha de Héracles em seu olho direito. Euritofoi morto por Dioniso com seu ''tirso,'' Clítio por [[Hécate]] com suas tochas, e Mimas, por [[Hefesto]] com o metal derretido de sua forja. Atena esmagou Encélado sob a ilha de Sicília e esfolou Pallas, usando a pele como um escudo. Posídon partiu um pedaço da ilha de Cós chamada de [[Nísiros|Nisiro]], e jogou-o em cima de Polibotes. [[Hermes]], vestindo o capacete de [[Hades]], matou Hipolito, [[Ártemis]] matou Gration, e as [[moiras]] mataram Agrios e Thoon com clavas de bronze. Todo o resto foi "destruído" pelos raios lançados por Zeus, com cada um gigantes sendo flechado por Héracles.
Outros gigantes e seus destinos são mencionados por Apolodoro. Efialtes foi cegado por uma flecha de Apolo em seu olho esquerdo, e outra flecha de Héracles em seu olho direito. Euritofoi morto por Dioniso com seu ''tirso,'' Clítio por [[Hécate]] com suas tochas, e Mimas, por [[Hefesto]] com o metal derretido de sua forja. Atena esmagou Encélado sob a ilha de Sicília e esfolou Pallas, usando a pele como um escudo. Posídon partiu um pedaço da ilha de Cós chamada de [[Nísiros|Nisiro]], e jogou-o em cima de Polibotes. [[Hermes]], vestindo o capacete de [[Hades]], matou Hipolito, [[Ártemis]] matou Gration, e as [[moiras]] mataram Agrios e Thoon com clavas de bronze. Todo o resto foi "destruído" pelos raios lançados por Zeus, com cada um gigantes sendo flechado por Héracles.


=== Ovídio ===
=== Ovídio ===
O poeta latino Ovídio nos dá um breve relato da ''Gigantomaquia'' em seu poema ''[[Metamorfoses]]''. Ovídio, aparentemente incluindo o ataque dos Aloádas ao Olimpo, como parte da ''Gigantomaquia'', acrescenta que os gigantes tentaram aproveitar "o trono do Céu" empilhando "montanha sobre montanha para alcançar as estrelas sublimes". Mas Zeus sobrecarrega os gigantes com seus raios, derrubando-os "do enorme Ossa e do enorme Pelion". Ovídio diz que a partir do sangue dos gigantes veio uma nova raça de seres em forma humana. De acordo com Ovídio, Gaia não queria que os gigantes perecessem sem deixar rastro, por isso "fedendo com o sangue copioso de seus gigantescos filhos", ela deu vida ao "vapor coagulado" do sangue encharcado no campo de batalha. Estes novos descendentes, como seus pais, os gigantes, também odiavam os deuses e possuíam um desejo sanguinário pela "matança selvagem".
O poeta latino [[Ovídio]] nos dá um breve relato da ''Gigantomaquia'' em seu poema ''[[Metamorfoses]]''. Ovídio, aparentemente incluindo o ataque dos aloádas ao Olimpo, como parte da ''Gigantomaquia'', acrescenta que os gigantes tentaram aproveitar "o trono do Céu" empilhando "montanha sobre montanha para alcançar as estrelas sublimes". Mas Zeus sobrecarrega os gigantes com seus raios, derrubando-os "do enorme Ossa e do enorme Pelion". Ovídio diz que a partir do sangue dos gigantes veio uma nova raça de seres em forma humana. De acordo com Ovídio, Gaia não queria que os gigantes perecessem sem deixar rastro, por isso "fedendo com o sangue copioso de seus gigantescos filhos", ela deu vida ao "vapor coagulado" do sangue encharcado no campo de batalha. Estes novos descendentes, como seus pais, os gigantes, também odiavam os deuses e possuíam um desejo sanguinário pela "matança selvagem".


Mais tarde, nas ''Metamorfoses'', Ovídio refere-se à ''Gigantomaquia'' como "o momento em que gigantescos pés de serpentes esforçaram para fixar os seus cem braços no cativeiro do céu". Aqui Ovídio aparentemente confunde os gigantes com os Hecatonquiros, que, embora em Hesíodo lutaram ao lado de Zeus e os deuses olímpicos, em algumas tradições lutaram contra eles.
Mais tarde, nas ''Metamorfoses'', Ovídio refere-se à ''Gigantomaquia'' como "o momento em que gigantescos pés de serpentes esforçaram para fixar os seus cem braços no cativeiro do céu". Aqui Ovídio aparentemente confunde os gigantes com os Hecatonquiros, que, embora em Hesíodo lutaram ao lado de Zeus e os deuses olímpicos, em algumas tradições lutaram contra eles.
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Vários lugares têm sido associados com os gigantes e a ''Gigantomaquia''. Como observado acima, Píndaro considera que a batalha ocorreu em Flegra, como fazem outras fontes primitivas. Acredita-se que Flegra pode er sido um nome antigo para [[Pallene]], e Flegra/Pallene foi o local do nascimento dos gigantes e da batalha.
Vários lugares têm sido associados com os gigantes e a ''Gigantomaquia''. Como observado acima, Píndaro considera que a batalha ocorreu em Flegra, como fazem outras fontes primitivas. Acredita-se que Flegra pode er sido um nome antigo para [[Pallene]], e Flegra/Pallene foi o local do nascimento dos gigantes e da batalha.


Apolodoro, que colocou a batalha em Pallene, diz que os gigantes nasceram "como alguns dizem, em Flegra, mas de acordo com outros em Pallene".& Mas o nome Flegra e a ''Gigantomaquia'' também foram muitas vezes associados, por escritores posteriores, com uma planície da Itália, a oeste de [[Nápoles]] e leste de [[Cumas]], o chamado ''Campi Phlegrei''. E o poeta [[Licofron]] do século III a.C., aparentemente localiza uma batalha dos deuses e dos gigantes nas proximidades da ilha vulcânica de [[Ísquia|Isquia]], a maior das ilhas Flegrea ao largo da costa de Nápoles, onde ele diz que os gigantes (juntamente com Tifão) foram "esmagados", sob a ilha. Pelo menos uma tradição coloca Flegra na [[Tessália]].
Apolodoro, que colocou a batalha em Pallene, diz que os gigantes nasceram "como alguns dizem, em Flegra, mas de acordo com outros em Pallene". Mas o nome Flegra e a ''Gigantomaquia'' também foram muitas vezes associados, por escritores posteriores, com uma planície da Itália, a oeste de [[Nápoles]] e leste de [[Cumas]], o chamado ''Campi Phlegrei''. E o poeta [[Licofron]] do século III a.C., aparentemente localiza uma batalha dos deuses e dos gigantes nas proximidades da ilha vulcânica de [[Ísquia|Isquia]], a maior das ilhas Flegrea ao largo da costa de Nápoles, onde ele diz que os gigantes (juntamente com Tifão) foram "esmagados", sob a ilha. Pelo menos uma tradição coloca Flegra na [[Tessália]].


De acordo com o geógrafo Pausânias, os arcádios alegavam que a batalha ocorreu "não em Pallene da Trácia", mas na planície de [[Megalópolis]] onde "sobe fogo". Outra tradição aparentemente colocou a batalha em [[Tartesso]] na Espanha. [[Diodoro Sículo|Diodoro]] da Sicília apresenta uma guerra com várias batalhas, com uma em Pallene, uma em ''Campi Phlegrei'', e uma em Creta. Estrabão menciona um conto de Héracles no qual os gigantes batalham em [[Fanagoria]] uma colônia grega na costa do [[mar Negro]]. Mesmo quando, como Apolodoro, a batalha começa em um só lugar, as batalhas individuais entre um gigante e um deus podem variar para mais longe, como Encélado enterrado sob a Sicília, e Polibotes sob a ilha de Cós. Outros locais associados com os gigantes incluem [[Ática]], [[Corinto|Corínto]], [[Cízico]], [[Lípara|Lipara]], [[Lícia]], [[Lídia]], [[Mileto]] e [[Rodes]].
De acordo com o geógrafo [[Pausânias (geógrafo)|Pausânias]], os arcádios alegavam que a batalha ocorreu "não em Pallene da Trácia", mas na planície de [[Megalópolis]] onde "sobe fogo". Outra tradição aparentemente colocou a batalha em [[Tartesso]] na Espanha. [[Diodoro Sículo|Diodoro]] da Sicília apresenta uma guerra com várias batalhas, com uma em Pallene, uma em ''Campi Phlegrei'', e uma em [[Creta]]. [[Estrabão]] menciona um conto de [[Héracles]] no qual os gigantes batalham em [[Fanagoria]] uma colônia grega na costa do [[mar Negro]]. Mesmo quando, como Apolodoro, a batalha começa em um só lugar, as batalhas individuais entre um gigante e um deus podem variar para mais longe, como Encélado enterrado sob a Sicília, e Polibotes sob a ilha de [[Cós (Grécia)|Cós]]. Outros locais associados com os gigantes incluem [[Ática]], [[Corinto|Corínto]], [[Cízico]], [[Lípara|Lipara]], [[Lícia]], [[Lídia]], [[Mileto]] e [[Rodes]].


A presença de fenômenos vulcânicos, e a exumação frequente dos ossos fossilizados de grandes animais pré-históricos ao longo destes locais podem explicar por que esses sítios tornaram-se associados com os gigantes.
A presença de fenômenos vulcânicos, e a exumação frequente dos ossos fossilizados de grandes animais pré-históricos ao longo destes locais podem explicar por que esses sítios tornaram-se associados com os gigantes.
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* [[Eurimedon]] (Ευρυμέδων): Primeiro rei do gigantes
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* [[Alcioneu]] (Αλκυονεύς): Criado para se opor a [[Hades]]. Morto por seu sobrinho-neto, [[Herácles]], auxiliado por [[Atena]], que aconselhou o herói arrastá-lo para longe de [[Palene]], sua cidade natal, porque, cada vez que o gigante caía recobrava as forças, por tocar a terra, de onde havia saído.
* [[Alcioneu]] (Αλκυονεύς): Criado para se opor a [[Hades]]. Morto por seu sobrinho-neto, [[Herácles]], auxiliado por [[Atena]], que aconselhou o herói arrastá-lo para longe de [[Palene]], sua cidade natal, porque, cada vez que o gigante caía recobrava as forças, por tocar a terra, de onde havia saído.
* [[Porfírion]] (Πορφυρίων): Rei dos gigantes. Criado para se opor a [[Zeus]]. Porfírio atacou a Héracles e [[Hera]], mas Zeus inspirou-lhe um desejo ardente por esta e enquanto o monstro tentava arrancar-lhe as vestes, Zeus o fulminou com um raio e Héracles acabou com ele a flechadas.
* [[Porfírion]] (Πορφυρίων): Rei dos gigantes. Criado para se opor a [[Zeus]]. Porfírio atacou Héracles e [[Hera]], mas Zeus inspirou-lhe um desejo ardente por esta e enquanto o monstro tentava arrancar-lhe as vestes, Zeus o fulminou com um raio e Héracles acabou com ele a flechadas.
* [[Clítio]] (Κλυτίος): Criado para se opor a [[Hécate]] e drenar sua energia. Foi imolado por sua sobrinha Hecate com tochas de fogo.
* [[Clítio]] (Κλυτίος): Criado para se opor a [[Hécate]] e drenar sua energia. Foi imolado por sua sobrinha Hecate com tochas de fogo.
* [[Damios]]: Criado para destruir [[Hipnos]]. Morto por Hipnos no [[monte Olimpo]].
* [[Damios]]: Criado para destruir [[Hipnos]]. Morto por Hipnos no [[monte Olimpo]].
* [[Encélado (mitologia)|Encélafo]] (Εγκέλαδος): Opunha-se a [[Atena]]. Morto por sua sobrinha-neta, Atena, quando esta jogou em cima dele a ilha de Sicília, depois foi enterrado sob o [[monte Etna]], como Tifão, na Sicília.
* [[Encélado (mitologia)|Encélafo]] (Εγκέλαδος): Opunha-se a Atena. Morto por sua sobrinha-neta, Atena, quando esta jogou em cima dele a ilha de Sicília, depois foi enterrado sob o [[monte Etna]], como Tifão, na Sicília.
* [[Efialtes]] (Εφιάλτης) e [[Oto (mitologia)|Oto]] (Ώτος): Morto pelos sobrinhos [[Apolo]], com uma flechada no olho esquerdo, e [[Herácles]], com uma flechada no olho direito.
* [[Efialtes]] (Εφιάλτης) e [[Oto (mitologia)|Oto]] (Ώτος): Morto pelos sobrinhos [[Apolo]], com uma flechada no olho esquerdo, e Herácles, com uma flechada no olho direito.
* [[Eurito]] (Εύρυτος): Morto pelo sobrinho-neto Dioniso com sua pinha derrubado tirsos.
* [[Eurito]] (Εύρυτος): Morto pelo sobrinho-neto Dioniso com sua pinha derrubado tirsos.
* [[Gration]] (Γρατίων): Opunha-se a [[Selene]]. Assassinado por sua sobrinha-neta, com raios Lunares.
* [[Gration]] (Γρατίων): Opunha-se a [[Selene]]. Assassinado por sua sobrinha-neta, com raios Lunares.

Revisão das 22h32min de 19 de junho de 2016

Gigantes (em grego, no singular: Γίγας, no plural: Γίγαντες), na mitologia grega, era uma raça de grande força e agressividade, embora não necessariamente de grande tamanho, conhecida pela Gigantomakhía (Γιγαντομαχία), sua batalha com os deuses do Olimpo. De acordo com Hesíodo, os gigantes eram filhos de Gaia (Terra), nascidos do ichor que caiu sobre ela quando Urano (Céu) foi castrado por seu filho, o titã Cronos.

Representações arcaicas e clássicas mostram os gigantes com o porte de homens hoplitas (antigos soldados gregos fortemente armados) totalmente humanos em sua forma. Representações mais tardias (após c. 380 a.C.) mostram os gigantes com serpentes no lugar de pernas. Em tradições posteriores, os gigantes foram muitas vezes confundidos com outros adversários dos atletas olímpicos, em especial os titãs, uma geração anterior de grandes e poderosos filhos de Gaia e Urano. Dizia-se que os gigantes vencidos eram enterrados sob os vulcões, e assim essa era a causa das erupções vulcânicas e dos terremotos.

Origens

O nome "gigantes" é geralmente associado ao significado de "nascidos na Terra", na Teogonia, Hesíodo torna isso explícito ao considerar os gigantes uma prole de Gaia. Segundo Hesíodo, Gaia unindo-se com Urano gerou muitos filhos: a primeira geração de titãs, os ciclopes e os hecatônquiros. Mas Urano odiava os seus filhos e, assim que eles nasceram, ele os aprisionou dentro de Gaia, custando-lhe muito sofrimento. E assim Gaia criou uma foice de metal inflexível que deu a Cronos, o mais novo de seus filhos titãs, e escondeu-o em uma emboscada. E quando Urano veio deitar-se com Gaia, Cronos castrou seu pai, e "Gaia recebeu as gotas sangrentas que brotaram e assim como as estações mudam, ela gerou os imensos gigantes. A partir dessas mesmas gotas de sangue, também vieram as erínias (fúrias) e as melíades (freixo), enquanto os genitais decepados de Urano caindo sobre Tálassa resultaram em uma espuma branca a partir do qual Afrodite nasceu. O mitógrafo Pseudo-Apolodoro também considera os gigantes como prole de Gaia e Urano, embora ele não faça nenhuma conexão com a castração de Urano, dizendo simplesmente que Gaia "enfurecida por conta dos titãs, gerou os gigantes".

Há três breves menções de gigantes na Odisseia de Homero, embora não seja totalmente claro se Homero e Hesíodo entendiam o termo, significando a mesma coisa. Homero considera os gigantes entre os ancestrais dos feácios, uma raça de homens encontrados por Odisseu, seu governante Alcínoo, era filho de Nausítoo, que era o filho de Posídon e Peribeia, a filha do rei gigante Eurimedon. Em outras partes da Odisseia, Alcínoo diz que os feácios, assim como os ciclopes e os gigantes, são "parente próximo" aos deuses. E Odisseu descreve os lestrigões (outra raça encontrada por Odisseu em suas viagens) como mais semelhantes a gigantes que a homens. O geógrafo Pausânias, no século II d.C., dizia que nestas linhas da Odisseia havia o sentido de que, para Homero, os gigantes eram uma raça de homens mortais.

O poeta lírico Baquílides do século V-VI, chama os gigantes de "filhos da terra". Mais tarde, o termo "Gegenes" ("nascido na Terra") tornou-se um epíteto comum dos gigantes. Higino considera os gigantes sendo a prole de Gaia e Tártaro, outra divindade grega primordial.

Confusão com os titãs

Embora fossem distinguidos em antigas tradições helenísticas e escritas posteriores, muitas vezes, se confundia ou se fundia os gigantes e suas Gigantomaquia, com um conjunto anterior de descendentes de Gaia e Urano, os titãs e sua guerra contra os deuses do Olimpo, a Titanomaquia. Esta confusão se estendeu a outros adversários dos atletas olímpicos, incluindo o enorme monstro Tifão, a prole de Gaia e Tártaro, a quem Zeus finalmente derrotou com seu raio, e os alóadas, os grandes, fortes e agressivos irmãos Oto e Efialtes, filhos de Posídon, que empilharam os montes, Pelion e Ossa, a fim de escalar os céus e atacar o Olimpo. Por exemplo, o escritor latino Higino do século I, incluía os nomes de três titãs: Céos, Jápeto, e Astreu, junto com Tifão e os alóadas, em sua lista de gigantes, e Ovídio, parece confundir a Gigantomaquia com o cerco dos alóadas depois no Olimpo.

Descrições

Homero descreve o rei gigante Eurimedon com "grande coração" (μεγαλήτορος), e seu povo como "insolente" (ὑπερθύμοισι) e "perverso" (ἀτάσθαλος). Hesíodo chama os gigantes de "forte" (κρατερῶν) e "grande" (μεγάλους) que pode ou não pode ser uma referência ao seu tamanho. Apesar de uma possível adição posterior, a Teogonia também acrescenta aos gigantes nascidos "com brilhantes armaduras, segurando longas lanças em suas mãos".

Baquílides chama os gigantes de arrogantes, dizendo que eles foram destruídos por sua híbris (orgulho excessivo). O poeta Álcman do início do século VII a.C. talvez já tenha usado os gigantes como um exemplo de híbris, com as frases: "A vingança dos deuses" e "eles sofreram punições inesquecíveis pelo mal que fizeram", possíveis referências a Gigantomaquia.

A comparação de Homero dos gigantes aos lestrigões sugere semelhanças entre as duas raças. Os lestrigões, que "atiraram rochas enormes que um homem não poderia levantar", certamente possuíam grande força, e, possivelmente, grande tamanho, assim como a esposa de seu rei é descrita como sendo tão grande quanto uma montanha.

Com o tempo, as descrições dos gigantes os tornaram, menos humanos, mais monstruosos e mais gigantescos. De acordo com Pseudo-Apolodoro os gigantes tinham grande tamanho e força, uma aparência assustadora, com cabelos e barbas longas e pés escamosos. Ovídio lhes dá "pés de serpente", com uma "centena de armas", e Nono acrescenta "cabelos de serpente".

Gigantomaquia

A luta divina mais importante na mitologia grega era a Gigantomaquia, a batalha travada entre os gigantes e os deuses do Olimpo pela supremacia do Cosmo. É principalmente por esta batalha que os gigantes são conhecidos, e sua importância para a cultura grega é atestada pela representação frequente da Gigantomaquia na arte grega.

Fontes antigas

As referências à Gigantomaquia em fontes arcaicas são escassas. Nem Homero nem Hesíodo mencionam nada sobre os gigantes lutando contra os deuses. A observação de Homero de que Eurimedon "trouxe destruição ao seu povo perverso" pode, eventualmente, ser uma referência para a Gigantomaquia e a observação de Hesíodo de que Héracles realizou um "grande trabalho entre os imortais" é provavelmente uma referência ao "papel crucial de Héracles na vitória dos deuses sobre os gigantes". O Catálogo das Mulheres de Hesíodo faz menções em seus saques de Troia e de Cós, referindo-se a Héracles como tendo matado "gigantes presunçosos". E outra provável referência a Gigantomaquia no Catálogo das Mulheres acrescenta que Zeus produziu Héracles para ser "um protetor contra a ruína dos deuses e dos homens".

Há indícios de que pode ter havido um poema épico perdido, uma Gigantomaquia, que fez um relato da guerra: na Teogonia de Hesíodo diz que as musas cantam sobre gigantes, e no século VI a.C. o poeta Xenófanes menciona a Gigantomaquia como um assunto a ser evitado à mesa. Um escoliasta de Apolónio refere-se a uma Gigantomaquia, na qual o titã Cronos, como um cavalo, gerou o centauro Quíron ao unir-se com Filira, a filha de dois titãs, mas o escoliasta pode ter confundindo os titãs e gigantes. Outras fontes arcaicas possíveis incluem os poetas líricos, Álcman e, no século VI, Íbico.

No fim do século VI e início do século V a.C. o poeta lírico Píndaro fornece alguns dos primeiros detalhes da batalha entre os gigantes e os deuses do Olimpo. Ele a localiza "na planície de Flegra" e acrescenta que Tirésias prevê Héracles matando os gigantes "sobre suas setas certeiras". Ele chama Héracles de "aquele que subjugou os gigantes", e acrescenta Porfirion, que ele chama de "o rei dos gigantes", sendo superado pelo arco de Apolo. Em Héracles de Eurípides acrescenta seu herói atirando nos gigantes com setas, e em sua Ion tem um refrão descrevendo uma representação da Gigantomaquia no século V no Templo de Apolo em Delfos, com Atena lutando contra o gigante Encélado com seu "escudo Górgona", Zeus queimando o gigante Mimas com seu "poderoso raio, resplandecente em ambas as extremidades", e Dioniso matando um gigante sem nome com o seu tirso.

Apolodoro

O relato mais detalhado da Gigantomaquia é o do mitógrafo Pseudo-Apolodoro (século I ou século II d.C.). Nenhuma das primeiras fontes dão motivos para a guerra. Um escoliasta da Ilíada menciona o estupro de Hera pelo Gigante Eurimedon e de acordo com o escoliasta de Píndaro na 6ª Isthmia, foi o roubo do gado de Hélio pelo gigante Alcioneu que começou a guerra. Mas Apolodoro, que também menciona o roubo do gado de Hélio por Alcioneu, sugere a vingança de uma mãe como o motivo para a guerra, dizendo que Gaia gerou os gigantes por causa de sua raiva contra os titãs (que tinham sido vencidos e aprisionados pelos atletas olímpicos). E, aparentemente, tão logo os gigantes nasceram começaram atirando "pedras e queimando carvalhos no céu".

Havia uma profecia de que os gigantes não poderiam ser mortos somente pelos deuses, mas eles poderiam ser mortos com a ajuda de um mortal. Ouvindo isso, Gaia procurou por uma determinada planta (phármakon), que iria proteger os gigantes. Mas antes que Gaia ou qualquer outra pessoa pudesse encontrar esta planta, Zeus proibiu Eos (Aurora), Selene (Lua) e Hélio (Sol) de brilhar, e ele mesmo colheu o vegetal, então ele pediu a Atena para convocar Héracles.

De acordo com Pseudo-Apolodoro, Alcioneu e Porfirion eram os dois gigantes mais fortes. Héracles atirou em Alcioneu, que caiu no chão, mas depois reviveu, pois Alcioneu era imortal dentro de sua terra natal. Assim Héracles, por conselho de Atena, arrastou-o para além das fronteiras daquela terra, onde Alcioneu depois morreu. Porfirion atacou Héracles e Hera, mas Zeús fez com que Porfirion se apaixonasse enlouquecidamente por Hera, a quem Porfirion tentou violar, mas Zeus atingiu Porfirion com seu raio e Héracles matou-o com uma flecha.

Outros gigantes e seus destinos são mencionados por Apolodoro. Efialtes foi cegado por uma flecha de Apolo em seu olho esquerdo, e outra flecha de Héracles em seu olho direito. Euritofoi morto por Dioniso com seu tirso, Clítio por Hécate com suas tochas, e Mimas, por Hefesto com o metal derretido de sua forja. Atena esmagou Encélado sob a ilha de Sicília e esfolou Pallas, usando a pele como um escudo. Posídon partiu um pedaço da ilha de Cós chamada de Nisiro, e jogou-o em cima de Polibotes. Hermes, vestindo o capacete de Hades, matou Hipolito, Ártemis matou Gration, e as moiras mataram Agrios e Thoon com clavas de bronze. Todo o resto foi "destruído" pelos raios lançados por Zeus, com cada um gigantes sendo flechado por Héracles.

Ovídio

O poeta latino Ovídio nos dá um breve relato da Gigantomaquia em seu poema Metamorfoses. Ovídio, aparentemente incluindo o ataque dos aloádas ao Olimpo, como parte da Gigantomaquia, acrescenta que os gigantes tentaram aproveitar "o trono do Céu" empilhando "montanha sobre montanha para alcançar as estrelas sublimes". Mas Zeus sobrecarrega os gigantes com seus raios, derrubando-os "do enorme Ossa e do enorme Pelion". Ovídio diz que a partir do sangue dos gigantes veio uma nova raça de seres em forma humana. De acordo com Ovídio, Gaia não queria que os gigantes perecessem sem deixar rastro, por isso "fedendo com o sangue copioso de seus gigantescos filhos", ela deu vida ao "vapor coagulado" do sangue encharcado no campo de batalha. Estes novos descendentes, como seus pais, os gigantes, também odiavam os deuses e possuíam um desejo sanguinário pela "matança selvagem".

Mais tarde, nas Metamorfoses, Ovídio refere-se à Gigantomaquia como "o momento em que gigantescos pés de serpentes esforçaram para fixar os seus cem braços no cativeiro do céu". Aqui Ovídio aparentemente confunde os gigantes com os Hecatonquiros, que, embora em Hesíodo lutaram ao lado de Zeus e os deuses olímpicos, em algumas tradições lutaram contra eles.

Localização

Vários lugares têm sido associados com os gigantes e a Gigantomaquia. Como observado acima, Píndaro considera que a batalha ocorreu em Flegra, como fazem outras fontes primitivas. Acredita-se que Flegra pode er sido um nome antigo para Pallene, e Flegra/Pallene foi o local do nascimento dos gigantes e da batalha.

Apolodoro, que colocou a batalha em Pallene, diz que os gigantes nasceram "como alguns dizem, em Flegra, mas de acordo com outros em Pallene". Mas o nome Flegra e a Gigantomaquia também foram muitas vezes associados, por escritores posteriores, com uma planície da Itália, a oeste de Nápoles e leste de Cumas, o chamado Campi Phlegrei. E o poeta Licofron do século III a.C., aparentemente localiza uma batalha dos deuses e dos gigantes nas proximidades da ilha vulcânica de Isquia, a maior das ilhas Flegrea ao largo da costa de Nápoles, onde ele diz que os gigantes (juntamente com Tifão) foram "esmagados", sob a ilha. Pelo menos uma tradição coloca Flegra na Tessália.

De acordo com o geógrafo Pausânias, os arcádios alegavam que a batalha ocorreu "não em Pallene da Trácia", mas na planície de Megalópolis onde "sobe fogo". Outra tradição aparentemente colocou a batalha em Tartesso na Espanha. Diodoro da Sicília apresenta uma guerra com várias batalhas, com uma em Pallene, uma em Campi Phlegrei, e uma em Creta. Estrabão menciona um conto de Héracles no qual os gigantes batalham em Fanagoria uma colônia grega na costa do mar Negro. Mesmo quando, como Apolodoro, a batalha começa em um só lugar, as batalhas individuais entre um gigante e um deus podem variar para mais longe, como Encélado enterrado sob a Sicília, e Polibotes sob a ilha de Cós. Outros locais associados com os gigantes incluem Ática, Corínto, Cízico, Lipara, Lícia, Lídia, Mileto e Rodes.

A presença de fenômenos vulcânicos, e a exumação frequente dos ossos fossilizados de grandes animais pré-históricos ao longo destes locais podem explicar por que esses sítios tornaram-se associados com os gigantes.

Na arte

Século VI a.C.

A partir do século VI a.C. em diante, a Gigantomaquia foi um tema popular e importante na arte grega, com mais de seiscentas representações catalogadas no Lexicon Iconographicum Mythologiae Classicae (LIMC). 

A Gigantomaquia foi retratada nos novos péplos apresentados para Atena na Acrópole de Atenas, como parte do festival da Panateneia no qual se comemora sua vitória sobre os Gigantes, uma prática que data de, talvez, já no segundo milênio antes de Cristo. As mais antigas representações existentes e indiscutíveis de Gigantes são encontrados em votivos pínakes de Corínto e Eleusis, e potes de figuras negras áticas que datam do segundo quarto do século VI a.C. (excluindo as primeiras representações de Zeus lutando contra uma única criatura com pés de serpente, que provavelmente representam sua batalha contra Tifão, bem como o oponente de Zeus no frontão oeste do Templo de Ártemis em Córcira, que provavelmente não é um Gigante).

Apesar de todos estes primeiros vasos áticos serem fragmentárias, muitas características comuns em suas representações da Gigantomaquia sugerem que um modelo comum ou padrão foi usado como um protótipo, possivelmente do péplos de Atena. Estes vasos retratam grandes batalhas, incluindo a maioria dos Olímpicos, além de conter um grupo central que parece consistir de Zeus, Héracles, Atena, e às vezes Gaia. Zeus, Héracles e Atena estão atacando Gigantes a direita. Zeus monta uma carruagem, brandindo seu raio em sua mão direita, Héracles, como cocheiro, se inclina para a frente com arco aberto e o pé esquerdo no carro, Atena, ao lado do carro, caminha a passos largos em direção a um ou dois Gigantes, e os quatro cavalos dos carros atropelam um Gigante caído. Quando Gaia está presente, protegida atrás de Héracles, aparentemente está pleiteando com Zeus para poupar seus filhos.

Em ambos os lados do grupo central encontram-se o resto dos deuses em combate com Gigantes particulares. Enquanto os deuses podem ser identificados por características, como por exemplo, Hermes com o pétasos e Dioníso com sua coroa de hera, os Gigantes não são caracterizados individualmente e só podem ser identificados por inscrições que, por vezes, citam o Gigante. Os fragmentos de um vaso a partir deste mesmo período, nomeia cinco Gigantes: Pancratas contra Héracles, Polibotes contra Zeus, Uranion contra Dioníso, Eubeos e Euforbos caídos e Efialtes.  Também chamados, em outros dois destes primeiros vasos, estão Aristeu lutando com Hefesto, Eurimedon e novamente Efialtes. Uma ânfora de Caere posterior, no século VI, dá os nomes de mais Gigantes: Hiperbios e Agastenes (juntamente com Efialtes) lutam com Zeus, Harpolicos contra Hera, Encélado contra Atena e (novamente) Polibotes, que, neste caso, batalha com Poseidon com tridente, segurando a ilha de Nísiros em seu ombro. Este motivo de Poseidon segurando a ilha de Nísiros, pronto para atirá-la em seu oponente, é outra característica frequente destas primeiras Gigantomaquias.

A Gigantomaquia também foi um tema popular na escultura do final do século VI. O tratamento mais abrangente é encontrado no friso norte do Tesouro Sifnio em Delfos (c. 525 a.C.), com mais de trinta figuras, nomeadas por inscrição.  Da esquerda para a direita, estes incluem Hefesto com fole, duas mulheres lutando com dois Gigantes; Dioníso caminhando em direção a um Gigante avançando; Témis em uma carruagem puxada por uma equipe de leões que estão atacando um Gigante fugitivo; os arqueiros Apolo e Ártemis, com outro Gigante em fuga (Táros ou possivelmente Cantáros); o Gigante Efialtes deitado no chão; e um grupo de três Gigantes, que incluem Hyperfas e Alectos, adversários de Apolo e Ártemis. Em seguida, vem a parte que falta no centro, presumivelmente contendo Zeus, e, possivelmente, Héracles, com carro (apenas partes de uma parelha de cavalos permanecem). À direita disso vem uma mulher esfaqueando uma lança em um Gigante caído (provavelmente Porfiríon); Atena lutando com Erictipos e um segundo Gigante; um homem pisando sobre Astarias caído, para atacar Biatas e um outro Gigante; Hermes contra dois Gigantes. Depois segue-se uma lacuna que provavelmente continha Poseidon; e, finalmente, no canto direito, um homem lutando contra dois Gigantes, um caído, o outro é o Gigante Mimon (possivelmente o mesmo que o Gigante Mimas mencionado por Apolodoro).

A Gigantomaquia também apareceu em vários outros edifícios do final do século VI, incluindo o frontão oeste do Templo alcmeonide de Apolo em Delfos, o frontão do Tesouro megario em Olímpia, o frontão leste do antigo Templo de Atena na Acrópole de Atenas, e os métopes do Templo F em Selino. 

Lista de gigantes

Os gigantes foram criados por Gaia, deusa primordial da terra, e Tártaro, o abismo, para derrotar Zeus, pois ela enfureceu-se quando ele prendeu os titãs no Tártaro. Os gigantes podiam ser mortos se atacados por um deus e um mortal simultaneamente. Os gigantes mais famosos são:

  • Tifão (Τυφῶν): Pai dos monstros, gigante da tempestade.
  • Eurimedon (Ευρυμέδων): Primeiro rei do gigantes
  • Alcioneu (Αλκυονεύς): Criado para se opor a Hades. Morto por seu sobrinho-neto, Herácles, auxiliado por Atena, que aconselhou o herói arrastá-lo para longe de Palene, sua cidade natal, porque, cada vez que o gigante caía recobrava as forças, por tocar a terra, de onde havia saído.
  • Porfírion (Πορφυρίων): Rei dos gigantes. Criado para se opor a Zeus. Porfírio atacou Héracles e Hera, mas Zeus inspirou-lhe um desejo ardente por esta e enquanto o monstro tentava arrancar-lhe as vestes, Zeus o fulminou com um raio e Héracles acabou com ele a flechadas.
  • Clítio (Κλυτίος): Criado para se opor a Hécate e drenar sua energia. Foi imolado por sua sobrinha Hecate com tochas de fogo.
  • Damios: Criado para destruir Hipnos. Morto por Hipnos no monte Olimpo.
  • Encélafo (Εγκέλαδος): Opunha-se a Atena. Morto por sua sobrinha-neta, Atena, quando esta jogou em cima dele a ilha de Sicília, depois foi enterrado sob o monte Etna, como Tifão, na Sicília.
  • Efialtes (Εφιάλτης) e Oto (Ώτος): Morto pelos sobrinhos Apolo, com uma flechada no olho esquerdo, e Herácles, com uma flechada no olho direito.
  • Eurito (Εύρυτος): Morto pelo sobrinho-neto Dioniso com sua pinha derrubado tirsos.
  • Gration (Γρατίων): Opunha-se a Selene. Assassinado por sua sobrinha-neta, com raios Lunares.
  • Hipólito (Ιππόλυτος): Opunha-se a Hermes. Morto por seu sobrinho-neto Hermes com sua espada e com o capacete de Hades, que o tornava invisível.
  • Leon: A cabeça de leão, morto por Herácles na guerra dos gigantes.
  • Mimas (Μίμας): Opunha-se a Hefesto. Morto pelo sobrinho-neto Hefesto com uma saraivada de ferro fundido, ou morto por Ares e roubado de sua armadura.
  • Palas (Πάλλας): Morto pela sobrinha Atena. Esta se serviu da pele do mesmo, como uma couraça, até o fim da luta.
  • Damasén (Δαμάσης): Opunha-se a Ares. Morto por Ares no Olimpo.
  • Polibotes (Πολυβότης): Opunha-se a Posídon. Esmagado pelo sobrinho de Posídon abaixo da ilha de Nisiros.
  • Toas (Θοών): Opunha-se às moiras. Apanhou até a morte por suas três sobrinha-netas, as moiras.
  • Agrios (Άγριος): Opunha-se às moiras. Apanhou até a morte por suas três sobrinha-netas, as moiras.
  • Peribeia (Περίβοια): Filha de Eurimedon ou de Porfírion. Opunha-se a Afrodite, que a matou com seu espelho.
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