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Estatira (esposa de Artaxerxes II)

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 Nota: Se procura a filha de Dario III e esposa de Alexandre, o Grande, veja Estatira II.
Estatira
Rainha da Pérsia
Rainha consorte do Império Aquemênida
Reinado 405–400 a.C.
Antecessor(a) Parisátide
 
Nascimento século V a.C.
Morte c. 400 a.C.
Cônjuge Artaxerxes II
Pai Hidarnes III
Filho(s)

Estatira (em grego: Στάτειρα) foi uma rainha aquemênida, consorte do rei persa Artaxerxes II e mãe de seu sucessor, Artaxerxes III. Estatira era uma mulher bonita e tinha uma grande influência sobre o rei.

Não existe uma biografia completa e moderna de Estatira. As principais fontes antigas são os fragmentos da obra Pérsica de Ctésias, que nos oferece informações essenciais, visto que Ctésias vivia na corte persa na época. O Artoxerxes de Plutarco é amplamente baseado no trabalho de Ctésias e Anábase de Xenofonte oferece alguns detalhes sobre ela.[1]

Estatira era filha do sátrapa Hidarnes III, descendente de um dos homens que ajudaram Dario, o Grande a assumir o trono persa em 522 a.C. Ela se casou com Artaxerxes II, filho mais velho de Dario II e sua esposa Parisátide, antes dele se tornar rei.[1] Talvez Dario II (r. 423–405 a.C.) quisesse estabelecer boas relações com a importante família aristocrática, da qual Estatira descendia, já que seu irmão Teritucmes se casou com Amástris, filha de Dario.[carece de fontes?] Teritucmes se apaixonou por sua meia-irmã Roxana e começou odiar sua esposa, posteriormente ele tenta iniciar uma rebelião mas acaba sendo morto por Udiastes.[2]

A esposa de Dario II, Parisátide, ordenou a execução de toda a família de Teritucmes: sua mãe, seus irmãos Mitrostes e Helico e suas irmãs. Roxana foi cortada em pedaços enquanto viva, e o rei Dario II ordenou o mesmo castigo para Estatira, mas Artaxerxes II, seu filho e marido de Estatira, implorou a sua mãe Parisátide para poupar a vida de Estatira.[3] Parisátide poupou a vida de Estatira, mas Dario disse que um dia ela iria se arrepender desta decisão.[4][5] Tissafernes, que provavelmente denunciou seu irmão Teritucmes, também não foi executado.[1]

Artaxerxes II, marido de Estatira

Após um reinado de trinta e cinco anos Dario II morreu, sendo sucedido por seu filho Artaxerxes II (r. 405–359 a.C.) Estatira parece ser a única esposa legal, apesar de muitas concubinas. Ela lhe deu um filho, Artaxerxes III, herdeiro do trono, e possivelmente outros filhos. De acordo com o genealogista inglês William Berry, Dario e Ariaspes também eram filhos de Estatira com Artaxerxes II, porém os demais, Oca, Amástris, Atossa, Rodoguna, Apune, Arsames e outros 115 filhos, seriam filhos de outras esposas e concubinas.[6] A rainha-mãe Parisátide e Estatira tentaram ser a principal influência política do rei; então as mulheres se tornaram rivais amargas.[carece de fontes?]

Estatira além de influente também era popular, pois o rei permitia que ela viajasse em sua carruagem com as cortinas abertas, para que o povo que passasse a visse e pudesse cumprimentá-la.[7][1] Em algum momento em que Estatira era rainha, um rei anônimo do Egito enviou-lhe uma bela escrava de presente. O incidente parece atestar um esforço diplomático para evitar uma ameaça de invasão persa para recuperar o controle do Egito.[1]

Udiastes, que havia executado Teritucmes, teve sua língua cortada e morreu pelo ferimento, por ordem de Estatira, o que deixou Parisátide irritada.[8]

Segundo Plutarco, a rivalidade entre Estatira e Parisátide começou durante a revolta de Ciro, o Jovem em 401 a.C. contra seu irmão, o rei Artaxerxes II; Estatira acusou Parisátide de haver incitado a revolta de Ciro contra o irmão.[9] Quando Ciro se preparou secretamente para lançar um ataque em grande escala contra seu irmão, o rei foi avisado pelo irmão de Estatira, Tissafernes, e isso lhe deu tempo para preparar as forças que finalmente derrotaram e mataram Ciro.[1] Após a morte de Ciro, a crueldade com que Parisátide perseguiu todos os que tinham alguma participação pessoal na morte de seu filho irritou Estatira, que se opôs à sogra.[10][11] Consta que o ódio intenso entre as duas mulheres levou Parisátide a incentivar Artaxerxes II a ter relacionamento extraconjugais para entristecer sua esposa. Estatira também se manifestou publicamente contra as crueldades da rainha-mãe na corte persa.[carece de fontes?]

Estatira alimentou suspeitas contra Parisátide e seus seguidores. O conflito foi intensificado por diferenças sobre o tratamento dado ao comandante grego que havia sido capturado, Clearco de Esparta. Parisátide queria salvar sua vida, mas Estatira, vendo que ele representaria um perigo para o rei, persuadiu Artaxerxes a condenar Clearco à morte. Mas embora ela tenha tido sucesso neste caso, ela não poderia manter sua posição contra a crescente influência de Parisátide, que tornou-se tão confiante em seu poder sobre a mente de seu filho, que ela decidiu tirar Estatira de seu caminho.[11][12][13][1]

Segundo Ctésias, Estatira foi envenenada por Parisátide.[14] O motivo apresentado por Ctésias, de que foi por causa da morte de Clearco, é considerado absurdo por Plutarco, porque Parisátide não se arriscaria diante do filho, em matar a esposa do rei e mãe dos herdeiros reais, por causa de Clearco.[15] Parisátide tinha ódio e inveja de Estatira, porque a influência de Parisátide sobre o rei era baseada em respeito e honra, mas Estatira estava aumentando sua influência, por amor e confiança.[16] Ctésias data a morte de Estatira depois da morte de Ciro, mas Dinon diz que a morte ocorreu durante a guerra; Plutarco, que cita as duas versões, considera Ctésias mais fiável, não por confiar em Ctésias, mas porque ele saberia da data do ocorrido e não teria motivos para alterar a data.[17]

Parisátide preparou um pequeno pássaro com uma metade envenenada, e comeu uma metade; Estatira comeu a outra metade, e morreu.[14][18] Na versão de Dinon, foi Melantas quem partiu o pássaro em dois, dando a metade envenenada para Estatira.[19] Segundo Dinon, foi Gingis, serva de Parisátide, quem preparou o veneno, mas Ctésias diz apenas que Gingis sabia da trama, mas não participou dela.[20] O nome do homem que entregou o veneno é Belitaras (segundo Dinon) ou Melantas (segundo Ctésias).[20]

Estatira morreu com convulsões e muito sofrimento, e compreendeu o mal que havia caído sobre si, fazendo o rei suspeitar da própria mãe, cuja natureza dura e implacável ele conhecia.[19] O rei Artaxerxes II, irritado com sua mãe, ordenou que torturassem os eunucos e Gingis, serva da rainha-mãe.[14] Parisátide tentou manter Gingis em sua casa, mas uma hora em que Gingis, com permissão da rainha, saiu de casa, foi capturada em emboscada pelos homens do rei, e foi condenada à morte.[21]

De acordo com Ctésias, Gingis foi absolvida, mas Artaxerxes ordenou que ela fosse torturada até a morte, o que causou a última briga com sua mãe.[14] Segundo Plutarco, Gingis foi executada da forma que os persas usam para matar os envenenadores: sua cabeça é esmagada por pedras até formar uma massa disforme.[22] Parisátide não foi reprimida ou ferida por Artaxerxes, mas ele a enviou em exílio até a Babilônia, e disse que, enquanto ela vivesse, ele não iria para a Babilônia.[22] O rei, porém, terminou por autorizar o retorno de sua mãe para a corte e ela retomou sua influência.[23]

Árvore genealógica

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Hidarnes IIIDario II
r. 423–405 a.C.
Parisátide
TissafernesEstatiraArtaxerxes II
r. 405–359 a.C.
Ciro, o JovemAmástris
AtossaArtaxerxes III
r. 358–338 a.C.
DarioAriaspes

Posterioridade

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  • Estatira desempenha um papel fundamental no romance do autor grego Chariton, que provavelmente viveu no século I ou II d.C.
  • O asteroide 831 Stateira, descoberto em 1916, recebeu este nome em homenagem a Estatira.

Referências

  1. a b c d e f g Ernst Badian, “STATEIRA,” Encyclopædia Iranica, edição online de 2015, disponível em http://www.iranicaonline.org/articles/stateira (acessado em 21 de julho 2021).
  2. Ctésias de Cnido, Pérsica, texto em epítome por Fócio, Biblioteca de Fócio, 55-56 [em linha]
  3. Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Artaxerxes II, 2.2
  4. Ctésias de Cnido, Pérsica, texto em epítome por Fócio, Biblioteca de Fócio, 56 [em linha]
  5. «Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Artaxerxes II, 2.1» 🔗. Penelope.uchicago.edu 
  6. William Berry, Genealogia antiqua: or, Mythological and classical tables, compiled from the best authors on fabulous and ancient history (1816)
  7. Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Artaxerxes II, 5.3
  8. Ctésias de Cnido, Pérsica, texto em epítome por Fócio, Biblioteca de Fócio, 58 [em linha]
  9. Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Artaxerxes II, 6.5
  10. Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Artaxerxes II, 17.6
  11. a b «A Dictionary of Greek and Roman biography and mythology, Saba or Saba Hamartolus or St. Saba, Sphettus, Stateira». www.perseus.tufts.edu. Consultado em 24 de julho de 2021 
  12. Ctésias de Cnido, Pérsica, texto em epítome por Fócio, Biblioteca de Fócio, 69 [em linha]
  13. Ctésias de Cnido, citado por Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Artaxerxes II, 18.1-3
  14. a b c d Ctésias de Cnido, Pérsica, texto em epítome por Fócio, Biblioteca de Fócio, 70 [em linha]
  15. Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Artaxerxes II, 18.4
  16. Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Artaxerxes II, 19.1
  17. Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Artaxerxes II, 6.6
  18. Ctésias de Cnido, citado por Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Artaxerxes II, 19.3
  19. a b Dinon, citado por Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Artaxerxes II, 19.4
  20. a b Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Artaxerxes II, 19.2
  21. Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Artaxerxes II, 19.5
  22. a b Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Artaxerxes II, 19.6
  23. Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Artaxerxes II, 23.1