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Fogueira

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Fogueira do Lag BaÔmer

Uma fogueira é um conjunto de qualquer material que possa arder em chamas, seja individualmente, como a lenha, seja na composição de dois ou mais componentes, como madeira e papel, por exemplo. Com diversos objetivos, pode servir para promover aquecimento, cozer alimentos, manter animais selvagens afastados, práticas de rituais religiosos, ritos pagãos, festas e divertimento.

Já foi utilizada como método de aplicação de pena de morte. Durante os dois últimos séculos da idade média e os dois primeiros da idade moderna, tornou-se comum a aplicação de pena de morte na fogueira por crimes como heresia e bruxaria, primeiro pela Igreja Católica; depois, largamente, pelas igrejas protestantes.[1]

No Brasil, é muito comum o acendimento de fogueiras durante as comemorações da festas juninas, sobretudo na noite de São João. A fogueira de São João tem raízes antigas nos festivais pagãos do solstício de verão, celebrados por povos camponeses da Europa, como os celtas, germânicos, nórdicos, gregos e romanos. Essas comunidades acendiam grandes fogueiras para celebrar o auge da luz solar, pedir proteção contra maus espíritos, agradecer a fertilidade da terra e renovar a energia do ciclo de vida.[2]

Com o tempo, a Igreja Católica cristianizou essas festas, aproximando-as do calendário religioso: o dia 24 de junho foi escolhido para comemorar o nascimento de São João Batista, situado seis meses antes do Natal e associado ao solstício de verão no hemisfério norte.[3]

Na verdade, Natal (nascimento de Jesus) e Festa de São João (nascimento de João Batista) não têm datas precisas. Sabe-se que João Batista nasceu meses antes de seu primo Jesus Cristo. Por isso, a Igreja associou seus nascimentos, respectivamente, aos solstícios de Inverno (Saturnália) e o de Verão. Deve-se destacar que não é comum celebrar a data de nascimento de um santo (geralmente desconhecidas), mas, a sua data de falecimento. O nascimento de João Batista é uma exceção associada à cristianização do festival do solstício de Verão.[4]

Houve, ainda, a tentativa de associar as fogueiras juninas à figura de Isabel, mãe de João Batista, que teria acendido uma fogueira para avisar sua prima Maria do nascimento de seu filho. Porém, essa versão não é sustentada pela Tradição da Igreja, e parece ser uma tentativa de desvanecer as raízes pagãs da fogueira. Além de inverossímil, pois a distância entre Nazaré e Ain Karin é de aproximadamente 150 km e nem a maior das fogueiras seria capaz de sinalizar a uma distância tão grande.[5]

Portanto, a fogueira de São João é um símbolo sincrético que conserva a herança dos antigos rituais pagãos do solstício de verão, redefinido dentro do contexto cristão como homenagem ao nascimento de São João Batista — uma poderosa síntese cultural entre o sagrado e o ancestral.[6]

Em Portugal também é comum acender fogueiras nas noites de véspera dos santos populares, onde os jovens saltam a fogueira como manda a tradição. Diz-se que quem saltar a fogueira, em número ímpar de saltos e no mínimo três vezes, fica por todo o ano protegido de todos os males.

Ver também

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O Wikiquote tem citações relacionadas a fogueira.

Referências

  1. Quais criminosos eram condenados à fogueira na Idade Média? Terra
  2. Joelza (4 de junho de 2015). «Festas juninas, cultura pagã cristianizada». Ensinar História - Joelza Ester Domingues. Consultado em 13 de agosto de 2025 
  3. Joelza (4 de junho de 2015). «Festas juninas, cultura pagã cristianizada». Ensinar História - Joelza Ester Domingues. Consultado em 13 de agosto de 2025 
  4. Lincolins, Ingredi Brunato, sob supervisão de Thiago (18 de abril de 2021). «Saturnália: o festival romano em que os mestres e escravizados se misturavam». Aventuras na História. Consultado em 13 de agosto de 2025 
  5. «Caminhada: Nos passos de Maria». Schoenstatt. 22 de dezembro de 2021. Consultado em 27 de agosto de 2025 
  6. Joelza (4 de junho de 2015). «Festas juninas, cultura pagã cristianizada». Ensinar História - Joelza Ester Domingues. Consultado em 13 de agosto de 2025