Estação Ferroviária de Portalegre

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Portalegre
BSicon BAHN.svg
a estação de Portalegre, em 2002
Identificação: 57000 POR (Portalegre)[1]
Denominação: Estação de Portalegre
Administração: Infraestruturas de Portugal (até 2020: centro;[2] após 2020: sul)[3]
Classificação: E (estação)[1]
Tipologia: D [2]
Linha(s):
Altitude: 300 m (a.n.m)
Coordenadas: 39°11′56.07″N × 7°27′39.91″W

(=+39.19891;−7.46109)

Map

(mais mapas: 39° 11′ 56,07″ N, 7° 27′ 39,91″ O; IGeoE)
Concelho: bandeiraPortalegre
Serviços: R
Conexões:
Ligação a autocarros
R
Serviço de táxis
PTG
Equipamentos: Sala de espera Bar ou cafetaria Lavabos
Website:
Disambig grey.svg Nota: Este artigo é sobre a estação ferroviária que serve Portalegre, em Portugal. Para a principal estação ferroviária de Porto Alegre, Brasil, veja Estação São Leopoldo.

A Estação Ferroviária de Portalegre é uma interface da Linha do Leste, que serve o concelho de Portalegre, em Portugal, e que funcionou como entroncamento com o encerrado Ramal de Portalegre, que terminava em Estremoz.

Sala de espera da Estação de Portalegre, 2008.

Descrição[editar | editar código-fonte]

Localização e acessos[editar | editar código-fonte]

Esta interface situa-se junto à localidade de Portalegre Gare, na freguesia de Urra.[4] Dista da cidade de Portalegre entre 9,5[5] a 11 km,[6] consoante o percurso.

Vista geral da estação, em 2008

Caraterização física[editar | editar código-fonte]

Em Janeiro de 2011, possuía três vias de circulação, duas com 430 m de comprimento, e uma com 398 m; as plataformas tinham todas 112 m de comprimento e 35 cm de altura.[7] O edifício de passageiros situa-se do lado nordeste da via (lado esquerdo do sentido ascendente, para Badajoz).[8][9]

A estação está decorada com dois padrões de azulejos diferentes, sendo o primeiro de flores-de-lis com decoração nos cantos, tendo sido produzido pelas fábricas Devezas, Desterro e Sacavém, entre outras.[10] O segundo padrão é formado por conjunto de 2×2 azulejos com barras a rematar, fabricado possivelmente pela fábrica Lusitânia.[10]

Serviços[editar | editar código-fonte]

Em dados de 2022, esta interface é servida por comboios de passageiros da C.P. de tipo regional, com duas circulações diárias em cada sentido, entre Entroncamento e Badajoz.[11] A ligação entre a estação e a cidade de Portalegre (Tarro) é assegurada por autocarros ao seviço da C.P. num persurso de 15 min. com duas paragens intermédias (Assentos e Navio).[12]

História[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Linha do Leste § História
Antiga estação de Portalegre, na segunda metade do Século XIX.

Inauguração[editar | editar código-fonte]

Insere-se no troço entre as estações de Crato e Elvas da Linha do Leste, que entrou ao serviço no dia 4 de Julho de 1863, pela Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses.[13]

Século XX[editar | editar código-fonte]

Em 26 de Março de 1907, o rei D. Carlos utilizou esta estação numa visita à cidade de Portalegre.[14]

Em 1913, existia um serviço de diligências ligando a estação à cidade de Portalegre, e a Monforte e Veiros.[15] Em 1914, esta estação era uma das principais exportadoras de cortiça na rede da Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses, tendo sido abrangida por uma tarifa especial daquela empresa.[16]

Em 8 de Junho de 1936, o Ministério das Obras Públicas e Comunicações ordenou a expropriação de parte dos terrenos da estação, para a construção de três celeiros para a Federação Nacional de Produtores de Trigo.[17]

Ligação ao Ramal de Portalegre[editar | editar código-fonte]

Mapa de 1939, mostrando o futuro troço de Cabeço de Vide a Portalegre, e o projecto cancelado até Fratel, passando por Castelo de Vide e pela cidade de Portalegre.

Planeamento[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Ramal de Portalegre § História

Em 1898, Quando se realizaram os estudos para a elaboração do Plano da Rede ao Sul do Tejo, um documento oficial para organizar os futuros planos ferroviários na região Sul de Portugal, foi proposta uma linha ligando a Estremoz, então término da Linha de Évora, à cidade de Portalegre, cruzando a Linha do Leste no Crato.[18][19][20] Desta forma, também se resolvia o problema da estação ficar demasiado longe da cidade de Portalegre, o que criava problemas de acesso.[21] Com efeito, foram feitas várias reivindicações para prolongar o caminho de ferro até à cidade, que nunca chegaram a ser cumpridas.[6] A ligação entre a estação e a cidade era feita por via rodoviária, tendo chegado a existir carreiras de diligência,[6] sendo comum o transporte de mercadorias por tracção animal, especialmente durante as feiras.[22]

No entanto, a linha a partir de Estremoz não foi inserida no Plano da Rede, quando este foi publicado em 1902,[23] tendo sido adicionado no ano seguinte, mas com o traçado modificado, sendo o ponto de cruzamento com a Linha do Leste alterado para esta estação.[19][24] Considerava-se que esta linha seria de elevada importância, uma vez que permitiria ligar directamente a cidade de Portalegre à rede ferroviária, e uniria a rede ferroviária no Sul à Linha do Leste.[24][25]

A linha foi adjudicada em 1903,[26] mas vários problemas de ordem política e financeira impediram o concessionário de completar a construção, pelo que a construção passou para a responsabilidade do Estado, tendo sido desta forma que o primeiro lanço, entre Estremoz e Sousel, entrou ao serviço em 23 de Agosto de 1925.[19][27] Neste período, estava a ser modificado o plano para a Linha de Portalegre, tendo-se programado a realização de grandes obras nesta estação, de forma a melhor servir de cruzamento com a nova linha.[19]

Em 1932, já tinha sido esboçado o projecto para o quarto lanço da linha, entre Cabeço de Vide e o entroncamento com a Linha do Leste.[28]

Feixe de vias na estação, sendo visível o antigo começo do Ramal de Portalegre no fundo à direita, passando por baixo do viaduto.

Construção e inauguração[editar | editar código-fonte]

Em Fevereiro de 1937, já estava em construção o lanço até esta estação, estando ainda cerca de 4 km em estudo, incluindo a nova estação de Portalegre.[19] As principais modificações na estação consistiram na instalação de uma nova plataforma de passageiros, na ampliação da antiga gare e numa profunda alteração do esquema das vias, tendo sido necessário construir uma variante na Linha do Leste.[29] Por um diploma publicado no Diário do Governo n.º 176, II Série, de 1 de Agosto de 1938, o Ministério das Obras Públicas e Comunicações aprovou o plano para a variante, entre os PK 215+086,82 e PK 217+450,57, e para a primeira fase das obras de ampliação e adaptação desta interface, para servir de entroncamento com a Linha de Portalegre, tendo o orçamento sido de 3:474.30$00 escudos.[30] Por um outro diploma publicado no Diário do Governo n.º 185, II Série, de 11 de Agosto do mesmo ano, o Ministério das Obras Públicas adjudicou à firma alemã Joseph Vögele A. G. o fornecimento de quatro placas para inversão de locomotivas, estando uma destinada a esta estação.[30] A variante entrou ao serviço em 22 de Dezembro de 1948.[29]

Vista da estação, em 1993.

O troço desde esta estação até Cabeço de Vide foi aberto à exploração em 21 de Janeiro de 1949, tendo a cerimónia de inauguração sido aqui realizada.[29] Porém, as obras de modificação ainda não tinham sido concluídas, e a Junta Autónoma das Estradas ainda estava a construir os dois viadutos sobre a estação e a Linha de Portalegre.[29]

O lanço entre esta estação e Estremoz foi uma das várias linhas encerradas pela operadora Caminhos de Ferro Portugueses em 2 de Janeiro de 1990, no âmbito de um programa de reestruturação daquela empresa.[31]

Antigo complexo da EPAC, situado no interior da estação, em 2008.

Século XXI[editar | editar código-fonte]

Os serviços ferroviários de passageiros foram terminados em Janeiro de 2012,[32] tendo sido reatados, de forma provisória, em 25 de Setembro de 2015.[33] Em Setembro de 2017, os serviços regionais até Badajoz foram repostos de forma definitiva.[34]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b (I.E.T. 50/56) 56.º Aditamento à Instrução de Exploração Técnica N.º 50 : Rede Ferroviária Nacional. IMTT, 2011.10.20
  2. a b Diretório da Rede 2021. IP: 2019.12.09
  3. Diretório da Rede 2024. I.P.: 2022.12.09
  4. «Portalegre - Linha do Leste». Infraestruturas de Portugal. Consultado em 28 de Julho de 2016 
  5. OpenStreetMaps / GraphHopper. «Cálculo de distância pedonal». Consultado em 30 de outubro de 2022 
  6. a b c VENTURA, 2010:13
  7. «Linhas de Circulação e Plataformas de Embarque». Directório da Rede 2012. Rede Ferroviária Nacional. 6 de Janeiro de 2011. p. 71-85 
  8. (anónimo): Mapa 20 : Diagrama das Linhas Férreas Portuguesas com as estações (Edição de 1985), CP: Departamento de Transportes: Serviço de Estudos: Sala de Desenho / Fergráfica — Artes Gráficas L.da: Lisboa, 1985
  9. Diagrama das Linhas Férreas Portuguesas com as estações (Edição de 1988), C.P.: Direcção de Transportes: Serviço de Regulamentação e Segurança, 1988
  10. a b SAPORITI, 2006:288
  11. Horário Comboios Regionais : Linha do Leste : Entroncamento ⇄ Badajoz (em vigor desde 2022.10.09)
  12. REGIONAL : Horário dos autocarros de ligação («Mod_80-021»)
  13. TORRES, Carlos Manitto (1 de Janeiro de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 70 (1681). p. 9-12. Consultado em 28 de Julho de 2016 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  14. VENTURA, 2010:28
  15. «Serviço de Diligencias». Guia official dos caminhos de ferro de Portugal. Ano 39 (168). Outubro de 1913. p. 152-155. Consultado em 9 de Abril de 2018 
  16. «Viagens e Transportes» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 27 (647). 1 de Dezembro de 1914. p. 359. Consultado em 16 de Setembro de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  17. «Parte Oficial» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 48 (1167). 1 de Agosto de 1936. p. 418-420. Consultado em 16 de Setembro de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  18. «Aviz a Coruche» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 16 (369). 1 de Maio de 1903. p. 144-145. Consultado em 21 de Junho de 2013 – via Hemeroteca Municipal de Lisboa 
  19. a b c d e SOUSA, José Fernando de (1 de Fevereiro de 1937). «Abertura do novo troço da Linha de Portalegre» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 49 (1179). p. 75-77. Consultado em 21 de Junho de 2013 – via Hemeroteca Municipal de Lisboa 
  20. SOUSA, José Fernando de (1 de Dezembro de 1902). «A rêde ferro-viaria ao Sul do Tejo» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 15 (356). p. 354-356. Consultado em 7 de Junho de 2010 – via Hemeroteca Municipal de Lisboa 
  21. VENTURA, 2010:7
  22. VENTURA, 2010:14
  23. «Parte Official» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 16 (371). 1 de Junho de 1903. p. 178-190. Consultado em 21 de Junho de 2013 
  24. a b «Linhas do Valle do Sorraia» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 16 (370). 16 de Maio de 1903. p. 164. Consultado em 21 de Junho de 2013 – via Hemeroteca Municipal de Lisboa 
  25. «Parte Official» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 16 (375). 1 de Agosto de 1903. p. 263-274. Consultado em 21 de Junho de 2013 – via Hemeroteca Municipal de Lisboa 
  26. «Parte Official» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 16 (382). 16 de Novembro de 1903. p. 377-378. Consultado em 21 de Junho de 2013 – via Hemeroteca Municipal de Lisboa 
  27. TORRES, Carlos Manitto (16 de Fevereiro de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 70 (1684). p. 91-95. Consultado em 28 de Julho de 2016 – via Hemeroteca Municipal de Lisboa 
  28. SOUSA, José Fernando de (1 de Março de 1934). «Direcção Geral de Caminhos de Ferro: Relatório de 1931-1932» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 47 (1109). p. 127-130. Consultado em 21 de Junho de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  29. a b c d «Novos melhoramentos ferroviários» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 61 (1467). 1 de Fevereiro de 1949. p. 123-129. Consultado em 21 de Junho de 2013 – via Hemeroteca Municipal de Lisboa 
  30. a b «Parte Oficial» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 50 (1216). 16 de Agosto de 1938. p. 391-393. Consultado em 12 de Dezembro de 2013 – via Hemeroteca Municipal de Lisboa 
  31. «CP encerra nove troços ferroviários». Diário de Lisboa. Ano 69 (23150). Lisboa: Renascença Gráfica. 3 de Janeiro de 1990. p. 17. Consultado em 16 de Março de 2021 – via Casa Comum / Fundação Mário Soares 
  32. «Comboios deixam de passar na Linha do Leste a partir de 1 de Janeiro». Jornal de Notícias. 17 de Dezembro de 2011. Consultado em 25 de Setembro de 2015 
  33. CIPRIANO, Carlos (17 de Setembro de 2015). «Comboios de passageiros regressam à linha do Leste mas só ao fim-de-semana». Público. Consultado em 25 de Setembro de 2015 
  34. «ENTRONCAMENTO – Já há comboio directo até Badajoz. CP promove duas viagens diárias (ida e volta)». Rádio Hertz. 30 de Agosto de 2017. Consultado em 12 de Outubro de 2018 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • SAPORITI, Teresa (2006). Azulejaria no Distrito de Portalegre. Lisboa: Dinalivro, Distribuidora Nacional de Livros, Lda. 381 páginas. ISBN 972-97653-3-2 
  • VENTURA, António (2010). Portalegre: Roteiros Republicanos. Matosinhos: Quidnovi, Edição e Conteúdos, S. A. 127 páginas. ISBN 978-989-554-732-6 
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Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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