Formação Açu

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Formação Açu
Distribuição estratigráfica: Albiano - Turoniano 112–89,8 Ma

Afloramento com rochas da Formação Açu
Tipo Formação geológica
Unidade do(a) Bacia Potiguar
Sucedida por Formação Alagamar
Precedida por Formação Jandaira
Litologia
Primária Arenitos finos e grossos
Outras Folhelhos, Argilitos e Siltitos
Localização
Homenagem O nome "Assu" tem origem no termo "Taba-açu" (que significa "Aldeia Grande") usado para designar essa parte do território
Região Ceará, nordeste do Brasil
País  Brasil
"Rodolfo Fernandes"
"Rodolfo Fernandes"

A Formação Açu é uma formação geológica do início do período cretáceo (Albiano - Turoniano) da Bacia Potiguar no Ceará, nordeste do Brasil.[1][2] A formação compreende arenitos de granulação grossa depositados em um ambiente fluvio-deltaico. Ela corresponde aos sedimentos siliciclásticos depositados em ambientes fluviais a marinhos proximais. As trapas na formação Açu podem ser estruturais, mistas ou paleogeomórficas.[3][4] A Formação Açu pertence ao Grupo Apodi.[5]

Sistemas deposicionais[editar | editar código-fonte]

A Formação Açu é distinta por sua diversidade litológica e sua relevância em termos de história geológica e evolução do ambiente. As rochas que a compõem podem ser informalmente classificadas em quatro unidades distintas, identificadas como Açu 1, Açu 2, Açu 3 e Açu 4[6]. Cada uma destas unidades está associada a diferentes sistemas deposicionais que refletem as condições paleoambientais durante a sua formação.

A unidade Açu 1 compõe a base da formação e é constituída por arenitos grossos e conglomerados provindos de um sistema deposicional do tipo leque aluvial[6].

A Unidade Açu 2 é composta por arenitos variados, siltitos e folhelhos, com corpos arenosos mais espessos na base, indicando um sistema fluvial entrelaçado. Na parte superior, a espessura diminui e intercalações argilosas surgem, indicando transição para sistema meandrante[6].

A Unidade Açu 3 exibe arenitos de base grossa, tornando-se argilosos no topo. Ambiente híbrido é interpretado, mesclando características de sistemas fluviais entrelaçados e meandrantes. Mudanças ambientais ao longo do tempo moldaram essa diversidade deposicional.[6].

A Unidade Açu 4 é um componente geológico de destaque que se situa na porção superior da Formação Açu. Notabiliza-se por apresentar uma variedade de litologias, tais como arenitos de média a muito fina granulação, argilitos, folhelhos e siltitos. Em algumas instâncias, é possível encontrar a presença de calcilutitos e margas dolomitizados. A característica distintiva do sistema deposicional dessa unidade reside na sua configuração como um ambiente litorâneo estuarino, no qual se desenvolveram ilhas barreiras. Essas ilhas são atravessadas por canais de maré que culminam em uma laguna na parte posterior do sistema[6].

O Membro Mossoró, que corresponde ao Açu 4 na classificação geológica, foi objeto de um estudo detalhado conduzido por Castro em 1992. Neste estudo, foram reveladas importantes informações sobre os processos sedimentares e as características geológicas desse membro. Notavelmente, foram identificados quatro sistemas deposicionais distintos propostos por Castro: fluvial meandrante, planície deltaica, planície de maré e marinho raso. Esses sistemas retratam diferentes ambientes onde os sedimentos foram depositados ao longo do tempo, oferecendo insights significativos sobre a evolução geológica da região[7].

Adicionalmente, Bagnoli também contribuiu para o entendimento do Membro Mossoró ao estudar os arenitos do mesmo membro, mas em uma localização específica conhecida como Campo de Canto do Amaro, em 1992. Nesse estudo, Bagnoli identificou diversos elementos marcantes. Entre eles estão canais de maré, uma planície de maré, laguna, delta e pântanos. Esses elementos foram desenvolvidos em um contexto de aumento relativo do nível do mar, durante um período no qual a linha costeira seguia uma direção NE-SW[8].

Fósseis relatados[editar | editar código-fonte]

Os seguintes fósseis foram relatados para a Formação Açu:

Plantas[editar | editar código-fonte]

Plantas da Formação Açu
Genero Espécie Posição estratigrafica Localidade Materiais Nota Imagem
Palmoxylon (?)[9] P. sp Formação Açu (?) João Câmara - Rio Grande do Norte Pequenos fragmentos silicificados de lenho (diâmetro - 2,0 - 2,5 em) representando frações de estelos, mal preservados, de monocotiledôneas.

Moluscos[editar | editar código-fonte]

Moluscos da Formação Açu
Genero Espécie Posição estratigrafica Localidade Materiais Nota Imagem
Mytilus[10] M. rosadoi Formação Açu unidade 4 Russas - Ceará Completos
Mytilus rosadoi
Brachidontes[10] B. sp Formação Açu unidade 4 Russas - Ceará Completos
Gastropoda idiet.[11] Idiet. Formação Açu unidade 4 Canto do Amaro, Mossoró - Rio Grande do Norte Coquinas

Crustáceo[editar | editar código-fonte]

Crustáceos da Formação Açu
Genero Espécie Posição estratigrafica Localidade Materiais Nota Imagem
Unusuropode[10] U. castroi Formação Açu unidade 4 Russas - Ceará Muitos indivíduos completos Um crustáceo Isopoda

Peixes[editar | editar código-fonte]

Peixes da Formação Açu
Genero Espécie Posição estratigrafica Localidade Materiais Nota Imagem
Tharrhias [10] T. castellanoi Formação Açu unidade 4 Russas - Ceará Escamas
Tribodus[12] T. sp Formação Açu unidade 4 Ceará Dentes e um fragmento do espinho da nadadeira dorsal
Bawitius[12] B. sp Formação Açu unidade 4 Ceará Escamas e um dente
Lepisosteidae[12] Formação Açu unidade 4 Ceará Vertebra e escama
Vidalamiinae[12] Formação Açu unidade 4 Ceará Fragmento do dentário, dente e vertebra isolada
Pycnodontiformes[12] Formação Açu unidade 4 Ceará Dentes
Mawsonia[12] M. c.f. lavocati Formação Açu unidade 4 Ceará Fragmentos do Quadrado e do Postparietal
Asiatoceratodus[12] A. c.f. tiguidiensis Formação Açu unidade 4 Ceará Dentes
Ceratodus [12] C. sp Formação Açu unidade 4 Ceará Dentes

Crocodyliformes[editar | editar código-fonte]

Crocodyliformes da Formação Açu
Genero Espécie Posição estratigrafica Localidade Materiais Nota Imagem
Peirosauridae[13] Formação Açu unidade 4 Ceará Dente isolado

Dinossauros[editar | editar código-fonte]

Dinossauros da Formação Açu
Clado Clado Posição estratigrafica Localidade Materiais Nota Imagem
Rebbachisauridae[14] indet. Formação Açu unidade 4 Ceará Vertebras
Titanosaurian[15] indet. Formação Açu unidade 4 Ceará Osteoderma
Sauropoda[16] indet. Formação Açu unidade 3 Assú - Rio Grande do Norte Incnofóssil Pegadas
Spinosauridae[16] Spinosaurinae

indet.

Formação Açu unidade 4 Ceará Dente
Spinosauridae[17] Baryonychnae

indet.

Formação Açu unidade 4 Ceará Dente
Carcharodontosauria[17] indet. Formação Açu unidade 4 Ceará Vertebras
Megaraptora[17] indet. Formação Açu unidade 4 Ceará Vertebras
Maniraptora[17] Paraves Formação Açu unidade 4 Ceará Vertebras
Abelisauridae[17] indet. Formação Açu unidade 4 Ceará Dentes e um Fêmur completo
Ornithopoda[16] indet. Formação Açu unidade 3 Assú - Rio Grande do Norte Incnofóssil Pegadas

Referências

  1. Maraschin, Anderson J.; Mizusaki, Ana Maria; Vasconcelos, Paulo M.; Hinrichs, Ruth; Ros, Luiz F. DE; Anjos, Sylvia M. C. dos (31 de agosto de 2010). «DEFINIÇÃO DA IDADE DEPOSICIONAL DA FORMAÇÃO AÇU (BACIA POTIGUAR, NORDESTE DO BRASIL) 40 39 ATRAVÉS DA DATAÇÃO». Pesquisas em Geociências (em inglês). 37 (2): 85–96. ISSN 1807-9806. doi:10.22456/1807-9806.22649 
  2. Castro, Joel C. De; Viviers, Martha C.; Regali, Marília S. P. (20 de junho de 2017). «ANÁLISE ESTRATIGRÁFICA DO CRETÁCEO MARINHO DA MARGEM LESTE DA BACIA POTIGUAR». Revista Brasileira de Geociências (em inglês). 18 (2): 231–236. ISSN 0375-7536 
  3. Batista, Carlos M. A. (2017). «BACIA POTIGUAR - Sumário Geológico e Setores em Oferta» (PDF) 
  4. Alves, Daniel Pavani Vicente. «Análise sismoestratigráfica das bacias de Barreirinhas e do Ceará como ferramenta para estudos paleoceanográficos no Cenozoico na Margem Equatorial Brasileira» 
  5. Pereira, Paulo Victor Luiz Gomes da Costa; Veiga, Ingrid Martins Machado Garcia; Ribeiro, Theo Baptista; Cardozo, Ryan Henrique Bezerra; Candeiro, Carlos Roberto dos Anjos; Bergqvist, Lilian Paglarelli (junho de 2020). «The path of giants: a new occurrence of Rebbachisauridae (Dinosauria, Diplodocoidea) in the Açu formation, NE Brazil, and its paleobiogeographic implications». Journal of South American Earth Sciences. 100. 102515 páginas. ISSN 0895-9811. doi:10.1016/j.jsames.2020.102515 
  6. a b c d e Vasconcelos, E. P.; Lima Neto, F. F.; Ross, S. (1990). «Unidades de Correlação da Formação Açu.». In: Congresso Brasileiro de Geologia, 36. Anais... Natal, SBG. Vol.1: 227-240 
  7. Castro, J.C (1992). «Facies, reservoirs and stratigraphic framework of the Mossoró Member (Latest Cenomanian – Earliest Turonian) in Potiguar Basin, NE/Brazil: An example of a Tide and Wave dominated Delta». In: E. G. Rhodes, T. F. Moslow (eds.). Marine clastic reservoirs: examples and analogues: p. 161-182 
  8. Bagnoli, E. (1992). «The Mossoró sandstone, Canto do Amaro oil Field, Late Cretaceous of Potiguar Basin, Brazil: An example of a Tidal Inlet-Channel reservoir.». In: E. G. Rhodes, T. F. Moslow (eds.). Marine clastic reservoirs: examples and analogues: p. 183-199. 
  9. Mussa, Diana; Oliveira, León Diniz Dantas; Andrade, Amaro Barcia- (1984). «Fragmentos estélicos de Palmae, procedentes da Formação Açu(?), Bacia Potiguar, Brasil». Bol. IG-USP. Inst. de Geociências, USP (15): 129-141 
  10. a b c d Duarte, Lélia; Santos, Rubens da Silva (1962). «Fósseis do Arenito Açu». Coleção Mossoroense (Nº 62): p.1-21 
  11. Oliveira, Luana Rafaella de (2013). CARACTERIZAÇÃO ESTRATIGRÁFICA E FACIOLÓGICO DIAGENÉTICA DA FORMAÇÃO AÇU/UNIDADE AÇU-4, MESOCENOMANIANO – EOTURONIANO DA BACIA POTIGUAR. Rio Claro - SP: Universidade Estadual Paulista, Instituto de Geociências e Ciências Exatas Campus de Rio Claro. p. 49 
  12. a b c d e f g h Veiga, Ingrid Martins Machado Garcia; Bergqvist, Lilian Paglarelli; Brito, Paulo M. (1 de agosto de 2019). «The fish assemblage of the Cretaceous (?Albian-Cenomanian) Açu Formation, Potiguar Basin, Northeastern Brazil». Journal of South American Earth Sciences: 162–173. ISSN 0895-9811. doi:10.1016/j.jsames.2019.04.015. Consultado em 25 de agosto de 2023 
  13. Ribeiro, Theo Baptista; da Costa Pereira, Paulo Victor Luiz Gomes; Brusatte, Stephen Louis; dos Anjos Candeiro, Carlos Roberto; Bergqvist, Lílian Paglarelli (1 de janeiro de 2022). «An eye for an eye, a tooth for a tooth: Archosaurian teeth from the Açu Formation (Albian–Cenomanian), Potiguar Basin, Northeast Brazil». Cretaceous Research. 105005 páginas. ISSN 0195-6671. doi:10.1016/j.cretres.2021.105005. Consultado em 25 de agosto de 2023 
  14. Pereira, Paulo Victor Luiz Gomes da Costa; Veiga, Ingrid Martins Machado Garcia; Ribeiro, Theo Baptista; Cardozo, Ryan Henrique Bezerra; Candeiro, Carlos Roberto dos Anjos; Bergqvist, Lilian Paglarelli (1 de junho de 2020). «The path of giants: a new occurrence of Rebbachisauridae (Dinosauria, Diplodocoidea) in the Açu formation, NE Brazil, and its paleobiogeographic implications». Journal of South American Earth Sciences. 102515 páginas. ISSN 0895-9811. doi:10.1016/j.jsames.2020.102515. Consultado em 25 de agosto de 2023 
  15. Pereira, Paulo Victor Gomes Da Costa; Marinho, Thiago Da Silva; Candeiro, Carlos Roberto Dos Anjos; Bergqvist, Lílian Paglarelli (1 de janeiro de 2018). «A New Titanosaurian (Sauropoda, Dinosauria) Osteoderm from the Cretaceous of Brazil and its Significance». Ameghiniana (6). 644 páginas. ISSN 0002-7014. doi:10.5710/AMGH.26.08.2018.3168. Consultado em 25 de agosto de 2023 
  16. a b c Leonardi, Giuseppe; Santos, Maria De Fátima C. F. Dos; Barbosa, Fernando Henrique De S. (27 de setembro de 2021). «First dinosaur tracks from the Açu Formation, Potiguar Basin (mid-Cretaceous of Brazil)». Anais da Academia Brasileira de Ciências (em inglês): e20210635. ISSN 0001-3765. doi:10.1590/0001-3765202120210635. Consultado em 25 de agosto de 2023 
  17. a b c d e Pereira, Paulo Victor Luiz Gomes da Costa; Ribeiro, Theo Baptista; Brusatte, Stephen Louis; Candeiro, Carlos Roberto dos Anjos; Marinho, Thiago da Silva; Bergqvist, Lilian Paglarelli (1 de outubro de 2020). «Theropod (Dinosauria) diversity from the Açu Formation (mid-Cretaceous), Potiguar Basin, Northeast Brazil». Cretaceous Research. 104517 páginas. ISSN 0195-6671. doi:10.1016/j.cretres.2020.104517. Consultado em 25 de agosto de 2023 

Referências

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