Indústria bélica do Brasil: diferenças entre revisões

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=== Armas não-letais ===
=== Armas não-letais ===

Revisão das 18h06min de 29 de outubro de 2020

Fuzil de assalto IMBEL A2 em calibre 7.62x41mm NATO exposto na LAAD 2018

A indústria bélica do Brasil é uma das mais importantes do mundo, possuindo uma gama variada de fabricantes de diversos equipamentos militares, armas de fogo, munições, mísseis, aeronaves, blindados e explosivos. É responsável por um faturamento anual aproximado de R$ 1 bilhão e pelo emprego de cerca de 40 mil pessoas, segundo dados da Aniam (Associação Nacional da Indústria de Armas e Munições).[1]

Atualmente, o maior exportador militar do Brasil é a Embraer,[2] que exporta anualmente seus aviões Super Tucano em versões militares e de treino, a linha ERJ com alterações militares e seus cargueiros KC-390, seguido de empresas como a Helibras (fabricante brasileira dos helicópteros da Airbus Helicopters), a Avibras (fabricante de mísseis, foguetes e sistemas de lançamento) e fabricantes de armas de fogo leves, principalmente pistolas e revólveres fabricados pela gaúcha Taurus, escopetas fabricadas pela Boito e fuzis de assalto fabricados pela estatal IMBEL com fins de exportação para mercados militares, civis e policiais em todo o mundo.[3]

Desde 2007, o Brasil sedia a LAAD, principal feira de defesa, armamento e materiais bélicos da América Latina, recebendo visitantes, compradores e expositores de todos os continentes.[4]

Antecedentes

Existem relatos que em 1762 houve o surgimento da Casa do Trem, no Rio de Janeiro com o objetivo de fazer reparos e conservar armamentos e equipamentos de tropas já existentes na época. Esta data coincide com a criação do Arsenal de Guerra do Rio de Janeiro.[5]

Oficialmente, a indústria bélica surgiu no Brasil em 1808 com a criação da Fábrica de Pólvora da Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro, por Dom João VI.[5][6] Por pertencer ao governo, durante muitos anos, a fábrica de pólvora fez parte do Ministério do Exército, até finalmente em 1975 ser incorporada pela recém criada, IMBEL.[6]

Anteriormente a isto, todo o armamento presente no Brasil era importado da Europa pelos colonizadores portugueses. Mosquetes, garruchas, bacamartes, chumbos, pólvoras e canhões eram trazidos nos porões dos navios para fins de caça, defesa da colônia, utilizado também para as expedições bandeirantes e controle dos índios e escravos na época. Muitas armas deste período ainda podem ser encontradas em diversos museus espalhados pelo Brasil.

Desenvolvimento e auge

Um Engesa EE-11 Urutu utilizado pelas forças de paz da ONU no Haiti

A Companhia Brasileira de Cartuchos que havia surgido em 1926, ganhou mercado com a venda de munições para as tropas paulistas na Revolução de 1932 e anos mais tarde, para a Força Expedicionária Brasileira em sua campanha durante a Segunda Guerra Mundial.[7] No período pós-guerra, muitos fabricantes de armas surgiram, como por exemplo a Indústria Nacional de Armas (INA) que foi fundada em 1949 por um militar que teria recebido os direitos de fabricação da metralhadora dinamarquesa Madsen M1946, após realizar uma missão técnica do Exército Brasileiro e ajudar a Dinamarca a evitar que alguns projetos de armas chegassem as mãos dos nazistas.[8]

A INA, junto a CBC e a Fábrica de Itajubá (fabrica de armas pertencente ao Ministério do Exército, incorporada em 1975 pela IMBEL), foram as principais fabricantes e fornecedores de armas de fogo pras forças militares e policiais entre as décadas de 50 e 60.

Após o golpe de 1964, os militares tinham o interesse em modernizar as Forças Armadas do Brasil com o mesmo nível de armamento e equipamentos que utilizavam as demais potências militares da época, e com isso, empresas variadas começaram a adaptar e desenvolver projetos totalmente nacionais, baseados em projetos de sucesso no exterior.[5]

Com o milagre econômico brasileiro e o crescimento dos grandes centros urbanos, foi surgindo uma demanda maior por armas de fogo para civis, o que alavancou as vendas, importações e a implementação de fábricas de armas no Brasil. Empresas tradicionais como a Taurus e a Rossi passavam a competir com fabricantes menores que surgiram neste período como a Urko, Fábrica de Armas Modernas (FAM), Castelo, INA, dentre outras. Muitas desenvolviam projetos militares em paralelo a produção de armas civis.[5][9]

Nas décadas de 70 e 80 surgiam os primeiros projetos de veículos, sistemas de misseis e defesa para o Exército Brasileiro, neste mesmo período empresas como a Embraer, Engesa e Avibras surgiam para dar os primeiros passos do setor no Brasil.[5] Em 1974, a italiana Beretta, que havia ganhado uma licitação para fornecer novas armas de fogo para as forças armadas, instalava uma fábrica em São Paulo para produzir as pistolas Beretta 92 e as submetralhadoras M12 que seriam entregues aos orgãos militares brasileiros, esta fábrica viria a ser comprada pela Taurus em 1980, juntamente com as patentes das armas ali fabricadas que logo passaram a ser utilizadas pela fabricante gaúcha.[10]

A indústria bélica brasileira teve seu ápice entre os anos de 1980 e 1992, onde conseguiu em todos os anos, exceto em 1981, integrar a lista dos 20 maiores exportadores de material bélico do mundo. Em 1985, o Brasil alcançou o 10º lugar, sendo essa a sua melhor colocação com aproximadamente 1% do total de vendas mundial neste ano.[2]

Retomada

Lançador múltiplo de foguetes Astros II modernizado no projeto Astros 2020 pela Avibras

Recentemente com o maior interesse da população civil em armas de fogo, os programas de renovação de armamentos e aeronaves das Forças Armadas Brasileiras, aliados as políticas armamentistas do governo Jair Bolsonaro, o Brasil tem sido o principal destino de indústrias de armamento e defesa estrangeiras interessadas em instalar suas fábricas no território brasileiro. Algumas empresas como Springfield Armory,[11] CZ,[12] Caracal[13] e SAAB[14] demonstraram interesse ou já começaram a instalar novas fábricas no Brasil.

Em 2019, foi aprovado o decreto nº 9.847 de 25 de junho[15] com o objetivo de flexibilizar o porte, posse, a compra e a venda de armas de fogo no Brasil. O decreto foi considerado um substituto para a lei anterior, o Estatuto do Desarmamento, que estava em vigor desde 2003.[16] Um ano depois, foi liberada a venda e posse de fuzis de assalto por civis, com isso, a lei atual passou a permitir o uso de calibres anteriormente restritos como o 9mm, .40 S&W, .45 ACP, .357 Magnum, além de permitir calibres de armas longas como o 5.56x45mm NATO.[17]

Empresas de outros ramos da indústria bélica também tem se mostrado interessadas no mercado brasileiro, sobretudo no ramo de veículos blindados, aeronaves e sistemas de defesa avançados. Outras empresas nacionais que já desenvolviam tecnologias militares para o mercado externo passaram a investir pesado em novos produtos e serviços, um desses exemplos é a Avibras, que recentemente em parceria com o Exército Brasileiro esteve desenvolvendo um novo sistema de mísseis de longa distância com alcance de aproximadamente 300 km. O projeto faz parte do projeto Astros 2020, um plano de modernização dos sistemas de lançamento múltiplo de foguetes Astros II, que foram desenvolvidos pela empresa originalmente em 1983.[18]

Fabricantes por tipo de produto

Granadas, sprays, cartuchos e munições não-letais fabricadas pela empresa brasileira Condor Tecnologias Não-Letais
O AS350 Esquilo fabricado pela Helibras/Airbus Helicopters é um dos helicópteros mais utilizados pelas forças policiais no Brasil
Stand da CBC na Exposec 2014

Aeronaves

  • São Paulo (estado) Embraer (aviões de treino, ataque leve e cargueiros)[3]
  • São Paulo (estado) Novaer (aviões de transporte leve e treino)
  • Minas Gerais Helibras (helicópteros de transporte, ataque e uso militar)[3]

Armas de fogo

Extintas:

Armas não-letais

Veículos de combate e blindados

Extintas:

Explosivos, mísseis e pirotécnicos

Extintas:

  • São Paulo (estado) Mectron[3]
  • Rio de Janeiro (estado) Química Tupan[25]
  • Bahia Odebrecht Defesa e Tecnologia[3]

Referências

  1. «Aniam - Associação Nacional das Industrias de Armas e Municoes». aniam.org.br. Consultado em 18 de setembro de 2020 
  2. a b c Alexandre Galante (12 de julho de 2010). «O mito da grande indústria bélica brasileira». Forças Terrestres - ForTe. Consultado em 18 de setembro de 2020 
  3. a b c d e f g h i «10 empresas brasileiras de defesa e armamento». Exame. 26 de outubro de 2012. Consultado em 18 de setembro de 2020 
  4. «ORGANIZATION | LAAD DEFENCE & SECURITY» (em inglês). Consultado em 18 de setembro de 2020 
  5. a b c d e «200 anos da indústria de defesa no Brasil». Âmbito Jurídico. 30 de abril de 2008. Consultado em 18 de setembro de 2020 
  6. a b «Nossas Unidades». www.imbel.gov.br. Consultado em 18 de setembro de 2020 
  7. «Sala de Armas: CBC - A história da Companhia Brasileira de Cartuchos». Sala de Armas. 23 de novembro de 2018. Consultado em 18 de setembro de 2020 
  8. «INA - Indústria Nacional de Armas - Conheça sua história». Sala de Armas. 22 de novembro de 2018. Consultado em 18 de setembro de 2020 
  9. «Antigas Fábricas de Armas no Brasil (Rev. 2)». Armas On-Line. 18 de abril de 2011. Consultado em 18 de setembro de 2020 
  10. «Cybergun Katalog 2015». Issuu (em inglês). Consultado em 18 de setembro de 2020 
  11. Infodefensa.com, Revista Defensa (24 de março de 2020). «Springfield Armory terá fábrica no Brasil - Noticias Infodefensa América». Infodefensa.com (em espanhol). Consultado em 18 de setembro de 2020 
  12. Caiafa, Roberto. «Glock e CZ deverão instalar fábricas de armas e munições no Brasil. | Tecnodefesa». Consultado em 18 de setembro de 2020 
  13. «DefesaNet - Brasil - Arábia - CARACAL BRASIL - Lança Pedra Fundamental». www.defesanet.com.br. Consultado em 18 de setembro de 2020 
  14. «Gripen Brasileiro». Saab Solutions. Consultado em 18 de setembro de 2020 
  15. «D9847». www.planalto.gov.br. Consultado em 18 de setembro de 2020 
  16. «Cinco fatos sobre o novo decreto de armas | Aos Fatos». aosfatos.org (em inglês). Consultado em 18 de setembro de 2020 
  17. Notícias, Compre Rural (31 de julho de 2020). «Bolsonaro libera venda de fuzis do exército para produtores rurais, caçadores e atiradores». Compre Rural. Consultado em 18 de setembro de 2020 
  18. «Míssil brasileiro de longo alcance está em fase final, diz ministro | Cotidiano». A Crítica (em inglês). Consultado em 18 de setembro de 2020 
  19. «O que ainda falta para fábrica da Delfire Arms ser inaugurada em Anápolis». Portal 6. 20 de janeiro de 2019. Consultado em 18 de setembro de 2020 
  20. «Quem lucra com as armas não-letais que já mataram tanta gente?». Rede Brasil Atual. 15 de junho de 2020. Consultado em 18 de setembro de 2020 
  21. «Iveco abre 1ª fábrica de blindados militares no Brasil». Exame. 13 de junho de 2013. Consultado em 18 de setembro de 2020 
  22. «DefesaNet - LAAD 2011 - AGRALE Apresenta sua nova Viatura Militar AGRALE MARRUÁ AM 31». www.defesanet.com.br. Consultado em 18 de setembro de 2020 
  23. Poggio, Guilherme (18 de junho de 2019). «Bahia receberá fábrica de veículos militares». Forças Terrestres - ForTe. Consultado em 18 de setembro de 2020 
  24. «Avibrás - Tudo Sobre». Estadão. Consultado em 18 de setembro de 2020 
  25. «Quem lucra com as armas não-letais que já mataram tanta gente?». Rede Brasil Atual. 15 de junho de 2020. Consultado em 18 de setembro de 2020