Lista de religiosos brasileiros perseguidos pela ditadura militar: diferenças entre revisões

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# O padre italiano José Pedandola, preso no dia 6 de outubro de 1971, paroquial de [[Tauá]], Diocese de [[Crateús]], e expulso no dia 13 daquele mês<ref>[https://www.cnlb.org.br/?p=3489 A ditadura (1964 -1985) e a Perseguição à Nossa Igreja de Crateus], acesso em 01/03/2021.</ref> <ref>[https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ri/32049/1/DISSERTA%C3%87%C3%83O%20JESUS%2C%20Jeovane%20Santos%20de.pdf Agentes Religiosos Católicos na Diocese de Feira de Santana (1962-1985)], acesso em 01/03/2021.</ref>;
# O padre italiano José Pedandola, preso no dia 6 de outubro de 1971, paroquial de [[Tauá]], Diocese de [[Crateús]], e expulso no dia 13 daquele mês<ref>[https://www.cnlb.org.br/?p=3489 A ditadura (1964 -1985) e a Perseguição à Nossa Igreja de Crateus], acesso em 01/03/2021.</ref> <ref>[https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ri/32049/1/DISSERTA%C3%87%C3%83O%20JESUS%2C%20Jeovane%20Santos%20de.pdf Agentes Religiosos Católicos na Diocese de Feira de Santana (1962-1985)], acesso em 01/03/2021.</ref>;
# O padre italiano [[José Comblin]], expulso no dia 24 de março de 1972<ref>[http://www.ihu.unisinos.br/noticias/41803-dados-biograficos-de-jose-comblin- Dados biográficos de José Comblin], acesso em 02/03/2021.</ref>;
# O padre italiano [[José Comblin]], expulso no dia 24 de março de 1972<ref>[http://www.ihu.unisinos.br/noticias/41803-dados-biograficos-de-jose-comblin- Dados biográficos de José Comblin], acesso em 02/03/2021.</ref>;
# O padre italiano Vito Miracapillo, que atuava em [[Ribeirão (Pernambuco)|Ribeirão]] ([[Pernambuco]]), foi expulso em 30 de outubro de 1980, pois em setembro daquele ano, se recusou a celebrar missas em comemoração ao dia da Independência (07 de setembro), pois acreditava que não havia independência para um “povo reduzido a condição de pedinte e desamparado em seus direitos”<ref>[https://www.a12.com/redacaoa12/igreja/padre-vito-miracapillo-conta-detalhes-sobre-sua-expulsao-do-brasil Padre Vito Miracapillo conta detalhes sobre sua expulsão do Brasil], acesso em 02/03/2021.</ref>;
# O padre italiano Vito Miracapillo, que atuava em [[Ribeirão (Pernambuco)|Ribeirão]] ([[Pernambuco]]), foi expulso em 30 de outubro de 1980, pois em setembro daquele ano, se recusou a celebrar missas em comemoração ao dia da Independência (07 de setembro), pois acreditava que não havia independência para um “povo reduzido a condição de pedinte e desamparado em seus direitos”<ref>[https://www.a12.com/redacaoa12/igreja/padre-vito-miracapillo-conta-detalhes-sobre-sua-expulsao-do-brasil Padre Vito Miracapillo conta detalhes sobre sua expulsão do Brasil], acesso em 02/03/2021.</ref> <ref>[https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/485825/complemento_1.htm?sequence=2&isAllowed=y Deputado liderou campanha para expulsar padre italiano], acesso em 02/03/2021.</ref>;


Levantamento feito pelo [[Centro Ecumênico de Documentação e Informação]] (CEDI), chegou aos seguintes números de prisões políticas de cristãos engajados no trabalho pastoral:
Levantamento feito pelo [[Centro Ecumênico de Documentação e Informação]] (CEDI), chegou aos seguintes números de prisões políticas de cristãos engajados no trabalho pastoral:

Revisão das 20h42min de 2 de março de 2021

Essa lista contém pessoas ligadas a denominações religiosas que sofreram alguma violência durante a ditadura militar, instaurada pelo Golpe Militar de 1964, praticada por agentes ou apoiadores da ditadura.

  1. O padre Antônio Henrique Pereira da Silva Neto, auxiliar direto do arcebispo Dom Hélder Câmara, sequestrado, torturado e morto em Recife, na madrugada de 27 de maio de 1969[1];
  2. Gastone Lúcia de Carvalho Beltrão, ex-integrante da Juventude Estudantil Católica (JEC) e da Juventude Universitária Católica (JUC) (até 1969), depois passou a integrar a Aliança Libertadora Nacional (ALN), assassinada no dia 22 de janeiro de 1972, por arma de fogo, nas dependências do DOI-CODI, onde fora submetida à tortura comandada pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury;
  3. Maria Regina Lobo Leite de Figueiredo, ex-integrante da JEC e da JUC, educadora do Movimento de Educação de Base (MEB), com ação educativa no Maranhão e em Recife, onde teve contato com a Ação Popular (AP). Casou-se com Raimundo Gonçalves Figueiredo, liderança da AP. Trabalharam juntos na Funai, em um projeto de educação com índios Paraná. Após a morte de Raimundo, retornou ao Rio de Janeiro, onde foi assassinada, no dia 29 de março de 1972 (ver: Chacina de Quintino), no Batalhão do Exército, na Barão de Mesquita, após ter sido alvejada na perna e torturada;
  4. Antônio Marcos Pinto de Oliveira, ex-seminarista, morto na Chacina de Quintino, no dia 29 de março de 1972;
  5. Honestino Guimarães, líder estudantil, que fora integrante da JEC e da JUC, assassinado no 10 de outubro de 1973, após prisão e torturas nas dependências do Cenimar, na Ilha das Flores. Até hoje, seu corpo está desaparecido;
  6. Santo Dias, líder da Pastoral Operária, foi morto durante manifestação de operários em greve, no dia 30 de outubro de 1979;
  7. O padre salesiano Rodolfo Lunkenbein foi assassinado no 15 de julho de 1976, na aldeia Meruri (entre Barra do Garças e General Carneiro - Mato Grosso), do povo Bororo[2] [3] [4];
  8. Padre João Bosco Penido Burnier, que morreu no dia 12 de outubro de 1976, em Ribeirão Cascalheira (Mato Grosso), em decorrência de um tiro disparado por um policial no dia anterior, por ter defendido mulheres camponesas que estavam sob tortura, na delegacia policial daquela cidade;
  9. Raimundo Ferreira Lima, agente da Comissão Pastoral da Terra, foi assassinado, em 29 de maio de 1980, em Conceição do Araguaia (Pará);
  10. A Irmã Adelaide Molinari, da Congregação das Filhas do Amor Divino, ligada à Comissão Pastoral da Terra, nascida em Garibaldi (Rio Grande do Sul) em 02/02/1938, que estava na região desde 1983, foi assassinada em 14 de abril de 1985, em Eldorado dos Carajás (Pará)[5].
  11. A Irmã Cleusa Rody Coelho, da Ordem dos Agostinianos Recoletos, que realizava trabalhos junto índios Apurinãs, foi assassinada, às margens do Rio Paciá, Prelazia de Lábrea, no dia 28 de abril de 1985[6];
  12. O missionário comboniano Ezequiel Ramin, foi assassinado, no dia 24 de julho de 1985, em represália ao trabalho que realizava com camponeses e indígenas em Rondônia[7] [8];
  13. O jesuíta Vicente Cañas, que trabalhava com o povo Enauenê-Nauê, foi assassinado em 6 de abril de 1987[9];
  14. Detenção de Dom Aloísio Lorscheider, então bispo da Diocese de Santo Ângelo (Rio Grande do Sul) e secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em 1970, no Rio de Janeiro, quando militares do Exército invadiram o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Social (Ibrades), um Centro de Estudos dos Jesuítas, onde se realizava um encontro da Juventude Operária Católica (JOC). Na operação, também foram detidos, entre outros, os padres Agostinho Pretto e Mario Pringol (missionário da ordem Salentina);
  15. Detenção de Dom Pedro Casaldáliga, bispo da Prelazia de São Félix do Araguaia, juntamente com dez padres, em 1973;
  16. Detenção de detenções de Dom Alano Pena, então bispo da Prelazia de Marabá, e de Dom Estevão Avelar, então bispo de Conceição do Araguaia, em 1976. As prisões foram em represália à defesa dos direitos humanos de posseiros da região, Dom Estevão chegou a denunciar o uso de napalm em ataques, que afetou a vida dos camponeses e ribeirinhos da região. Em incidente relacionado, os padres Florentino Maboni e Hilário Costa, foram presos em 24 de outubro de 1976, e sofreram torturas. Hilário foi libertado em 8 de novembro de 1976, porém Maboni foi enquadrado na Lei de Segurança Nacional e foi transferido, no dia 12 de novembro, para uma prisão em Belém do Pará, onde ficou 27 dias incomunicável;
  17. Detenção de Dom Waldir Calheiros, então do bispo da Diocese de Volta Redonda (RJ), em novembro de 1967, como consequência da prisão de quatro agentes de pastoral que distribuíam panfletos sobre a carestia[10];
  18. Sequestro, em 22 de setembro de 1976, de Dom Adriano Hipólito, bispo da bispo da Diocese de Nova Iguaçu (RJ), por um grupo de militares de extrema direita. Dom Adriano foi deixado, no mesmo dia, abandonado, nu, amarrado e pintado de vermelho com mercúrio cromo no bairro de Jacarepaguá (Rio de Janeiro)[11];
  19. No dia 14 de maio de 1964, o padre Francisco Lage, assessor da Juventude Estudantil Católica (JEC), em Belo Horizonte, foi preso em Brasília e depois disso torturado, após isso foi banido e teve de se exilar no México[12] [13] [14];
  20. No dia 22 de agosto de 1968, o padre Michel Le Ven, foi preso em Belo Horizonte, juntamente com o diácono José Geraldo da Cruz, foi libertado no dia 6 de fevereiro de 1969, em 1971 foi objeto de um processo de expulsão[15] [16] [17] [18];
  21. Entre novembro e dezembro de 1969, houve a prisão, seguida de torturas, de diversos dominicanos, dentre eles: Frei Betto, Fernando de Brito, Ivo Lesbaupin, Roberto Romano[19] [20], Frei Tito (que foi sofreu severas torturas, que lhe causaram graves traumas psicológicos, que o levaram ao suicídio em 1974) e João Valença. O incidente também resultou na expulsão do padre Giorgio Callegari. O caso deu origem ao livro Batismo de Sangue (1983), escrito por Frei Betto, que deu origem ao filme homônimo de 2007[21][22][23];
  22. No dia 27 de janeiro de 1970, prisão, seguida de torturas, do padre Giulio Vicini, auxiliares de Dom Paulo Evaristo Arns, na Arquidiocese de São Paulo;
  23. Pedro Wilson Guimarães, então presidente da Comissão de Justiça e Paz, da Diocese de Goiânia, foi preso duas vezes em 1971, a primeira em um quartel em Goiânia, a segunda no DOI-CODI em São Paulo. A segunda prisão foi seguida de torturas;
  24. Em meados de outubro de 1969, a irmã Maurina Borges da Silveira, da Congregação das Irmãs Franciscanas da Imaculada Conceição, que dirigia um orfanato em Ribeirão Preto (São Paulo). Após a prisão foi vítima de torturas[24].
  25. O padre Almery Bezerra de Melo, que, em 1964, era supervisor da JUC no Recife, sob ameaças teve que se exilar, sendo um dos primeiros nordestinos a chegar na França como exilado[25];
  26. No dia 5 de novembro de 1967, o Exército prendeu em Volta Redonda (Rio de Janeiro), o diácono francês Guy Thibault, acusado da distribuição de panfletos que falavam da situação operária e analisavam a política salarial do Governo. Sua expulsão foi decretada no dia 7 de dezembro daquele ano[26];
  27. O padre operário francês Pierre Wauthier foi preso, em 1968, por causa da greve na Cobrasma, em Osasco (São Paulo), e deportado em 1969[27];
  28. O padre belga Jan Honoré Talpe, preso no dia 19 de fevereiro de 1969, em Osasco, e, depois de seis meses na prisão, foi expulso do país, no dia 8 de agosto de 1969[28] [29] [30] [31] [32];
  29. O padre italiano José Pedandola, preso no dia 6 de outubro de 1971, paroquial de Tauá, Diocese de Crateús, e expulso no dia 13 daquele mês[33] [34];
  30. O padre italiano José Comblin, expulso no dia 24 de março de 1972[35];
  31. O padre italiano Vito Miracapillo, que atuava em Ribeirão (Pernambuco), foi expulso em 30 de outubro de 1980, pois em setembro daquele ano, se recusou a celebrar missas em comemoração ao dia da Independência (07 de setembro), pois acreditava que não havia independência para um “povo reduzido a condição de pedinte e desamparado em seus direitos”[36] [37];

Levantamento feito pelo Centro Ecumênico de Documentação e Informação (CEDI), chegou aos seguintes números de prisões políticas de cristãos engajados no trabalho pastoral:

Ano Total de detenções
1968 57
1969 25
1970 49
1971 11
1972 6
1973 11
1974 16
1975 3
1976 85
1977 6
1978 4
Total 273

[38] [39].

Referências

  1. antonio-henrique-pereira-neto-padre-henrique, acesso em 22/02/2021.
  2. MISSÃO SALESIANA FAZ MEMÓRIA A PADRE RODOLFO LUNKENBEIN E SIMÃO BORORO, acesso em 17/02/2020
  3. Sementes de santidade salesiana na Amazônia, acesso em 17/02/2020
  4. Transformação do Paradigma Missionário. O martírio de Rodolfo Lunkenbein e Simão Bororo (1976-2016), acesso em 17/02/2020
  5. COMISSÃO CAMPONESA DA VERDADE RELATÓRIO FINAL VIOLAÇÕES DE DIREITOS NO CAMPO 1946 a 1988, acesso em 24/02/2021.
  6. Celebração do 34º ano do Martírio de Irmã Cleusa, acesso em 17/02/2020
  7. Ezequiel Ramin, Rosto da Missão, acesso em 17/02/2020
  8. Romaria celebra 34 anos do martírio do Padre Ezequiel Ramin, acesso em 17/02/2020
  9. Vicente Cañas, jesuíta, trinta anos depois do assassinato, acontece um novo julgamento. Entrevista especial com Aloir Pacini, acesso em 17/02/2020
  10. D. Waldyr Calheiros de Novaes: da tenra idade ao caso JUDICA, acesso em 17/02/2020.
  11. Mensagens recebidas por Dom Adriano Hypólito, Bispo de Nova Iguaçu, por ocasião do sequestro, acesso em 17/02/2020.
  12. Padre Lage: entre a religião e a política, acesso em 17/02/2020.
  13. Especial 1964-2004 O padre comunista, acesso em 17/02/2020.
  14. livro_rua_viva, acesso em 17/02/2020.
  15. Michel Marie Le Ven, professor da UFMG, morre aos 89 anos na Grande BH, acesso em 17/02/2020.
  16. Nota de falecimento: Professor Michel Maria Le Ven, acesso em 17/02/2020.
  17. Tributo a Michael Marie Le Ven, homem imprescindível que enfrentou a ditadura militar e lutou muito pelos direitos humanos, acesso em 17/02/2020.
  18. Depoentes: Michel Marie Le Ven, acesso em 14/02/2021.
  19. Perfil - Roberto Romano, uma vida atravessada pela história, acesso em 19/02/2021.
  20. Revista Caros Amigos entrevista com Roberto Romano, acesso em 19/02/2021.
  21. Frei Betto (13 de abril de 2007). «Brasil: Batismo de Sangue». Adital. Consultado em 8 de novembro de 2014 
  22. Batismo de Sangue, acesso em 20 de julho de 2016.
  23. 'Batismo de Sangue' conta a história do envolvimento de frades dominicanos na luta contra o regime militar, acesso em 20 de julho de 2016.
  24. Religiosidade, resistência e ditadura em Maurina Borges da Silveira, acesso em 22/02/2021.
  25. O Drama Barroco dos exilados do Nordeste, acesso em 25/02/2020.
  26. Pela Justiça e libertação, acesso em 28/02/2020.
  27. Osasco 1968 A greve no masculino e no feminino, 28 de fevereiro de 2021.
  28. Ativista belga expulso pela ditadura consegue vitória judicial, acesso em 01/03/2021.
  29. Ministro da Justiça afirma que quem lutou contra a ditadura deve ser punido, acesso em 01/03/2021.
  30. Polícia Federal tenta deportar belga Jan Talpe, de 81 anos, ex-professor da Poli torturado e banido em 1969, acesso em 01/03/2021.
  31. PF barra entrada no Brasil de belga preso e expulso do país na ditadura, acesso em 01/03/2021.
  32. Ministério da Justiça cassa anistia político de sacerdote belga preso na ditadura Segundo decisão inédita do ministro Torquato Jardim, Jan Honoré Talpe não tem direito ao benefício por ser estrangeiro, acesso em 01/03/2021.
  33. A ditadura (1964 -1985) e a Perseguição à Nossa Igreja de Crateus, acesso em 01/03/2021.
  34. Agentes Religiosos Católicos na Diocese de Feira de Santana (1962-1985), acesso em 01/03/2021.
  35. Dados biográficos de José Comblin, acesso em 02/03/2021.
  36. Padre Vito Miracapillo conta detalhes sobre sua expulsão do Brasil, acesso em 02/03/2021.
  37. Deputado liderou campanha para expulsar padre italiano, acesso em 02/03/2021.
  38. violações de direitos humanos nas igrejas cristãs, acesso em 14/02/2021.
  39. 50 anos do golpe: confira lista de cristãos perseguidos, presos, torturados e mortos pelo regime militar no Brasil, acesso em 18/02/2021.