João Onofre

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João Onofre
Nascimento 1976 (48 anos)
Lisboa
Cidadania Portugal
Alma mater
Ocupação artista visual

João Onofre (Lisboa, 1976)[1] é um artista visual português, natural de Lisboa. Iniciou os seus estudos na Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa,concluiu o MFA no Colégio Goldsmiths e possui um doutoramento em Arte Contemporânea pelo Colégio das Artes da Universidade de Coimbra.

Iniciou sua carreira em 1998 e desde então é considerado uma referência em Portugal, representando o país por duas ocasiões na Bienal de Veneza e expondo suas obras em significativos lugares, tais como a Fundació Joan Miró, em Barcelona, o Palais de Tokyo, em Paris e o Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia de Lisboa. Foi distinguido com o Prêmio União Latina em 2001.

Carreira[editar | editar código-fonte]

João Onofre possui formação em pintura pela Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa e um mestrado pelo Colégio Goldsmiths, em Londres,[2] tendo concluído um Doutoramento em Arte Contemporânea no Colégio das Artes da Universidade de Coimbra.[3][4] Atualmente ocupa um cargo no corpo docente na primeira instituição de ensino.[2]

Iniciou sua carreira em 1998 e realizou sua primeira exposição individual três anos depois, na galeria I-20 de Nova Iorque.[5] Por duas ocasiões representou Portugal na Bienal de Veneza, em 2001 e 2010.[6] Na primeira ocasião, surgiu como destaque de Harald Szeemann,[7] enquanto o seu filme "Sem Título (SUN 2500)", sobre uma obra de Ricardo Bak Gordon, foi exibido na edição de 2010.[8] Desde então, contém exposições no MOMA Contemporary Art Center, Nova Iorque; no Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado, Lisboa; na Fundació Joan Miró, Barcelona e no Palais de Tokyo, Paris.[9]

Já no ano de 2019, protagoniza Once in a Life Time [Repeat], uma exposição antológica que aborda os últimos quinze anos da carreira do artista. Sobre esta, o artista considerou como um momento "gratificante", porque foca nas diversas fases de suas obras e "mostra as ligações que se mantiveram ao longo dos anos."[6]

Estilo[editar | editar código-fonte]

Os vídeos representam os principais trabalhos de João Onofre; contudo, o artista também utiliza de outras formas de artes, tais como desenhos e fotografias.[6][9] Bruno Horta, do periódico Observador, observa o diálogo entre cultura pop e erudita, assim como a "importância da circularidade e da repetição, a omnipresença das ideias de finitude, falta, fracasso e erro."[6] O contribuinte do Público José Marmeleira ressalva um "ponto de vista cínico e irônico" nas obras mais antigas; contudo, uma mudança mais empática pode ser vista nas obras da exposição Once in a Life Time [Repeat].[2] Já a contribuinte Emília Tavares, do Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado, escreve:[9]

o artista elabora uma reflexão sobre as relações entre a cultura, a sociedade e a arte. A natureza da cultura e os seus processos de transmissão ocupam a maior parte do seu processo criativo, revelando as disrupções inerentes à sua mediacção. O seu trabalho revela a tensão dum mundo híper mediatizado, o nonsense duma realidade ficcionada, e a espiral referencial que domina a cultura contemporânea.

Referências sonoras e música pop[editar | editar código-fonte]

A iteração com os universos do cinema, teatro, dança, moda e arquitectura é comum no trabalho de Onofre, mas são as referências sonoras e em especial a música pop que cunham de forma quase transversal a sua obra. O artista mixa e reinterpreta temas musicais específicos, apropria-se de interpretes e até dos próprios músicos ou compositores, para formar "(…) um corpo de obras que lidam com os signos, a interpretação e a experiência da música pop. Abordam questões diferentes mas, admite o artista, "se um dia alguém fizer uma antológica do [seu] trabalho, pode perfeitamente organizar um núcleo à volta desse tema"".[10]

O vídeo Untitled (Leveling a spirit level in free fall feat. Dorit Chrysler's BBGV dub) 2009, mostra as cinco melhores tentativas de nivelar uma régua de nível, executadas ao longo de um dia, por um para-quedista em queda livre. O som que se ouve consiste numa interpretação do tema Good Vibrations dos The Beach Boys, adaptado para Teremim por Dorit Chrysler, compositora que em 2011 interpretou este mesmo tema ao vivo no contexto da exposição individual de João Onofre[11] no Palais de Tokyo em Paris. Em Untitled (Original orchestrated ersatz light version), 2010-2011, é o próprio artista que sobe ao palco para interpretar ao vivo e em dueto com Adelaide Ferreira o conhecido tema da cantora Dava Tudo, 1989, acompanhados por uma orquestra sinfónica dirigida pelo maestro Vasco Azevedo.

Bandas e músicos como os Kraftwerk em Instrumental version, 2001, Will Oldham e Johnny Cash em Untitled (I see a darkness), 2007, Adolfo Luxúria Canibal em Untitled (мій голос), 2011, John Cage em Tacet, 2014 e Norberto Lobo em VOX, 2015, juntam-se ao referencial explorado pelo artista através da imagem em movimento. Contudo, a música está também presente na obra de Onofre em objectos, performances e instalações, entre as quais Box sized DIE featuring…, 2007..., um cubo de aço de 183x183cm, influenciado e com dimensões idênticas à escultura Die (1962) de Tony Smith, o pioneiro do minimalismo. A escultura de Onofre ganha vida a cada nova performance com a atuação de uma banda de Death Metal, sempre oriunda do país ou cidade onde o trabalho é apresentado. Após a entrada da banda, o cubo à prova de som é hermeticamente fechado e a duração da performance é inteiramente variável de acordo com o tempo que os seus ocupantes demoram a consumir o oxigénio disponível no seu interior.[12] Uma vez ativado, este trabalho oferece um espetáculo invisível e contido num espaço fechado. Apenas os ténues resíduos das vibrações provindas do interior do cubo fazem prova da atuação.[13]

Box sized DIE featuring…, (2007) passou por vários países e foi apresentada em locais como o Palais de Tokyo em Paris, Museu d'Art Contemporani (MACBA) em Barcelona e Art Basel na Suíça. Estreou-se em 2007 em Portugal, na galeria Cristina Guerra Contemporary Art com a atuação dos Sacred Sin e por esta performance de resistência já passaram também as bandas Darken (2008) na cidade de Basel, em 2010 Gorod em Bordeaux, Vidres A La Sang em Barcelona e Konkhra em Copenhaga, No Return (2011) em Paris, Serial Butcher (2012-13) em Aalst, Holocausto Canibal (2013-14) no Porto, Unfathomable Ruination (2014) em Londres.

Reconhecimento[editar | editar código-fonte]

João Onofre é considerado referência da arte portuguesa na década de 2000 e "um dos artistas portugueses contemporâneos de maior êxito".[5][6] Totaliza 250 exposições, com circulação por todo o continente europeu, em lugares significativos como o Palais de Tokyo, em Paris; o Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado e o Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia, ambos em Lisboa.[3][9]

No ano de 2001, recebeu o Prêmio União Latina, juntamente com Rui Toscano. A distinção dupla ocorreu pela decisão do júri por causa da "assinalável qualidade" dos trabalhos apresentados.[14]

Referências

  1. «JOÃO ONOFRE: BIOGRAPHY» (em inglês). joaoonofre.com. Consultado em 17 de fevereiro de 2020. Cópia arquivada em 22 de outubro de 2018 
  2. a b c José Marmeleira (15 de fevereiro de 2019). «João Onofre diz-nos luzes, câmara, acção». Público. Consultado em 16 de fevereiro de 2020. Cópia arquivada em 12 de novembro de 2019 
  3. a b «Artista João Onofre com a maior antológica da sua obra exposta na Culturgest». Diário de Notícias. 17 de janeiro de 2019. Consultado em 16 de fevereiro de 2020. Cópia arquivada em 16 de fevereiro de 2020 
  4. «Artista João Onofre diz que "há pontos de encontro" entre obras antigas e recentes». Porto Canal. portocanal.sapo.pt. 15 de fevereiro de 2019. Consultado em 16 de fevereiro de 2020. Cópia arquivada em 16 de fevereiro de 2020 
  5. a b Bea Espejo (14 de janeiro de 2011). «João Onofre». El Cultural (em espanhol). Consultado em 16 de fevereiro de 2020. Cópia arquivada em 16 de fevereiro de 2020 
  6. a b c d e Bruno Horta (14 de fevereiro de 2019). «O que faz João Onofre? O artista explica-se em cinco obras». Observador. Consultado em 16 de fevereiro de 2020. Cópia arquivada em 14 de fevereiro de 2019 
  7. João Pinharanda (9 de junho de 2001). «Bienal de Veneza encena uma humanidade angustiada». Público. Consultado em 16 de fevereiro de 2020. Cópia arquivada em 16 de fevereiro de 2020 
  8. «Filmes da representação portuguesa na Bienal de Veneza exibidos em Lisboa». Sítio da SIC Notícias. 18 de janeiro de 2011. Consultado em 16 de fevereiro de 2020. Cópia arquivada em 16 de fevereiro de 2020 
  9. a b c d «João Onofre». Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado. Consultado em 16 de fevereiro de 2020. Cópia arquivada em 15 de julho de 2018 
  10. Marmeleira, José (18 de Dezembro de 2012). «O poema negro de João Onofre». Público 
  11. «JOÃO ONOFRE / PROJET SPÉCIAL». Palais de Tokyo. 4 de Março de 2011 
  12. Jones, Jonathan (3 de Julho de 2014). «Death trap: why a metal band are suffocating in a box as art». The Guardian 
  13. «Art installation by Portuguese artist Joao Onofre features death metal group in a box». artdaily 
  14. Cláudia Castelo (9 de maio de 2001). «Rui Toscano e João Onofre vencem Prémio União Latina». Público. Consultado em 16 de fevereiro de 2020. Cópia arquivada em 16 de fevereiro de 2020 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]