Festival OTI da Canção

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O Festival OTI da Canção (em espanhol: Festival OTI de la Canción) foi uma competição anual de música, realizada entre 1972 e 2000 entre os países membros ativos da Organização de Televisão Iberoamericana (OTI). Foi precedido em 1969 e 1970 pelo Festival Mundial da Canção Latina, realizado no México.

O festival era uma versão ibero-americana do Festival Eurovisão da Canção. O primeiro show foi realizado no Palácio de Congressos e Exposições de Madri, Espanha, em 25 de novembro de 1972 e o último foi realizado em 20 de maio de 2000, em Acapulco, México. Desde então, o festival não foi mais realizado devido ao questionamento do sistema de votação das últimas edições, a falta de patrocinadores, a baixa qualidade dos participantes e a retirada de alguns dos países mais emblemáticos como o Brasil, Colômbia e Espanha.

O principal objetivo do festival foi gerar um processo de troca cultural e artística entre os países de língua espanhola e portuguesa. Embora não tenha sido tão bem -ucedido como o Festival Eurovisão da Canção, o festival deixou um grande legado na América Latina, trazendo muitos artistas famosos e músicas de sucesso.

Primeiras edições[editar | editar código-fonte]

Embora o Festival da OTI tenha sido nos mesmos moldes do Festival Eurovisão da Canção, o festival foi precedido pelo Festival da Canção Latina, realizado no no Teatro Ferrocarrilero na Cidade do México, em 1969 e 1970. A classificação final foi a seguinte:

1969
  1.  Porto Rico: Lucecita, Gênesis
  2.  Brasil: Denise de Kalaffe, Canção Latina
  3.  Venezuela: José Luis Rodríguez, El Puma
1970
  1.  Brasil: Cláudya, Canção de Amor e Paz
  2.  Venezuela: Mirla Castellanos, Com os Braços Cruzados
  3.  México: José José, El triste

História[editar | editar código-fonte]

O Festival OTI da Canção foi realizado pela primeira vez em 25 de novembro de 1972 no Palácio de Congressos e Exposições de Madri. 13 países participaram da primeira edição do evento: Espanha, Colômbia, Brasil, Venezuela, Panamá, Portugal, Bolívia, Chile, Peru, Uruguai, Argentina, República Dominicana e Porto Rico foram os países que estrearam.

Após o primeiro show, o restante dos países latino-americanos começou a participar progressivamente do evento. O festival se expandiu ainda mais longe da tradicional esfera latino-americana, a ponto de até os Estados Unidos, o Canadá e as Antilhas Holandesas participarem do evento. Em 1992, o festival atingiu o recorde de 25 países participantes.[1] Em sua última edição, em 2000, o festival contou pela primeira vez com um país africano, a Guiné Equatorial. O objetivo seria abrir o festival, a partir dos anos seguintes, aos países africanos de língua portuguesa.

O México e a Espanha foram os países de maior sucesso na história da competição, com 6 vitórias cada, enquanto a Argentina venceu 4 vezes. O Brasil foi o terceiro país mais bem sucedido com três vitórias.

Participação[editar | editar código-fonte]

Os países que eram elegíveis para participar do festival da OTI precisavam ser membros ativos da Organização da Televisão Ibero-americana. Os membros ativos eram aqueles que pertenciam à Organização dos Estados Ibero-americanos.

Para participar do evento, os países participantes eram obrigados a serem países de língua espanhola ou portuguesa, ou terem grandes comunidades de falantes de espanhol ou português em seu território (por exemplo, os Estados Unidos) ou a ter laços linguísticos ou culturais com os países da América Latina (como aconteceu com as Antilhas Holandesas). Além disso, a música do participante precisava ser cantada em espanhol ou português.

As emissoras públicas e privadas puderam se juntar à OTI como membros-plenos e, em alguns casos, diferentes emissoras colaboraram durante a exibição do evento, como por exemplo, as emissoras venezuelanas Venevisión e RCTV.

No total, 25 países participaram do Festival da OTI:

Ano Primeira participação de cada país
1972 Argentina Argentina, Brasil Brasil, Bolívia Bolívia, Chile Chile, Colômbia Colômbia, República Dominicana República Dominicana, Espanha Espanha, Panamá Panamá, Peru Peru, Portugal Portugal, Porto Rico Porto Rico, Uruguai Uruguai, Venezuela Venezuela
1973 México México
1974 Antilhas Holandesas Antilhas Holandesas, Equador Equador, El Salvador El Salvador, Estados Unidos Estados Unidos, Guatemala Guatemala, Honduras Honduras, Nicarágua Nicarágua
1976 Costa Rica Costa Rica
1978 Paraguai Paraguai
1986 Canadá Canadá
1989 Aruba Aruba
1991 Cuba Cuba
1992 Guiné Equatorial Guiné Equatorial

Países anfitriões[editar | editar código-fonte]

A escolha do país anfitrião do festival foi decidida seguindo vários critérios. No início, ficou decidido que o país vencedor organizaria e realizaria o concurso no ano seguinte, mas após a vitória da Nicarágua em 1977, o país não conseguiu sediar a disputa devido à sangrenta guerra civil que eclodiu no ano seguinte. Naquela época, muitos países latino-americanos sofriam de instabilidade política e econômica ou eram governados por ditaduras. Por essa razão, a partir daquele ano, a cidade-sede foi decidida por um sorteio anual organizado pela Organização de Televisão Iberoamericana.

Espanha e México foram os países que mais participaram do concurso com 6 edições cada. No total, 13 países dos 25 que participaram do concurso de música sediou o festival.

Sistema de votação[editar | editar código-fonte]

O sistema de votação para decidir o vencedor do concurso mudou ao longo dos anos. Inicialmente, o vencedor era escolhido através de telefone, por cinco jurados em todos os países participantes. Cada membro votava apenas pela sua música favorita e o vencedor foi a música que teve mais pontos no final do processo. Em 1977, o número de jurados nacionais por país foi alterado para três, devido ao aumento do número de países participantes e à consequente duração mais longa.

A partir de 1982, o vencedor passou a ser foi decidido por um júri profissional composto por personalidades famosas da música. Um ano depois, o sistema de votação foi alterado novamente, de forma que a votação era secreta. Desde aquele ano, apenas os três países mais votados foram revelados no final do show, o que gerou muitos escândalos e controvérsias.

Vencedores[editar | editar código-fonte]

Os primeiros festivais tiveram maior impacto, devido à participação de compositores e artistas de renome dos seus respectivos países de origem. Este anexo é uma lista dos países que venceram o Festival da OTI, os respectivos artistas e canções.

Lista de vencedores[editar | editar código-fonte]

Ano País Canção Intérprete
1972  Brasil Diálogo Cláudia Regina & Tobías
1973  México Qué alegre va María Imelda Miller
1974  Porto Rico Hoy canto por cantar Nydia Caro
1975  México La felicidad Gualberto Castro
1976 Espanha España Canta, cigarra María Ostiz
1977 Nicarágua Quincho Barrilete Eduardo González Siero
1978  Brasil El amor... cosa tan rara Denise de Kalafe
1979  Argentina Cuenta conmigo Daniel Riolobos
1980  Porto Rico Contigo, mujer Rafael José
1981 Espanha Latino Francisco
1982  Venezuela Puedes contar conmigo Grupo Unicornio
1983  Brasil Estrela de papel Jessé
1984  Chile Agualuna Fernando Ubiergo
1985  México El fandango aquí Eugenia León
1986  Estados Unidos Todos Damaris, Miguel Ángel Guerra & Eduardo Fabiani
1987  Venezuela La felicidad está en un rincón de tu corazón Alfredo Alejandro
1988  Argentina Todavía eres mi mujer Guillermo Guido
1989  México Una canción no es suficiente Analí
1990  México Un bolero Carlos Cuevas
1991  Argentina Adonde estás ahora Claudia Brant
1992 Espanha A dónde voy sin ti Francisco
1993 Espanha Enamorarse Ana Reverte
1994  Argentina Canción despareja Claudia Carenzio
1995 Espanha Eres mi debilidad Marcos Llunas
1996 Espanha Mis manos Anabel Russ
1997  México Se diga lo que se diga Iridían
1998  Chile Fin de siglo: Es tiempo de inflamarse, deprimirse o transformarse Florcita Motuda
1999 O festival foi cancelado devido a alagamentos na cidade anfitriã.
2000  Estados Unidos Mala hierba Hermanas Chirino
2012

Vitórias por país[editar | editar código-fonte]

Vitórias País Ano(s)
6 Espanha 1976 - 1981 - 1992 - 1993 - 1995 - 1996
6  México 1973 - 1975 - 1985 - 1989 - 1990 - 1997
4  Argentina 1979 - 1988 - 1991 - 1994
3  Brasil 1972 - 1978 - 1983
2  Venezuela 1982 - 1987
2  Porto Rico 1974 - 1980
2  Chile 1984 - 1998
2  Estados Unidos 1986 - 2000
1 Nicarágua 1977

Legado[editar | editar código-fonte]

Embora o Festival da OTI não seja celebrado desde 2000, o festival ainda é amplamente lembrado em muitos países, especialmente no México, onde o festival sempre foi bem recebido pelo público, mesmo quando a popularidade do festival estava diminuindo em outros países.

O concurso foi muito popular no México graças ao "Festival Nacional da OTI", que era a final nacional para selecionar o concorrente mexicano para o torneio internacional e principal da OTI. Muitos cantores famosos, como Juan Gabriel, Luis Miguel, Lucero, ou a banda Pandora, tentaram representar seu país no Festival da OTI, mas não venceram a competição nacional.

Na Espanha, muitos nomes populares participaram do Festival da OTI, incluindo a banda Trigo Limpio, que representou o país em 1977 com a música "Rómpeme, mátame" antes de representar a Espanha no Festival Eurovisão em 1980. Muitos anos depois, em 1995, Marcos Llunas venceu o festival dois anos antes de representar a Espanha no Eurovisão em 1997. Outros concorrentes populares do OTI na Espanha são Marisol e Camilo Sesto.

Pelo menos um vencedor do Eurovisão participou do OTI: Dave Benton, que representou as Antilhas Holandesas em 1981, mais tarde ganhou o Eurovisão em 2001 representando a Estônia, tocando a música "Everybody" com Tanel Padar e 2XL.

Tentativas de retorno[editar | editar código-fonte]

Como a marca do Festival OTI na América Latina ainda é grande, algumas organizações de natureza diversa tentaram criar novas versões do festival. Alguns artistas mexicanos também tornaram público o seu apoio ao retorno às telas do Festival da OTI.

Em março de 2011, foi anunciado por alguns jornais on-line que a Televisa, o canal nacional mexicano de TV estava se preparando para o relançamento do evento em duas etapas, a primeira foi para voltar com o "Festival Nacional da OTI", a final nacional mexicana, enquanto o segundo seria para voltar com o internacional e principal "Festival da OTI". O objetivo dessa tentativa de dar vida ao festival foi dar a oportunidade aos jovens artistas de mostrar seu talento. O festival nunca aconteceu, mas não foi cancelado.[2]

Em junho de 2016, foi anunciado o relançamento da OTI como uma organização de mídia. A OTI foi renomeada como "Organização de Telecomunicações da Ibero-américa". A organização evoluiu de uma plataforma de troca de conteúdo de televisão para incluir membros de natureza mais ampla, como jornais e empresas de internet, além de canais de TV e rádio. Este relançamento instantâneo provocou boatos sobre um possível relançamento do festival que mais tarde foram negados.[3]

Em 2017, foi anunciado o início de uma organização chamada "Organización de Talento Independiente" que casualmente coincide com a sigla "OTI". O principal objetivo da organização foi tentar recriar o festival entre cantores e artistas mexicanos da comunidade latina dos Estados Unidos. Embora o festival não tenha sido uma competição entre emissoras de diferentes países participantes, a competição foi realizada na cidade mexicana de Puerto Peñasco, no estado de Sonora.[4]

Em fevereiro de 2022, a RTVE anunciou o Hispavisión, um festival de música onde participarão países hispanofônicos da América Latina, junto do Brasil e de Portugal como nações convidadas. O projeto está marcado para 2023 e será sediado em Cartagena, Colômbia.[5]

Referências

Ligações externas[editar | editar código-fonte]