Evelyn Waugh
Evelyn Waugh | |
---|---|
Evelyn Waugh, fotografado em 1940 por Carl Van Vechten | |
Nome completo | Arthur Evelyn St. John Waugh |
Nascimento | 28 de outubro de 1903 Londres, Inglaterra |
Morte | 10 de abril de 1966 (62 anos) Taunton, Inglaterra |
Nacionalidade | Britânico |
Ocupação | Escritor |
Prémios | James Tait Black Memorial Prize (1952) |
Magnum opus | A Espada e a Honra |
Arthur Evelyn St. John Waugh (Londres, 28 de Outubro de 1903 – Taunton, 10 de Abril de 1966) foi um escritor britânico conhecido sobretudo pela sua obra Reviver o Passado em Brideshead (Memórias de Brideshead, no Brasil e Brideshead Revisited em inglês) que deu origem à aclamada série de televisão homônima produzida pela Granada Television. Não obstante, nos meios literários, ele é considerado um dos maiores satiristas ingleses do século XX. O clã Waugh tem uma vasta tradição literária. Somando a obra de filhos, netos e bisnetos do editor Arthur Waugh – pai de Evelyn –, chega-se a cerca de 180 livros. Evelyn é a estrela mais brilhante dessa constelação familiar. Mas seu próprio pai não o reconhecia como tal: o filho preferido era Alec, o mais velho. Escritor de sucesso em sua época, Alec caiu no esquecimento. Evelyn, ao contrário, ainda é uma influência vibrante na literatura inglesa – basta lembrar o romance vencedor do prêmio Booker Prize de 2004, A Linha da Beleza, de Alan Hollinghurst, uma clara revisão de Memórias de Brideshead, um dos romances mais célebres de Waugh (Hollinghurst apenas tornou mais explícito o subtexto homossexual do livro original). As relações de pai e filho dos Waughs – desveladas em detalhe no recente Fathers and Sons, "autobiografia familiar" de Alexander Waugh, neto de Evelyn – dariam matéria para muita especulação psicanalítica. O próprio Evelyn, que teve sete filhos, era um pai odioso. Apelidou uma filha obesa de "leitoa" e não escondia seu desapreço por crianças. [carece de fontes] "São adultos defeituosos", definiu. [carece de fontes]
Waugh foi um jovem perdido. Tentou a vida como professor, mas não conseguia segurar um emprego por muito tempo. Bebia muito gim e tinha ímpetos autodestrutivos. Em 1925, determinado a se matar por afogamento, nadou mar adentro em uma praia do País de Gales – mas desistiu do suicídio ao ser queimado por uma água-viva. Foi salvo pela literatura e pelo catolicismo, ao qual se converteu em 1930, depois de se divorciar da primeira mulher. Na II Guerra, lutou em Creta e na Iugoslávia, experiência fundamental para a composição de A Espada de Honra. Na contramão do esquerdismo que dominou a vida cultural britânica no pós-guerra, Waugh cultivou a imagem pública de um reacionário raivoso (mais ou menos como Nelson Rodrigues, outro católico heterodoxo, faria no Brasil, ao publicar uma coletânea de crônicas com o título de O Reacionário).
A fama de esnobe também se colou ao autor, por causa da crônica detalhada que ele faz da aristocracia inglesa em romances como Um Punhado de Pó e Memórias de Brideshead. Waugh aceitou o rótulo com alguma reticência. Em 1947, em uma carta a uma revista irlandesa que o criticara, ele observava que o esnobismo não é necessariamente contrário à caridade, virtude que, como católico, ele prezava. O fato, porém, é que essa é uma imputação tola: os aristocratas não são tratados com deferência na ficção de Waugh. Guy Crouchback, protagonista da trilogia A Espada de Honra, é exemplar nesse sentido: divorciado e sem filhos, ele é o fim de uma linhagem nobre tão antiga quanto decadente (seu pai se viu obrigado a vender a propriedade rural do clã). Com a cabeça cheia de ideais cavalheirescos, ele se alista nas Forças Armadas para lutar contra o nazismo, embora, com 35 anos, já esteja passando da idade própria para o campo de batalha. Ao longo dos três volumes da série, Guy fatalmente se desilude com a vida militar. O próprio catolicismo nem sempre é apresentado sob uma luz favorável – padres venais aparecem como personagens secundários da trama. Waugh parecia acreditar que a fé católica sobrevivia às falhas de seus representantes. Seu método literário era submeter todos os valores às rasteiras da ironia. O que parasse de pé mereceria respeito. [carece de fontes]
Obra[editar | editar código-fonte]
- Brasil: Memórias de Brideshead /Portugal: Reviver o Passado em Brideshead - no original Brideshead Revisited. Esta obra teve outra tradução para o português: A volta à velha mansão, tradução de Maria Alice Azevedo, Rio de Janeiro: Livraria Agir Editora, 1965;
- Declínio e Queda;
- A Espada e a Honra;
- Rendição Incondicional;
- Homens em Armas;
- O Ente Querido;
- Scoop;
- Malícia Negra;
- Oficiais e Gentlemen;
- Brasil: A Provação de Gilbert Pinfold /Portugal: As Desventuras do Senhor Pinfold;
- Helena;
- Um Punhado de Pó.
Referências
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
- Amory, Mark, ed. (1995). The Letters of Evelyn Waugh. London: Phoenix. ISBN 1-85799-245-8 (Originally published by Weidenfeld and Nicolson, London 1980)
- Byrne, Paula (2010). Mad World: Evelyn Waugh and the secrets of Brideshead. London: Harper Press. ISBN 978-0-00-724377-8
- Carpenter, Humphrey (1989). The Brideshead Generation: Evelyn Waugh and his Friends. London: Weidenfeld and Nicolson. ISBN 0-297-79320-9
- Cooper, Artemis, ed. (1991). Mr Wu and Mrs Stitch: The Letters of Evelyn Waugh and Diana Cooper. London: Hodder & Stoughton. ISBN 0-340-53488-5
- Davie, Michael, ed. (1976). The Diaries of Evelyn Waugh. London: Weidenfeld and Nicolson. ISBN 0-297-77126-4
- Deedes, William (2003). At War with Waugh. London: Macmillan. ISBN 1-4050-0573-4
- Donaldson, Frances (1967). Evelyn Waugh: Portrait of a Country Neighbour. London: Weidenfeld and Nicolson. ISBN 0-297-78776-4
- Eade, Philip (2016). Evelyn Waugh: A Life Revisited. New York: Henry Holt. ISBN 978-0-805-09760-3
- Gallagher, Donat, ed. (1983). The Essays, Articles and Reviews of Evelyn Waugh. London: Methuen. ISBN 0-413-50370-4
- Hastings, Selina (1994). Evelyn Waugh: A biography. London: Sinclair-Stevenson. ISBN 1-85619-223-7
- Hollis, Christopher (1971). Evelyn Waugh. [S.l.]: Longmans. ISBN 0-582-01046-2
- James, Clive (2007). Cultural Amnesia. London: Picador. ISBN 978-0-330-41886-7
- Lebedoff, David (2008). The Same Man: George Orwell & Evelyn Waugh. New York: Random House. ISBN 978-1-4000-6634-6
- Lees-Milne, James (1985). Ancestral Voices. London: Faber & Faber. ISBN 0-571-13325-8 (Originally published by Chatto & Windus, London 1976)
- Patey, Douglas Lane (1998). The Life of Evelyn Waugh. Oxford, UK: Blackwell. ISBN 0-631-18933-5
- Slater, Ann Pasternak Slater (ed) (1998). Evelyn Waugh: The Complete Short Stories (Introduction). London: Everyman's. ISBN 1-85715-190-9
- Stannard, Martin (1993). Evelyn Waugh, Volume I: The Early Years 1903–1939. London: Flamingo. ISBN 0-586-08678-1
- Stannard, Martin (1993). Evelyn Waugh, Volume II: No Abiding City 1939–1966. London: Flamingo. ISBN 0-586-08680-3
- Stannard, Martin (1984). Evelyn Waugh: The Critical Heritage. London: Routledge. ISBN 0-415-15924-5
- Stopp, Frederick J. (1958). Evelyn Waugh: Portrait of an Artist. London: Chapman & Hall
- Sykes, Christopher (1975). Evelyn Waugh: A biography. London: Collins. ISBN 0-00-211202-7
- Waugh, Auberon (1991). Will This Do?. London: Century. ISBN 0-7126-3733-8
- Waugh, Evelyn (1983). A Little Learning. Harmondsworth, UK: Penguin Books. ISBN 0-14-006604-7 (Originally published by Chapman and Hall, 1964)
- Wykes, David (1999). Evelyn Waugh: A Literary Life
. London: Macmillan. ISBN 0-333-61138-1
Leitura adicional[editar | editar código-fonte]
- Gale, Iain (1990). Waugh's World: a guide to the novels of Evelyn Waugh
. London: Sidgwick & Jackson. ISBN 0-283-99835-0. OCLC 24937652 (a comprehensive dictionary of characters, locations and themes in Waugh's novels)
- Ker, Ian Turnbull (2003), The Catholic Revival in English Literature (1845–1961). Newman, Hopkins, Belloc, Chesterton, Greene, Waugh. Notre Dame (Indiana): University of Notre Dame Press, pp. 149–202.