Mars Global Surveyor: diferenças entre revisões

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'''Mars Global Surveyor''' foi uma [[sonda espacial]] [[Orbitador|orbitadora]] [[Estados Unidos|estadunidense]], destinada a explorar o planeta Marte. Desenvolvida e operada pela [[NASA]] e pela [[Jet Propulsion Laboratory]], foi lançada em [[7 de novembro|07 de novembro]] de [[1996]] através de um [[Sistema de lançamento descartável|foguete lançador]] [[Delta II]] a partir da [[Estação da Força Aérea de Cabo Canaveral]], [[Flórida]]. A Mars Global Surveyor foi uma missão de mapeamento global que examinou todo o planeta, desde a sua [[ionosfera]], passando através de sua [[Atmosfera de Marte|atmosfera]], até a sua [[superfície]].<ref name=":0">{{Citar web|url=http://mars.jpl.nasa.gov/mgs/science/|titulo=Mars Global Surveyor: Science|acessodata=2017-04-05|obra=mars.jpl.nasa.gov}}</ref>
A sonda [[Estados Unidos|norte-americana]] '''Mars Global Surveyor''' foi lançada em 7 de Novembro de 1996 num [[foguete]] lançador Delta a partir da [[Estação da Força Aérea de Cabo Canaveral]]. A sonda é gerida pela [[NASA]] e pelo [[Jet Propulsion Laboratory]] e foi construída pela [[Lockheed]].


Como parte do programa de exploração de Marte, a Mars Global Surveyor auxiliou outras sondas orbitadoras durante fases de [[aerofrenagem]], além de auxiliar os [[Rover|rovers]] da missão [[Mars Exploration Rovers]], identificando potenciais locais de aterrissagem e retransmitindo seus dados.<ref name=":0" />
==Missão==


A sonda completou sua missão inicial em janeiro de [[2001]], e durante a terceira fase de sua missão prorrogada, parou de responder as mensagens e comandos em [[2 de novembro|02 de novembro]] de [[2006]].<ref name=":1">{{Citar web|url=http://nssdc.gsfc.nasa.gov/nmc/spacecraftDisplay.do?id=1996-062A|titulo=NASA - NSSDCA - Spacecraft - Details|acessodata=2017-04-05|obra=nssdc.gsfc.nasa.gov}}</ref><ref>{{Citar periódico|titulo=Mars Global Surveyor: A New Generation of Space Probes|jornal=Space.com|url=http://www.space.com/18403-mars-global-surveyor.html}}</ref> Três dias depois, um fraco sinal foi detectado, indicando que a sonda havia entrado em [[Modo de segurança (espaçonave)|modo de segurança]]. Após fracassadas tentativas de resolver o problema e retomar o controle da sonda, a NASA encerrou oficialmente a missão em janeiro de [[2007]].
A '''Mars Global Surveyor''' representou o regresso ao planeta [[Marte (planeta)|Marte]] após quase duas décadas de ausência (as sondas [[Viking]] foram lançadas em [[1975]] e [[1976]] e a sonda [[Mars Observer]] tinha falhado o objetivo) e constitui-se hoje um dos maiores sucessos na exploração espacial. A sua missão primária era a observação e [[cartografia]] da superfície marciana em preparação às missões seguintes e teria uma duração de um ano marciano (equivalente a cerca de 2 anos terrestres). Em [[2005]] e perto de atingir uma década em orbita de Marte, a missão já enviou para a Terra mais informação do que todas as outras missões juntas, excetuando-se a sonda [[Magellan]], enviada a [[Vênus (planeta)|Vênus]].


== Objetivos ==
A sonda entrou em órbita de '''Marte''' a [[12 de Setembro]] de [[1997]] não sem encontrar problemas. Assim, e logo após o seu lançamento, os engenheiros da missão descobriram que um dos dois painéis solares que alimentam de energia a sonda, não abriu completamente devido a uma quebra de uma junta. A não abertura na totalidade do painel não colocava em perigo a sonda mas dificultava a sua inserção na órbita de Marte devido ao fato de os painéis serem utilizados numa manobra de travagem atmosférica para o seu posicionamento final na órbita pretendida. Após uma análise da situação, verificou-se que a sonda podia continuar com a sua missão. Desde então, a sonda nunca mais apresentou qualquer tipo de problema e tem cumprido a sua agenda na sua capacidade máxima.
Durante sua missão principal, a sonda alcançou os seguintes objetivos:<ref name=":2">{{Citar web|url=http://mars.jpl.nasa.gov/mgs/science/objectives.html|titulo=Mars Global Surveyor: Science|acessodata=2017-04-05|obra=mars.jpl.nasa.gov}}</ref><ref name=":1" />
# Caracterizou as características superficiais e os processos [[Geologia de Marte|geológicos de Marte]].
# Determinou a composição, distribuição e propriedades físicas dos minerais da superfície, rochas e gelo.
# Determinou a [[topografia]] global, a forma do planeta e seu [[campo gravitacional]].
# Estabeleceu a natureza do campo magnético e mapear o campo remanescente da crosta.
# Monitorou o clima global e a estrutura térmica da [[Atmosfera de Marte|atmosfera]].
# Estudou as interações entre a superfície de Marte e a atmosfera, monitorando as características da superfície, as [[Calota polar|calotas polares]] que se expandem e retrocedem, o balanço de energia polar, a poeira e as nuvens à medida que migram ao longo de um ciclo sazonal.
Durante sua missão prorrogada, a sonda também alcançou os seguintes objetivos:<ref name=":2" /><ref name=":1" />
# Monitoramento contínuo do clima para formar um conjunto contínuo de observações com a [[Mars Reconnaissance Orbiter]] da NASA, que opera em Marte desde março de 2006.
# Imagens de possíveis locais de pouso para o [[Pousador|aterrissador]] [[Phoenix (sonda espacial)|Phoenix]], em [[2008]], e para o rover [[Rover Curiosity|Curiosity]], em [[2012]].
# Observação e análise de sítios-chave de interesse científico, tais como sítios de afloramento de [[Rocha sedimentar|rochas sedimentares]].
# Monitoramento contínuo das mudanças na superfície devido ao vento e ao gelo.


== Especificações ==
Em [[22 de Novembro]] de [[2006]], a NASA em comunicado informa que a sonda deverá estar inoperante para qualquer projeto científico. Após duas semanas de esforços para recuperar a sonda através de tentativas de envio de comandos (diretos via Terra e indiretos via rovers [[Opportunity]] e [[Spirit]] na superficie marciana) e visualização direta (através da Mars Reconaissance Orbiter) a NASA conclui que após 10 anos em órbita de Marte e mais de 240.000 imagens enviadas, a sonda Mars Global Surveyor terá deixado de estar operacional.
A sonda foi fabricada na fábrica da [[Lockheed Martin|Lockheed Martin Astronautics]] em [[Denver, Colorado|Denver]]. A Surveyor é uma caixa de forma retangular com [[Painel solar fotovoltaico|painéis solares fotovoltaicos]] que se estendem de lados opostos. Quando totalmente carregada com propelente no momento do lançamento, a espaçonave pesava 1,060 [[Quilograma|kg]].


A maior parte da massa da sonda está no módulo em forma de caixa que ocupa a parte central da espaçonave. Este módulo central é composto de outros dois módulos retangulares menores empilhados um sobre o outro, um deles é denominado de "módulo de equipamentos", e aloja a parte eletrônica da sonda, seus instrumentos científicos, e o computador de bordo [[MIL-STD-1750A]]. O outro módulo, chamado de "módulo de propulsão", aloja os propulsores e os tanques de propelente.
==Sonda==


Para o desenvolvimento e construção da sonda, foram gastos US$ 154 milhões, para o lançamento mais US$ 65 milhões, e paras as operações em terra e análise de dados foram gastos mais US$ 20 milhões por ano.<ref name=":1" />
Na sua forma geral, a '''Mars Global Surveyor''' é um retângulo com dois painéis tipo asa em posições opostas. A sua massa vazia é de cerca de 770 [[Kg]], sendo que na altura do seu lançamento e com o [[combustível]] necessário à missão a sonda pesava cerca de 1050 Kg. O corpo da sonda é constituído por duas partes distintas: uma seção de instrumentos e outra de propulsão, onde estão alojados os foguetes e os tanques de combustível. A sonda está equipada com seis instrumentos científicos distintos: Uma '''câmara de alta resolução''', um '''[[espectrômetro]] de emissão térmica''', um '''[[altímetro]] [[laser]]''', um '''[[reflectrômetro]] de [[eléctron]]s''', um '''oscilador ultra-estável''' e um sistema de '''retransmissão rádio'''.


== Instrumentos científicos ==
[[Imagem:PIA02820.jpg|right|thumb|Levantamento topográfico de Marte realizado pela sonda norte-americana ''Mars Global Surveyor'' (NASA)]]
A sonda contava com cinco instrumentos científicos, eram estes:
* A '''Mars Orbiter Camera''' ('''MOC'''), uma câmera para fotografar imagens em alta resolução da superfície do planeta;
* O '''Mars Orbiter Laser Altimeter''' ('''MOLA'''), um altímetro a laser;
* O '''Thermal Emission Spectrometer''' ('''TES'''), um [[Espectrômetro|espectômetro]] de emissões térmicas;
* Um [[Magnetómetro|magnetômetro]] e um reflectômetro eletrônico ('''MAG'''/'''ER''');
* O '''Ultrastable Oscillator''' ('''USO'''/'''RS'''), um oscilador ultra-estável para medições do [[efeito Doppler]];
* A '''Mars Relay''' ('''MR'''), uma antena para retransmitir dados.
A câmera Mars Orbiter Camera (MOC) possuía três configurações:
* A de ângulo estreito, que fotografava imagens em preto e branco de alta resolução (geralmente de 1,5 a 12 metros por pixel);
* A de ângulo maior, que fotografava imagens vermelhas e azuis para o contexto (240 metros por pixel) e imagens globais diárias (7,5 km por pixel).


=== '''Mars Orbiter Camera''' ===
==Resultados==
A MOC registrou mais de 240,000 imagens abrangendo porções de 4,8 anos marcianos, de setembro de 1997 e novembro de 2006. Uma imagem de alta resolução da MOC cobria uma distância de 1,5 ou 3,1 km de comprimento. Muitas vezes, uma imagem era menor que este tamanho pois era recortada para exibir apenas uma determinada área. As imagens de alta resolução podiam cobrir características de 3 a 10 km de comprimento. Quando uma imagem de alta resolução era registrada, uma imagem de contexto também era registrada. A imagem de contexto exibia os rastros da imagem de alta resolução. Imagens de contexto possuíam tipicamente 115,2 km² com resolução de 240 metros por pixel.<ref>{{Citar web|url=http://www.msss.com/all_projects/mgs-mars-orbiter-camera.php|titulo=Malin Space Science Systems - Mars Global Surveyor (MGS) Mars Orbiter Camera (MOC)|acessodata=2017-04-05|obra=www.msss.com}}</ref>


=== '''Mars Relay''' ===
A sonda encontra-se hoje na sua missão secundária que se iniciou em [[2001]], tendo entretanto realizado um levantamento topográfico global da superfície marciana e descoberto evidências de que a superfície marciana possuiu, em tempos remotos, massas de água que deixaram a sua marca sob a forma de erosão de estruturas geológicas, como por exemplo na criação de canais.
A antena Mars Relay auxiliou os rovers da missão [[Mars Exploration Rovers]] para retransmissão de dados de volta à Terra em conjunto com o buffer de memória de 12 MB da Mars Orbiter Camera. No total, mais de 7,6 [[Gigabit|gigabits]] de dados foram transferidos dessa forma.


== Lançamento e inserção orbital ==
Em 2005 encontrava-se em órbita do planeta Marte simultaneamente com outras missões três da NASA e da [[ESA]] ([[Mars Exploration Rovers]], [[Mars Odyssey]] e [[Mars Express]]) e em breve verá chegar outra missão (a [[Mars Reconnaissance Orbiter]]). Marte terá então, uma autêntica [[flotilha]] de sondas em órbita e na superfície.
A Mars Global Surveyor foi lançada a partir da [[Estação da Força Aérea de Cabo Canaveral]], na [[Flórida]], em [[7 de novembro|07 de novembro]] de [[1996]], a bordo de um foguete [[Delta II]]. A sonda percorreu quase 750 milhões de quilômetros ao longo de uma viagem de 300 dias para chegar a Marte em [[11 de setembro]] de [[1997]].


Ao chegar a Marte, a Surveyor disparou seu propulsor principal em uma queima de 22 minutos para inserção orbital em Marte. Esta manobra reduziu a velocidade da sonda e permitiu que a gravidade do planeta a capturasse em órbita. Inicialmente, a Surveyor entrou em uma [[órbita elíptica alta]] com um [[período orbital]] de 45 horas. A órbita tinha um perigeu de 262 km acima do hemisfério norte, e um apogeu de 54,026 km acima do hemisfério sul do planeta.
Participou e participa em missões de esclarecimento e acompanhamento de outras sondas (realizou levantamentos fotográficos intensos na procura das missões falhadas do Europeu [[Beagle]] que acompanhava a Mars Express e da [[Mars Polar Lander]]). Obteve, pela primeira vez, imagens de outras sondas em órbita do mesmo planeta quando em Abril de 2005 fotografou a [[Mars Express]] e mais tarde a [[Mars Odyssey]].


=== Aerofrenagem ===
Após a inserção orbital, a Surveyor realizou uma série de mudanças de órbita para reduzir o perigeu de sua órbita para as camadas superiores da atmosfera marciana a uma altitude de cerca de 110 km. Durante cada passagem atmosférica, a sonda tinha sua velocidade reduzida em uma pequena quantidade devido ao arrastro atmosférico. A densidade da atmosfera marciana em tais altitudes é comparativamente baixa, permitindo que este procedimento seja realizado sem danos à sonda. Esta redução de velocidade fez com que a sonda reduzisse o apogeu de sua órbita. A Surveyor utilizou esta técnica de aerofrenagem durante um período de quatro meses para reduzir o apogeu de sua órbita de 54,000 quilômetros, a altitudes próximas dos 450 quilômetros.

Em 11 de outubro de 1997, a equipe de voo realizou uma manobra para elevar a altitude do perigeu para fora da atmosfera marciana. Esta suspensão da aerofrenagem foi realizada porque a pressão de ar da atmosfera causou com que um dos dois painéis solares da sonda dobrassem para trás em uma pequena quantidade. O painel em questão foi ligeiramente danificado logo após o lançamento, em novembro de 1996. A aerofrenagem foi retomada em 07 de novembro, depois que os membros da equipe de voo concluíram que a aerofrenagem era segura, desde que ocorresse a um ritmo mais suave do que o plano original da missão.

Sob o novo plano de missão, a aerofrenagem ocorreu com o perigeu da órbita a uma altitude média de 120 km, em oposição à altitude original de 110 km. Esta altitude ligeiramente mais alta resultou em uma diminuição de 66% em termos da pressão do ar sofrida pela sonda. Durante estes seis meses, a aerofrenagem reduziu o período orbital da sonda para entre 12 e 6 horas.

De maio a novembro de 1998, a aerofrenagem foi temporariamente suspensa para permitir que a órbita de deriva se colocasse na posição adequada em relação ao Sol. Sem este hiato, a sonda iria completar a aerofrenagem com sua órbita na orientação solar errada. A fim de maximizar a eficiência da missão, esses seis meses foram dedicados a coletar o máximo de dados científicos possível. Os dados foram coletados entre duas e quatro vezes ao dia, no perigeu de cada órbita.

Finalmente, de novembro de 1998 a março de 1999, a aerofrenagem continuou e reduziu o apogeu da órbita até 450 km. A essa altura, a Surveyor orbitava Marte uma vez a cada duas horas. A aerofrenagem foi programada para terminar ao mesmo tempo em que a órbita de deriva se colocasse em sua posição apropriada em relação ao Sol. Na orientação desejada para operações de mapeamento, a sonda cruzava o equador do lado do dia às 14:00 (horário local de Marte), movendo-se do sul para o norte. Esta geometria foi selecionada para aumentar a qualidade total do retorno de dados científicos.

== Resultados da missão ==

=== Mapeamento ===
A sonda orbitava Marte uma vez a cada 117,65 minutos a uma altitude média de 378 km, em uma órbita polar próxima (inclinação de 93 graus), que é quase perfeitamente circular, movendo-se de do pólo sul ao pólo norte em apenas uma hora. A altitude foi escolhida para tornar a [[Órbita heliossíncrona|órbita hélio-síncrona]], de modo com que todas as imagens que foram fotografadas pela sonda da mesma área da superfície em diferentes datas fossem fotografadas em condições de iluminação idênticas. Após cada órbita, a sonda orbitava o planeta 28,62 graus para o oeste, pois Marte já havia rotacionado por baixo dela. Com esse efeito, era sempre 14:00 para a sonda, já que ela se movia de um fuso horário para o outro exatamente tão rápido quanto o Sol. Após sete sols e 88 órbitas, a sonda se aproximava de seu trajeto precedente, com um desvio de 59 km a leste. Isto assegurou a eventual cobertura total de toda a superfície.

Em sua missão prolongada, a Surveyor fez muito mais do que estudar o planeta diretamente abaixo dela. Comumente executou manobras de rotações e elevações para adquirir imagens de sua posição no [[nadir]]. As manobras de rotação, denominadas de ROTOs (Roll Only Targeting Opportunities), rotacionavam a sonda à esquerda ou à direita da sua posição terrestre para fotografar até 30° do nadir. Era possível que uma manobra de elevação fosse adicionada para compensar o movimento relativo entre a espaçonave e o planeta. Esta era denominada de CPROTO (Compensation Pitch Roll Targeting Opportunity), e permitiu algumas imagens de alta resolução por parte da MOC (Mars Orbiting Camera).

Além disso, a sonda poderia fotografar outras sondas em órbita e as [[Satélites de Marte|luas de Marte]]. Em 1998, a imagem número 55,103 da MOC, ganhou destaque por exibir um monólito em [[Fobos (satélite)|Fobos]], uma das duas luas de Marte. A imagem posteriormente ganhou o nome de "[[Monólito de Fobos]]". 

Depois de analisar centenas de imagens de alta resolução da superfície marciana fotografadas pela sonda, uma equipe de pesquisadores descobriu que a meteorização e os ventos do planeta criam formas de relevo, especialmente [[Duna|dunas de areia]], notavelmente semelhantes às de alguns desertos na [[Terra]].

Os resultados da missão principal da Mars Global Surveyor (de 1996 até 2001) foram publicados no [[Journal of Geophysical Research]] de [[Michael C. Malin]] e K. Edgett. Algumas dessas descobertas são:
* Descobriu-se que o planeta possuí uma crosta em camadas a profundidades de 10 km ou mais. Para produzir tais camadas, grandes quantidades de material tiveram de ser resistidas, transportadas e depositadas.
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Ficheiro:Layers in a crater in Arabia.JPG|Camadas em uma velha cratera na região de [[Arabia Terra]]. As camadas podem formar-se dos vulcões, do vento, ou pela deposição sob a água. As crateras à esquerda são [[Cratera em pedestal|crateras em pedestal]]. Imagem fotografada pela Mars Global Surveyor.
Ficheiro:Schiaparelli basin crater.jpg|Camadas na cratera encontrada dentro da bacia da [[Schiaparelli (cratera marciana)|Cratera Schiaparelli]], região do [[Quadrângulo de Sinus Sabaeus]]. Imagem fotografada pela Mars Global Surveyor.
Ficheiro:Layers in Monument Valley.jpg|Camadas em [[Monument Valley]], [[Arizona]], [[Estados Unidos]]. Estas camadas são aceitas como tendo sido formadas, ao menos em parte, pela deposição de água. Uma vez que Marte contém camadas semelhantes, a água permanece como uma das principais causas de camadas em Marte. Imagem fotografada pela Mars Global Surveyor.
Ficheiro:Buttes and layers in Aeolis.jpg|Pequenos morros e camadas localizadas no [[Quadrângulo de Aeolis]]. Imagem fotografada pela Mars Global Surveyor.
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* O hemisfério norte, provavelmente, possuí mais crateras que o hemisfério sul, mas as crateras são cobertas, em sua maior parte.
* Muitas características, como crateras de impacto, foram cobertas e, em seguida, descobertas recentemente.
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Ficheiro:Exhumed crater in Noachis.JPG|Cratera que foi coberta em outra era e agora está sendo descoberta pela erosão, na região do [[Quadrângulo de Noachis]]. Imagem fotografada pela Mars Global Surveyor.
Ficheiro:Exhumed Lava Flows.jpg|Fluxos de lava que já foram cobertos, e agora estão sendo expostos. Imagem fotografada pela Mars Global Surveyor.
Ficheiro:Exhumed Crater.jpg|Cratera que foi coberta em outra era e agora está sendo descoberta pela erosão. Imagem fotografada pela Mars Global Surveyor.
Ficheiro:Exhumed Craters.jpg|Um grupo de crateras parcialmente exposto. Região do [[Quadrângulo de Cebrenia]]. Imagem fotografada pela Mars Global Surveyor.
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* Foi descoberto que centenas de ravinas foram formadas a partir de água líquida, possível nos últimos tempos.
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Ficheiro:Gully in Phaethontis.jpg|Grupo de ravinas na parede norte de uma cratera que se encontra a oeste da cratera Newton (41.3047 graus de latitude sul, 192.89 longitude leste), na região do [[Quadrângulo de Phaethontis]]. Imagem fotografada pela Mars Global Surveyor.
Ficheiro:Gullies and tongue-shaped glacier.jpg|Ravinas em uma cratera ao norte da [[Kepler (cratera marciana)|cratera Kepler]], na região do [[Quadrângulo de Eridania]]. Além disso, os recursos que podem ser restos de geleiras antigas estão presentes. Um, à direita, tem a forma de uma língua. Imagem fotografada pela Mars Global Surveyor.
Ficheiro:Kaiser Gullies.JPG|Ravinas em uma parede da [[Kaiser (cratera)|cratera Kaiser]], região do [[Quadrângulo de Noachis]]. Geralmente, ravinas são encontrados em apenas uma parede de uma cratera. Imagem fotografada pela Mars Global Surveyor.
Ficheiro:Gullies in Gorgonum.jpg|Imagem colorida de ravinas na parede do conjunto de cânions [[Gorgonum Chaos]], na região do [[Quadrângulo de Phaethontis]]. Imagem fotografada pela Mars Global Surveyor.
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* Grandes áreas de Marte são cobertas por um manto, exceto as encostas mais íngremes. O manto é às vezes liso, às vezes acidentado. Alguns acreditam que os poços são devido ao escape da água através da sublimação (gelo que muda diretamente a um vapor) do gelo enterrado.
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Ficheiro:Phaethontis surface.JPG|Imagem da superfície do [[Quadrângulo de Phaethontis]]. Acredita-se que os poços foram causados ​​pelo gelo enterrado que se transformava em gás. Imagem fotografada pela Mars Global Surveyor.
Ficheiro:Mantle on Cliff.JPG|O manto cobre a maior parte dessa área. Observe a ausência de rochas na face do penhasco. Uma área que mostra as bordas do manto é circundada. Região do [[Quadrângulo de Ismenius Lacus]]. Imagem fotografada pela Mars Global Surveyor.
Ficheiro:Mantle material from MGS.jpg|Material do manto. Imagem fotografada pela Mars Global Surveyor.
Ficheiro:Steep cliff in Ismenius Lacus taken with MGS.JPG|Penhasco íngreme com um manto liso cobrindo sua face. Região do [[Quadrângulo de Ismenius Lacus]]. Imagem fotografada pela Mars Global Surveyor.
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* Algumas áreas são cobertas por materiais ricos em hematite. A hematita poderia ter sido colocads no lugar por água líquida no passado.
* Rastros escuros foram encontrados, acredita-se que são causados por redemoinhos de poeiras gigantes. Observou-se que os rastros de poeira desses redemoinhos mudaram frequêntemente, alguns mudaram em apenas um mês.
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Ficheiro:Dust devil tracks in Eridania.JPG|Padrão de rastros grandes e pequenos feitos por redemoinhos de poeira gigantes. Região do [[Quadrângulo de Eridania]]. Imagem fotografada pela Mars Global Surveyor.
Ficheiro:Kepler Crater.JPG|Rastros de redemoinhos de poeira gigantes na [[Kepler (cratera marciana)|cratera Kepler]], região do [[Quadrângulo de Eridania]]. Imagem fotografada pela Mars Global Surveyor.
Ficheiro:Dust Devil with Labels.JPG|Um redemoinho de poeira gigante. Imagem fotografada pela Mars Global Surveyor.
Ficheiro:Dust Devil with Shadow.JPG|Um redemoinho de poeira gigante e sua sombra, região do [[Quadrângulo de Cebrenia]]. Imagem fotografada pela Mars Global Surveyor.
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* A calota residual do pólo sul possuí uma textura semelhante ao queijo suíço. Os buracos são geralmente alguns metros de profundidade. Os buracos ficam maiores a cada ano, então esta região ou o hemisfério pode estar aquecendo. As alegações de que isso representa uma tendência global, no entanto, são supressão de evidências de dados regionais contra o conjunto de dados planetário, e resultados da MOC contra os resultados do TES e de dados de rádio.
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Ficheiro:South pole changes in two year period.JPG|Mudanças em buracos localizados no pólo sul, em observações de 1999 a 2001. Observe como os buracos cresceram nos dois anos. Imagem fotografada pela Mars Global Surveyor.
Ficheiro:Swiss Cheese in South.JPG|Terreno com textura similar ao do queijo suíço. A maior ondulação nessa imagem possuí 4 metros de altura. Imagem fotografada pela Mars Global Surveyor.
Ficheiro:Swiss Cheese Layers.JPG|Camadas em um terreno. Há uma camada superior brilhante e uma camada inferior mais escura. Imagem fotografada pela Mars Global Surveyor.
Ficheiro:Swiss Cheese Terrain close-up.JPG|Buracos em um terreno. O padrão poligonal provavelmente foi formado por depressões rasas. Imagem fotografada pela Mars Global Surveyor.
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* Observações do Thermal Emission Spectrometer em [[Radiação infravermelha|infravermelho]] para estudos atmosféricos e [[mineralogia]], descobriram que o clima planetário de Marte se esfriou desde o [[programa Viking]], e quase toda a superfície de Marte está coberta de [[rocha vulcânica]].
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Ficheiro:Cerauniustholus.jpg|[[Ceraunius Tholus]], um dos muitos vulcões encontrados em Marte. Imagem fotografada pela Mars Global Surveyor.
Ficheiro:LavaFlows from MGS.JPG|Fluxos de lava no [[Quadrângulo de Tharsis]]. Imagem fotografada pela Mars Global Surveyor.
Ficheiro:Young and Old Lava Flows.JPG|A imagem mostra os fluxos novos e velhos de lava na base do [[Monte Olimpo (Marte)|Monte Olimpo]]. A planície plana é o fluxo mais jovem. O fluxo mais antigo tem canais com diques ao longo de suas bordas. A presença de diques é bastante comum em muitos fluxos de lava. Imagem fotografada pela Mars Global Surveyor.
Ficheiro:Small Volcano mgs.jpg|Pequeno vulcão localizado no [[Quadrângulo de Phoenicis Lacus]]. A imagem cobre uma distância de 3,1 km. Imagem fotografada pela Mars Global Surveyor.
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* Centenas de pedras de tamanho natural foram encontradas em algumas áreas. Isso indica que alguns materiais são suficientemente fortes para se manterem juntos, mesmo quando se movem para baixo. A maioria dos pedregulhos apareceu em regiões vulcânicas, então eles foram provavelmente de intemperismo de fluxos de lava.
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Ficheiro:Boulders from MGS.JPG|Pedregulhos de tamanho natural estão espalhados por toda esta imagem. Imagem fotografada pela Mars Global Surveyor.
Ficheiro:Boulders near Volcano.JPG|Estas pedras estão perto de [[Ascraeus Mons]], um vulcão marciano. Vulcões em Marte provavelmente formam rochas duras compostas de basalto que é resistente à erosão no ambiente atual de Marte. Imagem fotografada pela Mars Global Surveyor.
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* Foram observadas milhares de faixas de inclinação escura . A maioria dos cientistas acredita que eles resultam de avalanchas de poeira. No entanto, alguns pesquisadores acreditam que a água pode estar envolvida.
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Ficheiro:Changes in Slope Streaks.JPG|Muitas faixas sofreram mudanças durante os muitos anos que a Surveyor operou. Imagem fotografada pela Mars Global Surveyor.
Ficheiro:Dark streaks in Diacria.JPG|Faixas escuras localizadas no [[Quadrângulo de Diacria]]. Imagem fotografada pela Mars Global Surveyor.
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=== Descoberta de água em gelo em Marte ===
Em [[6 de dezembro|06 de dezembro]] de [[2006]] a NASA lançou fotos de duas crateras, em [[Terra Sirenum]] e [[Centauri Montes]], que parecem mostrar a presença de água corrente em Marte em algum ponto entre [[1999]] e [[2001]]. 

Centenas de ravinas foram descobertas que foram formadas a partir de água líquida, possível nos últimos tempos. Estas ravinas ocorrem em declives íngremes e principalmente em certas bandas de latitude. 

Alguns canais em Marte exibiram canais internos que sugerem fluxos de fluido sustentados. O mais conhecido é o de [[Nanedi Valles]] . Outro foi encontrado em [[Nirgal Vallis]].

== Perda de contato ==
Em 02 de novembro de 2006, a NASA perdeu o contato com a sonda após comandá-la para ajustar seus painéis solares. Vários dias se passaram antes que um sinal fraco fosse recebido indicando que a espaçonave tinha entrado no [[Modo de segurança (espaçonave)|modo de segurança]] e estava aguardando mais instruções. 

Em 20 de novembro de 2006, a sonda [[Mars Reconnaissance Orbiter]] tentou fotografar a Mars Global Surveyor para verificar a orientação da espaçonave. O esforço foi malsucedido.

Em 21 e 22 de novembro de 2006, a sonda falhou em retransmitir comunicações ao rover [[Opportunity (sonda)|Opportunity]] na superfície de Marte. Em resposta a esta complicação, Fuk Li, o gerente da missão Mars Exploration Program, declarou: ''"Realisticamente, nós funcionamos através das possibilidades mais prováveis para a comunicação restabelecer, e nós estamos enfrentando a probabilidade de que a incrível fluxo de observações científicas da Mars Global Surveyor é longo."'' 

Em 13 de abril de 2007, a NASA anunciou que a perda de contato foi causada por uma falha em uma atualização de parâmetros para o software do sistema da sonda.  A Surveyor foi projetada para armazenar duas cópias idênticas do software do sistema para redundância e verificação de erros. As atualizações subsequentes ao software encontraram um erro humano quando dois operadores independentes atualizaram cópias separadas com diferentes parâmetros. Isto foi seguido por uma atualização corretiva que inadvertidamente incluiu uma falha de memória que resultou na perda da sonda.
: Anteriormente, em novembro de 2005, dois operadores tinham mudado sem saber, o mesmo parâmetro em cópias separadas do software do sistema. Cada operador tinha usado uma precisão ligeiramente diferente ao inserir um parâmetro, o que resultou em uma diferença pequena mas significativa nas duas cópias. Uma leitura posterior da memória revelou essa inconsistência para a equipe da missão.
: Para corrigir o erro, uma atualização foi elaborada em junho de 2006. No entanto, dois [[Endereço (memória)|endereços de memória]] foram manipulados incorretamente na atualização, o que poderia permitir que os valores sejam escritos nos endereços de memória incorretos e que geraria complicações adicionais a missão. Cinco meses mais tarde, os endereços de memória problemáticos foram solicitados, oque resultou nos painéis solares imóveis. A complicação levou a sonda a diagnosticar incorretamente uma falha de um motor de redirecionamento, fazendo com que a espaçonave girasse para permitir que os painéis solares imóveis apontasse para o Sol. No entanto, nesta posição, a bateria utilizável restante também foi direcionada para o Sol, resultando no sobreaquecimento da bateria e eventualmente falhando. A nave espacial subsequentemente entrou em modo de segurança e o contato com a espaçonave foi perdido. 
Originalmente, a sonda estava destinada a observar Marte durante um ano marciano (aproximadamente 2 anos terrestres). No entanto, com base na vasta quantidade de dados científicos valiosos retornados, a [[NASA]] estendeu a missão três vezes. A Surveyor permanece em uma órbita circular quase-polar estável em aproximadamente 450 quilômetros de altitude, e baterá na superfície do planeta em aproximadamente 2047.

== Galeria de imagens ==
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Ficheiro:Mars Global Surveyor 1.jpg|Imagem de possíveis [[Aranhas marcianas|gêiseres]] de [[dióxido de carbono]], fotografados pela Mars Global Surveyor em [[16 de outubro]] de [[2000]].
Ficheiro:M1501228a.jpg|Superfície de Marte. Imagem fotografada pela Mars Global Surveyor.
Ficheiro:M1501228b.jpg|Superfície de Marte. Imagem fotografada pela Mars Global Surveyor.
Ficheiro:Moc2 166a msss.gif|Superfície de Marte, [[10 de agosto]] de [[1999]]. Imagem fotografada pela Mars Global Surveyor.
Ficheiro:Cratere Bonneville Rover Spirit.gif|Paraquedas, aterrissador, trilhas e o rover [[Spirit (sonda)|Spirit]]. Imagem fotografada pela Mars Global Surveyor.
Ficheiro:PIA07944 fig1.jpg|Sonda [[Mars Express]] fotografada pela Surveyor, [[20 de abril]] de [[2005]].
Ficheiro:Mgs odyssey.gif|Sonda [[2001 Mars Odyssey]] fotografada pela Surveyor, [[21 de abril]] de [[2005]].
Ficheiro:Delta on Mars.jpg|A imagem provavelmente é de um delta que se formou em um lago enorme. A área é de grande interesse para os geólogos. Evidências da vida microbiana do passado podem ser encontradas neste local. Imagem fotografada pela Mars Global Surveyor.
Ficheiro:Pavonis Mons mgs.jpg|Imagem do vulcão [[Pavonis Mons]], região do [[Quadrângulo de Tharsis]]. Imagem fotografada pela Mars Global Surveyor.
Ficheiro:Monolith55103h-crop.jpg|O [[Monólito de Fobos]] (direita, ao centro), fotografada pela Mars Global Surveyor (MOC Image 55103) em [[1998]]. Imagem fotografada pela Mars Global Surveyor.
Ficheiro:Phobos moon (large).jpg|[[Fobos (satélite)|Fobos]], em [[01 de junho]] de [[2003]]. Imagem fotografada pela Mars Global Surveyor.
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== Ver também ==
* [[2001 Mars Odyssey]]
* [[MAVEN]]
* [[Mars Express]]
* [[Mars Orbiter Mission]]
* [[Mars Reconnaissance Orbiter]]
* [[Exploração de Marte]]

== Ligações externas ==
* [https://mars.nasa.gov/mgs/ Mars Global Surveyor - NASA]
* [https://www.nasa.gov/mission_pages/mgs/ Mars Global Surveyor - NASA]
{{Referências}}
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{{Sondas do Sistema Solar}}

Revisão das 22h13min de 5 de abril de 2017

Mars Global Surveyor

Renderização artística da sonda em órbita de Marte.
Tipo Orbitador
Operador(es) Estados Unidos NASA
Estados Unidos JPL
Identificação NSSDC 1996-062A
Identificação SATCAT 24648
Website mars.jpl.nasa.gov/mgs
Duração da missão 9 anos, 11 meses e 26 dias
Propriedades
Massa 1,030.5 kg
Potência elétrica 980,0 watts
Geração de energia Painéis solares fotovoltaicos
Missão
Contratante(s) Estados Unidos Boeing IDS
Veículo de lançamento Delta II 7925
Local de lançamento Estados Unidos LC-17A, Estação da Força Aérea de Cabo Canaveral
Destino Marte
Data de inserção orbital 12 de setembro de 1997, 01:17 UTC
Fim da missão 02 de novembro de 2006
Especificações orbitais
Referência orbital Areocêntrica
Excentricidade orbital 0,7126
Periastro 171,4 km
Apoastro 17,836 km
Inclinação orbital 93º
Período orbital 11,64 horas
Época 02 de novembro de 2006
Portal Astronomia


Mars Global Surveyor foi uma sonda espacial orbitadora estadunidense, destinada a explorar o planeta Marte. Desenvolvida e operada pela NASA e pela Jet Propulsion Laboratory, foi lançada em 07 de novembro de 1996 através de um foguete lançador Delta II a partir da Estação da Força Aérea de Cabo Canaveral, Flórida. A Mars Global Surveyor foi uma missão de mapeamento global que examinou todo o planeta, desde a sua ionosfera, passando através de sua atmosfera, até a sua superfície.[1]

Como parte do programa de exploração de Marte, a Mars Global Surveyor auxiliou outras sondas orbitadoras durante fases de aerofrenagem, além de auxiliar os rovers da missão Mars Exploration Rovers, identificando potenciais locais de aterrissagem e retransmitindo seus dados.[1]

A sonda completou sua missão inicial em janeiro de 2001, e durante a terceira fase de sua missão prorrogada, parou de responder as mensagens e comandos em 02 de novembro de 2006.[2][3] Três dias depois, um fraco sinal foi detectado, indicando que a sonda havia entrado em modo de segurança. Após fracassadas tentativas de resolver o problema e retomar o controle da sonda, a NASA encerrou oficialmente a missão em janeiro de 2007.

Objetivos

Durante sua missão principal, a sonda alcançou os seguintes objetivos:[4][2]

  1. Caracterizou as características superficiais e os processos geológicos de Marte.
  2. Determinou a composição, distribuição e propriedades físicas dos minerais da superfície, rochas e gelo.
  3. Determinou a topografia global, a forma do planeta e seu campo gravitacional.
  4. Estabeleceu a natureza do campo magnético e mapear o campo remanescente da crosta.
  5. Monitorou o clima global e a estrutura térmica da atmosfera.
  6. Estudou as interações entre a superfície de Marte e a atmosfera, monitorando as características da superfície, as calotas polares que se expandem e retrocedem, o balanço de energia polar, a poeira e as nuvens à medida que migram ao longo de um ciclo sazonal.

Durante sua missão prorrogada, a sonda também alcançou os seguintes objetivos:[4][2]

  1. Monitoramento contínuo do clima para formar um conjunto contínuo de observações com a Mars Reconnaissance Orbiter da NASA, que opera em Marte desde março de 2006.
  2. Imagens de possíveis locais de pouso para o aterrissador Phoenix, em 2008, e para o rover Curiosity, em 2012.
  3. Observação e análise de sítios-chave de interesse científico, tais como sítios de afloramento de rochas sedimentares.
  4. Monitoramento contínuo das mudanças na superfície devido ao vento e ao gelo.

Especificações

A sonda foi fabricada na fábrica da Lockheed Martin Astronautics em Denver. A Surveyor é uma caixa de forma retangular com painéis solares fotovoltaicos que se estendem de lados opostos. Quando totalmente carregada com propelente no momento do lançamento, a espaçonave pesava 1,060 kg.

A maior parte da massa da sonda está no módulo em forma de caixa que ocupa a parte central da espaçonave. Este módulo central é composto de outros dois módulos retangulares menores empilhados um sobre o outro, um deles é denominado de "módulo de equipamentos", e aloja a parte eletrônica da sonda, seus instrumentos científicos, e o computador de bordo MIL-STD-1750A. O outro módulo, chamado de "módulo de propulsão", aloja os propulsores e os tanques de propelente.

Para o desenvolvimento e construção da sonda, foram gastos US$ 154 milhões, para o lançamento mais US$ 65 milhões, e paras as operações em terra e análise de dados foram gastos mais US$ 20 milhões por ano.[2]

Instrumentos científicos

A sonda contava com cinco instrumentos científicos, eram estes:

  • A Mars Orbiter Camera (MOC), uma câmera para fotografar imagens em alta resolução da superfície do planeta;
  • O Mars Orbiter Laser Altimeter (MOLA), um altímetro a laser;
  • O Thermal Emission Spectrometer (TES), um espectômetro de emissões térmicas;
  • Um magnetômetro e um reflectômetro eletrônico (MAG/ER);
  • O Ultrastable Oscillator (USO/RS), um oscilador ultra-estável para medições do efeito Doppler;
  • A Mars Relay (MR), uma antena para retransmitir dados.

A câmera Mars Orbiter Camera (MOC) possuía três configurações:

  • A de ângulo estreito, que fotografava imagens em preto e branco de alta resolução (geralmente de 1,5 a 12 metros por pixel);
  • A de ângulo maior, que fotografava imagens vermelhas e azuis para o contexto (240 metros por pixel) e imagens globais diárias (7,5 km por pixel).

Mars Orbiter Camera

A MOC registrou mais de 240,000 imagens abrangendo porções de 4,8 anos marcianos, de setembro de 1997 e novembro de 2006. Uma imagem de alta resolução da MOC cobria uma distância de 1,5 ou 3,1 km de comprimento. Muitas vezes, uma imagem era menor que este tamanho pois era recortada para exibir apenas uma determinada área. As imagens de alta resolução podiam cobrir características de 3 a 10 km de comprimento. Quando uma imagem de alta resolução era registrada, uma imagem de contexto também era registrada. A imagem de contexto exibia os rastros da imagem de alta resolução. Imagens de contexto possuíam tipicamente 115,2 km² com resolução de 240 metros por pixel.[5]

Mars Relay

A antena Mars Relay auxiliou os rovers da missão Mars Exploration Rovers para retransmissão de dados de volta à Terra em conjunto com o buffer de memória de 12 MB da Mars Orbiter Camera. No total, mais de 7,6 gigabits de dados foram transferidos dessa forma.

Lançamento e inserção orbital

A Mars Global Surveyor foi lançada a partir da Estação da Força Aérea de Cabo Canaveral, na Flórida, em 07 de novembro de 1996, a bordo de um foguete Delta II. A sonda percorreu quase 750 milhões de quilômetros ao longo de uma viagem de 300 dias para chegar a Marte em 11 de setembro de 1997.

Ao chegar a Marte, a Surveyor disparou seu propulsor principal em uma queima de 22 minutos para inserção orbital em Marte. Esta manobra reduziu a velocidade da sonda e permitiu que a gravidade do planeta a capturasse em órbita. Inicialmente, a Surveyor entrou em uma órbita elíptica alta com um período orbital de 45 horas. A órbita tinha um perigeu de 262 km acima do hemisfério norte, e um apogeu de 54,026 km acima do hemisfério sul do planeta.

Aerofrenagem

Após a inserção orbital, a Surveyor realizou uma série de mudanças de órbita para reduzir o perigeu de sua órbita para as camadas superiores da atmosfera marciana a uma altitude de cerca de 110 km. Durante cada passagem atmosférica, a sonda tinha sua velocidade reduzida em uma pequena quantidade devido ao arrastro atmosférico. A densidade da atmosfera marciana em tais altitudes é comparativamente baixa, permitindo que este procedimento seja realizado sem danos à sonda. Esta redução de velocidade fez com que a sonda reduzisse o apogeu de sua órbita. A Surveyor utilizou esta técnica de aerofrenagem durante um período de quatro meses para reduzir o apogeu de sua órbita de 54,000 quilômetros, a altitudes próximas dos 450 quilômetros.

Em 11 de outubro de 1997, a equipe de voo realizou uma manobra para elevar a altitude do perigeu para fora da atmosfera marciana. Esta suspensão da aerofrenagem foi realizada porque a pressão de ar da atmosfera causou com que um dos dois painéis solares da sonda dobrassem para trás em uma pequena quantidade. O painel em questão foi ligeiramente danificado logo após o lançamento, em novembro de 1996. A aerofrenagem foi retomada em 07 de novembro, depois que os membros da equipe de voo concluíram que a aerofrenagem era segura, desde que ocorresse a um ritmo mais suave do que o plano original da missão.

Sob o novo plano de missão, a aerofrenagem ocorreu com o perigeu da órbita a uma altitude média de 120 km, em oposição à altitude original de 110 km. Esta altitude ligeiramente mais alta resultou em uma diminuição de 66% em termos da pressão do ar sofrida pela sonda. Durante estes seis meses, a aerofrenagem reduziu o período orbital da sonda para entre 12 e 6 horas.

De maio a novembro de 1998, a aerofrenagem foi temporariamente suspensa para permitir que a órbita de deriva se colocasse na posição adequada em relação ao Sol. Sem este hiato, a sonda iria completar a aerofrenagem com sua órbita na orientação solar errada. A fim de maximizar a eficiência da missão, esses seis meses foram dedicados a coletar o máximo de dados científicos possível. Os dados foram coletados entre duas e quatro vezes ao dia, no perigeu de cada órbita.

Finalmente, de novembro de 1998 a março de 1999, a aerofrenagem continuou e reduziu o apogeu da órbita até 450 km. A essa altura, a Surveyor orbitava Marte uma vez a cada duas horas. A aerofrenagem foi programada para terminar ao mesmo tempo em que a órbita de deriva se colocasse em sua posição apropriada em relação ao Sol. Na orientação desejada para operações de mapeamento, a sonda cruzava o equador do lado do dia às 14:00 (horário local de Marte), movendo-se do sul para o norte. Esta geometria foi selecionada para aumentar a qualidade total do retorno de dados científicos.

Resultados da missão

Mapeamento

A sonda orbitava Marte uma vez a cada 117,65 minutos a uma altitude média de 378 km, em uma órbita polar próxima (inclinação de 93 graus), que é quase perfeitamente circular, movendo-se de do pólo sul ao pólo norte em apenas uma hora. A altitude foi escolhida para tornar a órbita hélio-síncrona, de modo com que todas as imagens que foram fotografadas pela sonda da mesma área da superfície em diferentes datas fossem fotografadas em condições de iluminação idênticas. Após cada órbita, a sonda orbitava o planeta 28,62 graus para o oeste, pois Marte já havia rotacionado por baixo dela. Com esse efeito, era sempre 14:00 para a sonda, já que ela se movia de um fuso horário para o outro exatamente tão rápido quanto o Sol. Após sete sols e 88 órbitas, a sonda se aproximava de seu trajeto precedente, com um desvio de 59 km a leste. Isto assegurou a eventual cobertura total de toda a superfície.

Em sua missão prolongada, a Surveyor fez muito mais do que estudar o planeta diretamente abaixo dela. Comumente executou manobras de rotações e elevações para adquirir imagens de sua posição no nadir. As manobras de rotação, denominadas de ROTOs (Roll Only Targeting Opportunities), rotacionavam a sonda à esquerda ou à direita da sua posição terrestre para fotografar até 30° do nadir. Era possível que uma manobra de elevação fosse adicionada para compensar o movimento relativo entre a espaçonave e o planeta. Esta era denominada de CPROTO (Compensation Pitch Roll Targeting Opportunity), e permitiu algumas imagens de alta resolução por parte da MOC (Mars Orbiting Camera).

Além disso, a sonda poderia fotografar outras sondas em órbita e as luas de Marte. Em 1998, a imagem número 55,103 da MOC, ganhou destaque por exibir um monólito em Fobos, uma das duas luas de Marte. A imagem posteriormente ganhou o nome de "Monólito de Fobos". 

Depois de analisar centenas de imagens de alta resolução da superfície marciana fotografadas pela sonda, uma equipe de pesquisadores descobriu que a meteorização e os ventos do planeta criam formas de relevo, especialmente dunas de areia, notavelmente semelhantes às de alguns desertos na Terra.

Os resultados da missão principal da Mars Global Surveyor (de 1996 até 2001) foram publicados no Journal of Geophysical Research de Michael C. Malin e K. Edgett. Algumas dessas descobertas são:

  • Descobriu-se que o planeta possuí uma crosta em camadas a profundidades de 10 km ou mais. Para produzir tais camadas, grandes quantidades de material tiveram de ser resistidas, transportadas e depositadas.
  • O hemisfério norte, provavelmente, possuí mais crateras que o hemisfério sul, mas as crateras são cobertas, em sua maior parte.
  • Muitas características, como crateras de impacto, foram cobertas e, em seguida, descobertas recentemente.
  • Foi descoberto que centenas de ravinas foram formadas a partir de água líquida, possível nos últimos tempos.
  • Grandes áreas de Marte são cobertas por um manto, exceto as encostas mais íngremes. O manto é às vezes liso, às vezes acidentado. Alguns acreditam que os poços são devido ao escape da água através da sublimação (gelo que muda diretamente a um vapor) do gelo enterrado.
  • Algumas áreas são cobertas por materiais ricos em hematite. A hematita poderia ter sido colocads no lugar por água líquida no passado.
  • Rastros escuros foram encontrados, acredita-se que são causados por redemoinhos de poeiras gigantes. Observou-se que os rastros de poeira desses redemoinhos mudaram frequêntemente, alguns mudaram em apenas um mês.
  • A calota residual do pólo sul possuí uma textura semelhante ao queijo suíço. Os buracos são geralmente alguns metros de profundidade. Os buracos ficam maiores a cada ano, então esta região ou o hemisfério pode estar aquecendo. As alegações de que isso representa uma tendência global, no entanto, são supressão de evidências de dados regionais contra o conjunto de dados planetário, e resultados da MOC contra os resultados do TES e de dados de rádio.
  • Centenas de pedras de tamanho natural foram encontradas em algumas áreas. Isso indica que alguns materiais são suficientemente fortes para se manterem juntos, mesmo quando se movem para baixo. A maioria dos pedregulhos apareceu em regiões vulcânicas, então eles foram provavelmente de intemperismo de fluxos de lava.
  • Foram observadas milhares de faixas de inclinação escura . A maioria dos cientistas acredita que eles resultam de avalanchas de poeira. No entanto, alguns pesquisadores acreditam que a água pode estar envolvida.

Descoberta de água em gelo em Marte

Em 06 de dezembro de 2006 a NASA lançou fotos de duas crateras, em Terra Sirenum e Centauri Montes, que parecem mostrar a presença de água corrente em Marte em algum ponto entre 1999 e 2001

Centenas de ravinas foram descobertas que foram formadas a partir de água líquida, possível nos últimos tempos. Estas ravinas ocorrem em declives íngremes e principalmente em certas bandas de latitude. 

Alguns canais em Marte exibiram canais internos que sugerem fluxos de fluido sustentados. O mais conhecido é o de Nanedi Valles . Outro foi encontrado em Nirgal Vallis.

Perda de contato

Em 02 de novembro de 2006, a NASA perdeu o contato com a sonda após comandá-la para ajustar seus painéis solares. Vários dias se passaram antes que um sinal fraco fosse recebido indicando que a espaçonave tinha entrado no modo de segurança e estava aguardando mais instruções. 

Em 20 de novembro de 2006, a sonda Mars Reconnaissance Orbiter tentou fotografar a Mars Global Surveyor para verificar a orientação da espaçonave. O esforço foi malsucedido.

Em 21 e 22 de novembro de 2006, a sonda falhou em retransmitir comunicações ao rover Opportunity na superfície de Marte. Em resposta a esta complicação, Fuk Li, o gerente da missão Mars Exploration Program, declarou: "Realisticamente, nós funcionamos através das possibilidades mais prováveis para a comunicação restabelecer, e nós estamos enfrentando a probabilidade de que a incrível fluxo de observações científicas da Mars Global Surveyor é longo." 

Em 13 de abril de 2007, a NASA anunciou que a perda de contato foi causada por uma falha em uma atualização de parâmetros para o software do sistema da sonda.  A Surveyor foi projetada para armazenar duas cópias idênticas do software do sistema para redundância e verificação de erros. As atualizações subsequentes ao software encontraram um erro humano quando dois operadores independentes atualizaram cópias separadas com diferentes parâmetros. Isto foi seguido por uma atualização corretiva que inadvertidamente incluiu uma falha de memória que resultou na perda da sonda.

Anteriormente, em novembro de 2005, dois operadores tinham mudado sem saber, o mesmo parâmetro em cópias separadas do software do sistema. Cada operador tinha usado uma precisão ligeiramente diferente ao inserir um parâmetro, o que resultou em uma diferença pequena mas significativa nas duas cópias. Uma leitura posterior da memória revelou essa inconsistência para a equipe da missão.
Para corrigir o erro, uma atualização foi elaborada em junho de 2006. No entanto, dois endereços de memória foram manipulados incorretamente na atualização, o que poderia permitir que os valores sejam escritos nos endereços de memória incorretos e que geraria complicações adicionais a missão. Cinco meses mais tarde, os endereços de memória problemáticos foram solicitados, oque resultou nos painéis solares imóveis. A complicação levou a sonda a diagnosticar incorretamente uma falha de um motor de redirecionamento, fazendo com que a espaçonave girasse para permitir que os painéis solares imóveis apontasse para o Sol. No entanto, nesta posição, a bateria utilizável restante também foi direcionada para o Sol, resultando no sobreaquecimento da bateria e eventualmente falhando. A nave espacial subsequentemente entrou em modo de segurança e o contato com a espaçonave foi perdido. 

Originalmente, a sonda estava destinada a observar Marte durante um ano marciano (aproximadamente 2 anos terrestres). No entanto, com base na vasta quantidade de dados científicos valiosos retornados, a NASA estendeu a missão três vezes. A Surveyor permanece em uma órbita circular quase-polar estável em aproximadamente 450 quilômetros de altitude, e baterá na superfície do planeta em aproximadamente 2047.

Galeria de imagens

Ver também

Ligações externas

Referências

  1. a b «Mars Global Surveyor: Science». mars.jpl.nasa.gov. Consultado em 5 de abril de 2017 
  2. a b c d «NASA - NSSDCA - Spacecraft - Details». nssdc.gsfc.nasa.gov. Consultado em 5 de abril de 2017 
  3. «Mars Global Surveyor: A New Generation of Space Probes». Space.com 
  4. a b «Mars Global Surveyor: Science». mars.jpl.nasa.gov. Consultado em 5 de abril de 2017 
  5. «Malin Space Science Systems - Mars Global Surveyor (MGS) Mars Orbiter Camera (MOC)». www.msss.com. Consultado em 5 de abril de 2017