Cultura nipo-brasileira: diferenças entre revisões

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No cinema, a cultura nipo-brasileira se destacou em [[Gaijin – Os Caminhos da Liberdade]],<ref>{{citar web|url=http://www.adorocinema.com/filmes/filme-44249/|título=Gaijin - Caminhos da Liberdade - Filme 1980 - AdoroCinema|acessodata=17 de agosto de 2014|obra=adorocinema.com|arquivourl=https://web.archive.org/web/20130601113822/http://www.adorocinema.com/filmes/filme-44249|arquivodata=1 de junho de 2013}}</ref> [[Gaijin - Ama-me como Sou]]<ref>{{citar web |url=https://web.archive.org/web/20080730034328/http://www.tizukayamasaki.com.br/index_port.htm|título=Gaijin 2 - Um filme de Tizuka Yamasaki|acessodata=17 de agosto de 2014|obra=tizukayamasaki.com.br}}</ref>e Corações Sujos.<ref>{{citar web|url=http://www.coracoessujos.com.br/|título=Corações Sujos | Trailer e Site Oficial do Filme|acessodata=17 de agosto de 2014|obra=coracoessujos.com.br|arquivourl=https://web.archive.org/web/20140713113635/http://www.coracoessujos.com.br/|arquivodata=13 de julho de 2014}}</ref>
No cinema, a cultura nipo-brasileira se destacou em [[Gaijin – Os Caminhos da Liberdade]],<ref>{{citar web|url=http://www.adorocinema.com/filmes/filme-44249/|título=Gaijin - Caminhos da Liberdade - Filme 1980 - AdoroCinema|acessodata=17 de agosto de 2014|obra=adorocinema.com|arquivourl=https://web.archive.org/web/20130601113822/http://www.adorocinema.com/filmes/filme-44249|arquivodata=1 de junho de 2013}}</ref> [[Gaijin - Ama-me como Sou]]<ref>{{citar web |url=https://web.archive.org/web/20080730034328/http://www.tizukayamasaki.com.br/index_port.htm|título=Gaijin 2 - Um filme de Tizuka Yamasaki|acessodata=17 de agosto de 2014|obra=tizukayamasaki.com.br}}</ref>e Corações Sujos.<ref>{{citar web|url=http://www.coracoessujos.com.br/|título=Corações Sujos | Trailer e Site Oficial do Filme|acessodata=17 de agosto de 2014|obra=coracoessujos.com.br|arquivourl=https://web.archive.org/web/20140713113635/http://www.coracoessujos.com.br/|arquivodata=13 de julho de 2014}}</ref>
Na televisão, [[Rosa Miyake]] foi a primeira nipo-brasileira famosa por cantar músicas do [[Roberto Carlos]] em japonês<ref>{{citar web|url=http://www.japao100.com.br/perfil/825/|título=Centenário da Imigração Japonesa | Conte sua história : Rosa Miyake|acessodata=17 de agosto de 2014|obra=japao100.com.br|arquivourl=https://web.archive.org/web/20110720222903/http://www.japao100.com.br/perfil/825/|arquivodata=20 de julho de 2011}}</ref> e protagonizou a novela brasileira [[Yoshico, um Poema de Amor]], transmitida pela TV Tupi de janeiro a março de 1967 no horário das 18h. Rosa Miyake foi apresentadora do saudoso programa "''Imagens do Japão''" durante 35 anos (1970-2005), exibido nas emissoras brasileiras, com 5 horas de duração, com a melhor programação da televisão japonesa. Nelson Matsuda e Suzana Matsuda também foram os apresentadores do saudoso programa "''Japan Pop Show''" durante 28 anos (1973-2001), exibido na [[Rede Bandeirantes|Bandeirantes]], [[TV Gazeta]] e [[Canal Brasileiro da Informação|CBI]], também com 5 horas de duração, com a melhor programação da televisão japonesa.


Há também um grande número de eventos de cultura japonesa no Brasil, fazendo mais adeptos das tradições milenares, independente da origem étnica e religião e também resgatando as origens de muitos nipo-brasileiros, que com o decorrer do tempo, foi esquecida ou deixada de praticar. Um exemplo é o Tanabata Matsuri, ou Festival das Estrelas, celebrado em São Paulo no mês de julho.
Há também um grande número de eventos de cultura japonesa no Brasil, fazendo mais adeptos das tradições milenares, independente da origem étnica e religião e também resgatando as origens de muitos nipo-brasileiros, que com o decorrer do tempo, foi esquecida ou deixada de praticar. Um exemplo é o Tanabata Matsuri, ou Festival das Estrelas, celebrado em São Paulo no mês de julho.
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Os brasileiros descendentes de japoneses têm pouca visibilidade na [[mídia]] brasileira. A presença de nipo-descendentes em [[Comercial|comerciais]], [[telenovela]]s e [[filme]]s é rara e é marcada por estereótipos, uma vez que "o padrão de imagem imposto no Brasil ainda é para personagens voltados para atores brancos".<ref name="DescubraNikkei">{{citar web|url=http://www.discovernikkei.org/pt/journal/2014/7/14/nikkei-actors-brazil|titulo=Atores Nikkeis: Nipo-descendentes contam experiências na profissão|publicado=Descubra Nikkei|acessodata=8 de agosto de 2016|arquivourl=}}</ref> Atores de origem oriental reclamam que apenas conseguem papéis caricatos e que remetem ao estereótipo do japonês, como de feirantes e pasteleiros ou de aficionados por tecnologia, praticantes de [[artes marciais]] e vendedores de [[sushi]].<ref name="globo10">{{citar web|url=http://g1.globo.com/Sites/Especiais/Noticias/0,,MUL534957-9980,00-ATORES+DESCENDENTES+DE+JAPONESES+TENTAM+FUGIR+DE+ESTEREOTIPOS.html|titulo=Atores descendentes de japoneses tentam fugir de estereótipos|publicado=Globo.com|acessodata=8 de agosto de 2016|arquivourl=}}</ref> Em testes para um papel na televisão, há relatos de atores que são obrigados a forçar um "sotaque japonês", mesmo estando a comunidade nipônica na quarta e na quinta geração no Brasil. Dificilmente um ator oriental consegue um papel "normal", que não tenha relação com a sua origem étnica.<ref name="Folha1">{{citar web|url=http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2016/08/1800063-globo-favorece-atores-ocidentais-em-nucleo-japones-de-nova-novela-das-18h.shtml|titulo=Globo favorece atores ocidentais em núcleo japonês de nova novela das 18h|publicado=Folha de S. Paulo|acessodata=8 de agosto de 2016|arquivourl=}}</ref><ref name="Unespe">{{citar web|url=http://www2.faac.unesp.br/pesquisa/lecotec/eventos/lecotec2009/anais/0990-1007ANDRADEMAGNONI.pdf|titulo=PRECONCEITO E ESTEREÓTIPOS NA TELEDRAMATURGIA BRASILEIRA |publicado=Unespe|acessodata=8 de agosto de 2016|arquivourl=}}</ref> A atriz [[Daniele Suzuki]], por exemplo, afirma que, por ser de origem japonesa, suas personagens "sempre eram estereotipadas, engraçadas" e que ela "sempre aparecia de [[quimono]]".<ref name="Terra">{{citar web|url=https://diversao.terra.com.br/tv/em-viver-a-vida-daniele-suzuki-definitivamente-abandona-o-quimono,d665f59cb997a310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html|titulo=Em 'Viver a Vida', Daniele Suzuki definitivamente abandona o quimono|publicado=Terra|acessodata=8 de agosto de 2016|arquivourl=}}</ref>
Os brasileiros descendentes de japoneses têm pouca visibilidade na [[mídia]] brasileira. A presença de nipo-descendentes em [[Comercial|comerciais]], [[telenovela]]s e [[filme]]s é rara e é marcada por estereótipos, uma vez que "o padrão de imagem imposto no Brasil ainda é para personagens voltados para atores brancos".<ref name="DescubraNikkei">{{citar web|url=http://www.discovernikkei.org/pt/journal/2014/7/14/nikkei-actors-brazil|titulo=Atores Nikkeis: Nipo-descendentes contam experiências na profissão|publicado=Descubra Nikkei|acessodata=8 de agosto de 2016|arquivourl=}}</ref> Atores de origem oriental reclamam que apenas conseguem papéis caricatos e que remetem ao estereótipo do japonês, como de feirantes e pasteleiros ou de aficionados por tecnologia, praticantes de [[artes marciais]] e vendedores de [[sushi]].<ref name="globo10">{{citar web|url=http://g1.globo.com/Sites/Especiais/Noticias/0,,MUL534957-9980,00-ATORES+DESCENDENTES+DE+JAPONESES+TENTAM+FUGIR+DE+ESTEREOTIPOS.html|titulo=Atores descendentes de japoneses tentam fugir de estereótipos|publicado=Globo.com|acessodata=8 de agosto de 2016|arquivourl=}}</ref> Em testes para um papel na televisão, há relatos de atores que são obrigados a forçar um "sotaque japonês", mesmo estando a comunidade nipônica na quarta e na quinta geração no Brasil. Dificilmente um ator oriental consegue um papel "normal", que não tenha relação com a sua origem étnica.<ref name="Folha1">{{citar web|url=http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2016/08/1800063-globo-favorece-atores-ocidentais-em-nucleo-japones-de-nova-novela-das-18h.shtml|titulo=Globo favorece atores ocidentais em núcleo japonês de nova novela das 18h|publicado=Folha de S. Paulo|acessodata=8 de agosto de 2016|arquivourl=}}</ref><ref name="Unespe">{{citar web|url=http://www2.faac.unesp.br/pesquisa/lecotec/eventos/lecotec2009/anais/0990-1007ANDRADEMAGNONI.pdf|titulo=PRECONCEITO E ESTEREÓTIPOS NA TELEDRAMATURGIA BRASILEIRA |publicado=Unespe|acessodata=8 de agosto de 2016|arquivourl=}}</ref> A atriz [[Daniele Suzuki]], por exemplo, afirma que, por ser de origem japonesa, suas personagens "sempre eram estereotipadas, engraçadas" e que ela "sempre aparecia de [[quimono]]".<ref name="Terra">{{citar web|url=https://diversao.terra.com.br/tv/em-viver-a-vida-daniele-suzuki-definitivamente-abandona-o-quimono,d665f59cb997a310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html|titulo=Em 'Viver a Vida', Daniele Suzuki definitivamente abandona o quimono|publicado=Terra|acessodata=8 de agosto de 2016|arquivourl=}}</ref>

Na televisão, [[Rosa Miyake]] foi a primeira nipo-brasileira famosa por cantar músicas do [[Roberto Carlos]] em japonês<ref>{{citar web|url=http://www.japao100.com.br/perfil/825/|título=Centenário da Imigração Japonesa | Conte sua história : Rosa Miyake|acessodata=17 de agosto de 2014|obra=japao100.com.br|arquivourl=https://web.archive.org/web/20110720222903/http://www.japao100.com.br/perfil/825/|arquivodata=20 de julho de 2011}}</ref> e protagonizou a novela brasileira [[Yoshico, um Poema de Amor]], transmitida pela TV Tupi de janeiro a março de 1967 no horário das 18h. Rosa Miyake foi apresentadora do saudoso programa "''Imagens do Japão''" durante 35 anos (1970-2005), exibido nas emissoras brasileiras, com 5 horas de duração, com a melhor programação da televisão japonesa. Nelson Matsuda e Suzana Matsuda também foram os apresentadores do saudoso programa "''Japan Pop Show''" durante 28 anos (1973-2001), exibido na [[Rede Bandeirantes|Bandeirantes]], [[TV Gazeta]] e [[Canal Brasileiro da Informação|CBI]], também com 5 horas de duração, com a melhor programação da televisão japonesa.


Artistas, militantes e entidades da comunidade nipônica criticam especialmente a [[Rede Globo]]. Segundo o jornal [[Folha de S. Paulo]], em 2016, para a novela [[Sol Nascente (telenovela)|Sol Nascente]], atores orientais que fizeram teste para os papéis foram dispensados e a emissora escalou artistas [[brancos]] para interpretar personagens de origem japonesa na novela. Integrantes da comunidade nipônica acusam a emissora de [[racismo]] e de fomentar o "[[Yellowface]]", prática semelhante ao "[[Blackface]]", quando atores são escalados para interpretar papéis de um grupo étnico ao qual não pertencem.<ref name="Folha1"/> Essa prática não é novidade na Rede Globo: na novela [[Geração Brasil]], de 2014, um ator branco interpretou um [[Coreia do Sul|sul-coreano]] e teve de usar [[fita adesiva]] para mudar o formato dos [[olho]]s.<ref name="Folha1"/> A escolha de atores brancos para interpretarem personagens orientais causou indignação nas [[redes sociais]].
Artistas, militantes e entidades da comunidade nipônica criticam especialmente a [[Rede Globo]]. Segundo o jornal [[Folha de S. Paulo]], em 2016, para a novela [[Sol Nascente (telenovela)|Sol Nascente]], atores orientais que fizeram teste para os papéis foram dispensados e a emissora escalou artistas [[brancos]] para interpretar personagens de origem japonesa na novela. Integrantes da comunidade nipônica acusam a emissora de [[racismo]] e de fomentar o "[[Yellowface]]", prática semelhante ao "[[Blackface]]", quando atores são escalados para interpretar papéis de um grupo étnico ao qual não pertencem.<ref name="Folha1"/> Essa prática não é novidade na Rede Globo: na novela [[Geração Brasil]], de 2014, um ator branco interpretou um [[Coreia do Sul|sul-coreano]] e teve de usar [[fita adesiva]] para mudar o formato dos [[olho]]s.<ref name="Folha1"/> A escolha de atores brancos para interpretarem personagens orientais causou indignação nas [[redes sociais]].

Revisão das 02h52min de 21 de maio de 2019

Bairro da Liberdade na cidade de São Paulo. São Paulo é a capital brasileira com maior número de nipo-brasileiros.

A cultura nipo-brasileira é produto da imigração japonesa no Brasil, que começou a partir de 1908, quando chegou com navio Kasato Maru com 781 japoneses.[1]

História

No passado, os japoneses viajaram para o Brasil em busca de riquezas e pensavam que depois de ficar ricos iriam retornar para o Japão, porém isto não aconteceu com a maioria. Mas, a cada geração, os japoneses melhoraram suas vidas no Brasil e atualmente o país tem a maior comunidade japonesa fora do Japão,[2] enquanto os brasileiros são um dos maiores grupos de estrangeiros presente no Japão.

Religião

A modelo Juliana Imai é uma nipo-brasileira budista.[3]

Os japoneses trouxeram para o Brasil duas religiões, o budismo e o xintoísmo,[4] crenças muito presentes na Terra do Sol Nascente. Porém, atualmente muitos nipônicos são católicos,[5] principalmente aqueles que vivem no Brasil.

Arte e Cultura Tradicional e Contemporânea

Daniele Suzuki é a atriz nipo-brasileira mais conhecida do Brasil[6]

No cinema, a cultura nipo-brasileira se destacou em Gaijin – Os Caminhos da Liberdade,[7] Gaijin - Ama-me como Sou[8]e Corações Sujos.[9]

Há também um grande número de eventos de cultura japonesa no Brasil, fazendo mais adeptos das tradições milenares, independente da origem étnica e religião e também resgatando as origens de muitos nipo-brasileiros, que com o decorrer do tempo, foi esquecida ou deixada de praticar. Um exemplo é o Tanabata Matsuri, ou Festival das Estrelas, celebrado em São Paulo no mês de julho.

Artes plásticas

Uma das contribuições da colônia japonesa no desenvolvimento brasileiro é o campo das artes plásticas, onde a arte dos nipo-brasileiros chega a ser denominada de "escola nipo-brasileira".[10] A constância dos nipo-brasileiros em participar dos salões, exposições e eventos foi decisivo para chamar a atenção, manter contatos entre os artistas.[11] Com a chegada dos imigrantes japoneses pós-guerra, essas atividades tomaram novo impulso – ceramistas, artistas plásticos, artesões, fotógrafos chegaram no Brasil trazendo novidades nas concepções estéticas que ajudaram a "compor e dar novo formato as artes plásticas do Brasil", nas palavras de Antônio Henrique Bittencourt Cunha Bueno.[12]

Em 1935 foi criada a Seibi-kai, que foi uma organização criada em São Paulo, que congregava um grupo de artista plásticos japoneses transferidos para o Brasil na condição de imigrantes. Foi um dos grupos de mais longa duração de que se tem notícia na história da pintura brasileira, mesmo descontando os anos de paralisação impostos pelo governo durante a segunda grande guerra.[13] Esse grupo tinha por finalidade reunir os seus membros para troca de idéias e experiências, promover pequenas excursões nos fins de semana a fim de pintar ao ar livre, eventualmente viabilizar sessões de modelo vivo e também organizar exposições para mostrar ao público seus trabalhos de pintura e comercializá-los. O Seibi-kai desempenhou um papel decisivo na criação de princípios gerais para nortear os pintores que ali se reuniam. Também foi importante no cenário artístico pelas suas excursões artísticas.[14]

O Seibi-kai editou 14 salões de periodicidade anual, respectivamente nos anos de 1952 a 54, de 58 a 60 e de 63 a 1970. Os três primeiros salões foram realizados em condições econômicas modestas, porém com o Cinquentenário da Imigração Japonesa, em 1958, ampliou-se a difusão e premiação. Antes não tinham catálogos e os prêmios ficaram restritos a diplomas, mas foi a partir de 1958 que conseguiram apoio, bem como levantar recursos com a venda de obras. A venda de obras permitia meios capazes de garantir a continuidade do evento.[15]

A última edição do Salão foi aberta em 10 de setembro de 1970 com 189 obras, nessa edição foi prestada uma homenagem póstuma para Walter Shigeto Tanaka. Aliás, uma das atividades da Seibi-kai era a homenagem póstuma de seus artistas e o reconhecimento do trabalho dos pioneiros.[16] 1972 é o ano que o Seiki-kai encerra suas atividades, e no mesmo ano é instaurado um novo movimento artístico da comunidade nipo-brasileira e os artistas continuam suas atividades no I Salão Bunkyo, coordenado pela Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa.[17]

Outro grupo artístico com grande participação de nipo-brasileiros foi o Grupo Guanabara ao qual foi formado em torno de Tikashi Fukushima, o grupo chegou a contar com 34 integrantes, na maioria imigrantes italianos e japoneses ou seus descendentes, entre eles artistas que participam do Seibi-kai e do Grupo dos 15. O Grupo Guanabara foi criado em 1950 e os seus encontros conduzem a ideia de criação de um espaço em que os artistas pudessem discutir seus trabalhos preservando a diversidade de tendências de seus membros. Após dez anos de atividade, o grupo se desfaz.[18]

No final da década de 70, os nipo-brasileiros tinham uma situação diferente no que se diz em matéria de interação, situação contrária se comparada aos tempos da Segunda Guerra Mundial, quando eram vistos com desconfiança pela população e pelo governo, logo, nesses novos tempos, após a guerra, as galerias adquiriam sistematicamente a produção dos abstratos, onde após as primeiras Bienais eram abertas as oportunidades de difusão de suas produções e conquistando a crítica. Havendo colecionadores interessados nesses artistas, tanto no Brasil como no exterior, havendo colecionadores na própria colônia.[19]

A arte na década de 80 foi influenciada pelo aparecimento de outros artistas e também pela atuação dos pioneiros, como Tomoo Handa, abstracionistas, como Manabu Mabe, Tikashi Fukushima, Tomie Ohtake, Kazuo Wakabayashi e outros, onde atuaram, no desenvolvimento artístico, como também nos interesses da comunidade de artistas.[20]

Quadrinhos

Em 1964, o desenhista Minami Keizi resolve apresentar seu personagem Tupãzinho, o guri atômico, em editoras paulistas. Inspirado em Astro Boy, de Osamu Tezuka, o personagem apresentava as características típicas dos mangás (quadrinhos japoneses). Ao ver os desenhos do personagem, o desenhista Wilson Fernandes aconselha Keizi a mudar a anatomia para um estilo mais próximo dos quadrinhos americanos; no ano seguinte, Keizi publica tiras diárias do Tupãzinho no jornal Diário Popular (atual Diário de São Paulo), e desta vez Keizi passa a se basear no estilo desenvolvido por Warren Kremer para os personagens Gasparzinho, Riquinho e Brasinha da Harvey Comics.[21]. No ano seguinte, publica uma revista do Tupãzinho pela editora Pan Juvenil, de Salvador Bentivegna e Jinki Yamamoto, quando Keizi se torna supervisor da editora. A Pan Juvenil não andava bem financeiramente, e ainda em 1966 Keizi publica o Álbum Encantado, pela Bentivegna Editora, com adaptações de fábulas infantis escritas pelo próprio Keizi. O que diferencia essa publicação é que Keizi orientou os desenhistas Fabiano Dias, José Carlos Crispim, Luís Sátiro e Antonio Duarte a seguirem o estilo mangá; logo em seguida Bentivegna e Yamamoto convidam Keizi para ser sócio na EDREL (Editora de Revistas e Livro); o Tupãzinho virou símbolo da EDREL. A editora também foi responsável por revelar outro descendente de japoneses influenciado pelos mangás, Claudio Seto.[22][23]

Pela EDREL, Seto publicou os personagens Flavo (também inspirado em Astro Boy),[24] Ninja, o Samurai Mágico, Maria Erótica[25] e O Samurai.[26] Outros descendentes de japoneses trabalharam na editora, como Fernando Ikoma e os irmãos Paulo e Roberto Fukue, entretanto, nenhum deles apresentava influência dos mangás.[27] Paulo Fukue, por exemplo, criou Tarun, um outro herói com influências de Tarzan.[28] Fernando Ikoma teve contato com os mangás através dos trabalhos de Keizi e de Seto, e acabaria sendo o primeiro a escrever sobre mangás no livro "A técnica universal das histórias em quadrinhos",[27] publicado no início da década de 1970; o livro dava continuidade ao Curso Comics, um curso por correspondência, inicialmente escrito por Minami, Fabiano Dias, Crispim e Seto.[29] Em 1972, Minami Keizi se desentende mediante os projetos editorais de Jinki Yamamoto, e sai da EDREL. Salvador Bentivegna já havia saído da editora após terminar de pagar as dívidas da Pan Juvenil[22] e criara a editora Roval.[30] Após a saída de Keizi, Paulo Fukue assume seu posto como diretor de arte, e chegou a ser interrogado e torturado nas dependências da Policia Federal por conta das publicações adultas da editora. Anteriormente, Keizi também fora chamado para prestar esclarecimento, porém nunca foi agredido. Por conta dessa ocorrência, Paulo e o irmão saíram da editora, posteriormente saiu Yamamoto, e por fim a EDREL foi desativada.[22] No mesmo ano, Keizi cria um nova editora, Minami & Cunha Editores (M & C Editores), em parceira com Carlos da Cunha; pela editora, são publicadas duas revistas escritas por Gedeone Malagola, Múmia (desenhado por Ignácio Justo) e Lobisomem (um misto de lobisomem e vampiro,[31] ilustrado por Nico Rosso e Kazuhiko Yoshikawa,[32][33] ambas as séries haviam sido publicadas inicialmente pela GEP, onde era desenhada por Sérgio Lima).[34]

TV

Os brasileiros descendentes de japoneses têm pouca visibilidade na mídia brasileira. A presença de nipo-descendentes em comerciais, telenovelas e filmes é rara e é marcada por estereótipos, uma vez que "o padrão de imagem imposto no Brasil ainda é para personagens voltados para atores brancos".[35] Atores de origem oriental reclamam que apenas conseguem papéis caricatos e que remetem ao estereótipo do japonês, como de feirantes e pasteleiros ou de aficionados por tecnologia, praticantes de artes marciais e vendedores de sushi.[36] Em testes para um papel na televisão, há relatos de atores que são obrigados a forçar um "sotaque japonês", mesmo estando a comunidade nipônica na quarta e na quinta geração no Brasil. Dificilmente um ator oriental consegue um papel "normal", que não tenha relação com a sua origem étnica.[37][38] A atriz Daniele Suzuki, por exemplo, afirma que, por ser de origem japonesa, suas personagens "sempre eram estereotipadas, engraçadas" e que ela "sempre aparecia de quimono".[39]

Na televisão, Rosa Miyake foi a primeira nipo-brasileira famosa por cantar músicas do Roberto Carlos em japonês[40] e protagonizou a novela brasileira Yoshico, um Poema de Amor, transmitida pela TV Tupi de janeiro a março de 1967 no horário das 18h. Rosa Miyake foi apresentadora do saudoso programa "Imagens do Japão" durante 35 anos (1970-2005), exibido nas emissoras brasileiras, com 5 horas de duração, com a melhor programação da televisão japonesa. Nelson Matsuda e Suzana Matsuda também foram os apresentadores do saudoso programa "Japan Pop Show" durante 28 anos (1973-2001), exibido na Bandeirantes, TV Gazeta e CBI, também com 5 horas de duração, com a melhor programação da televisão japonesa.

Artistas, militantes e entidades da comunidade nipônica criticam especialmente a Rede Globo. Segundo o jornal Folha de S. Paulo, em 2016, para a novela Sol Nascente, atores orientais que fizeram teste para os papéis foram dispensados e a emissora escalou artistas brancos para interpretar personagens de origem japonesa na novela. Integrantes da comunidade nipônica acusam a emissora de racismo e de fomentar o "Yellowface", prática semelhante ao "Blackface", quando atores são escalados para interpretar papéis de um grupo étnico ao qual não pertencem.[37] Essa prática não é novidade na Rede Globo: na novela Geração Brasil, de 2014, um ator branco interpretou um sul-coreano e teve de usar fita adesiva para mudar o formato dos olhos.[37] A escolha de atores brancos para interpretarem personagens orientais causou indignação nas redes sociais. [41]

A atriz Ana Hikari foi a primeira protagonista nipo-brasileira da Rede Globo.[42]

Culinária

Uma das comidas que faz muito sucesso no Brasil é o sushi[43] e o yakissoba,[44] que é muito comum em feiras. Até mesmo o drinque brasileiro mais famoso, a caipirinha, ganhou uma versão japonesa com saquê: a sakerinha.[45] O bairro da Liberdade, na cidade de São Paulo, representa um exemplo da influência japonesa no Brasil, com vários restaurantes de yakisoba, sushi e sashimi, estabelecimentos de karaokê e supermercados nos quais se pode comprar o nattō e vários tipos de molho de soja.[46]

Arte marciais

A diáspora japonesa forneceu uma porta de entrada para a influência cultural japonesa no Brasil que se destaca na tecnologia agrícola, culinária, mas também em esportes tais como: aikidô, caratê, jiu-jitsu, kendo,[47] sumô.[48]

Regiões com influência japonesa no Brasil

Os estados que tem mais nipo-brasileiros são: São Paulo, Paraná, Pará, Amazonas e Mato Grosso do Sul.[49]

Na cidade de São Paulo, está localizado o bairro da Liberdade, conhecido por muitos como o "pedaço brasileiro da Ásia" devido à semelhança de suas ruas e estabelecimentos com as grandes cidades nipônicas.

Municípios brasileiros com maior percentual de descendentes de japoneses:[50]

Ver também

Referências

  1. DAIGO p, 9
  2. «Mundo-Nipo - » Os seis países com a maior população de japoneses e descendentes fora do Japão». mundo-nipo.com. Consultado em 17 de agosto de 2014. Cópia arquivada em 3 de agosto de 2014 
  3. «Quem - NOTÍCIAS - Herança viva». Consultado em 17 de agosto de 2014. Cópia arquivada em 17 de agosto de 2014 
  4. «International Religious Freedom Report 2007». state.gov. Consultado em 17 de agosto de 2014. Cópia arquivada em 13 de agosto de 2014 
  5. «Adital - Brasileiros no Japão». adital.com.br. Consultado em 17 de agosto de 2014. Cópia arquivada em 26 de fevereiro de 2014 
  6. «Nikkeis na mídia - Imigração - Made in Japan». Consultado em 17 de agosto de 2014. Cópia arquivada em 3 de julho de 2014 
  7. «Gaijin - Caminhos da Liberdade - Filme 1980 - AdoroCinema». adorocinema.com. Consultado em 17 de agosto de 2014. Cópia arquivada em 1 de junho de 2013 
  8. «Gaijin 2 - Um filme de Tizuka Yamasaki». tizukayamasaki.com.br. Consultado em 17 de agosto de 2014 
  9. «Corações Sujos». coracoessujos.com.br. Consultado em 17 de agosto de 2014. Cópia arquivada em 13 de julho de 2014  Texto " Trailer e Site Oficial do Filme" ignorado (ajuda)
  10. Vida e Arte dos Japoneses no Brasil. p.40
  11. Vida e Arte dos Japoneses no Brasil. p.50
  12. Antônio Henrique Bittencourt Cunha Bueno. «PRONUNCIAMENTO DO DEPUTADO CUNHA BUENO (PPB-SP), FEITO EM 18 DE JUNHO DE 2002, SOBRE A IMIGRAÇÃO JAPONESA AO BRASIL.». camara.gov.br. Consultado em 17 de agosto de 2014. Arquivado do original (.doc) em 1 de março de 2014 
  13. Paulo Roberto Arruda de Menezes, "Grupo Seibi: O Nascimento da Pintura Nipo-brasileira", Revista USP, n° 37, set./out./nov. 1995, p. 104
  14. Vida e Arte dos Japoneses no Brasil. p.44
  15. Vida e Arte dos Japoneses no Brasil. p.70
  16. Vida e Arte dos Japoneses no Brasil. p.78
  17. Moreno 2012, pp. 165-166
  18. «Grupo Guanabara». Itaucultural.com. Consultado em 24 de julho de 2012. Cópia arquivada em 24 de julho de 2012 
  19. Vida e Arte dos Japoneses no Brasil. p.88
  20. Vida e Arte dos Japoneses no Brasil. p.92
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Bibiografia

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  • Vida e arte dos japoneses no Brasil. [S.l.]: Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand. 1988  |nome1= sem |sobrenome1= em Authors list (ajuda)