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Festival de Brasília

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Festival de Brasília
Festival de Brasília
Informações gerais
Local Cine Brasília
Fundação 1965
Data do festival 11 de setembro a 19 de setembro de 2026[1]
Idioma Internacional
Website oficial festcinebrasilia.com.br Editar isso no Wikidata

O Festival de Brasília, Festbrasília, oficialmente Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, é um festival de cinema brasileiro sediado em Brasília, no histórico Cine Brasília, sendo o mais antigo do gênero no país[2]. Surgiu por iniciativa do professor de cinema da Universidade de Brasília, Paulo Emílio Sales Gomes[3], em 1965, e é promovido pelo governo do Distrito Federal anualmente. Em suas duas primeiras edições o evento se chamou Semana do Cinema Brasileiro. Uma das regras que o diferencia de outros festivais é que os filmes, tanto de longa ou curta metragem, devem ser inéditos e preferencialmente, não ter sido premiados em qualquer outro festival nacional.

História e Contexto de Resistência

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O Festival de Brasília do Cinema Brasileiro (FBCB), sediado no histórico Cine Brasília, é o mais antigo e prestigiado festival de cinema no país, fundado em 1965 pelo professor de cinema Paulo Emílio Sales Gomes sob o nome original de "Semana do Cinema Brasileiro". Desde suas primeiras edições, o evento não se limitou à exibição de filmes; ele se estabeleceu como uma arena de debates políticos, crítica social e resistência cultural, especialmente durante os anos do Regime Militar.[4]

O Recrudescimento da Censura e a Suspensão

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O auge do confronto ideológico ocorreu durante a Ditadura Militar. Muitos filmes com conteúdo político ou crítico eram proibidos, forçando os organizadores e cineastas a um jogo de resistência. Devido ao recrudescimento da censura, que tentava impor filmes de "apologia ao futebol" e fazer cortes nos filmes selecionados, os idealizadores suspenderam o festival por três anos, entre 1972 e 1974, em sinal de protesto. O evento só retornou à cena cultural brasiliense com a oitava edição, em 1975.[5]

O Troféu Candango e o Público

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O prêmio máximo do festival é o Troféu Candango, nomeado em homenagem aos trabalhadores que construíram Brasília. A premiação é dividida em várias categorias para longa-metragem e curta-metragem, sendo concedida tanto por um júri oficial de especialistas quanto pelo voto popular do público, que utiliza cédulas após cada sessão. Essa dupla premiação (júri oficial e júri popular) é uma tradição que reforça o caráter democrático do FBCB.[6]

O FBCB também se destaca por ser uma vitrine para a produção local por meio da Mostra Brasília, cujos filmes concorrem ao Troféu Câmara Legislativa do Distrito Federal, com premiação em dinheiro para estimular a indústria audiovisual da capital.[7]

Descentralização e Inovação Atual

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Nas edições mais recentes, o festival reafirmou seu compromisso com a descentralização cultural do DF. Embora o Cine Brasília continue sendo o coração do evento, a programação tem sido ampliada para alcançar as Regiões Administrativas (RAs) fora do Plano Piloto, como Planaltina, Gama e Ceilândia. O evento também abraça a inovação tecnológica e social, oferecendo sessões com audiodescrição, legendagem descritiva e Libras, tornando-se um modelo de acessibilidade no setor audiovisual brasileiro.[8]


O principal prêmio do festival é o Troféu Candango, cujo nome faz homenagem aos brasilienses. Adicionalmente há o Troféu Câmara Legislativa do Distrito Federal, Prêmio Canal Brasil de Incentivo ao Curta-Metragem, Prêmio Exibição TV Brasil, Prêmio Abraccine, Prêmio ABCV e Prêmio Saruê, além de premiação em dinheiro.

Festival de Brasília e o regime militar

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Criado no tempo do regime militar, o festival era tido, nos primeiros anos, como uma ilha onde cineastas, artistas e produtores podiam se expressar livremente. No entanto, com a promulgação do Ato Institucional nº 5 (AI-5), em 1968, a censura dos militares atingiu a cena cinematográfica, o que causou incômodo entre os produtores culturais.

O cineasta Vladimir Carvalho é um dos que tiveram obras censuradas e cortadas pelo regime. O longa País de São Saruê foi tirado da programação em 1971, mesmo depois de ter sido aprovado pela comissão de seleção, e a censura só o liberou em 1979, quando ganhou o Prêmio Especial do Júri pelo Festival de Brasília.

Com depoimentos reais, o filme retrata a vida de lavradores, garimpeiros do sertão nordestino, e denuncia a exploração dos trabalhadores pelos donos de terra — motivo que levou à proibição de ser projetado durante boa parte da década de 1970.

Depois de alguns infelizes episódios, em sinal de protesto, os idealizadores do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro o suspenderam de 1972 a 1974. O evento retornou à cena cultural brasiliense com a oitava edição, em 1975.

Filmes premiados

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Em 1976, o filme de Cacá Diégues Xica da Silva levou o Candango de Melhor Filme, de Melhor Diretor e de Melhor Atriz para Zezé Motta.

Atores premiados

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Ver também

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Referências

  1. «Festival de Brasília já tem datas para 2026: "Todo mundo aqui de novo" | Metrópoles». www.metropoles.com. 12 de setembro de 2025. Consultado em 28 de setembro de 2025 
  2. a b «Brasília abre mais antigo festival de cinema do país». Portal Correio. Consultado em 25 de setembro de 2013. Arquivado do original em 28 de setembro de 2013 
  3. a b «1º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro». Consultado em 24 de setembro de 2013 
  4. Marcus Vinícius Marinho Senise (22 de maio de 2015). «FESTIVAL DE BRASÍLIA DO CINEMA BRASILEIRO E SUA RELAÇÃO COM A CIDADE COMO EXPERIÊNCIA TURÍSTICA» (PDF). BDM UnB. Consultado em 21 de outubro de 2025 
  5. «Festival de Brasília do Cinema Brasileiro». Museu Virtual Brasil. Consultado em 21 de outubro de 2025 
  6. «Festival de Brasília premia hoje melhores longa e curta metragens». ISTOÉ DINHEIRO. 20 de setembro de 2025. Consultado em 21 de outubro de 2025 
  7. «Começa o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro». Câmara Legislativa do Distrito Federal. 18 de agosto de 2022. Consultado em 21 de outubro de 2025 
  8. «"Futuro Futuro" vence o Troféu Candango de melhor longa no 58º Festival de Brasília». Secretaria de Cultura do DF. 22 de setembro de 2025. Consultado em 21 de outubro de 2025 
  9. Tavares, Jamila (3 de outubro de 2011). «'Hoje', de Tata Amaral, vence o Festival de Cinema de Brasília». G1. Consultado em 27 de abril de 2013 
  10. «Premiação do 45º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro». 45º Festival de Brasília. Consultado em 24 de setembro de 2013 
  11. «Drama dirigido por viúva de Glauber Rocha vence Festival de Cinema de Brasília». Folha de S. Paulo. Consultado em 25 de setembro de 2013 
  12. «Vencedor do festival 2014» 
  13. «PREMIAÇÃO CONSAGRA 'BIG JATO' E 'PARA MINHA AMADA MORTA'». Arquivado do original em 26 de setembro de 2015 
  14. Luzia Garonce (24 de setembro de 2019). «Filme 'Temporada' é grande vencedor do 51º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro». G1. Consultado em 25 de maio de 2019 
  15. Luzia Garonce (1 de dezembro de 2019). «'A febre', de Maya Da-Rin, é grande vencedor do 52º Festival de Cinema de Brasília; DF leva 16 prêmios». G1. Consultado em 13 de dezembro de 2019 
  16. BRANDÃO, MYRNA SILVEIRA (11 de novembro de 2022). «Festival de Brasília 2020 anuncia vencedores». CadernoB. Consultado em 8 de fevereiro de 2023 
  17. «'Saudade do Futuro' é o grande vencedor da 54ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro». G1. 15 de dezembro de 2021. Consultado em 12 de janeiro de 2024 
  18. «'A Invenção do Outro' é o grande vencedor da 55ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro». G1. 21 de novembro de 2022. Consultado em 12 de janeiro de 2024 
  19. «Mais um Dia, Zona Norte é o grande vencedor do Festival de Brasília». Agência Brasil. 17 de dezembro de 2023. Consultado em 12 de janeiro de 2024 
  20. «Globo». Globo. Globo. 9 de Dezembro de 2024. Consultado em 27 de setembro de 2025 
  21. «Vencedores Festival de Brasília 2025». Agência Brasil. 21 de Setembro de 2025. Consultado em 27 de setembro de 2025 

Ligações externas

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