Fazenda Babilônia

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Fazenda Babilônia
Fazenda Babilônia
Tipo fazenda
Geografia
Coordenadas 16° 0' 36.782" S 49° 4' 40.756" O
Mapa
Localização Pirenópolis - Brasil, Império Português
Patrimônio Património de Influência Portuguesa (base de dados), bem tombado pelo IPHAN

A Fazenda Babilônia, ou Engenho de São Joaquim, como era conhecido na época em que foi construído, se encontra na cidade de Pirenópolis, na região Centro-Oeste, no do estado de Goiás, no Brasil.[1][2]

História[editar | editar código-fonte]

Antecedentes[editar | editar código-fonte]

Encomendada pelo comendador Joaquim Alves de Oliveira, grande produtor rural, dono do povoado de Minas de Meia Ponte, atual Pirenópolis, e construída por escravos, a Fazenda Babilônia foi um dos maiores engenhos de cana de açúcar do Brasil Colonial.[3] Foi apelidada com esse nome por conta de sua grandiosidade.[4] Inicialmente, seus proprietários não residiam no engenho.[3] Contudo, em 1805, Alves de Oliveira encomendou o grandioso casarão, de cerca de 2 mil metros quadrados.[5]

A fazenda[editar | editar código-fonte]

O Engenho é levantado em paredes de pau a pique e sustentada por esteios e lagas vigas de madeira. que vencem vãos de até 15 metros.[6]

O telhado, coberto por telhas cocha, é composto por caibros roliços, com diâmetro de aproximadamente 20 centímetros.[6] As cavilhas de madeira são unidas ao madeirame por encaixes muito precisos, e até mesmo as dobradiças da fazenda são feitas de madeira.[6] Isso muito se explica devido à carência de metal no início do Século XIX, que se devia, por sua vez, aos altos custos de importação.[7][8]

Placa do espaço cultural na Fortaleza

O casarão é cercado por um grande muro de pedra, erguido pelos escravos, circulando, ainda, o pasto, o curral e as outras áreas construídas do engenho.[6]

Existe ainda, na varanda da sede da fazenda, uma capela, que se estende por toda a frente da casa.[9] O altar é estreito e acimentado por um nicho, onde está, sobre um retábulo de madeira, uma imagem de Nossa Senhora da Conceição.[9][10]

O proprietário da fazenda, Joaquim Alves morreu no ano de 1851.[11]

Declínio[editar | editar código-fonte]

Vista da Capela da Fazenda Babilônia

Joaquim Alves morreu em 1851, deixando a fazenda para seus herdeiros.[3] Por conta dos altos custos do transporte e exportação de mercadorias e com a decadência dos antes preciosos algodão e Cana-de-açúcar, a família não conseguiu manter o engenho.[3] A propriedade foi, então, vendida pata a família de Telma Lopes Machado, atual proprietária, da quarta geração de proprietários desde que o engenho foi vendido.[12] A família, desde a aquisição do imóvel até hoje, têm mantido a propriedade em sua forma original, preservando os espaços e seus patrimônios.[12][13]

Mudanças no espaço físico[editar | editar código-fonte]

Quando o Comendador decidiu se mudar com sua família para o Engenho, algumas mudanças drásticas aconteceram nele.[4] A mais considerável foi a construção do próprio casarão, a parte da fazenda melhor mantida nos dias de hoje.[4] Contudo, outras mudanças no espaço construído aconteceram com a chegada de Joaquim Alves.

A senzala, que abrigava os escravos do engenho, foi demolida com a chegada do Comendador. Não se sabe a data desse acontecimento, mas arqueólogos já comprovaram que ela, de fato, existiu.[14] Partindo de escavações e registros na sede, se obtiveram algumas informações sobre essa construção.[4] Pode se dizer que foi a única senzala arruada da região, e também a única que possuía equipamentos básicos de higiene.[15]

Relíquias[editar | editar código-fonte]

Os atuais proprietários mantêm, até hoje, algumas relíquias da propriedade de grande relevância histórica. A mais importante delas é imagem de Nossa Senhora da Conceição, produzida pelo escultor José Joaquim da Veiga Vale, a maior referência da arte sacra goiana.[10] Outras relíquias podem ser encontradas na capela da Fazenda Babilônia.[15]

Atualidade[editar | editar código-fonte]

Afim de atender os turistas que visitam a fazenda, algumas adaptações foram feitas. O antigo paiol é, hoje uma recepção, onde foram construídos novos banheiros e uma loja de artesanato e doces produzidos na própria propriedade.[4] A fazenda hoje é aberta para visitação aos sábados, domingos e feriados, dedicando-se ao turismo histórico e pedagógico.[4]

Tombamento[editar | editar código-fonte]

A propriedade passou pelo processo de tombamento como Patrimônio Nacional, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), e inscrita no Livro de Belas Artes, número 480, em 26/04/1965, conserva o extenso casarão, em estilo colonial e diversos muros de pedras, construídos pelos escravos.[6]

Ver também[editar | editar código-fonte]

O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Fazenda Babilônia

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «Pirenópolis». Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Consultado em 15 de maio de 2021 
  2. Alves, Renato (23 de janeiro de 2007). «Fazenda bicentenária traduz tempos áureos do ouro e da cana-de-açúcar». Acervo. Correio Braziliense. Consultado em 15 de maio de 2021 
  3. a b c d Curado, João. «A(S) FAMÍLIA(S) RESIDENTE(S) NO ENGENHO DE SÃO JOAQUIM: FRAGMENTOS DA VIDA EM MEIA PONTE/GO NO SÉCULO XIX» (PDF). Associação Nacional de História. Consultado em 15 de maio de 2021 
  4. a b c d e f «História». Fazenda Babilônia. Consultado em 15 de maio de 2021 
  5. Machado, Telma Lopes (julho de 2011). «Patrimônio, história e gastronomia». Ciência e Cultura (3): 48–50. ISSN 0009-6725. doi:10.21800/S0009-67252011000300018. Consultado em 15 de maio de 2021 
  6. a b c d e «Patrimônio». Fazenda Babilônia. Consultado em 15 de maio de 2021 
  7. Marson, Michel Deliberali; Marson, Michel Deliberali (outubro de 2019). «O Investimento na Indústria Antes de 1930: Uma Análise Empírica Com Registros de Empresas da Junta Comercial do Estado de São Paulo, 1911-1920». Revista Brasileira de Economia (4): 529–557. ISSN 0034-7140. doi:10.5935/0034-7140.20190024. Consultado em 15 de maio de 2021 
  8. Marcondes, Renato Leite (março de 2012). «O mercado brasileiro do século XIX: uma visão por meio do comércio de cabotagem». Brazilian Journal of Political Economy (1): 142–166. ISSN 0101-3157. doi:10.1590/S0101-31572012000100009. Consultado em 15 de maio de 2021 
  9. a b «Fazenda com mais de 200 anos relembra história e cultura de Goiás». Goiás. G1. 26 de janeiro de 2014. Consultado em 15 de maio de 2021 
  10. a b Diniz, Nathália (2008). «Velhas fazendas da Ribeira do Seridó» (PDF). Universidade de São Paulo. Consultado em 15 de maio de 2021 
  11. Borges, Rosana Maria Ribeiro; Barbosa, Marialva Carlos (2020). «Da senzala ao enfrentamento: as contraditórias dinâmicas históricas que antecederam as atividades impressas em Goiás». Revista Brasileira de História da Mídia (2). ISSN 2238-5126. doi:10.26664/issn.2238-5126.9220209126. Consultado em 15 de maio de 2021 
  12. a b «Delícias babilônicas». Globo Rural. Consultado em 15 de maio de 2021 
  13. Barbo, Lenora. «A Arquitetura rural na área de influência do atual Distrito Federal». Anais do XIII Seminário de História da Cidade e do Urbanismo. Consultado em 15 de maio de 2021 
  14. Curado, Adriano (19 de setembro de 2012). «Pirenópolis: Fazenda Babilônia, preciosidade histórica de Goiás». Pirenópolis. Consultado em 15 de maio de 2021 
  15. a b Coelho, Alexandra Prado (28 de Julho de 2018). «O café sertanejo da Fazenda Babilónia». Público. Consultado em 15 de maio de 2021