Cáliga: diferenças entre revisões

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
A:OUTRAIW ligações interprojetos em páginas de conteúdo enciclopédico (artigos e anexos) não é permitido na Wikipédia lusófona nem em várias outras Wikipédias.
Linha 16: Linha 16:


As cáligas eram ideais para se usar em climas quentes e Mediterrânicos, por contraste com outros tipos de calçados menos arejados, como borzeguins. Se, por um lado, isto ofereceu vantagens aos romanos em inúmeros cenários de guerra, facto é que nas campanhas Setentrionais, face aos climas frios e húmidos, os ''caligati'' muitas vezes usavam meias de lã sob as cáligas, para se resguardarem do frio, especialmente no Inverno.
As cáligas eram ideais para se usar em climas quentes e Mediterrânicos, por contraste com outros tipos de calçados menos arejados, como borzeguins. Se, por um lado, isto ofereceu vantagens aos romanos em inúmeros cenários de guerra, facto é que nas campanhas Setentrionais, face aos climas frios e húmidos, os ''caligati'' muitas vezes usavam meias de lã sob as cáligas, para se resguardarem do frio, especialmente no Inverno.
Por volta do século II a.C as cáligas foram saindo de voga, sendo substituidas por um tipo de calçado fechado e mais à paisana, as [[c:File:Kierpce_shoes,_early_19th_century.jpg|carbatinas]]- sandálias fechadas, compostas por uma peça de coiro única, que embrulhava o pé e era fechada por um atilho de cordel ou pano, que dava a volta ao tornozelo.<ref>Carol van Driel-Murray, "Vindolanda and the Dating of Roman Footwear", ''Britannia'', Vol. 32 (2001), p. 193 - 195, Published by: Society for the Promotion of Roman Studies, DOI: 10.2307/526955, available at [[JSTOR]] (subscription required) Stable URL: https://www.jstor.org/stable/526955</ref>
Por volta do século II a.C as cáligas foram saindo de voga, sendo substituidas por um tipo de calçado fechado e mais à paisana, as [[carbatinas]]- sandálias fechadas, compostas por uma peça de coiro única, que embrulhava o pé e era fechada por um atilho de cordel ou pano, que dava a volta ao tornozelo.<ref>Carol van Driel-Murray, "Vindolanda and the Dating of Roman Footwear", ''Britannia'', Vol. 32 (2001), p. 193 - 195, Published by: Society for the Promotion of Roman Studies, DOI: 10.2307/526955, available at [[JSTOR]] (subscription required) Stable URL: https://www.jstor.org/stable/526955</ref>


Por volta dos finais do séc. IV a moda no Império já era só usar carbatinas. O [[Édito Máximo]] de preços do imperador [[Diocleciano|Diocletiano]] inclui os preços de cáligas e de carbatinas, ambas sem tachões, para serem usadas por civis -homens, mulheres e crianças. <ref>Goldman, N., ''in'' Sebesta, Judith Lynn, and Bonfante, Larissa, editors, ''The World of Roman Costume: Wisconsin Studies in Classics'', The University of Wisconsin Press, 1994, pp. 122, 125, citing Isidore of Seville, ''Origines'', 9. 34</ref>
Por volta dos finais do séc. IV a moda no Império já era só usar carbatinas. O [[Édito Máximo]] de preços do imperador [[Diocleciano|Diocletiano]] inclui os preços de cáligas e de carbatinas, ambas sem tachões, para serem usadas por civis -homens, mulheres e crianças. <ref>Goldman, N., ''in'' Sebesta, Judith Lynn, and Bonfante, Larissa, editors, ''The World of Roman Costume: Wisconsin Studies in Classics'', The University of Wisconsin Press, 1994, pp. 122, 125, citing Isidore of Seville, ''Origines'', 9. 34</ref>

Revisão das 23h12min de 14 de outubro de 2020

Sola da cáliga, tachonada com cravos de ferro

As cáligas (do latín caligæ, singular caliga, que por seu turno vem de callus, que significa «duro, rijo» e que serve de étimo à palavra portuguesa «calo») eram um tipo de sandália resistente, feita de tiras de coiro macio cosidas a solas de coiro grosso e duro, as quais eram guarnecidas de pregos ou tachões de ferro, usada por legionários, oficiais da cavalaria ligeira, tropas auxiliares romanas e, plausivelmente, até por centuriões [1].

Constituição

Eram constítuidas por uma sola e tiras de coiro, que se atavam ao centro do pé e na parte superior do tornozelo. No âmbito militar, as solas eram tachonadas com cravos de ferro, a fim de as reforçar, de lhes conferir maior poder de tracção em terrenos pedregosos e de dar ao soldado a faculdade de desferir pontapés capazes de infligir maiores danos.

O feitio das cáligas permitia ajustar as tiras, por molde a evitar queimaduras de fricção sobre a pele ou assaduras, optimizando-as como calçado para longas marchas e caminhadas.[2]

Importância Histórica

As cáligas eram um marco de tal ordem emblemático da soldadesca romana, que rapidamente começaram a ser usadas como um termo metonímico para se referir às tropas romanas em geral, amiúde alcunhadas de caligati ( lit. «os que calçam cáligas»)[3]. Um caso notável é o do Imperador Calígula. Ainda em criança, teria 2 ou 3 anos, quando o seu pai,Germanicus, o levou para a campanha da Germania, as tropas ao verem-no envergando um uniforme de soldado pequeno, feito à medida das suas proporções de criança, resolveram alcunhá-lo de Caligula (cáligazinhas) [4][5]

Reprodução de uma cáliga, vista de lado

Por vezes, as cáligas volviam-se inconvenientes de usar, especialmente em superficies duras e polidas. O historiador Titus Flavius Josephus descreve o occídio de um centurião que escorregou no piso de mármore do templo de Jerusalém durante uma sublevação.[6]

As sapatetas metálicas dos tachões de centenas de cáligas a marchar compassadamente incutiam o medo nas forças que defrontavam os romanos.[7]

As cáligas eram ideais para se usar em climas quentes e Mediterrânicos, por contraste com outros tipos de calçados menos arejados, como borzeguins. Se, por um lado, isto ofereceu vantagens aos romanos em inúmeros cenários de guerra, facto é que nas campanhas Setentrionais, face aos climas frios e húmidos, os caligati muitas vezes usavam meias de lã sob as cáligas, para se resguardarem do frio, especialmente no Inverno. Por volta do século II a.C as cáligas foram saindo de voga, sendo substituidas por um tipo de calçado fechado e mais à paisana, as carbatinas- sandálias fechadas, compostas por uma peça de coiro única, que embrulhava o pé e era fechada por um atilho de cordel ou pano, que dava a volta ao tornozelo.[8]

Por volta dos finais do séc. IV a moda no Império já era só usar carbatinas. O Édito Máximo de preços do imperador Diocletiano inclui os preços de cáligas e de carbatinas, ambas sem tachões, para serem usadas por civis -homens, mulheres e crianças. [9]

Referências

  1. Scholarly assertions that either all or no centurions should be considered caligati rest on assumptions that the conditions among the centurion class remained constant throughout the army, without exceptions. The problem is discussed in J. F. Gilliam, "Milites Caligati", Transactions and Proceedings of the American Philological Association, Vol. 77 (1946), pp. 183-191, Published by The Johns Hopkins University Press, DOI: 10.2307/283455, available at JSTOR (subscription required)
  2. Carol van Driel-Murray, "Vindolanda and the Dating of Roman Footwear", Britannia, Vol. 32 (2001), p. 185–197, Published by: Society for the Promotion of Roman Studies, DOI: 10.2307/526955, available at JSTOR (subscription required) Stable URL: https://www.jstor.org/stable/526955
  3. Goldman, N., in Sebesta, Judith Lynn, and Bonfante, Larissa, editors, The World of Roman Costume: Wisconsin Studies in Classics, The University of Wisconsin Press, 1994, pp. 122, 125
  4. Suetonius, The Lives of Twelve Caesars, Life of Caligula 9.
  5. S. J. V. Malloch, "Gaius and the nobiles", Athenaeum , (2009), pp. 489–506.
  6. J. F. Gilliam, "Milites Caligati", Transactions and Proceedings of the American Philological Association, Vol. 77 (1946), pp. 183–191, Published by The Johns Hopkins University Press, DOI: 10.2307/283455, available at JSTOR (subscription required)
  7. Goldman, N., in Sebesta, Judith Lynn, and Bonfante, Larissa, editors, The World of Roman Costume: Wisconsin Studies in Classics, The University of Wisconsin Press, 1994, p. 122
  8. Carol van Driel-Murray, "Vindolanda and the Dating of Roman Footwear", Britannia, Vol. 32 (2001), p. 193 - 195, Published by: Society for the Promotion of Roman Studies, DOI: 10.2307/526955, available at JSTOR (subscription required) Stable URL: https://www.jstor.org/stable/526955
  9. Goldman, N., in Sebesta, Judith Lynn, and Bonfante, Larissa, editors, The World of Roman Costume: Wisconsin Studies in Classics, The University of Wisconsin Press, 1994, pp. 122, 125, citing Isidore of Seville, Origines, 9. 34