Forte da Praia Vermelha

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Forte da praia Vermelha
Forte da Praia Vermelha
Praia Vermelha, Rio de Janeiro: nas extremidades ainda podem ser observados os antigos baluartes com as respectivas guaritas.
Construção Pedro II de Portugal (1701)
Estilo Abaluartado
Conservação Desaparecida
Aberto ao público Não

O Forte da praia Vermelha localizava-se na praia Vermelha, onde hoje se situa a Praça General Tibúrcio, no bairro da Urca, na cidade do Rio de Janeiro, Brasil.

História[editar | editar código-fonte]

Escola Militar no Rio de Janeiro (Fotografia de Eduardo Bezerra, 1888.)
Forte da Praia Vermelha, Rio de Janeiro: antigo baluarte com guarita no vértice.

Foi erguido para a defesa da praia Vermelha anteriormente a 1701,[1] e dele existe risco de autoria do Engenheiro Gregório Gomes.[2] A sua posição era estratégica, uma vez que por esse trecho se podia acessar a cidade, contornando as defesas da barra. Em agosto de 1710 repeliu uma coluna de assalto do corsário francês Jean-François Duclerc (1671-1711) provinda da antiga Estrada do Desterro (atual bairro de Santa Teresa).[3] Estava artilhado, à época da invasão de René Duguay-Trouin em 1711, com doze peças.[4] Uma fonte francesa coeva, entretanto, indica quinze peças.[5]

Está representado em planta de 1730.[6]

Foi reconstruído no governo do Vice-rei D. Antônio Álvares da Cunha (1763-1767), constituindo-se num baluarte em alvenaria de pedra e cal, voltado para o mar, com dois meio bastiões levantado entre o morro do Urubu/Babilônia e o morro do Telégrafo (atual Morro da Urca). Foi ampliado no do Vice-rei D. Luís de Almeida Portugal (1769-1779), recebendo um muro simples com uma falsa braga no portão de entrada, que fechava o seu contorno pelo interior,[4] onde foi também erguido edifício para Quartel da Tropa[3] Encontra-se relacionado no "Mapa das Fortificações da cidade do Rio de Janeiro e suas vizinhanças", que integra as "Memórias Públicas e Econômicas da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro para uso do Vice-Rei Luiz de Vasconcellos, por observações curiosas dos anos de 1779 até o de 1789".[7]

À época do Período Regencial, o Decreto de 24 de Dezembro de 1831 determinou a redução do seu armamento. Em 1838 a sua guarnição estava sob o comando do Coronel José Leite Pacheco.[8] SOUZA (1885) relata que por muitos anos aquartelou o Depósito de Recrutas.

Em 1857, passou a abrigar a Escola Militar, quando foi significativamente melhorado o seu quartel. À época (1885) estava artilhado com vinte e quatro peças.[9] Nessa Escola lecionou Benjamim Constant, difundindo os ideais republicanos entre a jovem oficialidade, o que conduziu à proclamação da República brasileira a 15 de Novembro de 1889.[10]

No século XX, após a revolta da Escola Militar (no contexto da Revolta da Vacina, em 1904), a instituição foi transferida para o bairro do Realengo, sendo o prédio da Praia Vermelha utilizado como "Pavilhão das Indústrias" na Exposição Nacional Comemorativa do 1º Centenário da Abertura dos Portos do Brasil.

Entre 1910 e 1920, o mesmo edifício abrigou a Escola de Estado-Maior e posteriormente, entre 1921 e 1935, o 3º Regimento de Infantaria. Esse Regimento foi personagem da Intentona Comunista (Levante de 27 de Novembro de 1935), quando o capitão Agildo Barata e trinta membros da Aliança Nacional Libertadora sublevaram a guarnição (1.600 praças, 100 oficiais), prendendo os legalistas no Cassino dos Oficiais. Bombardeado por terra, mar e ar, o Quartel da Praia Vermelha foi severamente atingido, forçando a rendição dos amotinados. Após esse episódio, o quartel foi demolido.

Nos dias atuais, sua área e entorno estão ocupados pela Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, pelo Instituto Militar de Engenharia e pelo Monumento aos Heróis de Laguna e Dourados.[11]

Na década de 1980, o Exército Brasileiro abriu ao público a pista Cláudio Coutinho, para caminhadas ecológicas. Da antiga fortificação, atualmente restam apenas os baluartes nas extremidades da praia, com guaritas sobre os respectivos piões, nos vértices, recobertas por cúpulas, vigiando o mar.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Monsenhor Pizarro. "Memórias Históricas", Vol. V, p. 5. apud SOUZA, 1885:109.
  2. "Delineação da planta para a fortificação da praia Vermelha", c. 1698. Arquivo Histórico Ultramarino, Lisboa. apud IRIA, 1966:72.
  3. a b SOUZA, 1885:110.
  4. a b BARRETTO, 1958:237.
  5. "7. Le fort de la Pré Vermeille: 15 canons." OZANNE, Nicolas Marie. "Plan de la baye et de la ville de Rio de Janeiro", c. 1745. Gravação: Dronet. Museu Histórico Nacional, Rio de Janeiro.
  6. "Planta da Fortaleza ou Bateria da praia Vermelha na costa do sul da barra do Rio de Janeiro"", 1730. AHU, Lisboa. apud IRIA, 1966:74.
  7. RIHGB, Tomo XLVII, partes I e II, 1884. p. 34.
  8. GARRIDO, 1940:121
  9. Op. cit., p. 110.
  10. GARRIDO, 1940:121.
  11. BARRETTO, 1958:238.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • BARRETO, Aníbal (Cel.). Fortificações no Brasil (Resumo Histórico). Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército Editora, 1958. 368 p.
  • GARRIDO, Carlos Miguez. Fortificações do Brasil. Separata do Vol. III dos Subsídios para a História Marítima do Brasil. Rio de Janeiro: Imprensa Naval, 1940.
  • SOUSA, Augusto Fausto de. Fortificações no Brazil. RIHGB. Rio de Janeiro: Tomo XLVIII, Parte II, 1885. p. 5-140.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]