Lúcio Júlio Urso Serviano: diferenças entre revisões

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== Carreira ==
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Pouco se sabe das origens de Serviano. [[Ronald Syme]] defende que ele se chamava originalmente '''Sérvio Júlio Serviano''' ({{lang-la|''Servius Julius Servianus''}}) e com este nome foi cônsul em 90. Segundo ele, Serviano foi [[adoção na Roma Antiga|adotado]] por [[Lúcio Júlio Urso]], cônsul sufecto em 84, 98 e 100, depois de seu consulado, o que levou à mudança de nome. Esta tese não foi refutada por nenhum outro estudioso e é considerada consensual<ref>Olli Salomies, '' Adoptive and Polyonymous Nomenclature in the Roman Empire'' (Helsinki: Societas Scientiarum Fennica, 1992), p. 51</ref>. Antes de ascensão de Trajano, em 98, Serviano se casou com [[Domícia Paulina]], a irmã mais velha de [[Adriano]], trinta anos mais jovem do que ele. Durante o reinado de Trajano (r. 98-117), Paulina e Serviano tiveram uma filha chamada [[Júlia Serviana Paulina]].
Pouco se sabe das origens de Serviano. [[Ronald Syme]] defende que ele se chamava originalmente '''Sérvio Júlio Serviano''' ({{lang-la|''Servius Julius Servianus''}}) e com este nome foi cônsul em 90. Segundo ele, Serviano foi [[adoção na Roma Antiga|adotado]] por [[Lúcio Júlio Urso]], cônsul sufecto em 84, 98 e 100, depois de seu consulado, o que levou à mudança de nome. Esta tese não foi refutada por nenhum outro estudioso e é considerada consensual<ref>Olli Salomies, '' Adoptive and Polyonymous Nomenclature in the Roman Empire'' (Helsinki: Societas Scientiarum Fennica, 1992), p. 51</ref>. Antes de ascensão de Trajano, em 98, Serviano se casou com [[Domícia Paulina, a Jovem]], a irmã mais velha de [[Adriano]], trinta anos mais jovem do que ele. Durante o reinado de Trajano (r. 98-117), Paulina e Serviano tiveram uma filha chamada [[Júlia Serviana Paulina]].


Quando Nerva morreu, em 27 de janeiro de 98, Adriano viajou para a [[Germânia]] para encontrar Trajano e anunciar a morte de Nerva. Serviano tentou, sem sucesso, impedir a viagem por ciúmes da relação entre os dois. Porém, Serviano e Adriano se reconciliaram logo depois e foram amigos por muitos anos.
Quando Nerva morreu, em 27 de janeiro de 98, Adriano viajou para a [[Germânia]] para encontrar Trajano e anunciar a morte de Nerva. Serviano tentou, sem sucesso, impedir a viagem por ciúmes da relação entre os dois. Porém, Serviano e Adriano se reconciliaram logo depois e foram amigos por muitos anos.

Revisão das 03h16min de 29 de novembro de 2017

Lúcio Júlio Urso Serviano (em latim: Lucius Julius Ursus Servianus; 45136 (91 anos)) foi um político romano da gente Júlia do final do século I e início do século II. Serviano foi uma importante figura política durante os reinados dos imperadores Nerva, Trajano e Adriano. Ele é famoso por ter sido o último cidadão privado a receber um terceiro consulado, uma honraria que passou a ser exclusiva dos membros da família imperial[1].

Segundo uma inscrição seu nome completo seria Caio Júlio Servílio Urso Serviano (em latim: Gaius Julius Servilius Ursus Servianus). Porém, a História Augusta registra apenas Lúcio Júlio Urso Serviano.

Carreira

Pouco se sabe das origens de Serviano. Ronald Syme defende que ele se chamava originalmente Sérvio Júlio Serviano (em latim: Servius Julius Servianus) e com este nome foi cônsul em 90. Segundo ele, Serviano foi adotado por Lúcio Júlio Urso, cônsul sufecto em 84, 98 e 100, depois de seu consulado, o que levou à mudança de nome. Esta tese não foi refutada por nenhum outro estudioso e é considerada consensual[2]. Antes de ascensão de Trajano, em 98, Serviano se casou com Domícia Paulina, a Jovem, a irmã mais velha de Adriano, trinta anos mais jovem do que ele. Durante o reinado de Trajano (r. 98-117), Paulina e Serviano tiveram uma filha chamada Júlia Serviana Paulina.

Quando Nerva morreu, em 27 de janeiro de 98, Adriano viajou para a Germânia para encontrar Trajano e anunciar a morte de Nerva. Serviano tentou, sem sucesso, impedir a viagem por ciúmes da relação entre os dois. Porém, Serviano e Adriano se reconciliaram logo depois e foram amigos por muitos anos.

Serviano serviu por duas vezes como cônsul no reinado de Trajano e uma terceira vez sob Adriano em 134. Nesse ínterim, foi governador da Germânia Inferior entre 97 e 99[3] e da Panônia entre 99 e 100[4]. Além disto Serviano serviu durante as Campanha dácia de Trajano como um dos principais generais de Trajano. Depois disto, serviu como senador, posição na qual tinha grande poder e influência em Roma. Em algum momento antes de 111, Serviano e Paulina acertaram o casamento de sua filha Júlia com Cneu Pedânio Fusco Salinador, um aristocrata da Hispânia que havia servido como cônsul em 118 como colega do imperador Adriano[5].

Quando Trajano morreu, em 8 de agosto de 117, Adriano se tornou imperador. Serviano foi tratado com particular honraria e foi considerado como um possível sucessor do imperador. Quando Paulina morreu, em 130, Adriano e Serviano compartilharam uma cerimônia religiosa privada em sua homenagem. Conforme o longo reinado de Adriano foi se aproximando do final, porém, o imperador mudou de ideia sobre Serviano. Apesar de considerá-lo capaz de governar como imperador, Serviano, já com mais de noventa anos de idade era claramente velho demais para a posição. A atenção de Adriano se voltou então para o neto de Serviano, Cneu Pedânio Fusco Salinador, que tinha o mesmo nome de seu pai. O jovem Salinador, que era também seu sobrinho-neto (através de Paulina), foi promovido e passou a ser tratado de modo diferenciado na corte imperial. Serviano, que sempre gostou da ideia de seu neto como sucessor de seu cunhado e amigo, aprovou a solução do imperador.

Porém, Adriano mudou de ideia novamente em 136 e decidiu adotar Lúcio Élio como seu filho e herdeiro. Serviano e jovem Salinador ficaram furiosos e decidiram desafiar o imperador. É possível que Salinador tenha inclusive tentado um golpe de estado contra Adriano e Serviano acabou implicado. Para evitar um conflito na sucessão, Adriano ordenou que os dois fossem executados[6]. Ironicamente Élio morreu antes de Adriano, em 138, e Adriano acabou adotando Antonino Pio.

Amizade com Plínio, o Jovem

Serviano era amigo do senador e historiador Plínio, o Jovem. Duas das cartas sobreviventes de Plínio são endereçadas a ele e Plínio o menciona em outras duas[7]. Por influência de Serviano, Trajano concedeu a Plínio uma imunidade geralmente concedida apenas a um pai de três filhos, a jus trium liberorum. Antes de morrer, por volta de 111, Plínio enviou uma carta de congratulações a Serviano e Paulina pelo casamento da filha.

Árvore genealógica

Ver também

Cônsul do Império Romano
Precedido por:
Domiciano IX

com Q. Petílio Rufo II

Domiciano X
84

com C. Ópio Sabino
com Lúcio Júlio Urso Serviano (suf.)

Sucedido por:
Domiciano X

com Tito Aurélio Fulvo II

Precedido por:
Trajano IV

com Quinto Articuleio Peto II
com Sexto Átio Suburano (suf.)

Lúcio Júlio Urso Serviano II
102

com Lúcio Licínio Sura

Sucedido por:
Trajano V

com Mânio Labério Máximo II

Precedido por:
Marco Antônio Ibero

com Públio Múmio Sisena
com Quinto Júnio Rústico (suf.)
com Tibério Cláudio Ático Herodes (suf.)

Lúcio Júlio Urso Serviano III
134

com Tito Víbio Varrão

Sucedido por:
Tito Tutílio Luperco Ponciano

com Públio Calpúrnio Atiliano


Referências

  1. Caillan Davenport, "Iterated Consulships and the Government of Severus Alexander", Zeitschrift für Papyrologie und Epigraphik, 177 (2011), p. 288
  2. Olli Salomies, Adoptive and Polyonymous Nomenclature in the Roman Empire (Helsinki: Societas Scientiarum Fennica, 1992), p. 51
  3. Werner Eck, "Jahres- und Provinzialfasten der senatorischen Statthalter von 69/70 bis 138/139", Chiron, 12 (1982), pp. 328-330
  4. Eck, "Jahres- und Provinzialfasten", pp. 332-334
  5. Ronald Syme, "A Dozen Early Priesthoods", Zeitschrift für Papyrologie und Epigraphik, 77 (1989), pp. 248-250
  6. Anthony Birley, Hadrian the Restless Emperor, pp. 291-292.
  7. Plínio, o Jovem, Epistulae 3.17 e VI.26 são endereçadas a Serviano; ele é mencionado em VII.6.9 e X.2.1.

Bibliografia