Série harmónica (matemática): diferenças entre revisões

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Tentre (discussão | contribs)
Reversão das edições de 177.75.16.144 (mudança de grafia) +{{PBPE|série harmônica|série harmónica}}
m Desfeita parcialmente a edição 54435211 de Tentre, -hack obsoleto desde o mw:MediaWiki 1.19 (ver também phab:rSVN104498 e phab:T33406#344368), format. <math> e pontuação
Etiqueta: Desfazer
Linha 3: Linha 3:


Em [[matemática]], a {{PBPE|série harmônica|série harmónica}} é a [[Série (matemática)|série infinita]] definida como:
Em [[matemática]], a {{PBPE|série harmônica|série harmónica}} é a [[Série (matemática)|série infinita]] definida como:
: <math>\sum_{k=1}^\infty \frac{1}{k} =
<math display="block">\sum_{k=1}^\infty \frac{1}{k} =
1 + \frac{1}{2} + \frac{1}{3} + \frac{1}{4} +
1 + \frac{1}{2} + \frac{1}{3} + \frac{1}{4} +
\cdots</math>
\cdots</math>
Linha 10: Linha 10:


Esta série diverge lentamente. A demonstração (feita originalmente na [[Idade Média]] por [[Nicole d'Oresme]]<ref>{{Citar web |url=http://www.pb.utfpr.edu.br/vanderlei/picme/serieharmonica.pdf |título=Série Harmônica, formato pdf |língua= |autor= |obra= |data= |acessodata=}}</ref>) faz-se tendo em conta que a série
Esta série diverge lentamente. A demonstração (feita originalmente na [[Idade Média]] por [[Nicole d'Oresme]]<ref>{{Citar web |url=http://www.pb.utfpr.edu.br/vanderlei/picme/serieharmonica.pdf |título=Série Harmônica, formato pdf |língua= |autor= |obra= |data= |acessodata=}}</ref>) faz-se tendo em conta que a série
: <math>\sum_{k=1}^\infty \frac{1}{k} \! =
<math display="block">\sum_{k=1}^\infty \frac{1}{k} \! =
1 + \frac{1}{2} + \frac{1}{3} + \frac{1}{4} + \frac{1}{5} + \frac{1}{6} + \frac{1}{7} + \frac{1}{8} + \frac{1}{9} + \cdots</math>
1 + \frac{1}{2} + \frac{1}{3} + \frac{1}{4} + \frac{1}{5} + \frac{1}{6} + \frac{1}{7} + \frac{1}{8} + \frac{1}{9} + \cdots</math>


é termo a termo maior que ou igual à série
é termo a termo maior que ou igual à série


: <math>\sum_{k=1}^\infty 2^{-\lceil \log_2 k \rceil} \! =
<math display="block">\sum_{k=1}^\infty 2^{-\lceil \log_2 k \rceil} \! =
1 + \left[\frac{1}{2}\right] + \left[\frac{1}{4} + \frac{1}{4}\right]
1 + \left[\frac{1}{2}\right] + \left[\frac{1}{4} + \frac{1}{4}\right]
+ \left[\frac{1}{8} + \frac{1}{8} + \frac{1}{8} + \frac{1}{8}\right] + \frac{1}{16}\cdots</math>
+ \left[\frac{1}{8} + \frac{1}{8} + \frac{1}{8} + \frac{1}{8}\right] + \frac{1}{16}\cdots</math>
:::<math> = \quad\ 1 +\ \frac{1}{2}\ +\ \quad\frac{1}{2} \ \quad+ \ \qquad\quad\frac{1}{2}\qquad\ \quad \ + \ \quad\ \cdots</math>
<math display="block"> = \quad\ 1 +\ \frac{1}{2}\ +\ \quad\frac{1}{2} \ \quad+ \ \qquad\quad\frac{1}{2}\qquad\ \quad \ + \ \quad\ \cdots</math>


que claramente diverge.
que claramente diverge.
Linha 25: Linha 25:
{{Artigo principal|[[série dos inversos dos primos]]}}
{{Artigo principal|[[série dos inversos dos primos]]}}
Um resultado refinado prova que a [[série dos inversos dos primos]] diverge para [[infinito]]:
Um resultado refinado prova que a [[série dos inversos dos primos]] diverge para [[infinito]]:
:<math>\sum_{k=1}^{\infty}\frac{1}{p_n}=\frac{1}{2}+\frac{1}{3}+\frac{1}{5}+\frac{1}{7}+\frac{1}{11}+ ... =\infty\,</math>
<math display="block">\sum_{k=1}^{\infty}\frac{1}{p_n}=\frac{1}{2}+\frac{1}{3}+\frac{1}{5}+\frac{1}{7}+\frac{1}{11}+ ... =\infty</math>


== Série harmônica alternada ==
== Série harmônica alternada ==
A '''série harmónica alternada''' é definida conforme:
A '''série harmónica alternada''' é definida conforme:
: <math>\sum_{k = 1}^\infty \frac{(-1)^{k + 1}}{k} = \ln 2.</math>
<math display="block">\sum_{k = 1}^\infty \frac{(-1)^{k + 1}}{k} = \ln 2.</math>


Esta série é convergente como consequência do [[teste da série alternada]], e seu valor pode ser calculado pela [[série de Taylor]] do [[logaritmo natural]].
Esta série é convergente como consequência do [[teste da série alternada]], e seu valor pode ser calculado pela [[série de Taylor]] do [[logaritmo natural]].


Se se definir o ''n''-ésimo '''número harmónico''' tal que
Se se definir o ''n''-ésimo '''número harmónico''' tal que
: <math>H_n = \sum_{k = 1}^n \frac{1}{k}</math>
<math display="block">H_n = \sum_{k = 1}^n \frac{1}{k}</math>


então ''H''<sub>''n''</sub> cresce tão rapidamente quanto o [[logaritmo natural]] de ''n''. Isto porque a soma é aproximada ao integral
então ''H''<sub>''n''</sub> cresce tão rapidamente quanto o [[logaritmo natural]] de ''n''. Isto porque a soma é aproximada ao integrar
: <math>\int_1^n {1 \over x}\, dx</math>
<math display="block">\int_1^n {1 \over x}\, dx</math>
cujo valor é ln(''n'').
cujo valor é ln(''n'').


Mais precisamente, se considerarmos o limite:
Mais precisamente, se considerarmos o limite:
: <math> \lim_{n \to \infty} H_n - \ln(n) = \gamma</math>
<math display="block"> \lim_{n \to \infty} H_n - \ln(n) = \gamma</math>
onde γ é a [[constante de Euler-Mascheroni]], pode ser provado que:
onde γ é a [[constante de Euler-Mascheroni]], pode ser provado que:


Linha 49: Linha 49:
[[Jeffrey Lagarias]] provou em [[2001]] que a [[hipótese de Riemann]] é equivalente a dizer:
[[Jeffrey Lagarias]] provou em [[2001]] que a [[hipótese de Riemann]] é equivalente a dizer:


:<math>\sigma(n)\le H_n + \ln(H_n)e^{H_n} \qquad \mbox{ para qualquer }n\in\mathbb{N}</math>
<math display="block">\sigma(n)\le H_n + \ln(H_n)e^{H_n} \qquad \mbox{ para qualquer }n\in\mathbb{N}</math>


em que σ(''n'') é a soma dos divisores positivos de ''n''. (Ver {{citar periódico|ultimo = Lagarias|primeiro = Jeffrey C.|titulo = An Elementary Problem Equivalent to the Riemann Hypothesis|jornal = The American Mathematical Monthly|doi = 10.2307/2695443|url = https://www.jstor.org/stable/2695443|volume=109|ano=2002|páginas=534-543}}.)
em que σ(''n'') é a soma dos divisores positivos de ''n''. (Ver {{citar periódico|ultimo = Lagarias|primeiro = Jeffrey C.|titulo = An Elementary Problem Equivalent to the Riemann Hypothesis|jornal = The American Mathematical Monthly|doi = 10.2307/2695443|url = https://www.jstor.org/stable/2695443|volume=109|ano=2002|páginas=534-543}}.)
Linha 55: Linha 55:
A '''série harmónica generalizada''', ou '''série-''p''''', é (qualquer uma) das séries
A '''série harmónica generalizada''', ou '''série-''p''''', é (qualquer uma) das séries


:<math>\sum_{n=1}^{\infty}\frac{1}{n^p}</math>
<math display="block">\sum_{n=1}^{\infty}\frac{1}{n^p}</math>


para ''p'' um [[número real]] positivo. A série é convergente se ''p'' > 1 e divergente caso contrário. Quando ''p'' = 1, a série é harmónica. Se ''p'' > 1 então a soma das série é ζ(''p''), i.e., a [[função zeta de Riemann]] em ordem a ''p''.
para ''p'' um [[número real]] positivo. A série é convergente se ''p'' > 1 e divergente caso contrário. Quando ''p'' = 1, a série é harmónica. Se ''p'' > 1 então a soma das série é ζ(''p''), i.e., a [[função zeta de Riemann]] em ordem a ''p''.

Revisão das 19h43min de 5 de março de 2019

Em matemática, a série harmônica (português brasileiro) ou série harmónica (português europeu) é a série infinita definida como:

O nome harmónica é devido à semelhança com a proporcionalidade dos comprimentos de onda de uma corda a vibrar: 1, 1/2, 1/3, 1/4, ... (ver série harmônica (música)).

Esta série diverge lentamente. A demonstração (feita originalmente na Idade Média por Nicole d'Oresme[1]) faz-se tendo em conta que a série

é termo a termo maior que ou igual à série

que claramente diverge.

Soma dos primos recíprocos

Ver artigo principal: série dos inversos dos primos

Um resultado refinado prova que a série dos inversos dos primos diverge para infinito:

Série harmônica alternada

A série harmónica alternada é definida conforme:

Esta série é convergente como consequência do teste da série alternada, e seu valor pode ser calculado pela série de Taylor do logaritmo natural.

Se se definir o n-ésimo número harmónico tal que

então Hn cresce tão rapidamente quanto o logaritmo natural de n. Isto porque a soma é aproximada ao integrar

cujo valor é ln(n).

Mais precisamente, se considerarmos o limite:

onde γ é a constante de Euler-Mascheroni, pode ser provado que:

  1. O único Hn inteiro é H1.
  2. A diferença Hm - Hn onde m>n nunca é um inteiro.

Jeffrey Lagarias provou em 2001 que a hipótese de Riemann é equivalente a dizer:

em que σ(n) é a soma dos divisores positivos de n. (Ver Lagarias, Jeffrey C. (2002). «An Elementary Problem Equivalent to the Riemann Hypothesis». The American Mathematical Monthly. 109: 534-543. doi:10.2307/2695443 .)

A série harmónica generalizada, ou série-p, é (qualquer uma) das séries

para p um número real positivo. A série é convergente se p > 1 e divergente caso contrário. Quando p = 1, a série é harmónica. Se p > 1 então a soma das série é ζ(p), i.e., a função zeta de Riemann em ordem a p.

Este raciocínio pode-se estender ao teste de convergência das séries.

Série divergente

Ver artigo principal: série divergente

Existem definições da soma de séries divergentes que geram resultados importantes. Por exemplo, é possível justificar (sob um conceito generalizado de soma de uma série) que 1 - 1 + 1 - 1 + ... = 1/2 ou 1 - 2 + 3 - 4 + ... = 1/4, e até mesmo somas paradoxais como 1 + 2 + 3 + 4 + ... = -1/12 ou 1 + 4 + 9 + 16 + ... = 0. No entanto, mesmo usando-se estes conceitos, a soma da série harmónica continua sendo infinita - o que é coerente com o valor da função zeta de Riemann no ponto z = 1.

Ver também

O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Série harmónica (matemática)

Referências