Aquidabã (encouraçado de esquadra): diferenças entre revisões
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Revisão das 05h27min de 9 de maio de 2021
Aquidabã | |
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Operador | Armada Imperial Brasileira |
Fabricante | Samuda & Brothers |
Homônimo | Rio Aquidabã |
Batimento de quilha | 18 de junho de 1883 |
Lançamento | 17 de janeiro de 1885 |
Comissionamento | 14 de agosto de 1885 |
Comandante(s) | Custódio de Melo Júlio César de Noronha Alexandrino Faria de Alencar Arthur da Serra Pinto |
Estado | Explodiu na Baía de Jacuecanga |
Destino | 21 de janeiro de 1906 |
Características gerais | |
Tipo de navio | Encouraçado a vapor |
Classe | Riachuelo |
Deslocamento | 5,029 t (11 100 lb) |
Comprimento | 85,40 m (280 ft) |
Boca | 17,16 m (56,3 ft) |
Calado | 5,49 m (18,0 ft) |
Propulsão | vela, com três mastros armado em Barca 8 caldeiras cilíndricas a carvão 2 máquinas combinadas de três cilindros a vapor 4,500 hp (3,36 kW) |
Velocidade | 14.5 nós (26,85 km/h) |
Armamento | 4 canhões de 229 mm (9,0 in) 4 canhões de 140 mm (5,5 in) 11 metralhadoras de 25 mm (0,98 in) 5 metralhadoras de 11 mm (0,43 in) 5 tubos lança-torpedos |
Blindagem | 178 a 280 mm nas laterais do casco 254 mm nas torretas principais 254 mm na superestrutura |
Tripulação | 303 homens e oficiais |
O Encouraçado Aquidabã foi uma das principais embarcações da Armada Imperial Brasileira.
História
Antecedentes
Em abril de 1880 o então Ministro da Marinha, Almirante José Rodrigues de Lima Duarte, apresentou um relatório à Câmara dos Deputados sobre a urgência de se modernizar a Marinha Imperial, com a adoção de então modernos navios encouraçados. A intenção do Almirante era a de adquirir duas dessas embarcações junto a estaleiros britânicos, e desse modo, foram encomendados os encouraçados Riachuelo e Aquidabã.
O Aquidabã
Classificado como Encouraçado de Esquadra, foi construído no Reino Unido pelo estaleiro Samuda & Brothers que operava as margens do rio Tâmisa na cidade de Londres, e lançado ao mar a 14 de agosto de 1885. O seu primeiro comandante foi o Capitão de Mar-e-Guerra Custódio José de Melo. Tecnicamente era considerado um dos mais avançados da época, chegando a atingir 16 nós com seus motores de 6 200 cv. Tinha as dimensões de 93 metros de comprimento por 17 de largura e pesava aproximadamente 5 000 toneladas.
O seu armamento era constituído por quatro canhões de retrocarga de 9 polegadas, em duas torres duplas dispostas diagonalmente, uma a boreste e outra a bombordo; quatro canhões de 5 polegadas no convés superior; 16 metralhadoras (11 de 25 milímetros, 5 de 11 milímetros) e cinco tubos para lançamento de torpedos.
Como a sua couraça não protegia igualmente todo o navio, chegou a ser apelidado de Encouraçado de Papelão pelo seu primeiro comandante, Custódio de Melo.
Em novembro de 1891, o Aquidabã cumpriu um papel decisivo na consolidação do golpe de estado, contra a Monarquia, pelo Marechal Deodoro da Fonseca. Foi de um de seus canhões que saiu o tiro de advertência à Esquadra de São Bento, chegando a danificar o campanário da Igreja de Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores no centro do Rio de Janeiro. O encouraçado atingiu o ápice de sua carreira em 1893, no início da Revolta da Armada, quando voltou a ter a bordo o agora Almirante Custódio de Melo, na chefia de uma rebelião contra o governo do Marechal Floriano Peixoto. O navio cruzou três vezes a baía de Guanabara, resistindo à artilharia de costa e, ainda por cima, levando a bordo o oficial que o chamara de Encouraçado de Papelão. A partir daí, o seu apelido passaria a ser Casaca de Ferro.
Em Abril de 1894 encontrava-se nas àguas da Baía Norte da Ilha de Santa Catarina. Durante o combate naval de 16 de abril, junto à Fortaleza de Santa Cruz de Anhatomirim, foi torpedeado pelo Contratorpedeiro Gustavo Sampaio, vindo a afundar parcialmente. Posto a flutuar, foi levado ao Rio de Janeiro para reparos superficiais.
As reformas e modernizações
O navio rumou em seguida para a Alemanha e para a Grã-Bretanha, para sofrer as recuperações necessárias no casco e máquinas e na artilharia. Somente em 1897 o voltou a navegar, com um armamento ainda mais poderoso: dois canhões Armstrong de 203 mm, quatro de 120 mm e 15 metralhadoras Nordenfeld.
Algum tempo depois o Aquidabã retornou ao estaleiro para ser transformado em embarcação para experiências de transmissão de telégrafo sem fio. As mudanças foram basicamente, a retirada dos dois mastros militares (instalados durante a reforma), os tubos de torpedo acima da linha d'água e a instalação de um mastro para a transmissão de dados telegráficos.
A tragédia
No dia 21 de janeiro de 1906, quando fundeado na baía de Jacuecanga, em Angra dos Reis, junto com o Cruzador Barroso e o Cruzador Tamandaré, quando faltavam poucos minutos para as 11 horas da noite, por razões até hoje desconhecidas, o Aquidabã sofreu uma violenta explosão em um paiol contendo cordite, partindo-se ao meio e vindo a afundar. Pereceram no desastre 212 homens da sua tripulação, inclusive parte da comitiva ministerial que procedia a estudos sobre o novo porto militar, o seu comandante e grande parte da oficialidade do vaso de guerra. Salvaram-se apenas noventa e oito pessoas.
A pouca distância, a bordo do Cruzador Barroso, o então Ministro da Marinha, Júlio César de Noronha, assistiu à explosão do encouraçado, encontrando-se entre as vítimas, o seu próprio filho, o Guarda-Marinha Mário de Noronha e um sobrinho, o Capitão-Tenente Henrique de Noronha, além do Contra-Almirante Rodrigo José da Rocha e do Contra-Almirante João Cândido Brazil, Patrono do Corpo de Engenheiros Navais da Marinha Brasileira.
A notícia da catástrofe espalhou-se imediatamente, tornando-se manchete dos principais periódicos de todo o mundo. Segundo o pesquisador da área educacional, Ivanildo Fernandes, no dia no naufrágio, foi emitida a seguinte nota de pesar, Expediente de 27 de janeiro de 1906, dirigida ao Presidente Rodrigues Alves, no qual estavam alunos da Academia do Commercio.
Illm. Exm. Sr. Dr. Francisco de Paula Rodrigues Alves, Dignissimo Presidente da Republica. Rio de Janeiro, 27 de janeiro de 1906.—Ante o tragico episodio occorrido na enseada de Jacitecanga, os alumnos Academia de Commercio do Rio de Janeiro [atual Universidade Candido Mendes no Rio de Janeiro] e os seus collegas da Escola Commercial da Bahia, respeitosa e profundamente consternados, veem manifestar a V. Ex. a sua solidariedade na magua que ora compunge a alma da Patria. O momento actual representa para a Republica a mais dura e commovente das provações que ella já ha soffrido. A V. Ex., como dignissimo o directo representante do povo brazileiro, de que somos obscura parcela, cabe receber a expressão da mais sentida condolencia pelo infortúnio que experimentamos. Affeitos e confiados no animo torto de V. Ex., tão sobejamente provado, estamos certos do que a angustia por que passa neste momento a vida nacional, produzirá, longo de desanimo, a vontade de prosseguir no louvável e extraordinario resurgimento observado no governo de V. Ex. Digne-se, pois, permittir V. Ex. que reiteremos os nossos pezames sentidos pela horrorosa, catastrophe que privou o Brazil de um pugilo do tão distinctos e devotados servidores. A nossa dor é, como a de todo o Brazil, inteira, intensa, eterna e inexprimivel. Muito respeitosamente. — A Commissão. Alvaro de Mello.—Julio de Abreu Gomes.—Percilio de Carvalho. Fonte: DOU de 01 de fevereiro de 1906, fls 637.
Repercussão
Após este acidente, a Marinha criou um setor responsável pela identificação dos tripulantes, pois diversos corpos encontrados não puderam ser reconhecidos à época. Poucos meses após o naufrágio, a tragédia foi tema da Missa de Requiem do compositor francês Fernand Jouteux (1866-1956)[1] e da obra musical O Batel da Dor, para dois pianos, última obra do autor mineiro Francisco Magalhães do Valle (1869-1906).[2]
Atualmente os destroços repousam a uma profundidade entre 8 e 18 metros de profundidade, ao largo do monumento em homenagem às vítimas da tragédia, inaugurado em 1913 na Ponta do Pasto. A visibilidade para mergulho no local dificilmente ultrapassa os dois metros de profundidade, podendo chegar até cinco metros em dias excepcionais. Deve-se tomar cuidado em função dos vergalhões expostos.
Referências
- ↑ «Diario de Pernambuco (PE) - 1900 a 1909 - DocReader Web». memoria.bn.br. Consultado em 21 de março de 2019
- ↑ MOTA, Lúcius; CASTAGNA, Paulo; VALLE, Cyro Eyer do (2008). Francisco Valle. In: CASTAGNA, Paulo (coord.). Francisco Valle; pesquisa musicológica, edição e comentários Lúcius Mota, Paulo Castagna; editoração musical Leonardo Martinelli; revisão técnica Marcelo Campos Hazan; english version Marcelo Campos Hazan, Tom Moore; textos introdutórios Angelo Alves Carrara, Cyro Eyer do Valle, Lúcius Mota, Paulo Castagna; prefácio Aurelio Tello (PDF). Col: (Patrimônio Arquivístico-Músical Mineiro, v.3) (em português e inglês) (PDF). Belo Horizonte: Governo de Minas Gerais / Secretaria de Estado de Cultura. pp. 27–32. ISBN 978-85-99528-17-4. Consultado em 23 nov. 2017. Arquivado do original (PDF) em 1 de dezembro de 2017