Preferência temporal: diferenças entre revisões
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Os indivíduos estão sujeitos à passagem do tempo. Suas existências são finitas, seus corpos e mentes decaem. O tempo, portanto, é um fator escasso e, como tal, os indivíduos precisam economizá-lo.<ref>MISES, L. V. Human Action. A Treatise on Economics. Scholar's Edition. p.101. Alburn: Ludwig von Mises Institute, 1998.</ref> É dessa escassez, da necessidade imperiosa de economizar o tempo, que se origina a preferência temporal. [[Ceteris paribus|''Ceteris paribus'']], a satisfação presente tem preferência sobre a satisfação futura e bens no presente são preferidos a bens no futuro. <ref>ROTHBARD, M. N. Man, Economy, and State. With Power and Market Government and The Economy. Scholar's Edition. 2a. ed. p.15. Alburn: Ludwig von Mises Institute, 2004.</ref>. Adicionalmente, a própria natureza humana impõe limites ao adiamento da satisfação de necessidades. Satisfazer aquelas mais imediatas, como a da manutenção da própria vida e saúde, por exemplo, antecede e é um pré-requisito para a satisfação daquelas menos urgentes, futuras. <ref>MENGER, C. Principles of Economics. p. 153. Alburn: Ludwig von Mises Institute, 2007. ISBN 978-1-933550-12-1.</ref> |
Os indivíduos estão sujeitos à passagem do tempo. Suas existências são finitas, seus corpos e mentes decaem. O tempo, portanto, é um fator escasso e, como tal, os indivíduos precisam economizá-lo.<ref>MISES, L. V. Human Action. A Treatise on Economics. Scholar's Edition. p.101. Alburn: Ludwig von Mises Institute, 1998.</ref> É dessa escassez, da necessidade imperiosa de economizar o tempo, que se origina a preferência temporal. [[Ceteris paribus|''Ceteris paribus'']], a satisfação presente tem preferência sobre a satisfação futura e bens no presente são preferidos a bens no futuro. <ref>ROTHBARD, M. N. Man, Economy, and State. With Power and Market Government and The Economy. Scholar's Edition. 2a. ed. p.15. Alburn: Ludwig von Mises Institute, 2004.</ref>. Adicionalmente, a própria natureza humana impõe limites ao adiamento da satisfação de necessidades. Satisfazer aquelas mais imediatas, como a da manutenção da própria vida e saúde, por exemplo, antecede e é um pré-requisito para a satisfação daquelas menos urgentes, futuras. <ref>MENGER, C. Principles of Economics. p. 153. Alburn: Ludwig von Mises Institute, 2007. ISBN 978-1-933550-12-1.</ref> Em outros termos, a espera constitui-se numa [[Utilidade (economia)|''desutilidade'']]. |
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É interessante notar que, na ausência da preferência temporal, as pessoas jamais teriam porque consumir. Dariam ao almoço que será servido somente daqui a dez anos o mesmo valor da refeição disponível hoje. E, passados esses dez anos, tampouco encontrariam razão para desfrutar dos alimentos, que mais uma vez lhes pareceriam ter o mesmo valor de prato semelhante a ser servido no futuro ainda mais distante. Não fosse pela preferência temporal, portanto, o consumo inexistiria e, consequentemente, toda produção, que tem como fim último produzir [[Bem de consumo|bens de consumo]], cessaria.<ref>ROTHBARD, M. N. Man, Economy, and State. With Power and Market Government and The Economy. Scholar's Edition. 2a. ed. p.51. Alburn: Ludwig von Mises Institute, 2004.</ref> |
É interessante notar que, na ausência da preferência temporal, as pessoas jamais teriam porque consumir. Dariam ao almoço que será servido somente daqui a dez anos o mesmo valor da refeição disponível hoje. E, passados esses dez anos, tampouco encontrariam razão para desfrutar dos alimentos, que mais uma vez lhes pareceriam ter o mesmo valor de prato semelhante a ser servido no futuro ainda mais distante. Não fosse pela preferência temporal, portanto, o consumo inexistiria e, consequentemente, toda produção, que tem como fim último produzir [[Bem de consumo|bens de consumo]], cessaria.<ref>ROTHBARD, M. N. Man, Economy, and State. With Power and Market Government and The Economy. Scholar's Edition. 2a. ed. p.51. Alburn: Ludwig von Mises Institute, 2004.</ref> |
Revisão das 14h07min de 6 de novembro de 2016
Em economia, "preferência temporal" é a verdade constante e fundamental de que os indivíduos preferem que suas necessidades sejam satisfeitas no intervalo de tempo mais curto possível [1]
Visão geral
Os indivíduos estão sujeitos à passagem do tempo. Suas existências são finitas, seus corpos e mentes decaem. O tempo, portanto, é um fator escasso e, como tal, os indivíduos precisam economizá-lo.[2] É dessa escassez, da necessidade imperiosa de economizar o tempo, que se origina a preferência temporal. Ceteris paribus, a satisfação presente tem preferência sobre a satisfação futura e bens no presente são preferidos a bens no futuro. [3]. Adicionalmente, a própria natureza humana impõe limites ao adiamento da satisfação de necessidades. Satisfazer aquelas mais imediatas, como a da manutenção da própria vida e saúde, por exemplo, antecede e é um pré-requisito para a satisfação daquelas menos urgentes, futuras. [4] Em outros termos, a espera constitui-se numa desutilidade.
É interessante notar que, na ausência da preferência temporal, as pessoas jamais teriam porque consumir. Dariam ao almoço que será servido somente daqui a dez anos o mesmo valor da refeição disponível hoje. E, passados esses dez anos, tampouco encontrariam razão para desfrutar dos alimentos, que mais uma vez lhes pareceriam ter o mesmo valor de prato semelhante a ser servido no futuro ainda mais distante. Não fosse pela preferência temporal, portanto, o consumo inexistiria e, consequentemente, toda produção, que tem como fim último produzir bens de consumo, cessaria.[5]
Termos relacionados
A preferência temporal guarda relação com as noções de produção indireta e de juro. A única razão pela qual os indivíduos adotam processos mais longos de produção (produção indireta) é porque esperam obter desses processos um incremento em sua satisfação que compense a desutilidade da espera. [6] O “desvio”, o maior período de tempo requerido pela produção indireta, requer a constituição de um fundo de subsistência, que só pode vir da abstinência do consumo no presente, do sacrifício da satisfação imediata. Esse sacrifício é feito em função da expectativa de maior ou melhor produção futura. Para Böhm-Bawerk [7], esse “é o ponto essencial e central da teoria do juro”, ou seja, o juro é o acréscimo de satisfação demandado pelos indivíduos em troca da espera.
Referências
- ↑ ROTHBARD, M. N. Man, Economy, and State. With Power and Market Government and The Economy. Scholar's Edition. 2a. ed. p.15. Alburn: Ludwig von Mises Institute, 2004.
- ↑ MISES, L. V. Human Action. A Treatise on Economics. Scholar's Edition. p.101. Alburn: Ludwig von Mises Institute, 1998.
- ↑ ROTHBARD, M. N. Man, Economy, and State. With Power and Market Government and The Economy. Scholar's Edition. 2a. ed. p.15. Alburn: Ludwig von Mises Institute, 2004.
- ↑ MENGER, C. Principles of Economics. p. 153. Alburn: Ludwig von Mises Institute, 2007. ISBN 978-1-933550-12-1.
- ↑ ROTHBARD, M. N. Man, Economy, and State. With Power and Market Government and The Economy. Scholar's Edition. 2a. ed. p.51. Alburn: Ludwig von Mises Institute, 2004.
- ↑ MISES, L. V. Human Action. A Treatise on Economics. Scholar's Edition. p. 478. Alburn: Ludwig von Mises Institute, 1998.
- ↑ BÖHM-BAWERK, E. V. The Positive Theory of Capital. p. 237. New York: G. E. Stechert & Co., 1930.