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===Hegel===
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O conceito do devir em Hegel constitui a síntese [[dialética]] do ser e no não ser, pois tudo o que existe é contraditório estando então sujeito a desaparecer. Tal como Heráclito, Hegel viu a oposição e o conflito como essenciais ao devir.<ref name="Inwood1997">Michael Inwood. ''[http://books.google.com/books?id=J2gicMEltEsC&pg=PA293 Dicionário Hegel]''. Jorge Zahar; 1997. ISBN 978-85-7110-378-8. p. 293.</ref>
O conceito do devir em Hegel constitui a síntese [[dialética]] do ser e do não ser, pois tudo o que existe é contraditório estando então sujeito a desaparecer. Tal como Heráclito, Hegel viu a oposição e o conflito como essenciais ao devir.<ref name="Inwood1997">Michael Inwood. ''[http://books.google.com/books?id=J2gicMEltEsC&pg=PA293 Dicionário Hegel]''. Jorge Zahar; 1997. ISBN 978-85-7110-378-8. p. 293.</ref>


===Nietzsche ===
===Nietzsche ===

Revisão das 19h09min de 9 de julho de 2016

Devir (do latim devenire, chegar) é um conceito filosófico que significa as mudanças pelas quais passam as coisas.[1][2] O conceito de "se tornar" nasceu no leste da Grécia antiga pelo filósofo Heráclito de Éfeso que no século VI a.C., disse que nada neste mundo é permanente, exceto a mudança e a transformação.[3] Sua teoria está em oposição com a de Parmênides, outro filósofo grego que acreditava que as mudanças ônticas ou os "tornar-se" que percebemos com nossos sentidos é algo enganoso, que há pura perfeição e eternidade por trás da natureza, e que esta é a verdade suprema.[4] Na filosofia, a palavra "tornar-se" diz a respeito de um conceito ontológico específico que não deve ser confundido com a filosofia do processo, esta última indicando uma doutrina metafísica da teologia.

Heráclito

Cerca de 500 a.C. Heráclito escreveu o seguinte:

Tudo flui e nada permanece, tudo dá forma e nada permanece fixo.
Você não pode pisar duas vezes no mesmo rio, pois outras águas e ainda outras, vão fluir.[5]

Platão

Platão tinha interesse em construir sua teoria sobre o "devir" de modo a não anular as perspectivas de imutabilidade do ser, tudo se passa como se o filósofo tivesse que conhecer duas posições extremas para poder ultrapassá-las: a de Heráclito para quem tudo o que existe é conduzido pelo fluxo do devir; e a posição antagonica de Parmênides para quem o ser não comporta nem o nascimento nem a morte, o devir só pode ser uma ilusão, o ser é imutável ou não é o ser.[6] Para ele, o ser na dimensão do "tornar-se" implica a causa específica da inteligência produtora e tudo o que ela postula, o "ser que é sempre" não está sujeito à geração e ao devir, porque permanece sempre nas mesmas condições; ele é captado pela inteligência por meio do raciocínio, o devir que continuamente se engendra não é nunca um verdadeiro ser justamente porque está em contínua mudança, ele é objeto de opinião, ou seja, é captado mediante a percepção sensorial, distinta da razão.[7]

Aristóteles

Para Aristóteles, o devir é apenas uma passagem da potência ao ato que é a perfeição para a qual o devir tende.[8][9] O devir aristotélico é a realização de um processo para se receber, o que move um ente para sua finalidade é o motor; tudo está em movimento porque é movido por um motor, o motor que move a si mesmo e não é movido por nenhum outro é o primeiro motor, o motor perfeito onde todas as suas potencialidades estão atualizadas.[9]

Hegel

O conceito do devir em Hegel constitui a síntese dialética do ser e do não ser, pois tudo o que existe é contraditório estando então sujeito a desaparecer. Tal como Heráclito, Hegel viu a oposição e o conflito como essenciais ao devir.[10]

Nietzsche

Para Nietzsche, o conflito produz um devir porém esse não se caracteriza como síntese, o devir preconizado por Nietzsche a partir de Heráclito, provém mediante a diferenciação e a separação que se engendram na disputa.[11]

Referências

  1. Arnaldo Schüler. Dicionário enciclopédico de teologia. Editora da ULBRA; 2002 [cited 3 Septem]. ISBN 978-85-7528-031-7. p. 158.
  2. " série de mudanças por vir; futuro; A ninguém é dado conhecer seu devir(...)" Dicionário UNESP do português contemporâneo. UNESP; 1 January 2005. ISBN 978-85-7139-576-3. p. 435.
  3. António Vieira; Girolamo Cataneo. As lágrimas de Heráclito. Editora 34; 2001. ISBN 978-85-7326-212-4. p. 67.
  4. "Parmênides, reagindo violentamente, afirmando que o movimento é uma ilusçao dos sentidos e que o "Ser" é perfeitamente "imóvel"." Antônio Vital Menezes de Souza. Marcas de diferença: Subjetividade e Devir na Formação de Professores. Editora E-papers; ISBN 978-85-7650-097-1. p. 40.
  5. Steven Savitt (3 de setembro de 2013). «Being and Becoming in Modern Physics». Stanford Encyclopedia of Philosophy (em inglês) 
  6. Hilton Japiassú, Danilo Marcondes. Dicionário básico de filosofia. Zahar; 1993. ISBN 978-85-378-0341-7. p. 72.
  7. REALE, Giovanni. História da filosofia grega e romana - Platão. LOYOLA; ISBN 978-85-15-03304-1. p. 131.
  8. "Segundo Aristóteles, ato é a perfeição para a qual o devir tende." Luiz Carlos Susin. Éticas em diálogo: Levinas e o pensamento contemporâneo: questões e interfaces. EDIPUCRS; 2003. ISBN 978-85-7430-367-3. p. 82.
  9. a b "Aristótles dá o nomde de devir ao processo de realização da potência. Devir é o princípio de atualização da potencialidade em direação à realização da forma. O princípio do decir é o movimento, o princípio do movimento é a potência." William Baptista. O devir da verdade. Letra Capital Editora LTDA; ISBN 978-85-7785-168-3. p. 55.
  10. Michael Inwood. Dicionário Hegel. Jorge Zahar; 1997. ISBN 978-85-7110-378-8. p. 293.
  11. Luiz Renato Martins. Conflito e Interpretação em Fellini. EdUSP; 1994. ISBN 978-85-314-0208-1. p. 47.

Ver também