Estatira (esposa de Artaxerxes II)

Estatira | |
---|---|
Nascimento | Século V a.C. |
Morte | 395 a.C. |
Progenitores | Pai:Hidarnes III Orôntida |
Cônjuge | Artaxerxes II da Pérsia |
Filho(s) | Artaxerxes III, Atossa |
Irmão(s) | Tisafernes |
Ocupação | soberano |
Título | rainha |
Causa da morte | Intoxicação alimentar |
Estatira foi uma esposa de Artaxerxes II.
Família[editar | editar código-fonte]
Estatira era filha do sátrapa Hidarnes,[1] possivelmente um descendente de Hidarnes, que lutou nas Termópilas. Ársaces, filho do rei Dario II, que mais tarde se tornaria rei com o nome Artaxerxes II, casou-se com Estatira.[1]
Terituchmes, filho de Hidarnes, que o sucedeu como sátrapa, casou-se com Amastris, filha do rei, mas ele se apaixonou por sua meio-irmã Roxana, que era muito bonita e hábil no arco e no lançamento de lança.[1] Terituchmes colocou Amastris em um saco onde ela foi morta por facadas por 300 cúmplices, pois Terituchmes estava planejando uma revolta; mas a conspiração foi abortada por um certo Udiastes, que atacou e matou Terituchmes.[1]
A esposa (e meio-irmã por parte de pai) de Dario II, Parisátide,[2] ordenou a execução de toda a família de Terituchmes: sua mãe, seus irmãos Mitrostes e Helicus e suas irmãs, exceto Estatira.[3] Roxana foi cortada em pedaços enquanto viva,[3] e o rei Dario II ordenou o mesmo castigo para Estatira,[3][4] mas Ársaces (ou Arsicas), seu filho e marido de Estatira, através de choro e lamentações conseguiu controlar a raiva de seu pai e sua mãe.[3][5] Dario II poupou a vida de Estatira, mas disse a Parisátide que ela iria, um dia, se arrender desta decisão.[3]
Rainha da Pérsia[editar | editar código-fonte]
Após um reinado de trinta e cinco anos Dario II morreu, sendo sucedido por Ársaces, que assumiu o nome de Artaxerxes II;[6] durante o seu reinado houve uma grande rivalidade entre Estatira e Parisátide.
Estatira era bonita,[4] e o rei permitia que ela viajasse em sua carruagem com as cortinas abertas, para que as mulheres do povo a visse e viessem cumprimentá-la, o que fazia ela ser amada pelo povo.[7]
Udiastes, que havia executado Teritucmes,[1] teve sua língua cortada pela raiz e morreu pelo ferimento, por ordem de Estatira, o que deixou Parisátide irritada.[8] Mitrádates, filho de Udiastes, o sucedeu como sátrapa.[8]
Segundo Plutarco, a rivalidade entre Estatira e Parisátide começou durante a revolta de Ciro, o Jovem contra seu irmão, o rei Artaxerxes II; Estatira acusou Parisátide de haver incitado a revolta de Ciro contra o irmão.[9] Após a morte de Ciro, quando Parisátide estava executando sob tortura vários eunucos fiéis a Artaxerxes, Estatira se irritou, e se opôs à sogra.[10]
Clearco de Esparta, prisioneiro de guerra, foi tratado por Ctésias, médico de Parisátide, que queria o libertar, mas Estatira convenceu o rei a executá-lo.[11][12]
Morte[editar | editar código-fonte]
Segundo Ctésias, Estatira foi envenenada por Parisátide.[13] O motivo apresentado por Ctésias, de que foi por causa da morte de Clearco, é considerado absurdo por Plutarco, porque Parisátide não se arriscaria diante do filho, em matar a esposa do rei e mãe dos herdeiros reais, por causa de Clearco.[14] Parisátide tinha ódio e inveja de Estatira, porque a influência de Parisátide sobre o rei era baseada em respeito e honra, mas Estatira estava aumentando sua influência, por amor e confiança.[15] Ctésias data a morte de Estatira depois da morte de Ciro, mas Dinon diz que a morte ocorreu durante a guerra; Plutarco, que cita as duas versões, considera Ctésias mais fiável, não por confiar em Ctésias, mas porque ele saberia da data do ocorrido e não teria motivos para alterar a data.[16]
Parisátide preparou um pequeno pássaro, chamado rhyndace, com uma metade envenenada, e comeu uma metade; Estatira comeu a outra metade, e morreu.[13][17] Na versão de Dinon, foi Melantas quem partiu o pássaro em dois, dando a metade envenenada para Estatira.[18] Segundo Dinon, foi Gingis, serva de Parisátide, quem preparou o veneno, mas Ctésias diz apenas que Gingis sabia da trama, mas não participou dela.[19] O nome do homem que entregou o veneno é Belitaras (segundo Dinon) ou Melantas (segundo Ctésias).[19]
Estatira morreu com convulsões e muito sofrimento, e compreendeu o mal que havia caído sobre si, fazendo o rei suspeitar da própria mãe, cuja natureza dura e implacável ele conhecia.[18] O rei Artaxerxes II, irritado com sua mãe, torturou os eunucos e Ginge, serva da rainha-mãe.[13] Parisátide tentou manter Gingis em sua casa, mas uma hora em que Gigis, com permissão da rainha, saiu de casa, foi capturada em emboscada pelos homens do rei, e foi condenada à morte.[20]
De acordo com a epítome de Fócio, Ginge foi absolvida, mas Artaxerxes ordenou que ela fosse torturada até a morte, o que causou a última briga com sua mãe.[13] Segundo Plutarco, Gingis foi executada da forma que os persas usam para matar os envenenadores: sua cabeça é esmagada por pedras até formar uma massa disforme.[21] Parisátide não foi reprimida ou ferida por Artaxerxes, mas ele a enviou em exílio até a Babilônia, e disse que, enquanto ela vivesse, ele não iria para a Babilônia.[21] O rei, porém, terminou por chamar de volta sua mãe para a corte.[22]
Filhos[editar | editar código-fonte]
De acordo com o genealogista inglês William Berry, dos filhos de Artaxerxes II, Dario, Ariaspes e Oco (o futuro rei Artaxerxes III) eram filhos de Estatira, porém os demais, Ocha, Amástris, Atossa, Rodogine, Apune, Arsames e outros 115 filhos, seriam filhos de outras esposas e concubinas.[23]
Referências
- ↑ a b c d e «Ctésias de Cnido» 🔗. "Pérsica", texto em epítome por Fócio, Biblioteca de Fócio, 55. Livius.org
- ↑ «Ctésias de Cnido» 🔗. "Pérsica", texto em epítome por Fócio, Biblioteca de Fócio, 47. Livius.org
- ↑ a b c d e Ctésias de Cnido, Pérsica, texto em epítome por Fócio, Biblioteca de Fócio, 56
- ↑ a b «Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Artaxerxes II, 2.1» 🔗. Penelope.uchicago.edu
- ↑ Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Artaxerxes II, 2.2
- ↑ Ctésias de Cnido, Pérsica, texto em epítome por Fócio, Biblioteca de Fócio, 57
- ↑ Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Artaxerxes II, 5.3
- ↑ a b Ctésias de Cnido, Pérsica, texto em epítome por Fócio, Biblioteca de Fócio, 58
- ↑ Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Artaxerxes II, 6.5
- ↑ Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Artaxerxes II, 17.6
- ↑ Ctésias de Cnido, Pérsica, texto em epítome por Fócio, Biblioteca de Fócio, 69
- ↑ Ctésias de Cnido, citado por Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Artaxerxes II, 18.1-3
- ↑ a b c d Ctésias de Cnido, Pérsica, texto em epítome por Fócio, Biblioteca de Fócio, 70
- ↑ Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Artaxerxes II, 18.4
- ↑ Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Artaxerxes II, 19.1
- ↑ Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Artaxerxes II, 6.6
- ↑ Ctésias de Cnido, citado por Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Artaxerxes II, 19.3
- ↑ a b Dinon, citado por Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Artaxerxes II, 19.4
- ↑ a b Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Artaxerxes II, 19.2
- ↑ Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Artaxerxes II, 19.5
- ↑ a b Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Artaxerxes II, 19.6
- ↑ Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Artaxerxes II, 23.1
- ↑ William Berry, Genealogia antiqua: or, Mythological and classical tables, compiled from the best authors on fabulous and ancient history (1816)