Fernando Catarino

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Fernando Catarino
Nascimento Ourém
Ocupação botânico

Fernando Pereira Mangas Catarino (Ourém, 1932) é um biólogo e professor universitário português[1] Dirigiu o Jardim Botânico de Lisboa durante mais de vinte anos,[1] destacando-se como um dos mais notáveis biólogos e botânicos do país.[2][3]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Fernando Catarino nasceu em 1932 em Vale de Ourém,[2] no seio de uma família de pequenos comerciantes de madeira e agricultores.[4] Do avô materno, José Vieira Mangas, negociante de pinheiros, herdou o apelido pelo qual ficaria popularmente conhecido, "o Mangas".[2] Começou por fazer o curso industrial de carpintaria, concluindo-o com bom aproveitamento, motivando o padre Vieira da Rosa a convencer o avô Mangas de que devia continuar os estudos. Concluiu o Liceu em Leiria, onde fizera os cursos Industrial e Comercial.[4] Ingressou depois na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, tendo por Mestre o professor Flávio Resende,[5] licenciando-se e doutorando-se em Biologia, em 1958 e 1969, respectivamente.[1]

Foi docente durante cinquenta anos na Faculdade de Ciências, com reconhecido mérito pedagógico.[5] dando a sua última aula em Novembro de 2002. No mesmo ano, Fernando Catarino tornou-se professor jubilado daquela instituição.[6]

Dedicou-se sobretudo à Botânica, sendo nomeado na década de 1980 director do Jardim Botânico de Lisboa,[5] cargo que ocuparia durante mais de duas décadas.[1] Enquanto director daquele espaço, destacou-se pela construção de ligações nacionais e internacionais a outros jardins botânicos e espaços congéneres, ampliando as colecções de herbário, e promovendo a constituição de um banco de sementes.[5]

No início da década de 90 do séc. XX Fernando Catarino mobilizou um grupo de jovens investigadores em torno da Ecologia que culminou na formação da Sociedade Portuguesa de Ecologia em 1995. Presidiu esta sociedade até 2002, data da sua jubilação.[7]

Coordenou vários projectos de relevância nacional e internacional, entre os quais a definição das áreas da Rede Natura 2000, sobre habitats e espécies a conservar, e estudos de impacte ambiental em centrais térmicas, barragens, aeroportos e outras grandes obras nacionais.[5] Foi o coordenador da plantação do Jardim Jurássico, no Monumento Natural das Pegadas de Dinossáurio de Ourém-Torres Novas, inaugurado em 2002.[8]

Foi um dos pioneiros da constituição da Associação Ibero-Macaronésica de Jardins Botânicos, empenhando-se em mostrar a importância da ciência desenvolvida nos jardins botânicos, e o seu papel na conservação da biodiversidade, no conhecimento e inovação, e no aumento da literacia científica das comunidades em que se inserem.[5]

É pai do ilustrador científico João Catarino, membro do Grupo do Risco, uma selecção dos melhores desenhadores de Portugal.[9]

Homenagens[editar | editar código-fonte]

Em 2006, uma nova espécie de musgo, Zygodon catarinoi, descoberta pelo investigador César Garcia, do Jardim Botânico de Lisboa, e outros investigadores do Museu e da Universidade Autónoma de Madrid, foi nomeada em homenagem a Fernando Catarino, pelo seu trabalho em prol do desenvolvimento da ecologia em Portugal.[10][11]

Em 2006 recebeu o Prémio Carreira - Prémio Nacional do Ambiente da Confederação Portuguesa das Associações de Defesa do Ambiente.

Em Março de 2009, foi homenageado pela Câmara Municipal de Odivelas, que atribuiu o seu nome ao recém-inaugurado Jardim Botânico de Famões, designado «Prof. Dr. Fernando Catarino».[12]

Em Setembro de 2014, foi homenageado durante o XIII Simpósio da Associação Ibero-Macaronésica de Jardins Botânicos, que decorreu no Jardim Botânico Tropical, em Lisboa.[13]

Principais publicações[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c d «Entrevista a Fernando Catarino, por Ana Sousa Dias, no programa "Por Outro Lado", na RTP 2 - 25 de Janeiro de 2003» 🔗. RTP. 25 de Janeiro de 2003. Consultado em 24 de janeiro de 2015 
  2. a b c «A lição do Mangas». PÚBLICO. 11 de Novembro de 2002. Consultado em 30 de julho de 2017 
  3. Group, Global Media. «Sinais - flora-on.pt». TSF Rádio Notícias. Consultado em 8 de agosto de 2017 
  4. a b Cruz 2007, p. 93.
  5. a b c d e f Martins-Loução 2007, p. 11.
  6. Machado, Ana. «Última lição de Fernando Catarino num dia de sol, no Jardim Botânico». PÚBLICO. Consultado em 30 de julho de 2017 
  7. «Ecologi@ 1 - [PDF Document]». cupdf.com (em inglês). Consultado em 25 de junho de 2021 
  8. Público. «Miradouros: Pedreira do Galinha, uma vista de milhões». fugas.publico.pt. Consultado em 8 de agosto de 2017. Parque da Serra de Aire e Candeeiros 
  9. «Visão | O mundo mágico dos ilustradores científicos». Jornal visao. Consultado em 8 de agosto de 2017. João Catarino, 51, cuja formação de base é belas-artes, só se juntou ao grupo mais tarde, como aluno de Pedro. “O pai dele, que foi meu professor [o ilustre Fernando Catarino, que foi também diretor do Jardim Botânico, onde nos encontramos], dizia muitas vezes: ‘Tenho um filho em artes, e faz uns desenhos porreiros’” 
  10. «Nova espécie para a ciência homenageia professor português». inquirebotany.org. Consultado em 30 de julho de 2017 
  11. Geographic, National. «A estrela do Alentejo». nationalgeographic.sapo.pt. Consultado em 30 de julho de 2017 
  12. «Locais de Interesse – Junta de Freguesia Pontinha e Famões». Junta de Freguesia Pontinha e Famões. Consultado em 30 de julho de 2017 
  13. «XIII Simpósio da Associação Ibero-Macaronésica de Jardins Botânicos - Invasoras.pt». Plantas Invasoras em Portugal. Consultado em 8 de agosto de 2017 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]