Viola: diferenças entre revisões

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Na música de câmara a viola sempre teve papel fundamental e faz parte da formação tradicional do [[quarteto de cordas]].
Na música de câmara a viola sempre teve papel fundamental e faz parte da formação tradicional do [[quarteto de cordas]].

[[Ficheiro:Viola da braccio.jpg|thumb|alt=Fresco of a man holding a yellowish string instrument to his neck and bowing|Viola da braccio em um afresco de [[Gaudenzio Ferrari]] em Santa Maria dei Miracoli, c. 1535]]

== De instrumento acompanhador a instrumento solista ==

Até o século XVIII é fato conhecido que imperava a polivalência instrumental, um mesmo músico tocava vários instrumentos. Assim, quem tocava a viola eram violinistas e muitas obras não exigiam muito do instrumentista, pois, ao contrário de outros instrumentos, ela não recebia um lugar de destaque na maioria das obras daquele período. Esse círculo vicioso descrito construiu uma representação, um estereótipo da viola e do violista que perdurou por muito tempo e é formadora da identidade do instrumento e do instrumentista. Tal fato já havia sido observado por William Primrose, o primeiro violista reconhecido como solista, já no século XX.
Em 1941, Primrose afirmou: ''É gratificante observar o despertar inconfundível do interesse em tocar viola. Houve um tempo, não muito tempo atrás, quando a viola era não só negligenciada, mas completamente mal interpretada. De fato, o mal entendido causou a negligência. Uma compreensão mais clara dos usos, técnica e o alcance da viola já aumentaram sua popularidade e este fato também aponta para uma penetração ainda mais profunda em um dos campos mais ricos e mais gratificante da atividade musical.''
A semelhança com o violino agravou ainda mais a ambigüidade em relação a viola, sendo esse instrumento errôneamente considerado apenas uma variante mais grave do violino. As características próprias do instrumento se diluíram no violino que se afirmava como o instrumento predominante na família das cordas.
De uma maneira geral, argumenta-se que os discursos sobre a viola naturalizam construções de cunho social, gerando uma representação equivocada de um instrumento 'defeituoso' ou de difícil maleabilidade, em que suas características naturais são vistas como defeitos ou dificuldades (como, por exemplo, seu tamanho e timbre). No caso da viola fica clara a comparação desta com o violino. Diante desse quadro, em que a viola não sobressaía como instrumento autônomo, a identidade do instrumento fragilizava-se.
Ao longo do século XX, houve um desenvolvimento mais expressivo das possibilidades técnicas do instrumento, sobretudo devido a uma maior exploração da escrita para o instrumento. Esse fato contribuiu para o desenvolvimento técnico do violista e a autonomia identitária da viola expressa por um corpo mais variado de repertório. A imagem, embora ainda rara, do violista solista, firmou-se ainda no século XX com o violista William Primrose. David Dalton conta que W. Primrose, no início de sua carreira como solista no século XX, era questionado inúmeras vezes sobre a diferença entre o violino e a viola, um instrumento até então não conhecido como solista.

Como afirmou David Dalton: ''O século XX descobriu a viola e o violista parece ter encontrado a sua própria identidade.''


== Execução ==
== Execução ==
A execução mais comum é a fricção do arco nas cordas. A técnica é a mesma do violino, por isso os dois instrumentos podem ser confundidos por leigos, porém a viola é ligeiramente maior, além de mais grave. Antes de tocar o instrumento, o violista passa sobre a crina do arco uma resina chamada [[breu]], que tem o efeito de produzir o atrito entre os fios da crina e as [[corda (música)|cordas]], gerando o som. O som produzido pelas cordas é transmitido ao corpo oco da viola, denominado caixa de ressonância, pela ''alma'', um cilindro de madeira que fica dentro do corpo da viola, mais ou menos em baixo do lado direito do cavalete. A alma liga, mecânica e acusticamente, o tampo superior ao inferior da viola, fazendo com que o som vibre por todo o seu corpo.

O arco tem papel fundamental na execução do instrumento, as nuances sonoras, o colorido e a dinâmica musical estão intimamente ligados à condução do arco. A execução mais comum é a fricção do arco nas cordas. A técnica é a mesma do violino, por isso os dois instrumentos podem ser confundidos por leigos, porém a viola é ligeiramente maior, além de mais grave. Antes de tocar o instrumento, o violista passa sobre a crina do arco uma resina chamada [[breu]], que tem o efeito de produzir o atrito entre os fios da crina e as [[corda (música)|cordas]], gerando o som. O som produzido pelas cordas é transmitido ao corpo oco da viola, denominado caixa de ressonância, pela ''alma'', um cilindro de madeira que fica dentro do corpo da viola, mais ou menos em baixo do lado direito do cavalete. A alma liga, mecânica e acusticamente, o tampo superior ao inferior da viola, fazendo com que o som vibre por todo o seu corpo.


;Pronação
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== Seleção de obras para viola ==
== Seleção de obras para viola ==
*''Sonata para viola e piano'' ([[Camargo Guarnieri]])
*''Bilhete de um jogral para viola sozinha'' ([[César Guerra-Peixe]])
*''Sonatas para viola e piano'' ([[Johannes Brahms|J. Brahms]])
*''Sonatas para viola e piano'' ([[Johannes Brahms|J. Brahms]])
*''Toada Afro-Recifense'' 3 peças para viola e piano ([[César Guerra-Peixe]])
*''Choro para viola e orquestra'' ([[Camargo Guarnieri]])
*'' Duo para viola e violoncelo'' ([[Beethoven]])
*'' Duo para viola e violoncelo'' ([[Beethoven]])
*''Sinfonia concertante'', para violino, viola e orquesta ([[Mozart]])
*''Sinfonia concertante'', para violino, viola e orquesta ([[Mozart]])
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*''Concerto para viola'' ([[Sofia Gubaidulina]])
*''Concerto para viola'' ([[Sofia Gubaidulina]])
*''Passacaglia'' Concerto Viola e Violino ([[Georg Friedrich Händel|Händel]])
*''Passacaglia'' Concerto Viola e Violino ([[Georg Friedrich Händel|Händel]])

== Métodos de estudo para a viola ==
* Suzuki Viola School (Método Suzuki) - S. Suzuki (Em 10 volumes, do iniciante ao avançado)
* O aprendiz de Violino (Método didático para crianças, com canções do folclore brasileiro) - Keeyth Vianna (Nível: Iniciante)
* Técnicas fundamentais de arco para violino e viola - Marco Antônio Lavigne e Paulo Bosísio (Destinado a todos os níveis)
* Notas sobre o estudo das escalas maiores - Marco Antônio Lavigne
* Kreutzer - 42 estudos e caprichos - Kreutzer (Nível intermediário/avançado)
* Rode - 24 Caprichos - Rode, Pierre (Nível avançado)
* Dont - 24 Estudos e Caprichos
* Mazas - 75 estudos (Nível Intermediário)
* Flesch - Das Skalensysten (O sistema de escalas) - Carl Flesch (Nível avançado)
* Sevcik Op. 1, Vol. 1 - Estudo da Técnica, Mão esquerda, Velocidade, (Destinado a todos os níveis, do elementar ao avançado)
* Sevcik Op. 8 - Estudo de mudança de posição, (Destinado a todos os níveis, do elementar ao avançado)
* Hans Sitt - 15 Estudos para Violino Op. 116 (Nível intermediário)
* Didier Lockwood - Método de improvisação para Violino (e Viola) no Jazz - Cordes Et Ame Méthode d'Improvisation et de Violon - (Didier Lockwood & Francis Darizcuren)
* Tartini - L'Arte dell'Arco (Estudo de Arco)
* Kayser, 36 Elementary and Progressive Studies (Estudos, nível intermediário)


==Ligações externas==
==Ligações externas==

Revisão das 04h38min de 14 de setembro de 2019

 Nota: Para outros significados, veja Viola (desambiguação).
Viola
Viola
Informações
Classificação Instrumento de cordas friccionadas
Classificação Hornbostel-Sachs 321.322-71
Cordofone.
Instrumentos relacionados

A viola (também chamada viola de arco, violeta ou alto) é um instrumento musical da família do violino (de arco e quatro cordas), assemelhando-se visualmente a este, inclusive na maneira de se tocar. No entanto, possui um som mais encorpado, doce, menos estridente e mais grave, sendo o seu registo intermédio entre o violino e o violoncelo. Além destes três instrumentos, a família dos instrumentos de cordas friccionadas é composta também pelo contrabaixo.

Assim como outros instrumentos de cordas, as violas também podem ser amplificadas eletronicamente. Muitos a utilizam na música popular, jazz, rock, sua utilização mais comum é na música clássica, principalmente em naipes de cordas de orquestras, ou em formações camerísticas como o quarteto de cordas.

O som de uma viola de arco, em uma obra de J.S. Bach, pode ser ouvido neste artigo.

Obra de J.S. Bach (Suite No. 5) tocada na Viola de arco

Timbre da viola

A Viola de arco é o instrumento que mais se assemelha com a voz humana, seu timbre faz a voz Contralto, enquanto o violino faz a voz Soprano, o Violoncelo a voz Tenor e o Contrabaixo a voz Baixo.

Com as sua quatro cordas afinadas em Lá, Ré, Sol, Dó, a viola possui um notável poder expressivo de acento mais suave, recolhido e melancólico.

Grandes compositores, clássicos, românticos e modernos, apreciando as qualidades extremamente emotivas deste instrumento, escreveram obras muito importantes como concertos, sonatas e suites.

Origem da viola

A viola foi criada entre os séculos XIV e XV. A primeira Publicação relativa foi: Régola Rubertina em 1543 por Ganassi del Fontego.

A viola como a conhecemos hoje possivelmente surgiu da Viola D'amore (Imagem ao final do artigo)

Comparação entre o Violino (esquerda) e a Viola (direita)

Tem tamanho pouco maior que o violino e também arco com tamanho e peso diferente do violino. Porém, para se tocar o instrumento adota-se técnica praticamente idêntica.

Viola D'amore

A viola é um dos instrumentos que utilizam a clave de Dó (na terceira linha) e em regiões muito agudas utiliza a clave de sol.

Extensão: de 128 Hz a 1.280 Hz.

Representação das notas das cordas soltas:

Accord alto.jpg

A palavra viola foi utilizada por muito tempo (antes do Século XVI) para identificar genericamente qualquer instrumento de arco. Até fins do século XVl, havia mais de dez instrumentos com o nome de viola: Viola da Braccio, Viola Bastarda, Viola d´Amore, Viola da Gamba.

A Viola como conhecemos hoje, evoluiu da Viola da Gamba para a Viola de Braccio – Viola de Braço, aliás, o nome da Viola em Alemão é Bratsche, que é uma corruptela de Braccio, que era tocada apoiada pouco abaixo do ombro, no peito.

A partir de meados do século XVII, as famílias Amati, Guarneri e Stradivarius passaram a produzir Violas mais parecida com as de hoje em dia.

As diferenças entre os timbres da viola e do violino são claramente audíveis na Sinfonia Concertante (K.364) de Mozart.

Na música de câmara a viola sempre teve papel fundamental e faz parte da formação tradicional do quarteto de cordas.

Execução

A execução mais comum é a fricção do arco nas cordas. A técnica é a mesma do violino, por isso os dois instrumentos podem ser confundidos por leigos, porém a viola é ligeiramente maior, além de mais grave. Antes de tocar o instrumento, o violista passa sobre a crina do arco uma resina chamada breu, que tem o efeito de produzir o atrito entre os fios da crina e as cordas, gerando o som. O som produzido pelas cordas é transmitido ao corpo oco da viola, denominado caixa de ressonância, pela alma, um cilindro de madeira que fica dentro do corpo da viola, mais ou menos em baixo do lado direito do cavalete. A alma liga, mecânica e acusticamente, o tampo superior ao inferior da viola, fazendo com que o som vibre por todo o seu corpo.

Pronação

A pronação é o movimento de pressionar o dedo indicador no arco (rotacionar o antebraço para o lado esquerdo gerando pressão no dedo indicador), aliviando a pressão exercida pelo dedo mínimo (dedinho). Este movimento acarretará em uma maior intensidade do som.

Supinação

Já a supinação é o movimento de pressionar o dedo mínimo no arco (rotacionar o antebraço para o lado direito) aliviando a pressão do dedo indicador, fazendo com que o som seja menos intenso. NOTA: Não é necessário fazer pressão com o dedo Mínimo (dedinho), pois o próprio peso do talão já é suficiente para com a intensidade do som.

Técnicas de arco

  • Pizzicato (beliscado): Os violistas nem sempre usam o arco quando tocam. O pizzicato consiste em tocar as cordas com os dedos, dando pequenos puxões ou beliscadas. Raramente o pizzicato se estende pela melodia inteira, e quando se lê na partitura a palavra arco os executantes interrompem o pizzicato e voltam a usar o arco.
  • Col legno (com a madeira): O arco é segurado de lado, de forma que a madeira do arco roce nas cordas, produzindo um curioso efeito rangente. Aparece no começo de Marte, o Mensageiro da Guerra, da suíte de Holst Os Planetas.
  • Vibrato (vibrado): Uma das importantes técnicas de instrumentos de cordas. Existem 3 tipos de vibrato: o de dedo, o de punho e o de braço. Consiste em fazer o som vibrar, formando uma flutuação mínima na afinação da nota, para cima e para baixo. O vibrato de dedo é para passagens mais rápidas. O de punho é o mais comum, e o de braço é para expressar com certa força, paixão, drama no trecho. É usado sobretudo em notas longas.
  • Corda dupla: Significa tocar, ao mesmo tempo, em duas, três cordas ou até mesmo quatro cordas, e consequentemente duas, três ou quatro notas (sob a forma de acordes), de uma só vez. É possível tocar três ou quatro cordas simultaneamente, sob a forma de acordes, porém pode-se sustentar apenas duas adjacentes.
  • Harmônicos ou Flautato: Notas suaves produzidas pelo toque muito leve com a polpa dos dedos em pontos estratégicos sobre a corda. Assemelham-se às notas da flauta e são usadas com mais freqüência na música moderna.
  • Glissando (deslizando): O instrumentista escorrega o dedo sobre a corda, tocando todas as notas dentro do intervalo tocado, o que permite que todos os sons interpostos sejam ouvidos. Os glissandos aparecem quase exclusivamente nas músicas do século XX.
  • Sul ponticello (sobre o cavalete): Indica que o instrumentista deve passar o arco próximo ao cavalete, o que origina um som de timbre brilhante e estridente.
  • Sul tasto (sobre o espelho): Indica que o instrumentista deve tanger o arco próximo ao espelho, o que origina um timbre velado e mais melado.

Seleção de obras para viola

Ligações externas

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