Abaiube Alançari: diferenças entre revisões

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*Calide ibne Zaide ibne Culaibe ibne Iatribe
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'''Abaiube''' ou '''Abaiubiz{{harvref|Alves|2014|p=53}} al-Ançari''' ou '''al-Anssari''' ({{Langx|ar|أبو أيوب الأنصاري||''Abu Ayyub al-Ansari''}}; {{Langx|tr|'''Ebu Eyyûb el-Ensarî''' ou '''Eyüp Sultan'''}}) ([[Medina]], 576? — [[Constantinopla]], 672 ou 674?) foi um dos companheiros (<big>الصحابه</big>; ''[[sahaba]]'') de [[Maomé]] e um dos ''[[ansar]]'' {{langp|ar|الأنصار}}, ou seja, ajudante ou patrono da história [[Islão|muçulmana]] primitiva, ou um dos que apoiaram Maomé depois da ''[[Hégira]]'' (migração) para [[Medina]] em 622. "Abaiube" significa "Pai de Aiube".
[[Imagem:Eyupsultan.JPG|thumb|290px|''[[Türbe]]'' (mausoléu) de Abu Ayyub al-Ansari em [[Istambul]], [[Turquia]]]]


== Vida ==
'''Abu Ayyub al-Ansari''' ({{Langx|ar|أبو أيوب الأنصاري}}; {{Langx|tr|'''Ebu Eyyûb el-Ensarî''' ou '''Eyüp Sultan'''}}) ([[Medina]], 576? — [[Constantinopla]], 672 ou 674?) foi um dos companheiros (<big>الصحابه</big>; ''[[sahaba]]'') de [[Maomé]] e um dos ''[[ansar]]'' {{langp|ar|الأنصار}}, ou seja, ajudante ou patrono da história [[Islão|muçulmana]] primitiva, ou um dos que apoiaram Maomé depois da ''[[Hégira]]'' (migração) para [[Medina]] em 622. "Abu Ayyub" significa "Pai de Ayyub".


=== Origens e carreira ===
O nome de nascimenro de Abu Ayyub era '''Khalid ibn Zayd ibn Kulayb in Yathrib''' ou '''Khalid ibn Zayd ibn Kulayb ibn Tha'laba''' {{langp|ar|عوف بن غنم بن مالك بن النجار الأنصاري الخزرجي}}. Era membro do [[clã]] de [[judeus]] [[Banu Najjar]], da [[tribo]] [[Banu Khazraj]], com a qual Maomé era aparentado. A sua fama está ligada à sua qualidade de ''{{ilc|muhaddis||muhaddith}}'' (estudioso do ''[[hadith]]'', a história e direito islâmicos) e foi popularizado por um grande número de ''hadiths'' ("episódios") realcionados com o Profeta e a devoção a este. Abu Ayyub foi um dos primeiros convertidos.


O nome de nascimento de Abaiube era '''Calide ibne Zaide ibne Culaibe ibne Iatribe''' (''Khalid ibn Zayd ibn Kulayb in Yathrib'') ou '''Calide ibne Zaide ibne Culaibe ibne Talaba''' (''Khalid ibn Zayd ibn Kulayb ibn Tha'laba''; {{langx|ar|عوف بن غنم بن مالك بن النجار الأنصاري الخزرجي}}). Era membro do [[clã]] de [[judeus]] {{ilc|Banu Najar||Banu Najjar}}, da [[tribo]] [[Banu Khazraj]], com a qual Maomé era aparentado, motivo pelo qual por vezes é referido como "al-Najari" (''al-Najjari''). A sua fama está ligada à sua qualidade de ''{{ilc|muhaddis||muhaddith}}'' (estudioso do [[hádice]], a história e direito islâmicos) e foi popularizado por um grande número de hádices ("episódios") relacionados com o Profeta e a devoção a este. Abaiube foi um dos primeiros convertidos.
Quando Maomé chegou a Medina, todos os habitantes daquela cidade lhe ofereceram alojamento, mas ele quis ficar com os Banu Najjar, com os quais eles era vagamente aparentado. Depois de ter indagado quem poderia ser o seu familiar mais próximo entre os Banu Najjar, Maomé foi apresentado a Abu Ayyub al-Ansari, com que ficaria durante sete meses.<ref>Narração Anas bin Malik, Sahih Bukhari, vol. 5, livro 58, nº 269</ref> Segundo outra versão, Abu Ayyub foi dos primeiros habitantes de Medina a oferecer a sua casa a Maomé. A casa do profeta em Medina foi construída ao lado da de Abu Ayyub, onde também se ergueu a primeira mesquita do [[Islão]], onde está sepultado Maomé e os dois primeiros [[califa]]s.


Quando Maomé chegou a Medina, todos os habitantes daquela cidade lhe ofereceram alojamento, mas ele quis ficar com os Banu Najar, com os quais eles era vagamente aparentado. Depois de ter indagado quem poderia ser o seu familiar mais próximo entre os Banu Najar, Maomé foi apresentado a Abaiube al-Ansari, com que ficaria durante sete meses.<ref>Narração Anas bin Malik, Sahih Bukhari, vol. 5, livro 58, nº 269</ref> Segundo outra versão, Abaiube foi dos primeiros habitantes de Medina a oferecer a sua casa a Maomé. A casa do profeta em Medina foi construída ao lado da de Abaiube, onde também se ergueu a primeira mesquita do [[Islão]], onde está sepultado Maomé e os dois primeiros [[califa]]s.
A figura de Abu Ayyub também aparece na história de {{ilc|Safiyya bint Huyyay ibn Akhtab||Huyayy ibn Akhtab}}, uma mulher judia capturada pelas tropas de Maomé durante o ataque a [[Khaybar]] que foi levada à presença do profeta como parte do saque. Na noite do casamento de Safiyya com Maomé, Abu Ayyub al-Ansari ficou de guarda à tenda do casal; quando a meio da noite Maomé viu Abu Ayyub andar de um lado para o outro perguntou-lhe o que andava a fazer, tendo Abu Ayyub respondido que "Tinha receio por ti com esta jovem mulher. Tu mataste o seu pai, o seu marido e muitos dos seus familiares, e até recentemente ela não era crente. Eu estava muito receoso por ti por causa desta mulher".


[[Imagem:Eyupsultan.JPG|thumb|upright=1.05|''[[Türbe]]'' (mausoléu) de Abaiube al-Ançari em [[Istambul]], [[Turquia]]]]
Abu Ayyub teve igualmente uma carreira militar de relevo. Dele se disse: ''«não esteve ausente de nenhuma batalha que os muçulmanos combateram desde o tempo e Maomé até ao tempo de {{Lknb|Muawiya|I}} a não ser que estivesse envolvido noutra ao mesmo tempo.»''<ref>Muhammad ibn Saad, Kitab at-Tabaqat al-Kabir (O Grande Livro das Gerações)</ref> Entre outras, participou nas batalhas de [[Batalha de Badr|Badr]], [[Batalha de Uhud|Uhud]] e da [[Batalha da Trincheira|Trincheira]] (al-Khandaq ou Cerco a Medina).


A figura de Abaiube também aparece na história de {{ilc|Safia|Safia binte Huiai ibne Actabe|Safiyya bint Huyyay ibn Akhtab|Huyayy ibn Akhtab}}, uma mulher judia capturada pelas tropas de Maomé durante o ataque a [[Khaybar]] que foi levada à presença do profeta como parte do saque. Na noite do casamento de Safia com Maomé, Abaiube al-Ançari ficou de guarda à tenda do casal; quando a meio da noite Maomé viu Abaiube andar de um lado para o outro perguntou-lhe o que andava a fazer, tendo Abaiube respondido que "Tinha receio por ti com esta jovem mulher. Tu mataste o seu pai, o seu marido e muitos dos seus familiares, e até recentemente ela não era crente. Eu estava muito receoso por ti por causa desta mulher".
Participou igualmente na conquista muçulmana do [[Egito]] liderada por [[Amr ibn al-As]] (<big>عمرو ابن العاص</big>), após o que o califa [[Ali ibn Abi Talib|Ali]] o convidou para ser governador, cargo que ele recusou para ir apoiar os muçulmanos do [[Iraque]], onde participou em todas as batalhas comandadas por Ali. Durante o reinado de Muawiyah esteve num ataque a [[Chipre]].


Abaiube teve igualmente uma carreira militar de relevo. Dele se disse: ''«não esteve ausente de nenhuma batalha que os muçulmanos combateram desde o tempo e Maomé até ao tempo de {{Lknb|Moáuia|I}} a não ser que estivesse envolvido noutra ao mesmo tempo.»''<ref>Muhammad ibn Saad, Kitab at-Tabaqat al-Kabir (O Grande Livro das Gerações)</ref> Entre outras, participou nas batalhas de [[Batalha de Badr|Badr]], [[Batalha de Uhud|Uhud]] e da [[Batalha da Trincheira|Trincheira]] (al-Candaque ou Cerco a Medina).
Segundo outras fontes, Abu Ayyub viveu durante algum tempo numa casa em [[Fustat]], então a capital do Egito, adjacente à mesquita de [[Amr ibn al-As]], cuja construção terminou em 642. Vários companheiros notáveis do profeta eram seus vizinhos, incluindo [[Zubair ibn al-Awwam]], Ubaida, Abu Zar, [[Abdullah ibn Umar]] e Abdullah ibn Amr bin Al'aas.<ref>Masud ul-Hasan, Hadrat 'Umar Farooq, Islamic Publications Ltd. Lahore 1982</ref>


Participou igualmente na conquista muçulmana do [[Egito]] liderada por [[Amr ibn al-As]] (<big>عمرو ابن العاص</big>), após o que o califa [[Ali ibn Abi Talib|Ali]] o convidou para ser governador, cargo que ele recusou para ir apoiar os muçulmanos do [[Iraque]], onde participou em todas as batalhas comandadas por Ali. Durante o reinado de Moáuia esteve num ataque a [[Chipre]].
==Última campanha militar==
[[Imagem:Eyupsultan5.JPG|thumb|left|290px|Fachada do ''türbe'' de Abu Ayyub al-Ansari (Eyüp Sultan)]]


Segundo outras fontes, Abaiube viveu durante algum tempo numa casa em [[Fustat]], então a capital do Egito, adjacente à mesquita de [[Amr ibn al-As]], cuja construção terminou em 642. Vários companheiros notáveis do profeta eram seus vizinhos, incluindo [[Zubair ibn al-Awwam]], Ubaida, Abu Zar, [[Abdulá ibne Omar]] e Abdulá ibne Amir ibne Al'aas.<ref>Masud ul-Hasan, Hadrat 'Umar Farooq, Islamic Publications Ltd. Lahore 1982</ref>
[[Al-Tabari]] regista que no ano 49 do [[calendário islâmico]] (9 de fevereiro de 669 a 28 de janeiro de 670) ocorreram diversos de ataques contra o [[Império Bizantino]], incluindo o [[Cerco de Constantinopla de 674]], comandado pelo filho de Muawiyah, [[Yazid I|Yazid]]. Abu Ayyub encontrava-se entre os notáveis referidos como acompanhantes de Yazid. Era já um ancião, mas isso não o impedia de se alistar. Depois de ter participado brevemente nos combates, adoeceu com [[disenteria]] e teve que se retirar. Yazid foi ter com ele e perguntou-lhe: "Precisas de alguma coisa, Abu Ayyub?", a que Abu Ayyub respondeu: "Transmite os meus ''salaams'' (despedidas islâmicas) aos exércitos muçulmanos e diz-lhes que Abu Ayyub os exorta a penetrar profundamente no território do inimigo, tanto quanto conseguirem, e que o carreguem e o enterrem debaixo dos seus pés junto às [[Muralhas de Constantinopla]]". Após dizer isto, Abu Ayyub deu o seu último suspiro. O exército muçulmano cumpriu o seu pedido e empurrou as forças inimigas até às muralhas, onde Abu Ayyub foi sepultado.


=== Última campanha militar ===
Logo após a [[Queda de Constantinopla|conquista de Constantinopla pelos otomanos]] no {{séc|XV}}, o [[sultão]] [[Império Otomano|otomano]] vitorioso {{Lknb|Mehmed|II}} mandou construir um ''[[türbe]]'' ([[mausoléu]]) sobre o que se pensava ser a sepultura de Abu Ayyub e foi erigida uma mesquita em sua honra, a [[Mesquita de Eyüp Sultan]], no [[Distritos da Turquia|distrito]] que também tem o seu nome ([[Eyüp]]). A área tornou-se um local sagrado para os muçulmanos e muitos dignitáriosotomanos pediram para ter as suas sepulturas perto da de Abu Ayyub, no cemitério que a lhes estava reservado.

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[[Al-Tabari]] regista que no ano 49 do [[calendário islâmico]] (9 de fevereiro de 669 a 28 de janeiro de 670) ocorreram diversos de ataques contra o [[Império Bizantino]], incluindo o [[Cerco de Constantinopla de 674]], comandado pelo filho de Moáuia, [[Iázide I|Iázide]]. Abaiube encontrava-se entre os notáveis referidos como acompanhantes de Iázide. Era já um ancião, mas isso não o impedia de se alistar. Depois de ter participado brevemente nos combates, adoeceu com [[disenteria]] e teve que se retirar. Iázide foi ter com ele e perguntou-lhe: "Precisas de alguma coisa, Abaiube?", a que Abaiube respondeu: "Transmite os meus ''salaams'' (despedidas islâmicas) aos exércitos muçulmanos e diz-lhes que Abaiube os exorta a penetrar profundamente no território do inimigo, tanto quanto conseguirem, e que o carreguem e o enterrem debaixo dos seus pés junto às [[Muralhas de Constantinopla]]". Após dizer isto, Abaiube deu o seu último suspiro. O exército muçulmano cumpriu o seu pedido e empurrou as forças inimigas até às muralhas, onde Abaiube foi sepultado.

Logo após a [[Queda de Constantinopla|conquista de Constantinopla pelos otomanos]] no {{séc|XV}}, o [[sultão]] [[Império Otomano|otomano]] vitorioso {{Lknb|Mehmed|II}} mandou construir um ''[[türbe]]'' ([[mausoléu]]) sobre o que se pensava ser a sepultura de Abaiube e foi erigida uma mesquita em sua honra, a [[Mesquita de Eyüp Sultan]], no [[Distritos da Turquia|distrito]] que também tem o seu nome ([[Eyüp]]). A área tornou-se um local sagrado para os muçulmanos e muitos dignitários otomanos pediram para ter as suas sepulturas perto da de Abaiube, no cemitério que a lhes estava reservado.
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NOTA: o resto do texto da EN.WP não foi traduzido por incapacidade do tradutor
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Revisão das 21h47min de 23 de junho de 2016

Abaiube al-Ançari
Outros nomes
  • Calide ibne Zaide ibne Culaibe ibne Iatribe
  • Calide ibne Zaide ibne Culaibe ibne Talaba
  • Calide ibne Zaide ibne Culaibe
  • Calide ibne Zaide ibne Culaibe al-Najari
  • Ebu Eyyûb el-Ensarî
  • Ebu Eyyûb Halid bin Zeyd
  • Eyüp Sultan (turco)
Nascimento 576
Medina
Morte 674 (98 anos)
Constantinopla
Causa da morte disenteria
Etnia Árabe
Ocupação Sahaba (companheiro de Maomé) e militar
Principais trabalhos
Religião Islão

Abaiube ou Abaiubiz[1] al-Ançari ou al-Anssari (em árabe: أبو أيوب الأنصاري; romaniz.:Abu Ayyub al-Ansari; em turco: Ebu Eyyûb el-Ensarî ou Eyüp Sultan) (Medina, 576? — Constantinopla, 672 ou 674?) foi um dos companheiros (الصحابه; sahaba) de Maomé e um dos ansar (الأنصار), ou seja, ajudante ou patrono da história muçulmana primitiva, ou um dos que apoiaram Maomé depois da Hégira (migração) para Medina em 622. "Abaiube" significa "Pai de Aiube".

Vida

Origens e carreira

O nome de nascimento de Abaiube era Calide ibne Zaide ibne Culaibe ibne Iatribe (Khalid ibn Zayd ibn Kulayb in Yathrib) ou Calide ibne Zaide ibne Culaibe ibne Talaba (Khalid ibn Zayd ibn Kulayb ibn Tha'laba; em árabe: عوف بن غنم بن مالك بن النجار الأنصاري الخزرجي). Era membro do clã de judeus Banu Najar, da tribo Banu Khazraj, com a qual Maomé era aparentado, motivo pelo qual por vezes é referido como "al-Najari" (al-Najjari). A sua fama está ligada à sua qualidade de muhaddis (estudioso do hádice, a história e direito islâmicos) e foi popularizado por um grande número de hádices ("episódios") relacionados com o Profeta e a devoção a este. Abaiube foi um dos primeiros convertidos.

Quando Maomé chegou a Medina, todos os habitantes daquela cidade lhe ofereceram alojamento, mas ele quis ficar com os Banu Najar, com os quais eles era vagamente aparentado. Depois de ter indagado quem poderia ser o seu familiar mais próximo entre os Banu Najar, Maomé foi apresentado a Abaiube al-Ansari, com que ficaria durante sete meses.[2] Segundo outra versão, Abaiube foi dos primeiros habitantes de Medina a oferecer a sua casa a Maomé. A casa do profeta em Medina foi construída ao lado da de Abaiube, onde também se ergueu a primeira mesquita do Islão, onde está sepultado Maomé e os dois primeiros califas.

Türbe (mausoléu) de Abaiube al-Ançari em Istambul, Turquia

A figura de Abaiube também aparece na história de Safia, uma mulher judia capturada pelas tropas de Maomé durante o ataque a Khaybar que foi levada à presença do profeta como parte do saque. Na noite do casamento de Safia com Maomé, Abaiube al-Ançari ficou de guarda à tenda do casal; quando a meio da noite Maomé viu Abaiube andar de um lado para o outro perguntou-lhe o que andava a fazer, tendo Abaiube respondido que "Tinha receio por ti com esta jovem mulher. Tu mataste o seu pai, o seu marido e muitos dos seus familiares, e até recentemente ela não era crente. Eu estava muito receoso por ti por causa desta mulher".

Abaiube teve igualmente uma carreira militar de relevo. Dele se disse: «não esteve ausente de nenhuma batalha que os muçulmanos combateram desde o tempo e Maomé até ao tempo de Moáuia I a não ser que estivesse envolvido noutra ao mesmo tempo.»[3] Entre outras, participou nas batalhas de Badr, Uhud e da Trincheira (al-Candaque ou Cerco a Medina).

Participou igualmente na conquista muçulmana do Egito liderada por Amr ibn al-As (عمرو ابن العاص), após o que o califa Ali o convidou para ser governador, cargo que ele recusou para ir apoiar os muçulmanos do Iraque, onde participou em todas as batalhas comandadas por Ali. Durante o reinado de Moáuia esteve num ataque a Chipre.

Segundo outras fontes, Abaiube viveu durante algum tempo numa casa em Fustat, então a capital do Egito, adjacente à mesquita de Amr ibn al-As, cuja construção terminou em 642. Vários companheiros notáveis do profeta eram seus vizinhos, incluindo Zubair ibn al-Awwam, Ubaida, Abu Zar, Abdulá ibne Omar e Abdulá ibne Amir ibne Al'aas.[4]

Última campanha militar

Fachada do türbe de Abaiube al-Ançari (Eyüp Sultan)

Al-Tabari regista que no ano 49 do calendário islâmico (9 de fevereiro de 669 a 28 de janeiro de 670) ocorreram diversos de ataques contra o Império Bizantino, incluindo o Cerco de Constantinopla de 674, comandado pelo filho de Moáuia, Iázide. Abaiube encontrava-se entre os notáveis referidos como acompanhantes de Iázide. Era já um ancião, mas isso não o impedia de se alistar. Depois de ter participado brevemente nos combates, adoeceu com disenteria e teve que se retirar. Iázide foi ter com ele e perguntou-lhe: "Precisas de alguma coisa, Abaiube?", a que Abaiube respondeu: "Transmite os meus salaams (despedidas islâmicas) aos exércitos muçulmanos e diz-lhes que Abaiube os exorta a penetrar profundamente no território do inimigo, tanto quanto conseguirem, e que o carreguem e o enterrem debaixo dos seus pés junto às Muralhas de Constantinopla". Após dizer isto, Abaiube deu o seu último suspiro. O exército muçulmano cumpriu o seu pedido e empurrou as forças inimigas até às muralhas, onde Abaiube foi sepultado.

Logo após a conquista de Constantinopla pelos otomanos no século XV, o sultão otomano vitorioso Mehmed II mandou construir um türbe (mausoléu) sobre o que se pensava ser a sepultura de Abaiube e foi erigida uma mesquita em sua honra, a Mesquita de Eyüp Sultan, no distrito que também tem o seu nome (Eyüp). A área tornou-se um local sagrado para os muçulmanos e muitos dignitários otomanos pediram para ter as suas sepulturas perto da de Abaiube, no cemitério que a lhes estava reservado.

Referências

  1. Alves 2014, p. 53.
  2. Narração Anas bin Malik, Sahih Bukhari, vol. 5, livro 58, nº 269
  3. Muhammad ibn Saad, Kitab at-Tabaqat al-Kabir (O Grande Livro das Gerações)
  4. Masud ul-Hasan, Hadrat 'Umar Farooq, Islamic Publications Ltd. Lahore 1982

Notas e bibliografia

O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Mausoléu de Abu Ayyub al-Ansari
  • Alves, Adalberto (2014). Dicionário de Arabismos da Língua Portuguesa. [S.l.]: Leya. ISBN 9722721798 
  • al-Tabari; trad. Michael G. Morony (1987). History (em inglês). 18 - Between Civil Wars: The Caliphate of Mu'awiyah. Albany: Suny 
  • Ali ibn al-Athir. Usd al-ghāba fi maʿrifat al-Ṣahāba. [S.l.: s.n.] 
  • Gabrieli, Francesco (1982). Maometto in Europa (em italiano). Milão: Mondadori 
  • «9. Abu Ayyub Al-Ansari (R.A.)». alislaah2.tripod.com (em inglês). Al-Islaah Publications. Consultado em 11 de agosto de 2011. Arquivado do original em 19 de fevereiro de 2009