Esmirna (mãe de Adónis)

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
 Nota: Se procura a cidade, veja Esmirna.

Esmirna (Σμύρνα) ou Mirra (Μύρρα), na mitologia grega, foi a mãe de Adônis, filho que ela teve com seu próprio pai.

Família[editar | editar código-fonte]

Existem várias versões sobre quem seriam os pais de Esmirna.

Segundo Pseudo-Apolodoro, seu pai era Thias, rei da Assíria.[1] Antonino Liberal menciona que Thias, pai de Esmirna, era filho de Belo e da ninfa Oreithia.[2] Segundo (Pseudo-)Higino, seu pai era Cíniras, rei da Assíria, e sua mãe Cenchreis.[3] Pseudo-Plutarco, citando como fonte as Metamorfoses de Teodoro, apenas menciona o nome do seu pai como Cíniras.[4] Ovídio, que a chama de Mirra, menciona o nome de sua mãe, Cenchreis,[5] e do seu pai, rei Cíniras,[6] o filho de Pafos, a filha que Pigmalião, rei de Chipre, teve com a estátua animada por Afrodite.[7]

Paixão[editar | editar código-fonte]

Afrodite fez Esmirna se apaixonar por seu pai, segundo alguns autores, porque sua mãe havia dito que ela era mais bela que a deusa,[3] ou, segundo outros, porque Esmirna não havia honrado Afrodite.[1] Quando seu pai apresentou a ela uma lista de pretendentes, Esmirna disse que desejava um marido igual ao pai, e este, sem entender exatamente o que ela queria dizer, respondeu que esta uma resposta adequada de uma filha que ama o pai.[8]

Esmirna, remoída pela culpa, resolveu se enforcar, mas foi impedida por sua babá.[9][3] Esta, então, elaborou um plano para que a relação se consumasse: ela disse ao rei que uma jovem, da idade da sua filha, o desejava, e ele aceitou, e a possuiu, sem que ele a visse.[10][4][1]

Esmirna frequentou a cama do seu pai por várias noites[11] (doze noites, segundo Pseudo-Apolodoro[1]) e concebeu.[11][3] O pai, curioso para saber quem era a dama, trouxe uma luz, e descobriu que ele estava dormindo com a própria filha.[11]

Transformação em árvore[editar | editar código-fonte]

Esmirna fugiu,[11][3][4][1] e foi transformada pelos deuses (ou por Afrodite) na árvore chamada mirra.[12][3][4][1] Dez meses depois,[1] da árvore nasceu Adônis.[13][3][1]

Análise[editar | editar código-fonte]

De acordo com Peter Bayle, o mais provável é que a história toda tenha se passado em Chipre, pois Ovídio não explica como Mirra, a mãe de Adônis, teria saído de Chipre e ido até a Arábia. Além disso, a história de Adônis se passa em Chipre, pois seu corpo morto é encontrado por Vênus na cidade de Argos, em Chipre. Bayle também sugere que Mirra poderia ter usado, para seduzir o pai, o mesmo método das filhas de .[14]

Referências

  1. a b c d e f g h Pseudo-Apolodoro, Biblioteca, 3.14.4 [em linha]
  2. Antonino Liberal, Metamorfoses, 34 [em linha]
  3. a b c d e f g (Pseudo-)Higino, Fabulae, LVIII, Smyrna [em linha]
  4. a b c d Teodoro, Metamorfoses, citado por Pseudo-Plutarco, Parallela Minora, 22. Esmirna e Valéria Tusculanaria [em linha]
  5. Ovídio, Metamorfoses, Livro X, Mirra transformada em uma árvore, 431-445
  6. Ovídio, Metamorfoses, Livro X, Mirra transformada em uma árvore, 298-318 [em linha]
  7. Ovídio, Metamorfoses, Livro X, Pigmaleão e a estátua, 243-297
  8. Ovídio, Metamorfoses, Livro X, Mirra transformada em uma árvore, 356-367
  9. Ovídio, Metamorfoses, Livro X, Mirra transformada em uma árvore, 368-402
  10. Ovídio, Metamorfoses, Livro X, Mirra transformada em uma árvore, 431-468
  11. a b c d Ovídio, Metamorfoses, Livro X, Mirra transformada em uma árvore, 469-487
  12. Ovídio, Metamorfoses, Livro X, Mirra transformada em uma árvore, 488-502
  13. Ovídio, Metamorfoses, Livro X, Mirra transformada em uma árvore, 503-542
  14. Peter Bayle, The dictionary historical and critical of Mr. Peter Bayle, Volume 1 (1739), Adonis, p.113 [em linha]