Festival Terras sem Sombra

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.


Festival Terras sem Sombra
Festival Terras sem Sombra
Logotipo do festival (2023 - presente)
Período de atividade 2003 - presente
Número de edições 19
Fundador(es) Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja;

Pedra Angular - Associação de Salvaguarda do Património do Alentejo;

Local(is) Alentejo
Género(s) música erudita, património cultural, biodiversidade
Página oficial Site oficial

O Festival Terras sem Sombra é um um evento cultural de carácter nacional e internacional que abarca a música erudita, o património e a biodiversidade do Alentejo. Organizado em torno do conhecimento e da memória, constitui uma temporada que se estende ao longo de vários meses e percorre diversos concelhos alentejanos.[1][2]

Fundado em 2003 por José António Falcão, atual diretor-geral, o Festival mantém desde a sua criação o carácter itinerante, pondo a tónica na descentralização cultural, na formação de novos públicos, na inclusão e na sustentabilidade. A programação abrange concertos e recitais, master classes, conferências, visitas ao património cultural e ações de salvaguarda da biodiversidade, todos de acesso gratuito..[3][1][4][5]

A dimensão internacional do Festival tem-se consolidado com a participação de países convidados como por exemplo os Estados Unidos da América, Brasil, Espanha, Hungria, República Checa, Bélgica, Áustria[1][4]. De igual modo, o desenvolvimento de novos projetos – como o Terras sem Sombras Kids ou Onde a Vida Acontece – visam reforçar uma oferta cultural, de carácter lúdico e didático, especialmente dirigida a novos públicos e às famílias[6][7].

Foram atribuídos ao Terras sem Sombra, entre outras distinções, o: Prémio Vasco Vilalva, da Fundação Calouste Gulbenkian, em 2009[8]; o Prémio Árvore da Vida – Padre Manuel Antunes, em 2010[9]; o Prémio ao Melhor Evento, da Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo, em 2011[10]; e o Prémio Mais Alentejo, da revista homónima, em 2007 e 2012.

Vertentes[editar | editar código-fonte]

Música[editar | editar código-fonte]

Concerto na Igreja do Convento de São Domingos do Grupo Voces Caelestes com a orquestra Músicos do Tejo
Ação de salvaguarda da biodiversidade em Mourão

Em cada edição o Festival Terras sem Sombra programa uma temporada de música erudita que conta com participações internacionais e nacionais. Conta com repertórios que abarcam da Idade Média à contemporaneidade, apresentados em igrejas, castelos, palácios e outros monumentos, escolhidos pelo seu valor histórico e pelas condições acústicas, em diferentes concelhos do Alentejo e da vizinha Espanha.[1][11][12]

Património[editar | editar código-fonte]

O Festival Terras sem Sombra celebra e promove a salvaguarda das expressões identitárias, materiais e imateriais, das gentes e do território. Do cante à arte chocalheira, do património edificado à arqueologia, do montado às práticas piscatórias, o legado histórico, artístico e antropológico do Alentejo é objeto de atividades que levam os participantes a conhecer a riqueza e diversidade cultural da região orientados por peritos e guias locais.[1][12][11]

Biodiversidade[editar | editar código-fonte]

O Festival Terras sem Sombra dá a conhecer a paisagem, os ecossistemas e os recursos naturais dos territórios que percorre numa tentativa de contribuir para a sua preservação e valorização. Assim, as comunidades locais, o público e os artistas são convidados a participar em ações que, em plena natureza, visam dirigir o olhar para os aspetos mais críticos, interessantes e genuínos dos territórios com vista à sensibilização para a salvaguarda da biodiversidade.[1][12][11]

Prémio Internacional Terras sem Sombra[editar | editar código-fonte]

O Festival atribui anualmente o Prémio Internacional Terras sem Sombra. Instituído em 2011, este prémio homenageia uma personalidade ou uma instituição que se tenham notabilizado em diferentes categorias: a promoção da Música; a valorização do Património Cultural e a salvaguarda da Biodiversidade[13].

O Prémio consta de um diploma e de uma obra de arte assinada por um artista contemporâneo, entregue no final da temporada, numa cerimónia formal presidida por uma personalidade de renome nacional ou internacional.[14]

Até à data foram atribuídos os seguintes galardões[13]:

Data Nome País Área
2011 Cheryl Studer | Soprano EUA Música
2011 Pontificia Accademia Romana de Arqueologia Vaticano Património Cultural
2011 Mário Ruivo | Oceanógrafo Portugal Biodiversidade
2012 Dimitra Theodossiou | Cantora lírica Grécia Música
2012 Maria Helena Mendes Pinto | Conservadora de museus Portugal Património Cultural
2012 Miguel Ángel Simón | Biólogo Espanha Biodiversidade
2013 Enzo Dara | Cantor lírico Itália Música
2013 Associação dos Arqueólogos Portugueses Portugal Património Cultural
2013 Pedro Vaz Pinto | Ambientalista Angola Biodiversidade
2014 Teresa Berganza | Cantora lírica Espanha Música
2014 Angelo Oswaldo de Araújo Santos | Curador de Arte Brasil Património Cultural
2014 Serafim Riem | Ambientalista Portugal Biodiversidade
2015 Ismael Fernández de la Cuesta | Musicólogo Espanha Música
2015 Centro Nacional de Cultura Portugal Património Cultural
2015 World Wide Fund for Nature para o Mediterrâneo Internacional Biodiversidade
2016 Diretor do Festival de Lucerna Suíça Música
2016 Khaled al-Asaad (póstumo) | Arqueólogo Síria Património Cultural
2016 Associação dos Amigos do Parque Ecológico do Funchal Portugal Biodiversidade
2017 Alberto Zedda (póstumo) | Diretor Musical Itália Música
2017 Campo Arqueológico de Mértola Portugal Património Cultural
2017 Fundação Stiftung Schloss Dyck Alemanha Biodiversidade
2018 Peter Eötvös | Compositor e diretor musical Hungria Música
2018 Fundación Santa María de Albarracín Espanha Património Cultural
2018 Associação Portuguesa para a Diversidade da Videira – PORVID Portugal Biodiversidade
2019 Carmen Linares | Cantaora Espanha Música
2019 João de Almeida | Arquiteto e artista plástico Portugal Património cultural
2019 Jardim Botânico Nacional Grandvaux Barbosa Cabo Verde Biodiversidade

Edições[editar | editar código-fonte]

A memória de cada uma das edições fica registada num livro-catálogo, que é um repositório de conhecimento produzido nessa temporada. Reúne textos de especialistas em música erudita, património artístico e biodiversidade[13].

Da tutela diocesana ao âmbito da sociedade civil[editar | editar código-fonte]

O Terras sem Sombra resulta de uma parceria iniciada pelo Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja (DPHADB) e que, após a extinção deste organismo (2017), é prosseguida pela associação Pedra Angular, com a colaboração do Centro UNESCO de Arquitetura e Arte, dos serviços regionais de Cultura e de Turismo, dos municípios e de outras “forças vivas”, mormente instituições de ensino, associações, empresas e famílias.[15]

Uma investigação do jornal Público, em Junho de 2020, avançou que o sucedido poderá ter estado relacionado com alegadas controvérsias na gestão de José António Falcão, ocorridas alguns anos antes da referida extinção.[16] A direção do Festival refutou esta leitura a posteriori dos factos e prestou esclarecimentos sobre o assunto.[17]

Referências

  1. a b c d e f «Sobre Nós». Terras sem Sombra. Consultado em 29 de dezembro de 2023 
  2. Lopes, Mário (10 de janeiro de 2019). «Terras Sem Sombra, um festival que viaja no tempo e no espaço». PÚBLICO. Consultado em 31 de dezembro de 2023 
  3. Ana Santos, “Festival Terras sem Sombra de Música Sacra do Baixo Alentejo”, em Invenire, II, Lisboa, 2011, pp. 64-65.
  4. a b Martins, Maria João (11 de maio de 2023). «Festival Terras sem Sombra volta à estrada». Diário de Notícias. Consultado em 29 de dezembro de 2023 
  5. Renascença (13 de maio de 2022). «O vinho de talha e a música sacra no festival "Terras sem Sombra" - Renascença». Rádio Renascença. Consultado em 29 de dezembro de 2023 
  6. Rodrigues, Elisabete (5 de maio de 2023). «Festival Terras sem Sombra está de volta e estreia-se em Ferreira do Alentejo». Sul Informação. Consultado em 31 de dezembro de 2023 
  7. Informação, Sul (10 de julho de 2022). «Mértola, "Onde a Vida Acontece" à boleia do Festival Terras sem Sombra». Sul Informação. Consultado em 31 de dezembro de 2023 
  8. Costa, Manuel (5 de fevereiro de 2009). «Departamento da Diocese de Beja recebeu Prémio Vasco Vilalva». Agência ECCLESIA. Consultado em 31 de dezembro de 2023 
  9. Lusa (13 de abril de 2010). «Diocese de Beja vence Prémio de Cultura Árvore da Vida». Diário de Notícias. Consultado em 31 de dezembro de 2023 
  10. “Festival Terras sem Sombra recebe Prémio Turismo do Alentejo para o Melhor Evento 2011”, em Diário do Sul, Évora, 26 de Abril de 2011, p. 15.
  11. a b c Pinto, Domingos (18 de janeiro de 2018). «Portugal: Festival Terras sem Sombra de novo no Alentejo». Vatican News. Consultado em 31 de dezembro de 2023 
  12. a b c Pina, Ana (10 de novembro de 2023). «Terras sem Sombra não desiste de lançar sementes». Jornal Económico. Consultado em 31 de dezembro de 2023 
  13. a b c Falcão (direção), José António (2020). Terras sem Sombra - 16.º Festival de Música do Alentejo | 2020. Santiago do Cacém: Pedra Angular 
  14. Uma Breve Eternidade: Emoção e Comoção na Música Europeia (Séculos XII-XXI), Santiago do Cacém, Pedra Angular, 2020, pp. 278-281
  15. Ângela Ataíde, “O Cante e o Bispo”, em Diário do Alentejo, Beja, 16 de Fevereiro de 2018, p. 3.
  16. Cerejo, José António. «Projecto pioneiro não serviu para nada e custou meio milhão de euros à Diocese de Beja». PÚBLICO. Consultado em 14 de setembro de 2020 
  17. https://www.publico.pt/2020/07/31/culturaipsilon/noticia/projecto-nao-serviu-nada-custou-500-mil-diocese-beja-1926277/

Ligações externas[editar | editar código-fonte]