Escola de Sagres: diferenças entre revisões

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Pontuação!!!
m Foram revertidas as edições de 177.13.249.6 por fazer testes nos artigos (usando Huggle) (3.1.22)
Linha 7: Linha 7:
De acordo com os cronistas da época, largavam todos os anos dois ou três navios para as descobertas. O primeiro a mencionar a existência de uma escola foi o historiador inglês [[Samuel Purchas]] no século XVII, embora já antes Damião de Góis aludisse à ideia de uma Escola patrocinada pelo Infante. O mito foi depois consolidado por historiadores portugueses e [[Inglaterra|ingleses]].
De acordo com os cronistas da época, largavam todos os anos dois ou três navios para as descobertas. O primeiro a mencionar a existência de uma escola foi o historiador inglês [[Samuel Purchas]] no século XVII, embora já antes Damião de Góis aludisse à ideia de uma Escola patrocinada pelo Infante. O mito foi depois consolidado por historiadores portugueses e [[Inglaterra|ingleses]].


== Primeiros resultados. ==
== Primeiros resultados ==
E surgem logo os primeiros resultados: [[Gonçalves Zarco]] atinge [[Porto Santo]] (1419) e a [[Ilha da Madeira]] (1420), [[Diogo de Silves]] a ilha açoriana de [[Ilha de Santa Maria|Santa Maria]] (1427) e só em [[1434]] [[Gil Eanes]] ultrapassa o [[cabo Bojador]] . Isso representa doze anos para avançar as duzentas milhas que separam o [[cabo Não]] do [[cabo Bojador]].
E surgem logo os primeiros resultados: [[Gonçalves Zarco]] atinge [[Porto Santo]] (1419) e a [[Ilha da Madeira]] (1420), [[Diogo de Silves]] a ilha açoriana de [[Ilha de Santa Maria|Santa Maria]] (1427) e só em [[1434]] [[Gil Eanes]] ultrapassa o [[cabo Bojador]] . Isso representa doze anos para avançar as duzentas milhas que separam o [[cabo Não]] do [[cabo Bojador]].


Linha 16: Linha 16:
A Escola de Sagres nunca foi uma entidade de fato. Suas origens remontam à [[Ordem dos Templários]]. Com a perseguição e massacre promovido contra seus membros, nos séculos XIII e XIV os remanescentes foram acolhidos por Portugal e fundaram a [[Ordem de Cristo|Ordem dos Cavaleiros de Nosso Senhor Jesus Cristo]] ou [[Ordem de Cristo]], da qual faz parte D. Henrique, filho do Rei português. Sob a sua bandeira obtinham proteção os judeus, árabes e outros intelectuais perseguidos pela inquisição européia, sendo que entre estes encontravam-se cartógrafos e navegadores de renome.
A Escola de Sagres nunca foi uma entidade de fato. Suas origens remontam à [[Ordem dos Templários]]. Com a perseguição e massacre promovido contra seus membros, nos séculos XIII e XIV os remanescentes foram acolhidos por Portugal e fundaram a [[Ordem de Cristo|Ordem dos Cavaleiros de Nosso Senhor Jesus Cristo]] ou [[Ordem de Cristo]], da qual faz parte D. Henrique, filho do Rei português. Sob a sua bandeira obtinham proteção os judeus, árabes e outros intelectuais perseguidos pela inquisição européia, sendo que entre estes encontravam-se cartógrafos e navegadores de renome.


== Era dos Descobrimentos. ==
== Era dos Descobrimentos ==
O sonho de alcançar o Oriente pelo mar ficou mais próximo quando o filho do rei D. João I, o infante D. Henrique, interessou-se pelo projeto. Embora nunca tivesse navegado, D. Henrique ficou conhecido como "o Navegador" por causa do apoio que deu à expansão marítima portuguesa. No [[Cabo de São Vicente]], na região do [[Algarve]], acolhia estudiosos da Europa e de fora dela: cristãos, muçulmanos e judeus que se interessavam por navegação, mapas e construção de embarcações. Esse grupo ficou conhecido como Escola de Sagres e foi muito importante no aperfeiçoamento de instrumentos como o [[astrolábio]] e a [[balestilha]] (já usados pelos árabes), e na construção das caravelas.
O sonho de alcançar o Oriente pelo mar ficou mais próximo quando o filho do rei D. João I, o infante D. Henrique, interessou-se pelo projeto. Embora nunca tivesse navegado, D. Henrique ficou conhecido como "o Navegador" por causa do apoio que deu à expansão marítima portuguesa. No [[Cabo de São Vicente]], na região do [[Algarve]], acolhia estudiosos da Europa e de fora dela: cristãos, muçulmanos e judeus que se interessavam por navegação, mapas e construção de embarcações. Esse grupo ficou conhecido como Escola de Sagres e foi muito importante no aperfeiçoamento de instrumentos como o [[astrolábio]] e a [[balestilha]] (já usados pelos árabes), e na construção das caravelas.


Linha 27: Linha 27:
Como corolário destas viagens de exploração, Vasco da Gama [[Descoberta do caminho marítimo para a Índia|descobre o caminho marítimo para a Índia]] em [[1497]]/[[1499]].
Como corolário destas viagens de exploração, Vasco da Gama [[Descoberta do caminho marítimo para a Índia|descobre o caminho marítimo para a Índia]] em [[1497]]/[[1499]].


== Ver também. ==
== Ver também ==
* [[Ciência Náutica Portuguesa]]
* [[Ciência Náutica Portuguesa]]
* [[Técnicas de Marinharia]]
* [[Técnicas de Marinharia]]
* [[Cronologia dos descobrimentos portugueses]]
* [[Cronologia dos descobrimentos portugueses]]


== Notas. ==
== Notas ==
{{Note label2|a}}À semelhança de outros estudiosos, em 2008, o historiador brasileiro [[Fábio Pestana Ramos]] defendeu a ideia da não existência da Escola de Sagres, afirmando que não existem documentos de época que comprovem sua existência no livro.<ref>[[Fábio Pestana Ramos|Ramos, Fábio Pestana]]. ''Por mares nunca dantes navegados: a aventura dos Descobrimentos''. São Paulo: Contexto, 2008. ISBN 978-85-7244-412-5</ref><ref>[http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1364441 Historiador Pestana Ramos nega existência da Escola de Sagres]</ref>
{{Note label2|a}}À semelhança de outros estudiosos, em 2008, o historiador brasileiro [[Fábio Pestana Ramos]] defendeu a ideia da não existência da Escola de Sagres, afirmando que não existem documentos de época que comprovem sua existência no livro.<ref>[[Fábio Pestana Ramos|Ramos, Fábio Pestana]]. ''Por mares nunca dantes navegados: a aventura dos Descobrimentos''. São Paulo: Contexto, 2008. ISBN 978-85-7244-412-5</ref><ref>[http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1364441 Historiador Pestana Ramos nega existência da Escola de Sagres]</ref>



Revisão das 14h00min de 10 de maio de 2017

Rosa dos ventos da fortaleza de Sagres, no Algarve, Portugal.

A Escola de Sagres constitui um dos grandes mitos[carece de fontes?] da história portuguesa, resultante de deficientes interpretações de crónicas antigas.[carece de fontes?] Com base no pressuposto de que o infante D. Henrique convidou um cartógrafo catalão para se colocar ao seu serviço, muitos consideraram[quem?] (a partir logo do século XVI, com Damião de Góis), que teria havido uma escola náutica em Sagres, fundada pelo Infante D. Henrique, por volta de 1417, no Algarve. A escola, centro da arte náutica, teria assim formado grandes descobridores, como Vasco da Gama e Cristóvão Colombo.[a]

Após o seu regresso de Ceuta, o Infante D. Henrique fixa-se em Sagres, na Vila do Infante, rodeia-se de mestres nas artes e ciências ligadas à navegação e cria uma Tercena Naval (tercena, do árabe "dar as-sina'ah", era um armazém de galés[1][2], estaleiro, doca, arsenal[3], oficina industrial[4]) a que é comum chamar-se Escola de Sagres.[carece de fontes?] De facto, o que se criou não foi uma escola no moderno conceito da palavra, mas um local de reunião de mareantes e cientistas onde, aproveitando a ciência dos doutores e a prática de hábeis marinheiros, se desenvolveram novos métodos de navegar, desenharam cartas e adaptaram navios.

De acordo com os cronistas da época, largavam todos os anos dois ou três navios para as descobertas. O primeiro a mencionar a existência de uma escola foi o historiador inglês Samuel Purchas no século XVII, embora já antes Damião de Góis aludisse à ideia de uma Escola patrocinada pelo Infante. O mito foi depois consolidado por historiadores portugueses e ingleses.

Primeiros resultados

E surgem logo os primeiros resultados: Gonçalves Zarco atinge Porto Santo (1419) e a Ilha da Madeira (1420), Diogo de Silves a ilha açoriana de Santa Maria (1427) e só em 1434 Gil Eanes ultrapassa o cabo Bojador . Isso representa doze anos para avançar as duzentas milhas que separam o cabo Não do cabo Bojador.

A passagem do Bojador, o célebre Mar Tenebroso dos geógrafos árabes, seria temida pelos navegadores portugueses pela dificuldade do regresso, pois a rota inversa era contrária aos ventos dominantes, pelo que só era possível fazê-lo, navegando à vela, fazendo a volta pelo largo, mas para isso foram necessários os novos conhecimentos científicos que os portugueses desenvolveram no segundo quartel do século XV.

O navio empregue na exploração da costa africana era a caravela, usada primitivamente na faina da pesca e caracterizada pela sua robustez e pouco calado; com uma tonelagem que variou das 50 às 160 toneladas e armando 1, 2 ou 3 mastros com velas latinas triangulares, bolinava satisfatoriamente para a época.

A Escola de Sagres nunca foi uma entidade de fato. Suas origens remontam à Ordem dos Templários. Com a perseguição e massacre promovido contra seus membros, nos séculos XIII e XIV os remanescentes foram acolhidos por Portugal e fundaram a Ordem dos Cavaleiros de Nosso Senhor Jesus Cristo ou Ordem de Cristo, da qual faz parte D. Henrique, filho do Rei português. Sob a sua bandeira obtinham proteção os judeus, árabes e outros intelectuais perseguidos pela inquisição européia, sendo que entre estes encontravam-se cartógrafos e navegadores de renome.

Era dos Descobrimentos

O sonho de alcançar o Oriente pelo mar ficou mais próximo quando o filho do rei D. João I, o infante D. Henrique, interessou-se pelo projeto. Embora nunca tivesse navegado, D. Henrique ficou conhecido como "o Navegador" por causa do apoio que deu à expansão marítima portuguesa. No Cabo de São Vicente, na região do Algarve, acolhia estudiosos da Europa e de fora dela: cristãos, muçulmanos e judeus que se interessavam por navegação, mapas e construção de embarcações. Esse grupo ficou conhecido como Escola de Sagres e foi muito importante no aperfeiçoamento de instrumentos como o astrolábio e a balestilha (já usados pelos árabes), e na construção das caravelas.

No início do século XV a técnica da navegação em quase nada diferia da usada na antiguidade; navegava-se quase sempre à vista de costa utilizando remos ou ventos de feição e ao piloto cabia escolher a rota pelo conhecimento prático que tinha dos locais demandados, dos mares, das correntes e dos fundos navegáveis. Embora já se utilizassem a agulha de marear e a ampulheta, os instrumentos náuticos, as cartas e as observações astronómicas estavam longe de prestar quaisquer serviços, apenas no Oceano Índico os navegadores árabes utilizavam o Kamal para, na prática, manterem o navio sobre determinada latitude. E como o vento constituía a principal força motriz dos navios, era fundamental o conhecimento das áreas de ventos favoráveis.

Os descobrimentos portugueses do início do século XV não se limitaram à exploração científica e comercial do litoral africano; houve também viagens para o mar largo em busca de informações meteorológicas e oceanográficas que permitissem o regresso dos navios da costa africana por zonas de ventos mais favoráveis. Foi nestes trajectos que se descobriram os arquipélagos da Madeira e dos Açores, o Mar dos Sargaços ou Mar da Baga, e a volta da Mina ou seja, a rota oceânica de regresso de África. O conhecimento do regime de ventos e correntes do Atlântico Norte e a determinação da latitude por observações astronómicas a bordo, permitiu nova singradura no regresso de África, cruzando o Atlântico Central até à latitude dos Açores, onde os ventos de Oeste facilitavam o rumo directo para Lisboa, possibilitando assim que os portugueses se aventurassem cada vez para mais longe da costa.

Diogo Cão e Bartolomeu Dias são dois marcos desta época: o primeiro atinge a Foz do Zaire em 1482 e o segundo dobra o Cabo da Boa Esperança em 1487.

Como corolário destas viagens de exploração, Vasco da Gama descobre o caminho marítimo para a Índia em 1497/1499.

Ver também

Notas

[a] ^ À semelhança de outros estudiosos, em 2008, o historiador brasileiro Fábio Pestana Ramos defendeu a ideia da não existência da Escola de Sagres, afirmando que não existem documentos de época que comprovem sua existência no livro.[5][6]

Referências

Ícone de esboço Este artigo sobre História de Portugal é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.