Fafá de Belém

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Fafá de Belém
Fafá de Belém (TV Brasil).jpg
Fafá de Belém em 2012
Informação geral
Nome completo Maria de Fátima Palha de Figueiredo
Nascimento 9 de agosto de 1956 (67 anos)
Origem Belém (Pará)
País  Brasil
Período em atividade 1973 - presente

Fafá de Belém, nome artístico de Maria de Fátima Palha de Figueiredo (Belém, 9 de agosto de 1956), é uma cantora e atriz brasileira, que começou sua carreira musical fazendo pequenas apresentações em eventos em cidades como Bahia. Fafá ganhou reconhecimento nacional quando, em 1975, a música "Filho da Bahia", cantada por ela, foi introduzida na trilha sonora da telenovela Gabriela.[1][2]

Biografia

Filha do advogado e bancário Joaquim de Figueiredo (Seu Fefê) - falecido em 1997 - e de Eneida Palha, filha de uma família de políticos da região (Dona Dê), Fafá pertencia a uma família de classe média-alta da capital paraense e desde a infância destacava-se nas reuniões familiares com a voz afinada. Na adolescência já gostava de música e, em parceria com amigos, fez alguns espetáculos em bares e casas noturnas, fugindo de casa para realizar tal fato.

Em 1973 conheceu o baiano Roberto Santana, produtor do grupo Quinteto Violado e musical da Polygram, que a aconselhou a investir na carreira fonográfica. Incentivada por este, apresentou-se em alguns lugares como Rio de Janeiro, Salvador e em Belém. Nesse mesmo ano, estreou como cantora profissional no musical Tem muita goma no meu tacacá, que satirizou o cenário político da época. O espetáculo, estrelado no principal teatro de Belém, o Theatro da Paz, também contou com a participação especial do conterrâneo, o futuro ator Cacá Carvalho. Como as cantoras de sua geração, foi fortemente influenciada por cantores consagrados da MPB como Maysa, Roberto Carlos, Cauby Peixoto e os grupos Jovem Guarda e Beatles, ouvindo-os com entusiasmo, além de outros gêneros, como jazz, música clássica, e os grandes ídolos do rádio.

Em Janeiro de 2013, Fafá de Belém, pediu nacionalidade portuguesa (dupla nacionalidade) [3]. A cantora, sempre demonstrou o carinho que tem por Portugal, não só por ser proveniente de uma família de portugueses mas pelo enorme sucesso e grande popularidade que tem naquele país, sendo considerada, uma das cantoras brasileiras mais admiradas e respeitadas pelos portugueses [4] tendo até sido homenageada em 2011.

Trajetória artística

Em 1975 teve o primeiro grande momento de sucesso com a canção Filho da Bahia (Walter Queiroz), que estourou nas rádios. A música, gravada exclusivamente para a trilha sonora da novela global Gabriela, também originou um clipe no programa Fantástico, da mesma emissora. Na mesma época lançou o primeiro compacto, que continha as músicas Naturalmente (de Caetano Veloso e João Donato) e Emoriô (de Gilberto Gil e João Donato).

O primeiro disco, Tamba Tajá, foi lançado em 1976 pela gravadora Polydor, e nos mostrou um repertório eclético, mas essencialmente brasileiro e que trouxe à cantora ainda muito ligada às suas raízes nortistas; no repertório, destaque, dentre outras músicas para os forrós Haragana (Quico Castro Neves) e Xamego (Luiz Gonzaga e Miguel Lima), as modinhas Pode entrar (Walter Queiroz) e a faixa-título (Waldemar Henrique) e o carimbó Este rio é minha rua (Paulo André e Ruy Barata). O álbum, que obteve excelente aceitação de crítica e público, arrebatou críticos como o normalmente exigente José Ramos Tinhorão, colunista do Jornal do Brasil, que a apontou como uma das melhores cantoras daquela geração.

O segundo trabalho, Água, de 1977, vendeu cerca de cem mil cópias e consagrou a cantora nacionalmente, a bordo de vários sucessos, dentre os quais a regravação do clássico Ontem ao luar (Catulo da Paixão Cearense e Pedro Alcântara), Raça e Sedução (ambas de autoria da dupla Milton Nascimento e Fernando Brant), e principalmente Foi assim e Pauapixuna (ambas dos compositores paraenses Paulo André e Ruy Barata). No ano seguinte veio Banho de cheiro, com destaque, dentre outras, para Dentro de mim mora um anjo (Sueli Costa e Cacaso), Maria Solidária (Milton Nascimento e Fernando Brant), e Moça do Mar (Octávio Burnier e Ivan Wrigg). Conquistou ao longo da carreira muitos fãs, tendo como marcas registradas a apresentação descalça e com intensas interpretações que sempre animavam o público.

Em 1979 lançou seu maior sucesso até hoje, a música Sob medida (Chico Buarque). A música integrou o repertório de um dos discos considerados melhores em sua carreira: o eclético Estrela radiante, onde se alternou entre canções regionais e urbanas; outro grande sucesso deste disco foi a faixa-título, de autoria de Walter Queiroz.

Fafá de Belém é uma artista consagrada e reconhecida tanto no Brasil como no estrangeiro, em especial, Portugal, onde tem imensa popularidade. Aclamada e acarinhada pelos portugueses, que a consideram um icone e uma verdadeira embaixadora de música brasileira, chamando-a de " A Cantora Brasileira mais Portuguesa do Brasil". Em 2011 foi condecorada com a Medalha de Mérito Turístico pelo Ministro da Economia e do Emprego de Portugal [5].

Década de 1980

Desde a década de 1960, quando surgiram os especiais do Festival de Música Popular Brasileira (TV Record), até ao final da década de 1980, a televisão brasileira foi marcada pelo sucesso dos espetáculos transmitidos; apresentando os novos talentos, registravam índices recordes de audiência. Fafá participou do especial Mulher 80 (Rede Globo), um desses momentos marcantes da televisão; o programa exibiu uma série de entrevistas e musicais cujo tema era a mulher e a discussão do papel feminino na sociedade de então, abordando esta temática no contexto da música nacional e da inegável preponderância das vozes femininas, com Maria Bethânia, Fafá de Belém, Zezé Motta, Marina Lima, Simone, Rita Lee, Joanna, Elis Regina, Gal Costa e as participações especiais das atrizes Regina Duarte e Narjara Turetta, que protagonizaram o seriado Malu Mulher.

Em 1980 lançou o disco Crença, com destaque para a faixa-título (de Milton Nascimento e Márcio Borges), as canções Sexto sentido (Beto Fogaça e Hermes Aquino), Bicho homem (Milton Nascimento e Fernando Brant), Carrinho de linha (Walter Queiroz), Me disseram (Joyce) e Para um amor no Recife (Paulinho da Viola).

Nesse mesmo ano, mais precisamente no dia 5 de março, nasceu na capital paulista, sua única filha, Mariana de Figueiredo Mascarenhas, conhecida por Mariana Belém, do namoro relâmpago que teve com o saxofonista Raul Mascarenhas. Depois dele apareceu com outros namorados na mídia. Foi considerada a primeira "produção independente" às claras do Brasil, segundo alguns sexólogos e psicólogos, já que Fafá mesmo afirma que nunca quis casar, só ter filhos.

Posou seminua em 1981 para a extinta revista Status Plus, em uma entrevista com Tom Jobim. No ano seguinte, do disco Essencial (faixa-título de Joyce): Fafá se torna famosa pela interpretação de duas músicas: Bilhete (Ivan Lins e Vitor Martins), da trilha da novela Sol de Verão de Manoel Carlos, e Nos bailes da vida (Milton Nascimento e Fernando Brant).

Eventos e transferência de gravadora

No ano seguinte transferiu-se para a independente Som Livre; o disco que marca sua estreia na nova gravadora leva seu nome. No repertório deste, destaque para as canções Menestrel das Alagoas (Milton Nascimento e Fernando Brant), composta em homenagem ao senador Teotônio Vilela, falecido naquele mesmo ano, e ainda Você em minha vida (Roberto e Erasmo Carlos), Aconteceu você (Guilherme Arantes) e Promessas (Tom Jobim e Newton Mendonça). Esta última foi o tema de abertura da última novela de Janete Clair, Eu Prometo.

Participou ativamente do movimento Diretas-Já em 1984, cantando, num momento antológico e polêmico, o Hino Nacional Brasileiro - gravado no LP Aprendizes da esperança, do ano seguinte; o repertório deste também incluiu as canções Doce magia, Coração aprendiz (Ronaldo Bastos) e um pot-pourri de lambadas (Lambadas I - Ovelha desgarrada/ O remador/ Não chore não/ Bom barqueiro), assim como os dois discos subsequentes - este ritmo se tornaria unanimidade no final daquela década. A célebre interpretação diante das câmeras para uma multidão que clamava pela redemocratização do país, foi muito contestada pela Justiça, mas ao mesmo tempo foi ovacionada e aclamada pelo público. A partir daí Fafá passou a ser conhecida como musa das diretas.

Valendo-se ainda do filão engajado da pós-ditadura e feminismo, cantou, ainda que com uma participação individual diminuta, no coro da versão brasileira de We Are the World, o hit americano que juntou vozes e levantou fundos para a África ou USA for Africa. O projeto Nordeste Já (1987) procurou angariar fundos para combater a enchente que se abatera sobre a região, unindo 155 vozes num compacto, de criação coletiva, com as canções Chega de mágoa e Seca d´água. Elogiado pela competência das interpretações individuais, o compacto foi no entanto criticado pela incapacidade de harmonizar as vozes e o enquadramento de cada uma delas no coro.

Sucesso e popularidade, críticas aos trabalhos

A partir de 1985, Fafá tomou um rumo em sua carreira, que foi bastante criticado pelos mais conservadores; ela passou a incluir no repertório gêneros mais popularescos, como sertanejo, brega e principalmente lambada, apesar de nessa década ela ter-se consagrado como cantora romântica, de timbre grave, forte, quente, encorpado e sedutor, e ter gravado outros estilos, como forró, bolero e guarânia. Alheia às críticas, ela emplacou um sucesso atrás do outro. Nesse caminho prosseguiu com Atrevida (1986), que vendeu um milhão de cópias graças ao sucesso da canção Memórias (Leonardo), e trouxe também Meu homem (versão da própria Fafá para a balada "Nobody does it better", gravada originalmente por Carly Simon) e um samba-enredo (Rei no bagaço coisas da vida - de Osvaldo e Robertino Garcia, com citação de Samba do jubileu de ouro). No ano seguinte veio Grandes amores, cujo maior sucesso foi a canção Meu dilema (Michael Sullivan e Leonardo). No ano seguinte voltou à Polygram onde lançou o também criticado Sozinha, com destaque para Meu disfarce (Chico Roque e Carlos Colla).

Em 1989 assinou com a gravadora BMG que lançou Fafá, que trouxe as lambadas Chorando se foi e Conversa bonita (Chico Roque e Carlos Colla), os sucessos românticos Nuvem de lágrimas (Paulo Debétio e Resende) e Amor cigano (Michael Sullivan e Paulo Massadas) e ainda Coração do agreste (Moacir Luz e Aldir Blanc); esta última integrou a trilha de Tieta, de Aguinaldo Silva, Ana Maria Moretzsohn e Ricardo Linhares. Dois anos depois, veio o disco Doces palavras, com destaque para Águas passadas e Coração xonado. A versão deste em CD trouxe três faixas-bônus, Eu daria minha vida (Martinha), A luz é minha voz e Dê uma chance ao coração (Michael Sullivan e Paulo Massadas). Estas não haviam entrado no LP original por problemas de espaço.

Em 1998 sofreu um aborto espontâneo. Estava grávida de seu namorado, e entrou em choque ao ler em um jornal que noticiava sua gravidez, mas o jornal se perguntava se a cantora saberia quem seria o pai da criança e se a filha dela, Mariana, sabia que a mãe estava grávida. Ela ficou extremamente abalada e ofendida, como seu namorado também. Um dia depois da notícia ela passou muito mal e foi internada, e assim perdeu a criança, e mesmo após anos, ela ainda não se recuperou totalmente dessa terrível perda.[6]

Década de 2000 - atualmente

Fafá de Belém em 2007.

Na década de 2000, lançou Maria de Fátima Palha Figueiredo (2000), que trouxe diversas canções consagradas românticas da MPB e ainda as regravações de Meu nome é ninguém (Haroldo Barbosa e Luiz Reis - já havia sido gravada anteriormente com Miltinho), Foi assim e Sob medida, assim como Piano e voz (2002), na mesma linha de Fafá ao vivo, Fafá de Belém do Pará - O Canto das águas (2003), que trouxe um repertório essencialmente brasileiro, destacando culturas nortistas onde todas as canções são de autoria de compositores conterrâneos seus, sendo que algumas músicas ela já havia gravado anteriormente (Pauapixuna, Este rio é minha rua e Bom dia Belém - espécie de hino da capital paraense, composta Edyr Proença e Adalcinda), e Tanto mar (2004), um tributo a Chico Buarque que contou com a participação do próprio na canção Fado tropical.

O trabalho mais recente foi Fafá de Belém ao vivo (2007), que rendeu seu primeiro DVD, e foi lançado pela gravadora EMI - única multinacional que ainda não havia editado um disco de Fafá. A pouco tempo aceitou o desafio de ser atriz e atuou como a personagem Ana Luz na telenovela da Rede Record Caminhos do Coração, do autor Tiago Santiago.

Atualmente está solteira e é avó de Laura, filha de Mariana Belém.[7]

Em 2012, Fafá fez parte da bancada de jurados da última temporada do programa Ídolos, exibido na Rede Record, ao lado de Marco Camargo e Supla.[8] Inicialmente, a cantora havia recusado o convite por motivo não divulgado (embora uma sondagem para participação na telenovela Gabriela na Rede Globo tenha sido apontada como um deles), mas depois mudou de ideia e assinou o contrato.

Os Papas

Fafá de Belém é a unica cantora do mundo que já cantou para três papas. Em 1997, cantou para o papa João Paulo II, no Maracanã, no IIº Encontro Mundial do Papa com as Famílias; Fafá vestia véu e cantou "Ave Maria" (Vicente Paiva/Jaime Redondo). Em 2006, Fafá foi convidada a cantar para o Papa Bento XVI a mesma música que havia cantado para João Paulo II. Isso ocorreu em Valência, na Espanha, durante o evento do Vº Encontro Mundial do Papa com as Famílias. E em 25 de julho de 2013, cantou para o Papa Francisco e para mais de 1 milhão de pessoas na praia de Copacabana, na cerimônia de Acolhida na 28ª Jornada Mundial da Juventude. Nesta ultima apresentação, Fafá representou toda a região Norte do país e, sobretudo, o estado do Pará, com o Círio de Nazaré. A música escolhida foi "Eu sou de lá", composta pelo Padre Fábio de Melo.

Discografia

Ver artigo principal: Discografia de Fafá de Belém

Carreira

Televisão

Cinema

Prêmios

  • 1990 - Troféu Imprensa: Melhor Música (Nuvem de Lágrima)
  • 1991 - Troféu Imprensa: Melhor Cantora

Homenagens

  • 2011 - Medalha de Mérito Turístico (condecoração em Portugal).


Referências

Ligações externas

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Predefinição:Troféu Imprensa de melhor cantora 1981-2000