Ecologia humana

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O ramo científico da ecologia humana tem como objeto de estudo a relação do ser humano com o seu ambiente natural.

De constituição física bastante desvantajosa, o ser humano (Homo sapiens), por meio da cultura, adotou, e levou às últimas consequências, a estratégia de adaptar o meio ambiente ao seu corpo. Logo, assim, sobreviver, até agora e em todos os ambientes terrestres do planeta, sem adaptações corporais que levassem sequer à formação de outras sub-espécies ou mesmo de raças.

Os elementos do meio ambiente original assim manipulados passaram então também a integrar o meio ambiente dos seres humanos e dos outros elementos sujeitos aos efeitos da manipulação. O meio ambiente humano combina, assim, tanto os elementos naturais (orgânicos e inorgânicos) quanto os culturais que dão suporte à vida humana nos diversos ambientes em que ela se desenvolve e pode ser observado em diferentes escalas espaciais: do quintal de uma casa até à biosfera como um todo.

O meio ambiente humano pode ser mais ou menos favorável à manutenção da saúde humana, ou seja, à normalidade das funções orgânicas, físicas ou mentais necessárias para a sobrevivência e reprodução dos indivíduos. Há, contudo, um limite mínimo de salubridade que é aquele que possibilita a sobrevivência de uma quantidade mínima de indivíduos até a idade reprodutiva e a sua reprodução numa taxa suficiente para repôr os indivíduos mortos. Abaixo desse limite mínimo de salubridade, a espécie está fadada à extinção. Esse limite mínimo é bastante inferior aos padrões de conforto (entendido como bem-estar material) atualmente considerados civilizados. A questão intergeracional impõe, contudo, um limite máximo ao conforto usufruído por uma dada geração humana, pois este não pode ser obtido às custas dos meios necessários para a manutenção de um meio ambiente sadio para as gerações futuras.

Podemos assim definir o meio ambiente humano saudável como aquele que permite a sobrevivência por tempo indeterminado da espécie humana e, ao mesmo tempo, satisfaz, no maior grau possível, as necessidades de cada indivíduo humano, proporcionando-lhe a oportunidade de viver uma vida digna. Essa definição inclui tanto a dimensão física (o limite mínimo físico de salubridade e máximo de conforto), quanto a cultural (a necessidade de respeito a cada indivíduo humano, evitando um cinismo estatístico, e a concepção de bem de cada cultura) de um meio ambiente saudável. É, portanto, uma definição relativamente aberta e que deverá ser especificada para cada grupo cultural por meio do embate político.

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Campo de estudo da ecologia humana[editar | editar código-fonte]

Desde o surgimento da ecologia, e o posterior aparecimento da ecologia humana, existe uma questão central dessa disciplina. Qual é o escopo, ou, a que ciência pertence a ecologia humana? Várias ciências reivindicam propriedade sobre a ecologia humana. A biologia, com o estudo das cadeias tróficas e o ser humano, por exemplo, a geografia humana, com as dispersões populacionais e os estudos migratórios, a sociologia, através da pesquisa social-metabólica das comunidades humanas, a antropologia, com os estudos adaptativos-culturais da raça humana e a psicologia, através das pesquisas que relacionam o meio ambiente e o comportamento humano. De fato a ecologia humana é uma ciência transdisciplinar, que toca todos esses campos e exige, para uma pesquisa séria, uma cuidadosa escolha do objeto de estudo e a escolha da, ou das, metodologias e disciplinas envolvidas na pesquisa. Sem dúvida, a ecologia humana é uma ciência nova, que tem ainda, como uma caixa de pandora, muito a dar para evolução da ciência humana, contribuindo com as bases teóricas do desenvolvimento sustentável e apontando limites e perspectivas que o homem precisa ter no seu processo evolutivo no planeta Terra.

Conexão com a Economia[editar | editar código-fonte]

Ecologia humana tem uma forte ligação com o campo econômico através do estudo e trabalho de Ellen Swallow Richards, entre outros. No entanto no começo dos anos 60, muitas universidades começaram a renomear seus departamentos econômicos para programas de Ecologia Humana. Em parte essa mudança de nome se deu por conta da dificuldade com o termo ''departamento econômico" na sociedade moderna, e reconheceu Ecologia Humana como uma das escolhas iniciais para a disciplina que recebeu o nome de "Economia". Atualmente existem programas de ecologia humana reconhecidos como Cornell University College of Human Ecology e University of Alberta's Department of Human Ecology, entre outros.

Principais cientistas[editar | editar código-fonte]

Ver também[editar | editar código-fonte]

"Zonas mortas" regiões do mar pobres em oxigênio. Os círculos vermelhos mostram a localização e o tamanho de muitas zonas mortas. Preto mostram zonas mortas de tamanho desconhecido.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Alvim, Ronaldo; Badilu, Ajibola; Marques Juracy. Ecologia Humana: uma visão global. UEFS Editora, 2014.

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Marques, Juracy (org.). Ecologias Humanas. UEFS Editora, 2014.

Morán, Emílio F. A ecologia humana das populações da Amazônia. Petrópolis, RJ, Vozes, 1990

Overhage, Paul. Ecologia humana, a tragédia do poluição. Petrópolis, RJ, Vozes, 1970

Pierson, Donald (org). Estudos de ecologia humana. Leituras de sociologia e antropologia social. SP, Martins, 1970

Vieira, Liszt; Bredariol,Celso Cidadania e política ambiental. RJ, Record, 2006 Google Livros Jul. 2011