Félix Baciocchi

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Félix Baciocchi
Príncipe Francês
Félix Baciocchi
Retrato de Pietro Benvenuti
Príncipe de Luca e Piombino
(juntamente com Elisa Bonaparte)
Reinado 19 de março de 1805 - 18 de março de 1814
Antecessor(a) novo estado
Sucessor(a) ocupação Austríaca[1]
Grão-Duque da Toscana
(juntamente com Elisa Bonaparte)
Reinado 3 de março de 1809 - 1 de fevereiro de 1814
Sucessor(a) Fernando III da Toscana
 
Nascimento 18 de maio de 1762
  Ajaccio, Córsega, França
Morte 27 de abril de 1841 (78 anos)
  Bologna, Estados pontifícios
Sepultado em Basílica de São Petrônio, Bolonha
Nome completo  
Felix Pascal Baciocchi (FR) / Felice Pasquale Baciocchi (IT)
Esposa Elisa Bonaparte
Descendência Félix Napoleão Baciocchi
Elisa Napoleona Baciocchi
Jerónimo Carlos Baciocchi
Frederico Napoleão Baciocchi
Casa Baciocchi (por nascimento)
Bonaparte (por casamento)
Pai Francisco Maria Baciocchi
Mãe Flamínia Benielli
Religião Catolicismo
Brasão

Félix Pascoal Baciocchi (em francês: Felix Pascal Baciocchi, em italiano: Felice Pasquale Baciocchi; Ajaccio, 18 de maio de 1762Bolonha, 28 de abril de 1841), foi um político, General do Império e Príncipe do Império de origem corsa. Foi marido de Elisa Bonaparte, tendo sido creado príncipe de Lucca e de Piombino.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Início da carreira e casamento com Elisa Bonaparte[editar | editar código-fonte]

Nascido numa das mais antigas e nobres famílias da Córsega, era o filho mais novo de Francisco Maria Baciocchi (1716-1787), proprietário e membro do Conselho dos Anciãos de Ajaccio, e de Flamínia Benielli (1719-1769), ele é orientado para uma carreira militar, alistando-se bastante jovem, primeiro como sub-tenete do regimento de caçadores Corsos , em 1778, e depois tenente, em 1788, antes de passar para o exército revolucionário do Var e, já em 1794, para o exército da Itália. Sem vocação militar, Baciocchi fará uma grande conquista: Elisa Bonaparte (1777-1820).

Esfinge de Elisa e de Félix Baciocchi, cunhada numa moeda d época.
Retrato de Félix Baciocchi.

Em 1796, como simples capitão de infantaria, ele pede a mão de Elisa ao irmão, Napoleão Bonaparte, que acabara de ser nomeado general em chefe do exército da Itália. Napoleão recusa. Mas o casamento realiza-se a Marselha a 5 de maio de 1797, e o general Bonaparte, que estava em Leoben, aceita o facto consumado.

A sua carreira, tem então uma evolução mais brilhante, embora fique aquém da de Joaquim Murat, o outro cunhado de Napoleão. O general Bonaparte protege o seu cunhado e fá-lo, sem qualquer ação militar, coronel do 26.º regimento de infantaria ligeira. De seguida, torna-se cavaleiro da Legião de Honra a 19 de frimário do ano XII e oficial da mesma Ordem a 25 de prairial do mesmo ano.

Sob o Primeiro Império[editar | editar código-fonte]

Chegado ao trono, Napoleão envia-o a presidir ao colégio eleitoral do departamento das Ardenas, que propõe a sua candidatura ao Senado Conservador acabando por ser nomeado para esse órgão pelo imperador a 8 de frimário do ano XIII, que também o nomeia general de brigada a 11 de novembro de 1804. É-lhe atribuído o grande colar da Legião de Honra a 15 de ventoso do mesmo ano (6 de março de 1805).

Em 1805, Napoleão pretende dar uma coroa a sua irmã Elisa: oferece-lhe então o Principado de Piombino[2] pelo decreto de 27 de ventoso do ano XIII (18 de março de 1805). Pouco depois, a 15 de prairial do ano XIII (4 de junho de 1805), o conselho dos Duques (Senado) da República de Lucca solicita a Napoleão, na sua qualidade de rei de Itália, de confiar o governo da República a um membro da sua família e de o tornar hereditária na descendência natural desse parente. Assim, Napoleão escolhe o marido de Elisa, Félix Baciocchi, sendo a escolha ratificada pelos órgãos governamentais de Lucca a 25 prairial (14 de junho). Baciocchi é então nomeado príncipe do Império Francês, com o título de Príncipe de Lucca, pela Constituição de 4 de messidor (23 de junho).[3]

A coroação do príncipe Baciocchi e da sua mulher teve lugar a 12 de messidor (1 de julho de 1805). Reconhecendo a mulher mais capaz, Baciocchi entrega-lhe a total direção dos negócios, contentando-se com um papel que oscila entre o de ajudante de campo e de príncipe consorte. Marido complacente, suporta serenamente as infidelidades da mulher e satisfaz-se em vê-la governar os estados entregues pelo imperado. Em 1809, um Senatus consultum de 2 de março erige em dignatários (membros) do Império, os departamentos do ex-Reino da Etrúria, e o imperdor nomeia a princesa de Lucca e Piombino Grã-duquesa da Toscana.[4] Quanto ao príncipe, ele é feito general de divisão e comandante da 29.ª divisão militar em Florença.

Benevolente, humano, doce, liberal, justo, gostando de proteger as artes e os artistas mais recomendáveis, Félix Baciocchi deixa na Toscana e por toda a parte onde é conhecido, uma memória honrada. Talleyrand, pela sua parte, numa das suas cruéis frases respondeu ao príncipe quando este, despojado de Piombino, queixava-se de não saber qual o nome a usar: "Tomai então o de Baciocchi, que está livre", reponde-lhe o ministro das Relações exteriores.

A sua ausência de Paris, fez com que não votasse no Senado a deposição do imperador (1814). No entanto, Félix Baciocchi teve a necessidade de publicar uma proclamação pela qual apoia a decisão.

Excluído do Reino de França[editar | editar código-fonte]

Após os acontecimentos de 1814, Baciocchi segue a princesa Elisa para Bolonha. Os príncipes, tinham a esperança de que a posição do rei Joaquim Murat os poderia proteger, fixam a sua residência em Bolonha, que acabam por deixar para se refugirem em Trieste e, por fim, na Alemanha. Estabelecidos na Villa Vicentina (hoje localizada na província de Udine), a princesa morre em 6 de agosto de 1820. Pela lei de 1 de janeiro de 1816, exclui Baciocchi perpetuamente do Reino de França, como membro da família Bonaparte, e uma ordenação real de 2 de março do mesmo ano ordenou a sua remoção dos registos da Ordem da Légion d'honneur. Mais tarde, ele obtém a autorização de regressar a Bolonha, onde vem a falecer a 28 de abril de 1841 sendo sepultado na capela Baciocchi da Basílica de São Petrônio, junto da sua esposa.

Do seu casamento Félix e Elisa tiveram Elisa Napoleona Baciocchi (3 de junho de 18063 de fevereiro de 1869) que, por casamento, viria a ser condessa Camerata de Ancona. A esta jovem sobrinha o Imperador constitui, em 1808, uma dotação de 150 000 Francos, sobre a qual ele quer que 100 000 Francos por ano sejam colocados em rendas no Grande livro da Dívida Pública de França, com uma clausula de imobilização até à maioridade (ou ao casamento) da donatária, renda que é confiscada por ordem de Luís XVIII em proveito do Tesouro Público.

Família[editar | editar código-fonte]

Filho mais novo de Francisco Maria Baciocchi (1716-1779), proprietário, membro do Conselho dos Anciãos de Ajaccio, e de Flamínia Benielli (1719-1769), Félix casa a 1 de maio[5] de 1797, em Marselha, Elisa Bonaparte, irmã do imperador Napoleão, apesar das reticências deste.

O casal teve 5 filhos, dos quais apenas um sobreviveu aos pais:

  • Félix Napoleão (Félix Napoléon) (n. 1798, morto jovem);
  • Napoleão (Napoléon) (8 de outubro de 1803-9 de novembro de 1803);
  • Elisa Napoleona (Élisa Napoléone) (3 de junho de 1806-3 de fevereiro de 1869), que casou a 27 de novembro de 1824 em Florença, com o conde Filippo Camerata-Passionei di Mazzoleni (1805-1882), com geração;
  • Jerónimo Carlos (Jérôme Charles) (3 de julho de 1810-17 de abril de 1811);
  • Frederico Napoleão (Frédéric Napoléon) (10 de agosto de 1814-7 de abril de 1833) morto de uma queda de cavalo).

Ele teve ainda um sobrinho, Félix Marnès Baciocchi (1803-1866), que viria a ser camareiro de Napoleão III e depois senador.

Títulos[editar | editar código-fonte]

Condecorações[editar | editar código-fonte]

Outras funções[editar | editar código-fonte]

Brasão de Armas[editar | editar código-fonte]

Figura Descrição
Armas antigas dos Baciocchi:
De ouro, um pinheiro de sinople, frutado de três peças do campo, saindo de uma chama de gules.[7]
Suportes: dois leões.
Divisas:
  1. DALLE CENERI SUAE OGNIOR RIVASCE (Renasce sempre das suas cinzas)
  2. JAMAIS MESQUIN.
Armas do príncipe de Lucca e de Piombino:
Partido de prata e gules (Lucca); em chefe de príncipe soberano.[8]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. dissolução confirmada pelo Congresso de Viena (1815)
  2. que fora cedido à França pelo Reino de Nápoles (Paz de Florença de 29 de maio de 1801).
  3. Em caso de morte, o principado deveria voltar a Elisa e, após ela, à sua descendência masculina legítima, por ordem de primogenitura. ; Source : Titres souverains, Grands Ducs et Princes sur www.histoire-empire.org.
  4. Na prática, o Reino da Etrúria foi dissolvido e os 4 departamentos que o constituíam anexados ao Império Francês. No entanto, o imperador delegou a governação desse território na irmã com o título de Grã-duquesa.
  5. outras fontes dizem que terá sido a 5 de maio
  6. "Base Léonore" (Base de dados do Ministério Francês da Cultura", ref.ª LH/87/64;
  7. Armorial de J.B. RIETSTAP - et ses Compléments
  8. www.napoleon-empire.net

Notas[editar | editar código-fonte]

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • A. Lievyns, Jean Maurice Verdot, Pierre Bégat - Fastes de la Légion d'honneur : biographie de tous les décorés accompagnée de l'histoire législative et réglementaire de l'ordre, vol. 3, Bureau de l'administration, 1844;
  • « Félix Baciocchi (1762-1841) », em Adolphe Robert et Gaston Cougny, Dictionnaire des parlementaires français, Edgar Bourloton, 1889-1891 [détail de l’édition], passage AZEMA_BAILLOT;
  • Die europäischen Verfassungen seit dem Jahre 1789, 3.Bd., F.A. Brockhaus, Leipzig, 1833.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]