Estação Ferroviária de Belmonte-Manteigas

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Belmonte-Manteigas
Estação Ferroviária de Belmonte-Manteigas
dístico azulejar de Belmonte-Manteigas, em 2019
Identificação: 54197 BMA (Belm-Manteig)[1]
Denominação: Estação de Belmonte-Manteigas
Administração: Infraestruturas de Portugal (até 2020: centro;[2] após 2020: sul)[3]
Classificação: E (estação)[1]
Linha(s): L.ª da Beira Baixa (PK 183+226)
Altitude: 470 m (a.n.m)
Coordenadas: 40°19′59.76″N × 7°20′10.51″W

(=+40.33327;−7.33625)

Mapa

(mais mapas: 40° 19′ 59,76″ N, 7° 20′ 10,51″ O; IGeoE)
Município: border link=Belmonte (Portugal)Belmonte
Serviços:
Estação anterior Comboios de Portugal Comboios de Portugal Estação seguinte
Caria
Lis-Apolónia
  IC   Maçainhas
Guarda
Caria
Covilhã
  R   Maçainhas
Guarda

Website:

A Estação Ferroviária de Belmonte-Manteigas é uma interface ferroviária da Linha da Beira Baixa, que serve o concelho de Belmonte, no distrito de Castelo Branco, em Portugal.

Estação de Belmonte-Manteigas, em 2011, após renovação da via.

Caracterização[editar | editar código-fonte]

Infraestrutura[editar | editar código-fonte]

Em 2004, esta interface possuía a classificação E (Estação) da Rede Ferroviária Nacional,[4] que foi mantida subsequentemente.[1] Em janeiro de 2011, apresentava duas vias de circulação, ambas com 215 m de comprimento, e duas plataformas, ambas com 140 m de extensão, e 40 cm de altura.[5] O edifício de passageiros situa-se do lado noroeste da via (lado esquerdo do sentido ascendente, a Guarda).[6][7]

História[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Linha da Beira Baixa § História

Século XIX[editar | editar código-fonte]

Esta interface insere-se no lanço da Linha da Beira Baixa entre Covilhã e Guarda, que abriu à exploração em 11 de maio de 1893.[8] Em finais de 1895, a circulação foi interrompida no troço entre a estação de Belmonte e o Apeadeiro de Benespera, obrigando ao transbordo dos passageiros.[9]

Vista da estação durante as obras, em 2019.

Século XX[editar | editar código-fonte]

Em 16 de Abril de 1904, a Gazeta dos Caminhos de Ferro noticiou que se tinha realizado em Lisboa uma reunião de representantes de várias localidades do centro do país para pedir a construção de novas vias férreas, incluindo o prolongamento até Manteigas da planeada Linha do Zêzere, que deveria terminar na Covilhã. Em alternativa, a Linha de Penamacôr, que sairía da Sertã, poderia ser prolongada até Manteigas por Belmonte ou Caria.[10]

Em 1913, existiam serviços de diligências ligando a estação às localidades de Belmonte, Aldeia do Mato, Sameiro, Valhelhas, Vale de Amoreira, São Gabriel, e Manteigas.[11] Em 1926, foi expropriada uma parcela de terreno adjacente à estação, de modo a proceder ao seu alargamento e à construção de casas para os trabalhadores.[12]

Século XXI[editar | editar código-fonte]

O edifício da estação foi encerrado em 2003, e em 2006, atendendo ao avançado estado de degradação em que se encontrava o conjunto ferroviário, a autarquia de Belmonte procurou utilizar um dos armazéns da estação, e propôs a recuperação do edifício de passageiros para outras utilidades, como um centro de atendimento público, e a construção de habitações sociais no local dos antigos edifícios de apoio.[13]

Em 9 de março de 2009, a circulação ferroviária foi interrompida no lanço entre a Covilhã e Guarda, para se proceder a obras de reabilitação.[14] Esta intervenção incluiu, entre outros trabalhos, o prolongamento e o alteamento das plataformas na estação de Belmonte.[15] Desde a suspensão dos comboios, a operadora Comboios de Portugal disponibilizou serviços alternativos por autocarros, que foram suprimidos no dia 1 de Março de 2012.[16]

Depois de doze anos de encerramento, as obras no troço Covilhã-Guarda foram finalizadas em Abril de 2021, tendo as primeiras circulações sido iniciadas em 2 de maio de 2021, servindo igualmente a estação de Belmonte-Manteigas.[17][18]

Referências literárias[editar | editar código-fonte]

Uma cena do romance A Lã e a Neve (publ. 1947), de Ferreira de Castro, retrata uma viagem de comboio de Belmonte até à Covilhã:

Duas horas corridas na estrada e chegaram à estação de Belmonte. A camioneta de Manteigas só vinha ali uma vez por dia, àquela hora, buscar o correio que o comboio de Lisboa trazia. E o descendente, que os deixaria na Covilhã, só às cinco da tarde passaria ali. [...] Com tantas horas livres, Horácio decidiu arrecadar o baú e sacos na estação e ir vaguear com Idalina no picaroto de Belmonte [...] às cinco horas estavam, de novo, com o baú e os sacos junto do caminho de ferro, e, uma hora depois, o comboio deixava-os, finalmente, na estação da Covilhã.
— Ferreira de Castro

  A Lã e a Neve, p. 266

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c (I.E.T. 50/56) 56.º Aditamento à Instrução de Exploração Técnica N.º 50 : Rede Ferroviária Nacional. IMTT, 2011.10.20
  2. Diretório da Rede 2021. IP: 2019.12.09
  3. Diretório da Rede 2025. I.P.: 2023.11.29
  4. «Classificação de Estações e Apeadeiros de acordo com a sua utilização». Directório da Rede Ferroviária Portuguesa 2005. Rede Ferroviária Nacional. 13 de Outubro de 2004. p. 81-83 
  5. «Linhas de Circulação e Plataformas de Embarque». Directório da Rede 2012. Rede Ferroviária Nacional. 6 de Janeiro de 2011. p. 71-85 
  6. (anónimo): Mapa 20 : Diagrama das Linhas Férreas Portuguesas com as estações (Edição de 1985), CP: Departamento de Transportes: Serviço de Estudos: Sala de Desenho / Fergráfica — Artes Gráficas L.da: Lisboa, 1985
  7. Diagrama das Linhas Férreas Portuguesas com as estações (Edição de 1988), C.P.: Direcção de Transportes: Serviço de Regulamentação e Segurança, 1988
  8. TORRES, Carlos Manitto (16 de Janeiro de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 70 (1682). p. 61-64. Consultado em 5 de Julho de 2015 
  9. «Há Quarenta Anos» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 47 (1151). 1 de Dezembro de 1935. p. 498. Consultado em 5 de Julho de 2015 
  10. «Há 50 anos» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 67 (1592). 16 de Abril de 1954. p. 78. Consultado em 29 de Dezembro de 2023 
  11. «Serviço de Diligencias». Guia official dos caminhos de ferro de Portugal. Ano 39 (168). Outubro de 1913. p. 152-155. Consultado em 18 de Março de 2018 – via Biblioteca Nacional de Portugal 
  12. «Linhas Portuguesas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 39 (934). 16 de Novembro de 1926. p. 335. Consultado em 2 de Outubro de 2010 
  13. RAMOS, Rosa (9 de março de 2006). «Degradação das estações é «pouco dignificante» para a REFER». O Interior. Consultado em 2 de Outubro de 2010 
  14. «Obras para melhoramento da linha interrompem circulação ferroviária entre Covilhã e Guarda». Público. 9 de Março de 2009. Consultado em 8 de Janeiro de 2013 [ligação inativa]
  15. «Troço Covilhã - Guarda - Renovação integral da via entre os km 178.400 e 188.500». Rede Ferroviária Nacional. Consultado em 2 de Outubro de 2010. Arquivado do original em 18 de Maio de 2014 
  16. MARTINS, Luís. «CP acaba com autocarros alternativos entre a Guarda e a Covilhã». O Interior. Consultado em 29 de Março de 2012 
  17. «Modernização da Linha da Beira Baixa». Infraestruturas de Portugal. 27 de novembro de 2017 
  18. Leandro FERREIRA: “Guarda e Covilhã unidos pelo serviço Regional a partir de 2 de maioTransportes XXI 2021.04.16

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • CASTRO, Ferreira de (1990) [1947]. A Lã e a Neve 15.ª ed. Lisboa: Guimarães Editores, Lda. 358 páginas 
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Ligações externas[editar | editar código-fonte]


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