Artigos da Confederação

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Artigos da Confederação
Artigos da Confederação
Página I dos Artigos da Confederação
Propósito Primeira constituição dos Estados Unidos
Local de assinatura Arquivos Nacionais
Autoria Congresso Continental
Signatário(a)(s) Congresso Continental
Criado 15 de novembro de 1777
Ratificação 2 de fevereiro de 1781
Em vigor 1 de março de 1781
Constituição dos Estados Unidos

Os Artigos da Confederação e a União Perpétua, conhecidos como os Artigos da Confederação, constituíram o primeiro documento de governo dos Estados Unidos da América. Foram aprovadas pelo segundo Congresso Continental em 15 de Novembro de 1777, depois de vários meses de debate. Foi uma directriz não obrigatória até à sua ratificação quatro anos depois, em 1 de Março de 1781. Os Artigos da Confederação são considerados um dos quatro documentos fundadores da nação norte-americana.

Os Artigos formaram uma Confederação débil que unia as Treze Colónias britânicas norte-americanas, com capacidade de autogoverno quase somente em tempos de guerra e urgências. Depois do fim da Guerra da Independência e o começo de novas prioridades, as suas limitações foram evidentes. Este documento foi substituído pela Constituição dos Estados Unidos da América depois da sua ratificação em 21 de Junho de 1788.

Ratificação dos Artigos da Confederação[editar | editar código-fonte]

O Congresso procurou a ratificação dos Artigos que aprovara desde 1777, para que cada estadoː

"… revisse candidamente sob a perspectiva da dificuldade de combinar num sistema geral os diversos sentimentos e interesses de um continente dividido em tantas comunidades soberanas e independentes, e sob a convicção da necessidade absoluta de unir todos os nossos conselhos e toda a nossa força para manter e defender as nossas liberdades comuns…"[1]

Este documento, contudo, não seria efectivo sem a ratificação dos treze estados. O primeiro estado a ratificá-lo foi a Carolina do Sul, em 5 de Fevereiro de 1778. O processo demorou três anos mais que o previsto já que alguns estados recusaram-se a renunciar às suas reclamações territoriais para o oeste. Maryland foi o último estado a fazê-lo, já que recusava unir-se com a Virgínia e com Nova Iorque que não renunciavam às suas reclamações territoriais do vale do rio Ohio. Finalmente, Maryland ratificou o documento em 1 de Março de 1781.

Os Artigos[editar | editar código-fonte]

O documento consistia em 12 artigos, uma conclusão e uma secção para as assinaturasː

  1. Estabelece o nome da Confederação em "Os Estados Unidos da América";
  2. Explica os direitos de cada um dos estados e o poder do que gozam;
  3. Estabelece os Estados Unidos como uma liga de estados, unidos para "… a sua defesa mútua, a segurança das suas liberdades e o seu bem-estar mútuo e geral, aliando-os para dar apoio mútuo e contra toda a força … e ataques deles…";
  4. Estabelece a liberdade de movimento: todos são livres de transitar pelos estados, salvo os "indigentes, vagabundos e fugitivos da justiça". Todas as pessoas gozam dos direitos que lhes outorgue cada estado em que estejam. Se se comete um delito num estado e o autor foge para um outro, será extraditado e será julgado no estado onde se cometeu o delito;
  5. Atribui um voto no Congresso da Confederação (chamado "Estados Unidos Reunidos em Congresso") a cada estado e uma delegação entre dois e sete membros. Os membros do Congresso eram designados pelos órgãos legislativos locais; os membros não podiam ocupar o cargo por mais de três de cada seis anos;
  6. Limita os poderes do governo central a dirigir as relações externas e declarar a guerra;
  7. Se um exército se criasse para defender a Confederação, os coronéis e as patentes militares inferiores a coronel seriam nomeados pelos congressos locais;
  8. Os gastos dos Estados Unidos serão financiados com fundos recolhidos pelos congressos locais de acordo com o valor das suas propriedades;
  9. Define os direitos do governo central: declarar a guerra, estabelecer os pesos e medidas (incluindo as moedas) e autoriza o Congresso a ser o árbitro final para qualquer disputa entre os estados membros;
  10. Define um Comité de Estados para governar quando o Congresso não esteja em sessão;
  11. Reafirma que a Confederação aceita a dívida de guerra do Congresso antes da promulgação dos artigos;
  12. Declara que os artigos são perpétuos e que só podem alterar-se com a aprovação do Congresso e a ratificação de todos os órgãos legislativos locais.

Já que ainda continuava a guerra contra a Grã-Bretanha, os colonos não queriam estabelecer outro governo nacional poderoso. Com o intuito de proteger a sua nova independência, o Congresso Continental criou uma estrutura de uma só câmara débil que protegia a liberdade dos estados membros. Mesmo que o Congresso regulasse os assuntos monetários e militares, os Artigos não apresentaram nenhum mecanismo para assegurar-se de que cada estado cumprisse com as tropas e o dinheiro que se necessitasse. Tal enfraquecia o exército, como foi o caso em 1781, que George Washington tornaria patente numa carta ao governador de Massachusetts, John Hancock.

Função[editar | editar código-fonte]

Os Artigos davam apoio ao Exército Continental e permitiam que os treze estados formassem uma frente de união perante os poderes europeus. Contudo, como ferramenta para construir um governo efectivo em tempos de guerra, foi um fracasso. O Congresso podia tomar decisões, mas não tinha o poder para as aplicar. Talvez o maior contratempo fosse o requisito de aprovação unânime dos 13 estados para modificar os artigos. Ao mesmo tempo, o poder mais importante que faltava ao Congresso era o poder de cobrar impostos: só podia solicitar dinheiro dos estados. Estes, pela sua parte, nem sempre cumpriam com as exigências e o Congresso não contava com os fundos necessários para a sua operação. Os estados e o Congresso endividaram-se durante a guerra, e o pagamento destas dívidas era assunto de importância nacional.

No entanto, o Congresso Continental tomou duas acções muito importantes. A Ordenança de Terra de 1785 estabeleceu as provisões da terra que se utilizariam durante a posterior expansão do país. A Ordenança de 1787 tornou oficial a renúncia dos treze estados originais das terras a oeste e, ao mesmo tempo, permitiu a entrada de novos estados na Confederação.

Tão rapidamente como a unidade que desejava a Guerra de Independência se tornou desnecessária, o Exército Continental foi dissolvido, embora se tenha conservado uma força diminuta para proteger os fortes e defender os estados dos ataques dos ameríndios. No entanto, cada estado tinha o seu próprio exército e 11 dos 13 estados tinham uma marinha. As promessas de riqueza e de outorgamento de terras que se fizeram durante a guerra não se cumpriram. Em 1783, Washington tranquilizou a conspiração de Newburgh, mas os distúrbios dos veteranos da Pensilvânia que não receberam os seus pagamentos forçaram o Congresso a sair de Filadélfia em 21 de Junho.

Revisão[editar | editar código-fonte]

Em Maio de 1786, Charles Pinckney, da Carolina do Sul, propôs que o Congresso revisse os Artigos da Confederação. Algumas das alterações que recomendava eram outorgar ao Congresso o poder para regular o comércio interno e externo e prover uma estrutura de financiamento para recolher dinheiro das tesourarias estatais. No entanto, exigia-se a aprovação unânime, e naquela ocasião não chegaram a nenhum consenso.

Em Setembro, cinco estados reuniram-se na Convenção de Annapolis (1786) para discutir os ajustes para melhorar o comércio. O director, Alexander Hamilton, convidou os representantes dos estados para a Convenção de Filadélfia para discutir melhorias no governo federal. Depois de debater, o Congresso apresentou o seu plano de rever os Artigos da Confederação em 21 de Fevereiro de 1787.

Segundo os termos da modificação, os Artigos seriam vigentes até 1790, e até que cada um dos 13 estados ratificasse a nova Constituição. Em 28 de Setembro de 1787, o Congresso enviou a Constituição aos estados para ratificação. A 2 de Julho de 1788, o Congresso anunciou formalmente a ratificação da Constituição, depois da ratificação do novo estado, New Hampshire, em 21 de Junho de 1788. Finalmente, em 1 de Abril de 1789 reuniu-se pela primeira vez a Câmara de Representantes.

Presidentes do Congresso[editar | editar código-fonte]

A lista seguinte é a dos presidentes do Congresso da Confederação depois da promulgação dos Artigos da Constituição e que ostentaram o cargo de "Presidente dos Estados Unidos no Congresso Reunido". O presidente não era, contudo, o chefe do executivo, como o seria depois o Presidente dos Estados Unidos da América de acordo com a Constituição.

  1. Samuel Huntington
  2. Thomas McKean
  3. John Hanson
  4. Elias Boudinot
  5. Thomas Mifflin
  6. Richard Henry Lee
  7. John Hancock
  8. Nathaniel Gorham
  9. Arthur St. Clair
  10. Cyrus Griffin

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «Título ainda não informado (favor adicionar)»  Segunda-feira, 17 de Novembro de 1777, Journals of the Continental Congress, 1774-1789. A Century of Lawmaking 1774-1873