Exército da Ucrânia

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Forças Terrestres da Ucrânia
País  Ucrânia
Corporação Forças Armadas da Ucrânia
Subordinação Ministério da Defesa
Denominação Сухопутні війська України
Criação 1917 (1991, na formação atual)
Aniversários 6 de dezembro
História
Guerras/batalhas
Logística
Efetivo 250 000 (2023)[1]
Tanques de guerra 1 890[2]
Veículos blindados 12 303[2]
Artilharia 2 040[2]
Insígnias
Bandeira do exército
Insígnia do uniforme
Comando
Comandante Coronel-general Oleksandr Syrskyi
Sede
Quartel-general Kiev
Página oficial mil.gov.ua

O Exército da Ucrânia (em ucraniano: Сухопу́тні військá Збрóйних сил Украї́ни) é o ramo terrestre das Forças Armadas da Ucrânia. Era parte do Exército Soviético, herdando suas formações, unidades e estabelecimentos após o colapso da União Soviética.

O Exército foi reduzido e abandonado após 1991 e, como resultado, estava em ruínas em 2014. Contudo, após o ínicio da Guerra em Donbass, a Ucrânia embarcou em um programa de modernização e ampliação de suas Forças Armadas.[3][4][5]

História[editar | editar código-fonte]

1917-1921[editar | editar código-fonte]

Antes da Revolução de Outubro de 1917, existiam três estados autônomos no que hoje é a Ucrânia. Cada um desses estados possuía forças armadas próprias, com o exército da República Popular da Ucrânia amplamente considerado o pilar do Exército atual ucraniano.[6]

As Forças Armadas da Ucrânia afirmam ser os herdeiros das unidades ucranianas que existiram de novembro de 1917 a novembro de 1921. Durante este período, o atual território da Ucrânia foi dilacerado pela Guerra Civil Russa.[7]

Outros movimentos armados de independência existiram tanto na Primeira Guerra quanto na Segunda Guerra Mundial, e cada um desses exércitos possuíam organização e uniformes distintos. Essas forças armadas foram eventualmente incorporadas aos países vizinhos, como a Polônia, União Soviética, Hungria, Romênia e Checoslováquia.[6]

Refundação de 1991[editar | editar código-fonte]

Após a declaração de independência ucraniana em 1991, a Ucrânia herdou praticamente todas as unidades soviéticas que estavam em seu território, o que totalizava um efetivo de aproximadamente 780 mil soldados, 7 mil veículos blindados, 6 mil tanques e 2 mil ogivas nucleares.[8]

Em 1994, a Ucrânia assinou o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP) e entregou suas ogivas nucleares à Rússia em trocas de garantias de segurança, que ficou marcado no Memorando de Budapeste.[9]

Logo após a independência, sucessivos governos começaram a diminuir o tamanho das forças armadas, com orçamento e pessoal severamente reduzidos.[10]

Em dezembro de 1996, o presidente ucraniano Leonid Kuchma revelou que até 191 batalhões de infantaria mecanizada e de tanques careciam de manutenção e estavam incapazes de operar.[11]

Década de 2000[editar | editar código-fonte]

O Exército foi rotineiramente reduzido até ter metade do efetivo original na década de 2000. Mesmo assim, participou de múltiplas missões de paz da Organização das Nações Unidas (ONU), além de participar da Guerra do Iraque e da Guerra do Afeganistão.[12]

Crise de 2014[editar | editar código-fonte]

Em 2014, a Ucrânia passou por um período de crise, resultando na derrubada do governo durante o Euromaidan. Logo após a revolução, forças especiais russas (os "homenzinhos verdes") cercaram e capturaram as bases militares ucranianas na península da Crimeia. As forças ucranianas na Crimeia não estavam em condições de combate contra os russos e se renderam com resistência mínima. A Crise da Crimeia resultou na anexação da península pela Rússia.[13][14] Após a anexação pela Rússia, apenas 6.000 dos 20.300 soldados ucranianos estacionados na Crimeia antes da anexação deixaram a península. O resto ficou na Crimeia e desertou para a Rússia.[15]

Guerra em Donbas[editar | editar código-fonte]

No mesmo ano, separatistas armados pelas forças armadas russas começaram uma rebelião no leste da Ucrânia, começando a Guerra em Donbas. O Exército Ucraniano teve dificuldades de travar a guerra devido ao equipamento velho, falta de moral e liderança inepta.[16]

Modernização[editar | editar código-fonte]

Após o começo da guerra, em abril de 2014, a Ucrânia passou a adquirir armamentos de países ocidentais e membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), ao mesmo tempo que modernizava seus antigos equipamentos de origem soviética.[5][17][18] Em 2016, o Exército inaugurou um novo uniforme militar, usando uma camuflagem digital ao estilo dos exércitos ocidentais, com camuflagens MARPAT e CADPAT, se distanciando dos antigos uniformes ao estilo soviético, servindo também de forma prática, uma vez que os separatistas russos usavam o mesmo uniforme que os ucranianos.[19]

Outra mudança importante foi modernizar a doutrina estratégica e tática: ao contrário do antigo estilo soviético que enfatizava decisões feitas de cima para baixo, onde líderes precisavam buscar permissão para mudar as ordens dadas pelos comandantes, foi adotado o estilo da OTAN, onde sargentos e oficiais subalternos tem mais iniciativa e permissão para tomar decisões por conta própria para se adaptarem às constantes mudanças no campo de batalha. Além disso, diversas reformas visando eliminar a corrupção também foram realizadas.[20]

Em março de 2014, as forças armadas tinham 129 950 militares no serviço ativo,[21] crescendo até 204 000 soldados em maio de 2015.[22]

Em 2016, cerca de 75% do Exército era formado por profissionais.[23] As forças terrestres da Ucrânia tem recebido tanques mais modernos, veículos blindados de transporte de pessoal e muitos outros tipos de equipamentos de combate, como lançadores antiaéreos e armas antitanque.[24]

Invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022[editar | editar código-fonte]

Em 24 de fevereiro de 2022, a Rússia iniciou uma invasão de larga escala na Ucrânia. O Exército da Ucrânia tem participado da maioria dos combates no conflito.[25] O fluxo de materiais e suprimentos cedidos pelo Ocidente durante o conflito, bem como os esforços de mobilização, resultaram em uma expansão maciça da força.[26]

Galeria[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. The Military Balance 2023.
  2. a b c «Comparison of Ukraine and Russia Military Strengths (2022)». Globalfirepower.com. Consultado em 4 de março de 2023 
  3. Ukraine must stop importing Russian weapons, switch to NATO standards Arquivado em 2014-12-18 no Wayback Machine, Interfax-Ukraine
  4. Nagle, Chad (8 de dezembro de 2014). «Ukrainian Army receives new tanks, APCs and other hardware». Sovereign Ukraine. Cópia arquivada em 25 de dezembro de 2017 
  5. a b In the Army Now: Answering Many Why's Arquivado em 2015-01-08 no Wayback Machine
  6. a b Abbott, P. & E. Pinak Ukrainian Armies 1914–55 (Osprey Publishing Ltd., 2004), ISBN 1780964013, 9781780964010
  7. Werth, Nicolas (1990). Histoire de l'Union soviétique. Col: Thémis. Paris: Presses universitaires de France. p. 136. 547 páginas. ISBN 2-13-043572-6 .
  8. «The Ukrainian Military: From Degradation to Renewal - Foreign Policy Research Institute». www.fpri.org (em inglês). Consultado em 22 de julho de 2021 
  9. «Budapest Memorandums on Security Assurances, 1994 - Council on Foreign Relations». web.archive.org. 17 de março de 2014. Consultado em 30 de maio de 2022 
  10. «Sucateado, Exército ucraniano tem orçamento 40 vezes menor que o russo». CartaCapital. 5 de março de 2014. Consultado em 12 de setembro de 2023 
  11. Stephen D. Olynyk, Ukraine as a Post-Cold War Military Power Arquivado em 2006-09-26 no Wayback Machine, Joint Force Quarterly, 93.
  12. «Ukraine withdraws last troops in Iraq - Iraq». ReliefWeb (em inglês). Consultado em 4 de março de 2022 
  13. «Putin's Man in Crimea Is Ukraine's Worst Nightmare». Time (em inglês). Consultado em 4 de março de 2022 
  14. Minas, Estado de (3 de março de 2014). «Russia assume controle da Peninsula da Crimeia». Estado de Minas. Consultado em 8 de março de 2023 
  15. «Russia employs over 16,000 former servicemen and personnel of Ukrainian armed forces». TASS. Consultado em 25 de março de 2023 
  16. «Abandoned Donbas Battalion fights on - Aug. 24, 2014». KyivPost. 24 de agosto de 2014. Consultado em 4 de março de 2022 
  17. Ukraine must stop importing Russian weapons, switch to NATO standards Arquivado em 2014-12-18 no Wayback Machine, Interfax-Ukraine (18 de dezembro de 2014)
  18. Poroshenko says military hardware will bring Ukraine's victory closer Arquivado em 2016-08-24 no Wayback Machine
  19. Times, The Moscow (24 de agosto de 2016). «Ukrainian Army Moves Further West With New NATO-Style Uniforms». The Moscow Times (em inglês). Consultado em 6 de março de 2022 
  20. Collins, Liam. «In 2014, the 'decrepit' Ukrainian army hit the refresh button. Eight years later, it's paying off». The Conversation (em inglês). Consultado em 19 de abril de 2022 
  21. Adam Taylor (3 de março de 2014). «Ukraine's military is far smaller than Russia's, but there are 3 reasons it might not be so easy to crush». The Washington Post. Consultado em 19 de março de 2016. Cópia arquivada em 22 de novembro de 2017 
  22. Olga Rudenko (6 de maio de 2014). «Thousands dodge Ukraine army in fight with rebels». USA Today. Consultado em 19 de março de 2016. Cópia arquivada em 23 de março de 2016 
  23. Ukrainian army composed of 75% contract servicemen - president Arquivado em 2016-08-25 no Wayback Machine
  24. «Archived copy». Consultado em 24 de dezembro de 2017. Cópia arquivada em 25 de dezembro de 2017 
  25. «Conflict in Ukraine». Global Conflict Tracker. Council on Foreign Relations. 28 de fevereiro de 2022 
  26. «Países da Otan anunciam mais ajuda militar à Ucrânia». G1. Consultado em 8 de março de 2023 

Leitura adicional[editar | editar código-fonte]

Ícone de esboço Este artigo sobre tópicos militares é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.