Existencialismo: diferenças entre revisões
removendo trecho falacioso e sem fontes. Quem diz isso é sartre, nao o existencialismo. |
|||
Linha 1: | Linha 1: | ||
{{mais-fontes}} |
|||
[[File:Kierkegaard-Dostoyevsky-Nietzsche-Sartre.jpg|thumb|right|Em sentido horário, começando pelo canto superior esquerdo: [[Søren Kierkegaard|Kierkegaard]], [[Fyodor Dostoyevsky|Dostoyevsky]], [[Jean-Paul Sartre|Sartre]], [[Friedrich Nietzsche|Nietzsche]]]] |
[[File:Kierkegaard-Dostoyevsky-Nietzsche-Sartre.jpg|thumb|right|Em sentido horário, começando pelo canto superior esquerdo: [[Søren Kierkegaard|Kierkegaard]], [[Fyodor Dostoyevsky|Dostoyevsky]], [[Jean-Paul Sartre|Sartre]], [[Friedrich Nietzsche|Nietzsche]]]] |
||
'''Existencialismo''' é um termo aplicado a uma escola de filósofos dos séculos XIX e XX que, apesar de possuírem profundas diferenças em termos de doutrinas,<ref>[http://plato.stanford.edu/entries/existentialism/]</ref><ref>John Macquarrie, ''Existentialism'', New York (1972), pages 18–21.</ref><ref>''Oxford Companion to Philosophy'', ed. Ted Honderich, New York (1995), page 259.</ref> partilhavam a crença que o pensamento filosófico começa com o sujeito humano, não meramente o sujeito pensante, mas as suas ações, sentimentos e a vivência de um ser humano individual.<ref>John Macquarrie, ''Existentialism'', New York (1972), pages 14–15.</ref> No existencialismo, o ponto de partida do indivíduo é caracterizado pelo que se tem designado por "atitude existencial", ou uma sensação de desorientação e confusão face a um mundo aparentemente sem sentido e absurdo.<ref name="existentialism1">Robert C. Solomon, ''Existentialism'' (McGraw-Hill, 1974, pages 1–2)</ref> Muitos existencialistas também viam as filosofias acadêmicas e sistematizadas, no estilo e conteúdo, como sendo muito abstratas e longínquas das experiências humanas concretas.<ref>Ernst Breisach, ''Introduction to Modern Existentialism'', New York (1962), page 5</ref><ref>Walter Kaufmann, ''Existentialism: From Dostoyevesky to Sartre'', New York (1956) page 12</ref> |
'''Existencialismo''' é um termo aplicado a uma escola de filósofos dos séculos XIX e XX que, apesar de possuírem profundas diferenças em termos de doutrinas,<ref>[http://plato.stanford.edu/entries/existentialism/]</ref><ref>John Macquarrie, ''Existentialism'', New York (1972), pages 18–21.</ref><ref>''Oxford Companion to Philosophy'', ed. Ted Honderich, New York (1995), page 259.</ref> partilhavam a crença que o pensamento filosófico começa com o sujeito humano, não meramente o sujeito pensante, mas as suas ações, sentimentos e a vivência de um ser humano individual.<ref>John Macquarrie, ''Existentialism'', New York (1972), pages 14–15.</ref> No existencialismo, o ponto de partida do indivíduo é caracterizado pelo que se tem designado por "atitude existencial", ou uma sensação de desorientação e confusão face a um mundo aparentemente sem sentido e absurdo.<ref name="existentialism1">Robert C. Solomon, ''Existentialism'' (McGraw-Hill, 1974, pages 1–2)</ref> Muitos existencialistas também viam as filosofias acadêmicas e sistematizadas, no estilo e conteúdo, como sendo muito abstratas e longínquas das experiências humanas concretas.<ref>Ernst Breisach, ''Introduction to Modern Existentialism'', New York (1962), page 5</ref><ref>Walter Kaufmann, ''Existentialism: From Dostoyevesky to Sartre'', New York (1956) page 12</ref> |
||
Linha 19: | Linha 20: | ||
=== Relação com a religião === |
=== Relação com a religião === |
||
Os autores [[Søren Kierkegaard]], [[Karl Jaspers]] e [[Gabriel Marcel]] propuseram uma versão mais teológica do existencialismo. O ex-marxista [[Nikolai Berdiaev]] desenvolveu uma filosofia do cristianismo existencialista na sua terra natal, [[Rússia]], e mais tarde na [[França]], na véspera da [[Segunda Guerra Mundial]]. |
Os autores [[Søren Kierkegaard]], [[Karl Jaspers]] e [[Gabriel Marcel]] propuseram uma versão mais teológica do existencialismo. O ex-marxista [[Nikolai Berdiaev]] desenvolveu uma filosofia do cristianismo existencialista na sua terra natal, [[Rússia]], e mais tarde na [[França]], na véspera da [[Segunda Guerra Mundial]]. |
||
==== Fé cristã e existencialismo ==== |
==== Fé cristã e existencialismo ==== |
||
Linha 26: | Linha 27: | ||
Sartre realmente não acreditava em força divina. Sartre não foi criado sem religião, mas a [[Segunda Guerra Mundial]] e o constante sofrimento no mundo levou-o para longe da fé, de acordo com várias biografias, incluindo a de sua companheira, Simone de Beauvoir. |
Sartre realmente não acreditava em força divina. Sartre não foi criado sem religião, mas a [[Segunda Guerra Mundial]] e o constante sofrimento no mundo levou-o para longe da fé, de acordo com várias biografias, incluindo a de sua companheira, Simone de Beauvoir. |
||
Para os existencialistas cristãos, a fé defende o indivíduo e guia as decisões com um conjunto rigoroso de regras em algumas vertentes cristãs e em outras como o [[espiritismo]], as decisões são guiadas pelo pensamento, pela alma. Para os ateus, a [[ironia]] é a de que não importa o quanto você faça para melhorar a si ou aos outros, você sempre vai se deteriorar e morrer. Muitos existencialistas acreditam que a grande vitória do indivíduo é perceber o absurdo da vida e aceitá-la. Resumindo, você vive uma vida miserável, pela qual você pode ou não ser recompensado por uma força maior. Se essa força existe, por que os homens sofrem? Se não existe e a vida é absurda em si mesma, por que não cometer suicídio e encurtar seu sofrimento? Essas questões apenas insinuam a complexidade do pensamento existencialista. |
Para os existencialistas cristãos, a fé defende o indivíduo e guia as decisões com um conjunto rigoroso de regras em algumas vertentes cristãs e em outras como o [[espiritismo]], as decisões são guiadas pelo pensamento, pela alma. Para os ateus, a [[ironia]] é a de que não importa o quanto você faça para melhorar a si ou aos outros, você sempre vai se deteriorar e morrer. Muitos existencialistas acreditam que a grande vitória do indivíduo é perceber o absurdo da vida e aceitá-la. Resumindo, você vive uma vida miserável, pela qual você pode ou não ser recompensado por uma força maior. Se essa força existe, por que os homens sofrem? Se não existe e a vida é absurda em si mesma, por que não cometer suicídio e encurtar seu sofrimento? Essas questões apenas insinuam a complexidade do pensamento existencialista. |
||
=== Liberdade === |
=== Liberdade === |
||
Linha 55: | Linha 56: | ||
{{Div col fim}} |
{{Div col fim}} |
||
Há duas linhas existencialistas famosas, quer de impulsionadores, quer de existencialistas propriamente ditos. A primeira, de Kierkegaard, [[Arthur Schopenhauer]], Nietzsche e [[Martin Heidegger]] é agrupada intelectualmente. Esses homens são os pais do existencialismo e dedicaram-se a estudar a condição humana. A segunda, de Sartre, [[Albert Camus]] e [[Simone de Beauvoir]], era uma linha marcada pelo compromisso político. |
Há duas linhas existencialistas famosas, quer de impulsionadores, quer de existencialistas propriamente ditos. A primeira, de Kierkegaard, [[Arthur Schopenhauer]], Nietzsche e [[Martin Heidegger]] é agrupada intelectualmente. Esses homens são os pais do existencialismo e dedicaram-se a estudar a condição humana. A segunda, de Sartre, [[Albert Camus]] e [[Simone de Beauvoir]], era uma linha marcada pelo compromisso político. |
||
Enquanto outras pessoas entraram e saíram, esses sete indivíduos definiram o existencialismo. O filosofar heideggeriano é uma constante interrogação, na procura de revelar e levar à luz da compreensão o próprio objeto que decide sobre a estrutura dessa interrogação, e que orienta as cadências do seu movimento: a questão sobre o Ser. A meta de Heidegger é penetrar na filosofia, demorar nela, submeter seu comportamento às suas leis. O caminho seguido por ele deve ser, portanto, de tal modo e de tal direção, que aquilo de que a Filosofia trata atinja nossa responsabilidade, vise a nós homens, nos toque e, justamente, em todo o ente que é no Ser. O pensamento de Heidegger é um retorno ao fundamento da metafísica num movimento problematizador, uma meditação sobre a Filosofia no sentido daquilo que permanece fundamentalmente velado. A Filosofia sobre a qual ele nos convida a meditar é a grande característica da inquietação humana em geral, a questão sobre o Ser. Heidegger entende que a Filosofia é nas origens, na sua essência, de tal natureza que ela primeiro se apoderou do mundo grego e só dele, usando-o para se desenvolver. O caminho que Heidegger segue é orientado pela procura de renovar a temática do Ser na Filosofia ocidental. Todavia, ele constata que nunca o pensamento ocidental conseguiu resolver a questão sobre o Ser.{{carece de fontes|data=maio de 2019}} |
Enquanto outras pessoas entraram e saíram, esses sete indivíduos definiram o existencialismo. O filosofar heideggeriano é uma constante interrogação, na procura de revelar e levar à luz da compreensão o próprio objeto que decide sobre a estrutura dessa interrogação, e que orienta as cadências do seu movimento: a questão sobre o Ser. A meta de Heidegger é penetrar na filosofia, demorar nela, submeter seu comportamento às suas leis. O caminho seguido por ele deve ser, portanto, de tal modo e de tal direção, que aquilo de que a Filosofia trata atinja nossa responsabilidade, vise a nós homens, nos toque e, justamente, em todo o ente que é no Ser. O pensamento de Heidegger é um retorno ao fundamento da metafísica num movimento problematizador, uma meditação sobre a Filosofia no sentido daquilo que permanece fundamentalmente velado. A Filosofia sobre a qual ele nos convida a meditar é a grande característica da inquietação humana em geral, a questão sobre o Ser. Heidegger entende que a Filosofia é nas origens, na sua essência, de tal natureza que ela primeiro se apoderou do mundo grego e só dele, usando-o para se desenvolver. O caminho que Heidegger segue é orientado pela procura de renovar a temática do Ser na Filosofia ocidental. Todavia, ele constata que nunca o pensamento ocidental conseguiu resolver a questão sobre o Ser.{{carece de fontes|data=maio de 2019}} |
Revisão das 02h18min de 3 de setembro de 2019
Esta página cita fontes, mas que não cobrem todo o conteúdo. |
Existencialismo é um termo aplicado a uma escola de filósofos dos séculos XIX e XX que, apesar de possuírem profundas diferenças em termos de doutrinas,[1][2][3] partilhavam a crença que o pensamento filosófico começa com o sujeito humano, não meramente o sujeito pensante, mas as suas ações, sentimentos e a vivência de um ser humano individual.[4] No existencialismo, o ponto de partida do indivíduo é caracterizado pelo que se tem designado por "atitude existencial", ou uma sensação de desorientação e confusão face a um mundo aparentemente sem sentido e absurdo.[5] Muitos existencialistas também viam as filosofias acadêmicas e sistematizadas, no estilo e conteúdo, como sendo muito abstratas e longínquas das experiências humanas concretas.[6][7]
O filósofo Søren Kierkegaard,[8][9] do início do século XIX, é geralmente considerado como o pai do existencialismo.[10][11] Ele sustentava a ideia que o indivíduo é o único responsável em dar significado à sua vida e em vivê-la de maneira sincera e apaixonada,[12][13] apesar da existência de muitos obstáculos e distracções como o desespero, ansiedade, o absurdo, a alienação e o tédio.[14]
Filósofos existencialistas posteriores retêm esta ênfase no aspecto do indivíduo, mas diferem, em diversos graus, em como cada um atinge uma vida gratificante e no que ela constitui, que obstáculos devem ser ultrapassados, que factores internos e externos estão envolvidos, incluindo as potenciais consequências da existência[15][16] ou não existência de Deus.[5][17] O existencialismo tornou-se popular nos anos após as guerras mundiais, como maneira de reafirmar a importância da liberdade e individualidade humana.[18]
Origens
O existencialismo é um movimento filosófico e literário distinto pertencente aos séculos XIX e XX, mas os seus elementos podem ser encontrados no pensamento (e vida) de Sócrates, Agostinho de Hipona e no trabalho de muitos filósofos e escritores pré-modernos. Culturalmente, podemos identificar pelo menos duas linhas de pensamento existencialista: alemã-dinamarquesa e anglo-francesa. As culturas judaica e russa também contribuíram para esta filosofia. O movimento filosófico é agora conhecido como existencialismo de Beauvoir. Após ter experienciado vários distúrbios civis, guerras locais e duas guerras mundiais, algumas pessoas na Europa foram forçadas a concluir que a vida é inerentemente miserável e irracional.
O existencialismo foi inspirado nas obras de Søren Kierkegaard, Fiódor Dostoiévski, Karl Jaspers e nos filósofos alemães Friedrich Nietzsche, Edmund Husserl e Martin Heidegger, e foi particularmente popularizado em meados do século XX pelas obras do escritor e filósofo francês Jean-Paul Sartre e da escritora e filósofa Simone de Beauvoir. Os mais importantes princípios do movimento são expostos no livro de Sartre L'Existentialisme est un humanisme ("O existencialismo é um humanismo").
O termo "existencialismo" parece ter sido cunhado pelo filósofo francês Gabriel Marcel em meados da década de 1940[19][20][21] e adoptado por Jean-Paul Sartre que, em 29 de Outubro de 1945, discutiu a sua própria posição existencialista numa palestra dada no Club Maintenant em Paris e publicada como O Existencialismo É um Humanismo, um pequeno livro que teve um papel importante na divulgação do pensamento existencialista.[22]
O rótulo foi aplicado retrospectivamente a outros filósofos para os quais a existência e, em particular, a existência humana eram tópicos filosóficos fundamentais. Martin Heidegger tornou a existência humana (Dasein) o foco do seu trabalho desde a década de 1920 e Karl Jaspers denominou a sua filosofia com o termo "Existenzphilosophie" na década de 1930[20][23] Quer Heidegger quer Jaspers tinham sido influenciados pelo filósofo dinamarquês Søren Kierkegaard. Para Kierkegaard, a crise da existência humana foi um tema maior na sua obra.[11][24][25] Ele tornou-se visto como o primeiro existencialista,[21] e mesmo chamado como o "pai do existencialismo".[11] De facto, foi o primeiro de maneira explícita a colocar questões existencialistas como foco principal da obra.[26] Em retrospectiva, outros escritores também discutiram temas existencialistas ao longo da história da literatura e filosofia. Devido à exposição dos temas existencialistas ao longo das décadas, quando a sociedade foi oficialmente introduzida ao tema, o termo tornou-se relativamente popular quase de imediato. Na literatura, após a Segunda Guerra Mundial, houve uma corrente existencialista que contou com Albert Camus e Boris Vian, além do próprio Sartre. É importante notar que Albert Camus, filósofo além de literato, ia contra o existencialismo, sendo este somente característica de sua obra literária. Já Boris Vian definia-se patafísico.
Temáticas
Os temas existencialistas são férteis no terreno da criação literária, nomeadamente na literatura francesa, e continuam a exibir vitalidade no mundo filosófico e literário contemporâneo. As principais temáticas abordadas sugerem o contexto da sua aparição (final da Segunda Guerra Mundial), reflectindo o absurdo do mundo e da barbárie injustificada, das situações e das relações quotidianas (L'enfer, c'est les autres, ["O inferno são os outros"], Jean-Paul Sartre). Paralelamente, surgem temáticas como o silêncio e a solidão, corolários óbvios de vidas largadas ao abandono, depois da "morte de Deus" (Friedrich Nietzsche). A existência humana, em toda a sua natureza, é questionada: quem somos? O que fazemos? Para onde vamos? Quem nos move? É esta consciência aguda de abandono e de solidão (voluntária ou não), de impotência e de injustificabilidade das acções, que se manifesta nas principais obras desta corrente em que o filosófico e o literário se conjugam.
Relação com a religião
Os autores Søren Kierkegaard, Karl Jaspers e Gabriel Marcel propuseram uma versão mais teológica do existencialismo. O ex-marxista Nikolai Berdiaev desenvolveu uma filosofia do cristianismo existencialista na sua terra natal, Rússia, e mais tarde na França, na véspera da Segunda Guerra Mundial.
Fé cristã e existencialismo
O existencialismo não é uma simples escola de pensamento, livre de qualquer e toda forma de fé. Ajuda a entender que muitos dos existencialistas eram, de fato, religiosos. Pascal e Kierkegaard eram cristãos dedicados. Pascal era católico, Kierkegaard, um protestante radical marcado pelo ríspido antagonismo com a igreja luterana. Dostoiévski era greco-ortodoxo. Kafka era judeu.[27] Sartre realmente não acreditava em força divina. Sartre não foi criado sem religião, mas a Segunda Guerra Mundial e o constante sofrimento no mundo levou-o para longe da fé, de acordo com várias biografias, incluindo a de sua companheira, Simone de Beauvoir.
Para os existencialistas cristãos, a fé defende o indivíduo e guia as decisões com um conjunto rigoroso de regras em algumas vertentes cristãs e em outras como o espiritismo, as decisões são guiadas pelo pensamento, pela alma. Para os ateus, a ironia é a de que não importa o quanto você faça para melhorar a si ou aos outros, você sempre vai se deteriorar e morrer. Muitos existencialistas acreditam que a grande vitória do indivíduo é perceber o absurdo da vida e aceitá-la. Resumindo, você vive uma vida miserável, pela qual você pode ou não ser recompensado por uma força maior. Se essa força existe, por que os homens sofrem? Se não existe e a vida é absurda em si mesma, por que não cometer suicídio e encurtar seu sofrimento? Essas questões apenas insinuam a complexidade do pensamento existencialista.
Liberdade
Com essa afirmação vemos o peso da responsabilidade por sermos totalmente livres. E, frente a essa liberdade de eleição, o ser humano se angustia, pois a liberdade implica fazer escolhas, as quais só o próprio indivíduo pode fazer. Muitos de nós ficamos paralisados e, dessa forma, nos abstemos de fazer as escolhas necessárias. Porém, a "não ação", o "nada fazer", por si só, já é uma escolha; a escolha de não agir. A escolha de adiar a existência, evitando os riscos, a fim de não errar e gerar culpa, é uma tônica na sociedade contemporânea. Arriscar-se, procurar a autenticidade, é uma tarefa árdua, uma jornada pessoal que o ser deve empreender em busca de si mesmo.
Os existencialistas perguntaram-se se havia um Criador. Se sim, qual é a relação entre a espécie humana e esse criador? As leis da natureza já foram pré-definidas e os homens têm que se adaptar a elas?
Kierkegaard, Nietzsche e Heidegger são alguns dos filósofos que mais influenciaram o existencialismo. Os dois primeiros se preocupavam com a mesma questão: o que limita a ação de um indivíduo? Kierkegaard chegou à possibilidade de que o cristianismo e a fé em geral são irracionais, argumentando que provar a existência de uma única e suprema entidade é uma atividade inútil.[28][29][nota 1] Nietzsche foi sobretudo um crítico da religião organizada e das doutrinas de seu tempo. Ele acreditou que a religião organizada, especialmente a Igreja Católica, era contra qualquer poder de ganho ou autoconfiança sem consentimento. Nietzsche usou o termo rebanho para descrever a população que segue a Igreja de boa vontade. Ele argumentou que provar a existência de um criador não era possível nem importante.
Nietzsche se referia à vida como única entidade que carecia de louvor. Prova disso é o eterno retorno em que ele afirmava que o homem deveria viver a vida como se tivesse que vivê-la novamente e eternamente. E quanto à Igreja, Nietzsche a condenava; para ele, dentre os inteligentes o pior era o padre, pois conseguia incutir nos pensamentos do rebanho, fundamentos que só contribuíam para o afastamento da vida. Encontramos essas críticas em O Anticristo.
O indivíduo versus a sociedade
O existencialismo representa a vida como uma série de lutas. O indivíduo é forçado a tomar decisões que reforçam suas características de ser racional: pensar, questionar. Nas obras de alguns pensadores, parece que a liberdade e a escolha pessoal são as sementes da miséria. A maldição do livre arbítrio foi de particular interesse dos existencialistas teológicos e cristãos. As regras sociais são o resultado da tentativa dos homens de planejar um projeto funcional. Ou seja, quanto mais estruturada a sociedade, mais funcional ela deveria ser. Os existencialistas explicam por que algumas pessoas se sentem atraídas à passividade moral baseando-se no desafio de tomar decisões. Seguir ordens é fácil; requer pouco esforço emocional e intelectual fazer o que lhe mandam. Se a ordem não é lógica, não é o soldado que deve questionar. Deste modo, as guerras podem ser explicadas, genocídios em massa podem ser entendidos. As pessoas estavam apenas fazendo o que lhe foi dito.
O absurdo
A noção do absurdo contém a ideia de que não há sentido a ser encontrado no mundo além do significado que damos a ele. Esta falta de significado também engloba a amoralidade ou "injustiça" do mundo. Isto contrasta com as formas "cármicas" de pensar em que "as coisas ruins não acontecem para pessoas boas"; para o mundo,falando-se metaforicamente, não há tais coisas como: "pessoa boa" e/ou "uma coisa má", o que acontece, acontece, e pode muito bem acontecer a uma pessoa "boa" como a uma pessoa "ruim". Por conta do absurdo do mundo, em qualquer ponto do tempo, qualquer coisa pode acontecer a qualquer um, e um acontecimento trágico poderia cair sobre alguém em confronto direto com o Absurdo. A noção do absurdo tem se destacado na literatura ao longo da história. Søren Kierkegaard, Franz Kafka, Fiódor Dostoiévski e muitas das obras literárias de Jean-Paul Sartre e Albert Camus contêm descrições de pessoas que encontraram o absurdo do mundo. Albert Camus estudou a questão do "absurdo" em seu ensaio O Mito de Sísifo.
Importantes filósofos para o existencialismo
Há duas linhas existencialistas famosas, quer de impulsionadores, quer de existencialistas propriamente ditos. A primeira, de Kierkegaard, Arthur Schopenhauer, Nietzsche e Martin Heidegger é agrupada intelectualmente. Esses homens são os pais do existencialismo e dedicaram-se a estudar a condição humana. A segunda, de Sartre, Albert Camus e Simone de Beauvoir, era uma linha marcada pelo compromisso político.
Enquanto outras pessoas entraram e saíram, esses sete indivíduos definiram o existencialismo. O filosofar heideggeriano é uma constante interrogação, na procura de revelar e levar à luz da compreensão o próprio objeto que decide sobre a estrutura dessa interrogação, e que orienta as cadências do seu movimento: a questão sobre o Ser. A meta de Heidegger é penetrar na filosofia, demorar nela, submeter seu comportamento às suas leis. O caminho seguido por ele deve ser, portanto, de tal modo e de tal direção, que aquilo de que a Filosofia trata atinja nossa responsabilidade, vise a nós homens, nos toque e, justamente, em todo o ente que é no Ser. O pensamento de Heidegger é um retorno ao fundamento da metafísica num movimento problematizador, uma meditação sobre a Filosofia no sentido daquilo que permanece fundamentalmente velado. A Filosofia sobre a qual ele nos convida a meditar é a grande característica da inquietação humana em geral, a questão sobre o Ser. Heidegger entende que a Filosofia é nas origens, na sua essência, de tal natureza que ela primeiro se apoderou do mundo grego e só dele, usando-o para se desenvolver. O caminho que Heidegger segue é orientado pela procura de renovar a temática do Ser na Filosofia ocidental. Todavia, ele constata que nunca o pensamento ocidental conseguiu resolver a questão sobre o Ser.[carece de fontes]
Importantes escritores existencialistas
Diretores de cinema existencialistas
Notas
- ↑ Søren Kierkegaard fala da "irracionalidade" na história de Abraão que foi usado como uma ilustração de fé, em primeiro lugar. A ideia de sacrificar o próprio filho por conta das instruções da voz de Deus atingiria a maioria das pessoas normais, mesmo aqueles nos tempos bíblicos, como bastante irracional.
Referências
- ↑ [1]
- ↑ John Macquarrie, Existentialism, New York (1972), pages 18–21.
- ↑ Oxford Companion to Philosophy, ed. Ted Honderich, New York (1995), page 259.
- ↑ John Macquarrie, Existentialism, New York (1972), pages 14–15.
- ↑ a b Robert C. Solomon, Existentialism (McGraw-Hill, 1974, pages 1–2)
- ↑ Ernst Breisach, Introduction to Modern Existentialism, New York (1962), page 5
- ↑ Walter Kaufmann, Existentialism: From Dostoyevesky to Sartre, New York (1956) page 12
- ↑ Søren Kierkegaard - Fear and Trembling por Susan Scully Troy, (2008)
- ↑ 'Kierkegaard and Socrates' por D.R. Khashaba em "PHILOSOPHY PATHWAYS" (ISSN 2043-0728)
- ↑ Marino, Gordon. Basic Writings of Existentialism (Modern Library, 2004, p. ix, 3).
- ↑ a b c Stanford Encyclopedia of Philosophy
- ↑ Watts, Michael. Kierkegaard (Oneworld, 2003, pp, 4-6).
- ↑ Lowrie, Walter. Kierkegaard's attack upon "Christendom" (Princeton, 1968, pp. 37-40)
- ↑ Corrigan, John. The Oxford handbook of religion and emotion (Oxford, 2008, pp. 387-388)
- ↑ Livingston, James et al. Modern Christian Thought: The Twentieth Century (Fortress Press, 2006, Chapter 5: Christian Existentialism).
- ↑ Martin, Clancy. Religious Existentialism in Companion to Phenomenology and Existentialism (Blackwell, 2006, pages 188-205)
- ↑ D.E. Cooper Existentialism: A Reconstruction (Basil Blackwell, 1999, page 8).
- ↑ Guignon, Charles B. and Derk Pereboom. Existentialism: basic writings (Hackett Publishing, 2001, page xiii)
- ↑ D.E. Cooper Existentialism: A Reconstruction (Basil Blackwell, 1990, page 1)
- ↑ a b Thomas R. Flynn, Existentialism: A Very Short Introduction (Oxford University Press, 2006, page 89
- ↑ a b Christine Daigle, Existentialist Thinkers and Ethics (McGill-Queen's press, 2006, page 5)
- ↑ L'Existentialisme est un Humanisme (Editions Nagel, 1946); English Jean-Paul Sartre, Existentialism and Humanism (Eyre Methuen, 1948)
- ↑ John Protevi, A Dictionary of Continental Philosophy (Yale University press, 2006, page 325)
- ↑ S. Kierkegaard, Concluding Unscientific Postscript, tradução para inglês: "A First and Last Declaration": "...to read solo the original text of the individual, human-existence relationship, the old text, well known, handed down from the fathers, to read it through yet once more, if possible in a more heartfelt way."
- ↑ Michael Weston, Kierkegaard and Modern Continental Philosophy (Routledge, 2003, page 35)
- ↑ Ferreira, M. Jamie, Kierkegaard, Wiley & Sons, 2008.
- ↑ KAFKA, Franz. A Metamorfose, Um Artista da Fome e Carta a Meu Pai. Coleção a Obra-Prima de Cada Autor. Introdução, página 12. Editora Martin Claret.
- ↑ Philosophy and Phenomenological Research - Vol. 51, No. 2, Junho de 1991 - capítulo: Kierkegaard's Pragmatist Faith (pp. 279-302) por Steven M. Emmanuel
- ↑ Kierkegaard: On Faith and the Self Baylor University Press - por C. Stevens Evans (2006)
Ligações externas
- «Existentialism - BBC» (em inglês)
- Sobraphe (em português)