Fernando Sarney
Fernando Sarney | |
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Sarney em 2019 | |
Presidente da Confederação Brasileira de Futebol (interventor) | |
No cargo | |
Período | 15 de maio de 2025 a atualidade |
Antecessor(a) | Ednaldo Rodrigues |
Dados pessoais | |
Nascimento | 7 de janeiro de 1955 (70 anos) São Luís, Maranhão |
Nacionalidade | brasileiro |
Progenitores | Mãe: Marly Sarney Pai: José Sarney |
Cônjuge | Teresa Murad Sarney |
Parentesco | Lista
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Religião | católico |
Ocupação | empresário e dirigente esportivo |
Fernando José Macieira Sarney ComIH (São Luís, 7 de janeiro de 1955)[1] é um empresário e dirigente esportivo brasileiro. Filho do meio do ex-presidente da República José Sarney, é proprietário do Grupo Mirante de Comunicação — conglomerado que controla emissoras de TV, rádio e portais de notícia no Maranhão. É um dos vice-presidentes da Confederação Brasileira de Futebol desde 2004[2] e também integrante do Comitê Executivo da FIFA desde 2015.[3] Em 2025, foi nomeado interinamente como interventor da CBF.[4]
Biografia
[editar | editar código-fonte]Fernando Sarney é filho do ex-presidente da República José Sarney e de sua esposa Marly Sarney. Tem dois irmãos, os políticos Roseana Sarney e José Sarney Filho. Graduou-se em Engenharia Civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo em 1978.[5] A 26 de novembro de 1987, foi feito Comendador da Ordem do Infante D. Henrique de Portugal.[6]
Carreira e polêmicas
[editar | editar código-fonte]Operação Faktor (2006-2010)
[editar | editar código-fonte]Em 2006, a PF realizou a Operação Boi Barrica (que mudou de nome para Operação Faktor, depois que o grupo musical do mesmo nome, existente há mais de 20 anos, reclamou a associação do nome da operação ao grupo, que não tinha ligação ao caso) com o objetivo de apurar saques em dinheiro de pelo menos 3,5 milhões de reais relacionados a empresas da família Sarney no período das eleições estaduais do Maranhão daquele ano. À época, Roseana Sarney, irmã de Fernando, era candidata ao governo maranhense, mas perdeu para Jackson Lago no segundo turno.
Em 5 de outubro de 2008, os jornais O Imparcial e Jornal Pequeno (ambos de São Luís) publicaram em primeira mão reportagens baseadas em relatórios da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público Federal (MPF) sobre o envolvimento do Fernando Sarney num mega-esquema criminoso com tentáculos em vários estados e órgãos estratégicos da administração federal (principalmente nos setores elétrico e de transportes).[7]
Segundo a PF e o MPF, que deram o nome “Operação Boi Barrica” (depois rebatizada “Faktor”) à investigação, Fernando e o grupo por ele chefiado sangraram os cofres públicos durante ao menos 10 anos, cometendo uma extensa lista de crimes contra o sistema financeiro nacional e a administração pública. Os principais investigados foram Teresa Cristina Murad Sarney (mulher de Fernando), Silas Rondeau Cavalcanti Silva (membro do Conselho de Administração da Petrobras); Astrogildo Fraguglia Quental (diretor financeiro e de Relações com Investidores da Eletrobrás); Ulisses Assad (diretor afastado de Engenharia da Valec); Flávio Barbosa Lima, Gianfranco Antonio Vitório e Artur Perasso (ambos empresários) (veja os perfis completos de cada um deles no quadro). As reportagens publicadas pelos jornais foram reproduzidas pela imprensa nacional.[7]
No dia 15 de julho de 2009, Fernando Sarney foi indiciado pela Polícia Federal sob a acusação, entre outros crimes, de formação de quadrilha, tráfico de influência e falsificação de documentos para favorecer empresas privadas em contratos com empresas estatais. Ele foi apontado como o "mentor intelectual" da quadrilha, mas negou ter cometido irregularidades. Outras pessoas suspeitas de envolvimento no esquema são: Thucidides Frota, Marcelo Aragão e Walfredo Dantas.[8]
O órgão mais visado, segundo os investigadores, foi o Ministério de Minas e Energia. Na época da apuração dos fatos, entre 2006 e 2007, o ministro de Minas e Energia era Silas Rondeau, amigo pessoal de Fernando, que se afastou do cargo depois que a Polícia Federal o apontou como um dos principais suspeitos na Operação Navalha.[9]
Em 16 de julho de 2009, a Polícia Federal também indiciou a esposa e a filha de Fernando Sarney, acusadas de lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e por operar instituição financeira sem autorização. Ambas são sócias das empresas suspeitas de transações financeiras ilegais no Estado.[10]
A Rede Globo, cuja afiliada em São Luís e no Maranhão é a TV Mirante, veiculou as notícias das acusações contra Sarney nos telejornais Jornal Hoje, Jornal Nacional, Jornal da Globo e Bom Dia Brasil (dia 17), mas a emissora de São Luís não veiculou nos telejornais locais de JMTV 1ª e 2ª edições nem no Bom Dia Mirante.[11]
Pedido de censura à imprensa
[editar | editar código-fonte]No dia 30 de julho de 2009, Fernando Sarney pediu ao desembargador Dácio Vieira, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), que proibisse o jornal O Estado de S. Paulo e o seu portal de publicar reportagens com informações sobre a Operação Faktor. Tal recurso judicial, cuja liminar foi concedida no dia seguinte por Vieira, determina ainda que seja aplicada uma multa de 150 mil reais para cada reportagem publicada, caso a decisão do juiz seja violada. O pedido original de Fernando Sarney correspondia a 300 mil reais.
De acordo com os advogados de Sarney, o Estado cometeu um crime ao publicar trechos das conversas telefônicas gravadas pela Operação, pois continham "diálogos íntimos", ferindo a honra da família Sarney. As gravações revelaram que José Sarney contratava afilhados políticos e parentes através de atos secretos.[12] O jornal nega as acusações e pretende recorrer a decisão que considera censura.
Da mesma forma, o Jornal Pequeno, por determinação do juiz Nemias Nunes Carvalho, da 2ª Vara Cível de São Luís, teve de retirar do ar no próprio site do jornal, a reportagem com dados da “Boi Barrica”, envolvendo Fernando Sarney e suas filhas (“Fernando usa ‘caixa 2’ da Mirante para pagar mesadas das filhas”, de 8 de março de 2009). O jornal recorreu, mas a censura persiste. Além da censura por via judicial, integrantes da Família Sarney também tentam contra o jornal com processos na Justiça. Fernando Sarney, Teresa Murad Sarney e Ana Clara Murad Sarney (filha do casal) representaram contra o jornal por ter divulgado informações dos relatórios da “Boi Barrica”, assim como duas outras filhas de Fernando e Teresa (Maria Adriana Murad Sarney e Ana Theresa Murad Sarney).[7]
Em 10 de dezembro de 2009 o jornal Estado de S. Paulo foi impedido pelo Supremo Tribunal Federal de publicar notícias sobre a Operação Boi Barrica.[13] No dia 18 de dezembro, a ação foi removida por Fernando Sarney.[14] Mesmo assim, em 29 de janeiro de 2010, o jornal O Estado de S. Paulo rejeitou na Justiça esse pedido, alegando através do advogado, que quer esse processo de pedido de impedimento da publicação seja extinto, pois não acredita a desistência do Fernando Sarney.[15] O jornal continuou aguardando desde 31 de julho de 2009 ser intimado pela justiça para decidir se aceita a remoção do processo ou espera pela apreciação do mérito.
Contas no exterior
[editar | editar código-fonte]Em 7 de março de 2010, matéria de capa do jornal Folha de S. Paulo, intitulada de Governo acha dinheiro de filho de Sarney no exterior, escrita por Leonardo Souza, divulgou que o governo brasileiro conseguiu documentos que comprovam que o empresário movimentou dinheiro no exterior sem declará-lo à Receita Federal (ou Fisco). Segundo o jornal, o empresário enviou US$ 1 milhão em 2008 para uma conta em um paraíso fiscal até a cidade de Qingdao, leste da China. Por e-mail, o empresário disse à Folha que a imprensa trata de suas movimentações financeiras de forma "truncada e dissociada da realidade" e que é alvo de "vazamento criminoso" de informações que estão sob segredo de Justiça.[16]
No dia 25 de março, o mesmo jornal divulgou mais detalhes da conta na China: intitulada de Suiça bloqueia conta de filho de Sarney, escrita por Leonardo Souza e Andreza Matais, divulgou que o Governo da Suíça bloqueou a conta de US$ 13 milhões controlada pelo empresário, após os depósitos serem rastreados a pedido da Justiça brasileira. Segundo o jornal, o dinheiro não está declarado à Receita Federal (Fisco).[17] Autoridades chinesas informaram ao Ministério da Justiça brasileiro que o empresário operou pessoalmente no início de 2008, uma conta num paraíso fiscal, em nome de uma empresa "offshore" com sede no Caribe. Ele usou o canal financeiro para transferir US$ 1 milhão para uma agência do banco HSBC na cidade de Qingdao e a autorização da transação contém a assinatura dele.[18]
O bloqueio administrativo ocorreu quando Fernando tentava enviar recursos da Suíça para Liechtenstein, considerado um paraíso fiscal. Caso seja comprovado que o dinheiro tem origem ilícita, o bloqueio passará a ter caráter criminal e os recursos poderão ser repatriados.[17]
Porém, ao ser procurado, Fernando Sarney disse que soube do assunto pelo jornal e afirmou que não falaria do que não conhece, mas a defesa, contatada pelo celular, não ligou de volta. Já o pai e senador José Sarney declarou: "Fernando é maior de idade e tem advogado constituído".[17]
Em 7 de maio, Fernando Sarney foi indiciado pela Polícia Federal, durante o depoimento na cidade de São Paulo por evasão de divisas por ter a conta na China, depois de se recusar responder todas as perguntas.[19]
Envolvimento com o esporte
[editar | editar código-fonte]Fernando Sarney tem atuação na Confederação Brasileira de Futebol desde 1998, após ingressar como diretor de relações governamentais, e se tornou vice-presidente da entidade em 2004 durante a gestão de Ricardo Teixeira.[2] Em novembro de 2015, Sarney tornou-se membro do Comitê Executivo da Fifa, após a renúncia de Marco Polo Del Nero ao cargo.[3]
Em 15 de maio de 2025, Sarney foi nomeado interventor da Confederação Brasileira de Futebol após a destituição de Ednaldo Rodrigues por decisão do desembargador Gabriel Zéfiro, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.[4] A ação judicial foi movida pelo próprio Sarney, então vice-presidente da entidade, em conjunto com a deputada federal Daniela Carneiro, em um pedido baseado em um laudo pericial que apontava a falsificação da assinatura do coronel Antônio Carlos Nunes Lima, ex-presidente da CBF, em acordo judicial homologado pelo Supremo Tribunal Federal em 2024.[4] O documento permitia a permanência de Ednaldo Rodrigues na presidência da entidade. Como interventor, Sarney assumiu o controle da CBF com a incumbência de conduzir novas eleições, conforme determinação legal. Entretanto, o caso gerou questionamentos sobre conflitos de interesse, já que, dias antes do processo, Sarney reuniu-se com Francisco Schertel Mendes, filho do ministro do STF Gilmar Mendes, que havia homologado o acordo original em 2024.[20] A nomeação também foi criticada por suposta interferência política no futebol, especialmente após a Revista Piauí revelar articulações entre grupos judiciais – sobretudo ligados a Luiz Zveiter e ao próprio Gilmar Mendes – e cartolas para influenciar a sucessão na entidade.[20]
Referências
- ↑ FIFA.com. «FIFA Council Members - FIFA.com». fifa.com (em inglês). Consultado em 14 de março de 2021. Arquivado do original em 10 de abril de 2021
- ↑ a b Cleverton Silva (15 de maio de 2025). «Saiba quem é Fernando Sarney, presidente interino da CBF». Metópoles. Consultado em 15 de maio de 2025
- ↑ a b Del Nero renuncia a cargo na Fifa; filho de Sarney assume UOL Esporte, 26/11/2015
- ↑ a b c «Justiça afasta Ednaldo Rodrigues da presidência da CBF». G1. 15 de maio de 2025. Consultado em 15 de maio de 2025
- ↑ "O Grupo da Poli de 78" (Revista Época).
- ↑ «Cidadãos Estrangeiros Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Fernando Sarney". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 24 de março de 2016
- ↑ a b c OSWALDO VIVIANI (11 de outubro de 2009). «Caso que abalou a família Sarney completa um ano». Jornal Pequeno. Consultado em 2 de junho de 2010
- ↑ Polícia Federal indicia filho de Sarney (Agência Brasil)
- ↑ Polícia Federal indicia filho do senador (Zero Hora)
- ↑ PF indicia nora de Sarney na Operação Boi Barrica
- ↑ Telejornais em 17 e 18 de julho de 2009
- ↑ Justiça censura Estado e proíbe informações sobre Sarney
- ↑ STF. «Arquivada ação do jornal O Estado de S. Paulo contra proibição de veicular matérias sobre Fernando Sarney». Consultado em 11 de dezembro de 2009
- ↑ [1]
- ↑ Da Redação (1º de fevereiro de 2010). «Jornal O Estado de S. Paulo rejeita arquivamento de censura prévia». Portal IMPRENSA. Consultado em 24 de setembro de 2010
- ↑ Folha Online (7 de março de 2010). «Governo acha dinheiro de filho de Sarney no exterior». Consultado em 25 de março de 2010
- ↑ a b c Folha Online (25 de março de 2010). «Suíça bloqueia conta de filho de Sarney». Consultado em 25 de março de 2010
- ↑ Folha Online (25 de março de 2010). «Entenda as denúncias contra Fernando Sarney». Consultado em 25 de março de 2010
- ↑ Estadão (7 de maio de 2010). «Polícia Federal indicia Fernando Sarney pelo crime de evasão de divisas». Consultado em 8 de maio de 2010
- ↑ a b Luigi Mazza (15 de maio de 2025). «Por que Ednaldo Rodrigues caiu – de novo». Revista Piauí. Consultado em 15 de maio de 2025
- Nascidos em 1955
- Família Sarney
- Naturais de São Luís (Maranhão)
- Empresários do Maranhão
- Alunos da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo
- Comendadores da Ordem do Infante D. Henrique
- Membros do Partido Verde (Brasil)
- Filhos de presidentes do Brasil
- Membros do Movimento Democrático Brasileiro (1980)
- Presidentes da Confederação Brasileira de Futebol