Virtude: diferenças entre revisões

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'''Virtude''' ([[latim]]: ''virtus''; {{lang-el|''ἀρετή''}}) é uma qualidade [[moral]] particular. É uma disposição estável de praticar o [[Bem (filosofia)|bem]]; revela mais do que uma simples característica ou uma aptidão para uma determinada ação boa, trata-se de uma verdadeira inclinação. São todos os hábitos constantes que levam o homem para o bem, quer como indivíduo, quer como espécie, quer pessoalmente, quer coletivamente. Segundo [[Aristóteles]], é uma disposição adquirida de fazer o bem, e se aperfeiçoa com o hábito.
'''Virtude''' ([[latim]]: ''virtus''; {{lang-el|''ἀρετή''}}) é uma qualidade [[moral]] particular. É uma disposição estável de praticar o [[Bem (filosofia)|bem]]; revela mais do que uma simples característica ou uma aptidão para uma determinada ação boa, trata-se de uma verdadeira inclinação. São todos os hábitos constantes que levam o homem para o bem, quer como indivíduo, quer como espécie, quer pessoalmente, quer coletivamente. Segundo [[Aristóteles]], é uma disposição adquirida de fazer o bem, e se aperfeiçoa com o hábito.
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== A virtude na doutrina católica ==
== A virtude na doutrina católica ==


Segundo a [[doutrina da Igreja Católica]], e especialmente segundo [[Gregório de Nissa]], a virtude é "''uma disposição habitual e firme para fazer o bem''", sendo ''o fim de uma vida virtuosa tornar-se semelhante a [[Deus]]''.<ref>''[[Compêndio do Catecismo da Igreja Católica]]'' (''CCIC''), n. 377</ref> Existem numerosas virtudes que se relacionam entre si tornando virtuosa a própria [[vida]]. No [[catolicismo]], existem 2 categorias de virtudes:
Segundo a [[doutrina da Igreja Católica]], e especialmente segundo [[Gregório de Níssa]], a virtude é "''uma disposição habitual e firme para fazer o bem''", sendo ''o fim de uma vida virtuosa tornar-se semelhante a [[Deus]]''.<ref>''[[Compêndio do Catecismo da Igreja Católica]]'' (''CCIC''), n. 377</ref> Existem numerosas virtudes que se relacionam entre si tornando virtuosa a própria [[vida]]. No [[catolicismo]], existem 2 categorias de virtudes:


* as '''[[virtudes teologais]]''', cuja origem, motivo e objeto imediato são o próprio [[Deus]]. Os cristãos acreditam que elas são infundidas no [[homem]] com a [[graça]] santificante, e que elas tornam os homens capazes de viver em relação com a [[Santíssima Trindade]]. Elas fundamentam e animam ''o agir [[moral]] do [[cristão]], vivificando as virtudes humanas''. Para os cristãos, elas são ''o penhor da presença e da ação do [[Espírito Santo]] nas faculdades do ser humano'' <ref>''CCIC'', n. 384</ref>. As virtudes teologais são três:
* as '''[[virtudes teologais]]''', cuja origem, motivo e objeto imediato são o próprio [[Deus]]. Os cristãos acreditam que elas são infundidas no [[homem]] com a [[graça]] santificante, e que elas tornam os homens capazes de viver em relação com a [[Santíssima Trindade]]. Elas fundamentam e animam ''o agir [[moral]] do [[cristão]], vivificando as virtudes humanas''. Para os cristãos, elas são ''o penhor da presença e da ação do [[Espírito Santo]] nas faculdades do ser humano'' <ref>''CCIC'', n. 384</ref>. As virtudes teologais são três:

Revisão das 05h58min de 11 de julho de 2017

Personificação da virtude (em grego: ἀρετή) na Biblioteca de Celso em Éfeso, Turquia

Virtude (latim: virtus; em grego: ἀρετή) é uma qualidade moral particular. É uma disposição estável de praticar o bem; revela mais do que uma simples característica ou uma aptidão para uma determinada ação boa, trata-se de uma verdadeira inclinação. São todos os hábitos constantes que levam o homem para o bem, quer como indivíduo, quer como espécie, quer pessoalmente, quer coletivamente. Segundo Aristóteles, é uma disposição adquirida de fazer o bem, e se aperfeiçoa com o hábito.

A virtude na doutrina católica

Segundo a doutrina da Igreja Católica, e especialmente segundo Gregório de Níssa, a virtude é "uma disposição habitual e firme para fazer o bem", sendo o fim de uma vida virtuosa tornar-se semelhante a Deus.[1] Existem numerosas virtudes que se relacionam entre si tornando virtuosa a própria vida. No catolicismo, existem 2 categorias de virtudes:

  • as virtudes teologais, cuja origem, motivo e objeto imediato são o próprio Deus. Os cristãos acreditam que elas são infundidas no homem com a graça santificante, e que elas tornam os homens capazes de viver em relação com a Santíssima Trindade. Elas fundamentam e animam o agir moral do cristão, vivificando as virtudes humanas. Para os cristãos, elas são o penhor da presença e da ação do Espírito Santo nas faculdades do ser humano [2]. As virtudes teologais são três:
    • : através dela, os cristãos creem em Deus, nas suas verdades reveladas e nos ensinamentos da Igreja, visto que Deus é a própria Verdade. Pela fé, "o homem entrega-se a Deus livremente. Por isso, o crente procura conhecer e fazer a vontade de Deus, porque "a fé opera pela caridade" (versículo 6 do capítulo 5 da Epístola aos Gálatas).
    • Esperança: por meio dela, os crentes, por ajuda da graça do Espírito Santo, esperam a vida eterna e o Reino de Deus, colocando a sua confiança perseverante nas promessas de Cristo.
    • Caridade (ou Amor): através dela, "como amamos a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos por amor de Deus. Jesus faz dela o mandamento novo, a plenitude da lei". Para os crentes, a caridade é "o vínculo da perfeição" (versículo 14 do capítulo 3 da Epístola aos Colossenses), logo a mais importante e o fundamento das virtudes [3]. São Paulo disse que, de todas as virtudes, "o maior destas é o amor" (ou caridade).[4] O amor é também visto como uma "dádiva de si mesmo" e "o oposto de usar".[5]
  • as virtudes humanas ou virtudes cardinais , que são perfeições habituais e estáveis da inteligência e da vontade humanas. Elas regulam os atos humanos, ordenam as paixões humanas e guiam a conduta humana segundo a razão e a . Adquiridas e reforçadas por atos moralmente bons e repetidos, os cristãos acreditam que estas virtudes são purificadas e elevadas pela graça divina.[6] Entre as virtudes humanas, são constantemente destacadas as virtudes cardeais, que são consideradas as principais por serem os apoios à volta dos quais giram as demais virtudes humanas:
    • a prudência, que "dispõe a razão para discernir em todas as circunstâncias o verdadeiro bem e a escolher os justos meios para o atingir. Ela conduz a outras virtudes, indicando-lhes a regra e a medida", sendo, por isso, considerada a virtude-mãe humana.
    • a justiça, que é uma constante e firme vontade de dar aos outros o que lhes é devido;
    • a fortaleza que assegura a firmeza nas dificuldades e a constância na procura do bem;
    • a temperança que "modera a atracção dos prazeres, assegura o domínio da vontade sobre os instintos e proporciona o equilíbrio no uso dos bens criados", sendo, por isso, descrita como sendo a prudência aplicada aos prazeres [7].

Para contrariar e opôr-se aos sete pecados capitais, existe também um outro tipo de organização das virtudes, que é baseada nas chamadas sete virtudes: castidade, generosidade, temperança, diligência, paciência, caridade e humildade.

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Ver também

Referências

  1. Compêndio do Catecismo da Igreja Católica (CCIC), n. 377
  2. CCIC, n. 384
  3. Ibidem; n. 386, 387 e 388
  4. 1 Coríntios 13:13
  5. GEORGE WEIGEL, A Verdade do Catolicismo; cap. 6, pág. 101
  6. CCIC, n. 378
  7. Ibidem; n. 380, 381, 382 e 383

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