Francis Schneider

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Francis Schneider
Nome completo Francis Joseph Christopher Schneider
Nascimento 29 de março de 1832
Erfurt, Reino da Prússia (Alemanha)
Morte 21 de março de 1910 (77 anos)
São Paulo/SP, Brasil
Nacionalidade Estadunidense
Cônjuge Ella Grace Kinsley
Alma mater Western Theological Seminary
Ocupação Pastor e missionário
Religião Igreja Presbiteriana do Brasil

Francis Joseph Christopher Schneider, (Erfurt, 29 de março de 1832Campinas, 21 de março de 1910), foi um missionário prussiano, naturalizado estadunidense, e pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil, tendo sido Moderador do seu Supremo Concílio entre os anos 1869-1870 (na época Presbitério do Rio de Janeiro). Considerado "pioneiro do presbiterianismo no interior de São Paulo e na Bahia".[1]

História[editar | editar código-fonte]

Nascido aos 29 de março de 1832, em Erfurt, no Reino da Prússia, à época, naturalizou-se estadunidense. Em 1861, ao concluir seus estudos no "Western Theological Seminary" e ser ordenado pastor pelo Presbitério de Saltsburg, foi enviado ao Brasil para uma missão evangelística em auxílio à obra iniciada pelo rev. Ashbel Green Simonton em 1859. Chegou no Rio de Janeiro em 7 de dezembro de 1861.[2] Segundo o relato de Vicente Themudo Lessa, quando contava com 30 anos de idade, o Rev. Schneider pregou em Juiz de Fora, numa colônia alemã que era mantida pela Companhia União e Indústria.[3] De Juiz de Fora, retornou ao Rio de Janeiro para celebração da Santa Ceia do Senhor em 12 de janeiro de 1862. Simonton assim relatou:[4]

Domingo, dia 12 [de janeiro de 1862], celebramos a Ceia do Senhor, recebendo por profissão de fé Henry E. Milford e Cardoso Camilo de Jesus. Organizamo-nos assim em Igreja de Jesus Cristo no Brasil. Foi um momento de alegria e satisfação. Multo mais cedo que esperava minha pouca fé, Deus nos permitiu os primeiros frutos da missão. Senti-me até certo ponto agradecido, mas não como devia. A comunhão foi dirigida por Mr. [Francis Joseph Christopher] Schneider e por mim, em inglês e português. O Sr. Cardoso, a seu pedido e de acordo com o que consideramos melhor, depois de muito estudo e certa hesitação, foi batizado. Prestou um exame que satisfez completamente a Mr. Schneider e a mim, sem deixar dúvida em nossas mentes com respeito à realidade de sua conversão. Graças sejam dadas a Deus pela confirmação de nossa fraca fé, por vermos que não pregamos em vão o Evangelho.

(...)

quando o Sr. Schneider chegou, organizou-se o Presbitério e o Sr. Conceição foi ordenado.

Posteriormente, ainda em 1862, foi responsável por pregar para muitos alemães que residiam na então província de São Paulo. Somente na capital pregou para mais de trinta. Visitou alemães e suíços nas cidades de Beri, Campinas,[5] Cubatingo, Limeira, Paraíso, Rio Claro, São Jerônimo e São Lourenço. No entanto, os colonos pouco se interessavam por suas pregações, de modo que o missionário começou a pregar aos brasileiros. Rev. Schneider fixou-se em Rio Claro até março de 1863. Em 15 de maio daquele ano, foi eleito copastor da Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro. No entanto, Boanerges Ribeiro descreve Schneider como: "Em Rio Claro estava Schneider, que agora não se limitava a pastorear os alemães, mas já fazia prédicas em português. Não era, contudo, homem à altura da oportunidade, ao menos naquele período de sua vida. Indeciso e sem iniciativa, mais inclinado a receber orientação dos colegas que a enfrentar sozinho a luta, Schneider deixou-se fixar em Rio Claro".[6][7]

Em 16 de dezembro de 1865, participou da formação do Presbitério do Rio de Janeiro e da ordenação do Rev. José Manoel da Conceição.

De São Paulo, chegou em Salvador em 9 de fevereiro de 1871 e logo tratou de realizar pregações. A Igreja foi organizada em 21 de abril de 1872, ocasião em que ocorreram primeiros batismos, realizados pelo reverendo. Até 1877, realizou 17 batismos e 10 casamentos.[3] Necessitou retornar aos Estados Unidos, deixando a Igreja Presbiteriana da Bahia (até então na capital), até que Robert Lenington ocupou seu posto.[8][9][10] Tendo recebido mudas de laranja-da-baía de Marcos Luiz da Boa Morte, as quais levou consigo ao EUA, tendo sido o início do cultivo daquele fruto naquele país.[11]

Retornou ao Brasil em 1882, no Rio de Janeiro. Participou da organização do Sínodo do Brasil em 1888. Transferiu-se para São Paulo, onde atuou como funcionário público estadual, trabalhando na meteorologia da Secretaria da Agricultura.[12] Foi professor no Instituto Teológico e no Seminário Presbiteriano do Sul, quando este mudou-se de Nova Friburgo para Campinas. Muito cooperou com a Igreja Presbiteriana Unida de São Paulo.

Morte[editar | editar código-fonte]

Dentre os companheiros de Ashbel Green Simonton, fundador da Igreja Presbiteriana do Brasil, (Simonton, Alexander Latimer Blackford e Schneider),[13] Schneider foi o último a morrer. Para Alderi Souza de Matos, Schneider foi um homem "austero e de gênio impulsivo, [que] era rigorosamente exato e exigia o mesmo dos outros".[14] Morreu em 21 de março de 1910, após uma longa enfermidade, aos 77 anos. Foi sepultado no Cemitério dos Protestantes[15] e no seu túmulo foi escrito o versículo 24 do capítulo 17 do Evangelho segundo João: "Pai! A minha vontade é que, onde Eu estou, estejam também comigo aqueles que Tu me deste". Em seu testamento deixou registrada a seguinte declaração:

Minha fé para a salvação está depositada no meu Senhor e Salvador Jesus Cristo que morreu por meus pecados e, ressuscitado, subiu ao céu, onde vive e intercede por mim à destra do Pai. Esta é a fé que recomendo aos meus filhos e amigos, e exorto-os, ainda depois de morto, a que aceitem este mesmo Jesus por seu Salvador e vivam obedientes à sua lei contida nas Sagradas Escrituras, comumente chamadas a Bíblia.

Veja também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «Missionários da Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos da América ou Igreja do Norte - PCUSA (1859-1900)» (PDF). Igreja Presbiteriana Ebenézer de São Paulo. Setembro de 2015. Consultado em 27 de outubro de 2020 
  2. MATOS, Alderi Souza de. «Breve história do Protestantismo no Brasil». Vox Faifae: Revista de Teologia da Faculdade FASSEB. Consultado em 27 de outubro de 2020 
  3. a b SEIXAS, Mariana Ellen Santos (julho de 2011). «Reverendo Francis Joseph Christopher Schneider, pioneiro presbiteriano: detalhes de sua trajetória na Bahia». Anais do XXXVI Simpósio Nacional de História - Associação Nacional de História. Consultado em 27 de outubro de 2020 
  4. «Igreja Presbiteriana do Brasil». Igreja Presbiteriana de Jacarezinho. Consultado em 27 de outubro de 2020 
  5. CLARK, Jorge Uilson (2005). «Presbiterianismo do Sul em Campinas: primórdio da educação liberal» (PDF). Universidade Estadual de Campinas. Consultado em 27 de outubro de 2020 
  6. RIBEIRO, Boanerges (1979). O padre protestante. São Paulo: Casa Editora Presbiteriana. p. 125 
  7. MARTINS, Thales Renan Augusto (2014). «Presbiterianismo em Jundiaí: história e organização tardia» (PDF). (Dissertação de Mestrado) Universidade Presbiteriana Mackenzie. Consultado em 27 de outubro de 2020 
  8. «Igreja Presbiteriana da Bahia». Guia Geográfico Bahia. Consultado em 27 de outubro de 2020 
  9. SEIXAS, Mariana Ellen Santos (2011). «Igreja Presbiteriana na Bahia: instituição, imprensa e cotidiano (1872-1900)» (PDF). (Dissertação de Mestrado) - Universidade Federal da Bahia. Consultado em 27 de outubro de 2020 
  10. SEIXAS, Mariana Ellen Santos (2017). Igreja Presbiteriana na Bahia (1872-1900): instituição, imprensa e cotidiano. Salvador: Sagga Editora. 244 páginas 
  11. «A vida do Rev. Francis Joseph Christopher Schneider». Agreste Presbiteriano. 15 de março de 2018. Consultado em 27 de outubro de 2020 
  12. «Cartas da Missão Presbiteriana Americana circuladas no Brasil e Colômbia oitocentista» (PDF). IV Colóquio Internacional Educação e Contemporaneidade. Consultado em 27 de outubro de 2020 
  13. MATOS, Alderi Souza de. «Simonton e as bases do presbiterianismo no Brasil». Seminário Teológico Presbiteriano Reverendo José Manoel da Conceição. Consultado em 27 de outubro de 2020 
  14. MATOS, Alderi Souza de (2004). Os Pioneiros Presbiterianos do Brasil. São Paulo: Editora Cultura Cristã. p. 45-46 
  15. MATOS, Alderi Souza de. «O Cemitério dos Protestantes de São Paulo: Repouso dos Pioneiros Presbiterianos» (PDF). Cemitério dos Protestantes. Consultado em 27 de outubro de 2020 

Precedido por
Rev. Alexander Latimer Blackford
Presidente do Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana do Brasil

1869 - 1870
Sucedido por
Rev. Robert Lenington