Tao: diferenças entre revisões

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É um conceito muito antigo, adotado como princípio fundamental do [[taoísmo]], doutrina fundada por [[Lao Zi]].
É um conceito muito antigo, adotado como princípio fundamental do [[taoísmo]], doutrina fundada por [[Lao Zi]].

== Descrição de C. S. Lewis ==
No livro A Abolição do Homem, C. S. Lewis descreve o Tao, embora ele seja cristão, da seguinte forma:

Os chineses também falam de um grande ente (o maior dos entes) chamado Tao.

Ele é a realidade além de todos os atributos, o abismo que era antes do Próprio Criador. Ele é a Natureza, é a Via, o Caminho. É a Via pela qual o universo prossegue, a Via da qual tudo eternamente emerge, imóvel e tranquilamente, para o espaço e o tempo. É também a Via que todos os homens deveriam trilhar, imitando essa progressão cósmica e supracósmica, amoldando todas as atividades a esse grande modelo. "No ritual", dizem os Analectos, "é a harmonia com a Natureza que é louvada." Os antigos judeus igualmente louvavam a Lei como "verdadeira"19.

A bem da brevidade, de agora em diante vou me referir a essa concepção, em todas as suas formas – platônica, aristotélica, estóica, cristã e oriental –, simplesmente como "o Tao". Algumas das suas descrições que acabo de citar podem a muitos parecer meramente exóticas ou mesmo mágicas. Mas há entre elas algo em comum que não pode ser negligenciado. É a doutrina do valor objetivo, a convicção de que certas posturas são realmente verdadeiras, e outras realmente falsas, a respeito do que é o universo e do que somos nós. Aqueles que conhecem o Tao podem afirmar que chamar uma criança de graciosa e um ancião de venerável não é simplesmente registrar um fato psicológico sobre nossas momentâneas emoções paternas ou filiais, mas reconhecer uma qualidade que exige de nós uma certa resposta, quer a demos, quer não. De minha parte, não aprecio a companhia das crianças pequenas, mas, uma vez que falo de dentro do Tao, reconheço nisso um defeito meu – da mesma forma como um homem pode reconhecer-se daltônico ou desprovido de ouvido musical. E, uma vez que nossas aprovações e desaprovações são assim reconhecimentos do valor objetivo ou respostas a uma ordem objetiva, os estados emocionais podem portanto estar em harmonia com a razão (quando sentimos afeição por aquilo que merece aprovação) ou em desarmonia com ela (quando percebemos que a afeição é merecida mas não conseguimos senti-la). Nenhuma emoção e, em si mesma, um julgamento; nesse sentido, todas as emoções e sentimentos são alógicos. Mas eles podem ser razoáveis ou irrazoáveis na medida em que se conformam à Razão ou não conseguem conformar-se. O coração nunca toma o lugar da cabeça, mas ele pode, e deve, obedecer-lhe.

== Contrapartida ==
Outros veem essa concepção como ociosa, na qual o ser humano ao eximir-se de comprometer-se com qualquer atividade, deixando apenas que o TAO seja o guia das circunstâncias, torna-se inoperante diante da natureza. Isto caracteriza fuga de responsabilidades, na qual é preferível torna-se inoperante e estagnado, à crescer sob o risco de responsabilidades. Veja abaixo uma tradicional interlocução do [[taoismo]]:

"Quando nada é feito, nada fica por fazer."


== O tao é a espontaneidade natural ==
== O tao é a espontaneidade natural ==

Revisão das 19h47min de 9 de julho de 2016

Predefinição:Contém texto em chinês

Tao
Ideograma de tao
Tradução
Tradução literal: caminho, o caminho
Nome em chinês
Chinês:

Predefinição:Portal-filosofia

Tao (em chinês: 道; Wade-Giles: tao; pinyin: dao) significa, traduzindo literalmente, o caminho, mas é um conceito que só pode ser apreendido por intuição. O tao não é só um caminho físico e espiritual; é identificado com o absoluto que, por divisão, gerou os opostos/complementares yin e yang, a partir dos quais todas as "dez mil coisas" que existem no Universo foram criadas.

É um conceito muito antigo, adotado como princípio fundamental do taoísmo, doutrina fundada por Lao Zi.

O tao é a espontaneidade natural

O conceito de tao é algo que só pode ser apreendido por intuição. É algo muito simples, mas não pode ser explicado. É o que existe e o que inexiste. Só que nós temos demasiados conceitos dentro da cabeça para o entender como um todo uno.

O tao é o caminho da espontaneidade natural. É o que produz todas as coisas que existem. O te (德, a virtude) é o modo de caminhar espontâneo que dá às coisas a sua perfeição.

O tao não transcende o mundo; o tao é a totalidade da espontaneidade ou "naturalidade" de todas as coisas. Cada coisa é simplesmente o que é e faz. Por isso, o tao não faz nada; não precisa de o fazer para que tudo o que deve ser feito seja feito. Mas, ao mesmo tempo, tudo que cada coisa é e faz espontaneamente é o tao. Por isso, o tao "faz tudo ao fazer nada".

O tao produz as coisas e é o te que as sustenta. As coisas surgem espontaneamente e agem espontaneamente. Cada coisa tem o seu modo espontâneo e natural de ser. E todas as coisas são felizes desde que evoluam de acordo com a sua natureza. São as modificações nas suas naturezas que causam a dor e o sofrimento.

O modo de caminhar taoista

Se entendermos bem a natureza das coisas e conseguirmos esquecer tudo o que aprendemos que tenta ir contra ela, conseguimos fazer tudo o que é possível, com o mínimo esforço. Porque acabamos por deixar as coisas seguirem o seu curso natural. Não fazemos nada (claramente por nossa vontade própria) mas nada fica por fazer.

Na busca do conhecimento, todos os dias algo é adquirido,
Na busca do tao, todos os dias algo é deixado para trás.

E cada vez menos é feito
até se atingir a perfeita não-ação.
Quando nada é feito, nada fica por fazer.

Domina-se o mundo deixando as coisas seguirem o seu curso.
E não interferindo.

Tao Te Ching (道德經), Cap. 48

Devemos agir de acordo com a nossa vontade apenas dentro dos limites da nossa natureza e sem tentar fazer o que vai para além dela. Devemos usar o que é naturalmente útil e fazer o que espontaneamente podemos fazer sem interferir na nossa natureza. E não tentar fazer aquilo que não podemos fazer ou tentar saber aquilo que não podemos saber. A felicidade é essa "não-ação" (無為, wu wei).

Para conseguirmos entender o curso natural das coisas e seguirmos o caminho temos que conseguir desaprender muitos conceitos. Para podermos desaprendê-los é preciso que antes os tenhamos aprendido. Mas temos que passar a um estado muito parecido com o estado inicial em que estávamos antes de o termos aprendido.

"O tao que pode ser expressado, não é o tao absoluto".

Se abrirmos os olhos de repente, há um brevíssimo momento durante o qual o nosso cérebro ainda não analisou o que está a ver. Ainda não distinguiu as cores e as formas nem descodificou o que se está a passar à nossa frente. Os taoistas procuram viver o mais perto possível desse estado. É uma renúncia à análise, sempre imperfeita, da realidade.

Trinta raios convergem para o meio de uma roda
Mas é o buraco em que vai entrar o eixo que a torna útil.

Molda-se o barro para fazer um vaso;
É o espaço dentro dele que o torna útil.

Fazem-se portas e janelas para um quarto;
São os buracos que o tornam útil.

Por isso, a vantagem do que está lá
Assenta exclusivamente
na utilidade do que lá não está.

Tao Te Ching (道德經), Cap. 11

Ver também

Bibliografia

  • Campos, António M. de (2010). Tao Te King. Livro do Caminho e do Bom Caminhar. Tradução direta do chinês para o português, comentários, introdução à filosofia taoista. [S.l.]: Editora Relógio d'Água 

Ligações externas