Filoteu I de Constantinopla

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(Redirecionado de Filoteu Kokkinos)
São Filoteu de Constantinopla
Patriarca de Constantinopla
Nascimento c. 1300
Tessalônica, Império Bizantino (atualmente na Grécia)
Morte c. 1379 (79 anos)
Constantinopla, Império Bizantino (atualmente na Turquia)
Veneração por Igreja Ortodoxa
Festa litúrgica 8 de outubro
Polêmicas Controvérsia hesicasta
Portal dos Santos

Filoteu I de Constantinopla (Tessalônica ca. 1300 – Constantinopla 1379), dito Cocino (Kokkinos), foi o patriarca de Constantinopla entre novembro de 1353 e 1354 e novamente entre 1364 e 1376.

Ele foi apontado patriarca pela primeira vez pelo imperador bizantino João VI Cantacuzeno, foi deposto por João V Paleólogo em 1354 e restaurado novamente pelo patriarca Calisto I de Constantinopla. Ele era contra a reunião da Igreja Ortodoxa com a Igreja Católica e se opunha ao imperador João V, que pretendia negociar a reunião com os papas Urbano V e Gregório XI. Ele é considerado um santo pela Igreja Ortodoxa, sendo comemorado no dia 8 de outubro.

Primeiros anos[editar | editar código-fonte]

Quase nada se sabe sobre seus primeiros anos, exceto que ele era um nativo de Tessalônica. Acredita-se que ele tenha nascido por volta de 1300 e sua mãe era uma judia convertida.

Ele entrou para a vida monástica cedo, se tornando um monge no Monte Sinai. Posteriormente, se tornou abade da Grande Lavra em Monte Atos e lá se tornou amigo pessoal de Gregório Palamas, de quem se tornou seguidor. Durante a controvérsia hesicasta ele foi um defensor da oração contemplativa chamada hesicasmo.

Filoteu era um escritor notável, escrevendo obras sobre a teologia das Energias Não-Criadas de Deus e atacando a filosofia escolástica que era então corrente na igreja ocidental. Sua obra mais famosa foi o Tomo Hagiorita, o manifesto dos monges de Monte Atos sobre como os santos partilha da Divina e não-criada Luz que os apóstolos presenciaram durante a Transfiguração de Jesus (veja Luz de Tabor).

Em 1347, Filoteu foi consagrado metropolita de Heracleia Síntica, na Trácia, e se tornou um protegido do co-imperador João VI Cantacuzeno. Ele passou a maior parte de sua vida em Constantinopla depois disso.

Patriarcado[editar | editar código-fonte]

Em 1354, Filoteu foi apontado como patriarca de Constantinopla por João VI. Em 1355, após João V Paleólogo ter obtido a abdicação de João VI e forçado-o num mosteiro sob o nome de José Cristódulo, ele forçou também a deposição de Filoteu. Neste mesmo ano, o Império Otomano conseguiu fincar uma possessão na Europa, em Galípoli, ameaçando Constantinopla por outra direção. Sem opções, João V apelou por ajuda contra os turcos otomanos no ocidente propondo, em troca, terminar o Grande Cisma do Oriente entre Constantinopla e Roma. Contrário à reunião, Filoteu lutou contra os esforços de João V para iniciar as negociações com os papas Urbano V e Gregório XI.

Em 1364, Calisto abdicou e ajudou a restaurar Filoteu ao trono patriarcal, mas ele foi novamente deposto em 1376 pelo imperador Andrônico IV Paleólogo, quando este último ascendeu ao trono imperial após derrubar o pai na guerra civil bizantina de 1373-1379.

Filoteu perseguiu uma política eclesiástica para consolidar sob a jurisdição de Constantinopla as igrejas ortodoxas dos sérvios, russos e búlgaros e para reafirmar a primazia sobre todas as igrejas orientais. Ele ativamente interveio nos assuntos internos da Rússia para que todas as funções administrativas eclesiásticas fossem consolidadas sob o metropolita de Quieve, Cipriano, que residia em Moscou.

Campanha contra os anti-palamitas[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Controvérsia hesicasta

Filoteu era um defensor do hesicasmo e ajudou a causa dos hesicastas em 1368 ao apoiar a glorificação de Gregório Palamas num sínodo local. Um notável exemplo da campanha para forçar a ortodoxia da doutrina palamita foi a ação tomada pelo patriarca Filoteu I para quebrar a resistência de Demétrio Cidones e Prócoro Cidones. Com o apoio de seu irmão mais novo, Prócoro, Demétrio Cidones se opôs ao palamismo, que eles viam como politeísta ou panteísta. Exasperado com a relutância e teimosia dos dois em aceitar a nova doutrina, Filoteu convocou um sínodo contra eles em abril de 1368. Porém, esta medida extrema não conseguiu a submissão dos Cidones e, no fim, Filoteu excomungou e suspendeu os dois perpetuamente. O longo tomo que foi preparado para o sínodo concluiu com um decreto canonizando Palamas, que havia morrido em 1359[1]. A resposta de Demétrio Cidones aos hesicastas após a sua excomunhão é considerada um exemplo clássico de polêmica católica contra o hesicasmo.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Filoteu I de Constantinopla
(Deposto e reinstalado)

(1353-1354 / 1364-1376)
Precedido por:

Patriarcas grego ortodoxos de Constantinopla

Sucedido por:
Calisto I
Calisto I
148.º Calisto I
Macário

Referências

  1. Jugie, Martin. «The Palamite Controversy» (em inglês). Consultado em 28 de dezembro de 2010 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]