Francistown

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Francistown
Fancistown
Fancistown
Fancistown
Localização
Mapa da Botsuana mostrando Francistown
Mapa da Botsuana mostrando Francistown
Mapa da Botsuana mostrando Francistown
Coordenadas 21° 10' S 27° 30' E
País Botsuana
Distrito Nordeste
Administração
Prefeito Ignatius Moswaane
Características geográficas
População total (2011) 100 079 hab.

Francistown é a segunda maior cidade do Botsuana, com uma população de cerca de 113.315 no ano de 2001.[1] É descrita como a "Capital do Norte".

Geografia[editar | editar código-fonte]

Francistown está localizada na parte oriental do Botsuana, cerca de 400 km a norte-nordeste da capital, Gaborone. Em sua localização está a confluência dos rios Inchwe e Tati, ficando também próxima ao rio Shashe (afluente do Limpopo) e a cerca de 20 km em linha reta da fronteira com o Zimbábue e a cerca de 80 km do posto de controle fronteiriço internacional com o referido país.

História[editar | editar código-fonte]

Evidências históricas mostram que Francistown começou como uma das aldeias do povo calanga.[2] A mineração, que costumava ser uma atividade comum dos calangas, no nordeste do Botsuana, era amplamente praticada na área, principalmente a extração do ouro.[2] Os calangas estabeleceram a aldeia de Nyangabgwe na área de Francistown, que servia de suporte justamente às atividades mineiras.[2]

Os matabeles estabaleceram-se na área na década de 1820, fixando seu centro de poder um pouco mais ao norte, em Bulavaio, trazendo sua cultura e influência para os calangas que viviam no nordeste do Botsuana.[2] A aldeia de Nyangabgwe, já sob influência dos matabeles,[2] foi registrada quando foi pela primeira vez visitada pelos europeus, liderados por Robert Moffat.[2] A expedição de Moffat foi seguida pela do garimpeiro Karl Mauch que, em 1867, encontrou ouro ao longo do rio Tati.[3]

Após a descoberta de Mauch, Francistown tornou-se o centro da corrida do ouro na África Austral no final do século XIX e início do século XX, fato que a tornou rodeada por várias minas em operação ou abandonadas.[3]

A localidade foi formalmente fundada em 1897, como uma vila operária perto da mina Monarca.[2] Inclusive o nome de Francistown faz homenagem a Daniel Francis, um colonizador britânico que adquiriu licença de prospeção na região em 1869.[2][4] Francis foi o diretor da Companhia das Concessões Tati, que havia adquirido do rei Lobengula do Reino Mutuacazi dos matabeles os direitos de mineração sobre todos os terrenos na região.[4] O centro da cidade foi formado quando a empresa vendeu 300 lotes em agosto do mesmo ano. Após a repartição das terras para mineração, foram iniciadas várias outras lavras nas proximidades da mina Monarca, trazendo muitos trabalhadores para a cidade.[4]

No início, a cidade compreendia uma rua paralela à linha ferroviária Cabo-Cairo. Nesta rua instalaram-se várias empresas, incluindo um hotel, bancos e três comércios retalhistas e grossistas.[2] Atrás dos estabelecimentos comerciais foram erguidas as casas dos colonos brancos.[2] Foram segregadas áreas para as pessoas negras numa espécie de gueto entre a ferrovia e o rio.[2]

Antes da independência, Francistown era o maior centro comercial do Botsuana. O ouro sustentou a economia da região desde o final do século XIX até a década de 1930.[4] A indústria mineral foi duramente atingida pela recessão global da década de 1930.[4] Entre 1936 e 1980, a economia de Francistown foi amplamente apoiada ou dependente da Associação de Trabalho Nativo de Witwatersrand, uma empresa que recrutava mão de obra para as minas sul-africanas.[5] Os trabalhadores mineiros faziam remessas de dinheiro regulares às suas famílias em Francistown, que permitia à cidade manter-se.[5]

Desde 1966, a cidade cresceu significativamente devido principalmente ao comércio transfronteiriço ativo com a Rodésia/Zimbábue, fato justificado pela busca dos recém independentes estados do Botsuana e da Rodésia/Zimbábue por melhorar seu intercâmibio comercial utilizando principalmente as rotas logísticas de Francistown.[5] Outro fator que colaborou para a cidade superar o declínio econômico da mineração foi a atração, até a década de 1990, de empresas e negócios sul-africanos que tentavam contornar as sanções internacionais contra o Estado de apartheid da África do Sul.[5]

Em 1997, Francistown alcançou o título de cidade, a segunda do Botsuana depois de Gaborone.[5]

Economia[editar | editar código-fonte]

Em Francistown está localizado o principal centro rotas de transportes rodoviários e ferroviários do Botsuana. Além da logística, a economia local sustenta-se também na mineração e na indústria.

A principal empresa mineradora operante em Francistown é a Tati Nickel, de propriedade da MMC Norilsk Nickel, que possui operações nas minas Selkirk e Phoenix, produzindo principalmente cobalto, cobre e níquel.[6] Além disso, há a Refinaria de Metal do Botsuana, um empreendimento com participação da Tati Nickel.[7] O Complexo Industrial Dumela, um parque industrial, é um importante empregador na cidade, vinculado às operações da indústria mineral, muito embora também concentre uma importante indústria de abatedouro de animais, bem como vestuário, malhas, calçados, têxteis, cerâmica e química. O Complexo de Dumela ainda abriga uma montadora de protótipos da Harper Sports Cars.[8]

A mídia de Francistown inclui o jornal "A Voz do Botsuana".[5]

Demografia[editar | editar código-fonte]

Os calangas, o segundo maior grupo étnico do Botsuana, são tradicionalmente centrados em torno da cidade e da área circundante.[5] Recentemente, a cidade tem visto um grande afluxo de imigrantes ilegais a partir de países vizinhos, como o Zimbábue.[5]

Infraestrutura[editar | editar código-fonte]

Educação[editar | editar código-fonte]

A principal instituição de ensino superior da cidade, o Colégio de Formação de Professores de Francistown, se tornou uma das unidades orgânicas da Universidade do Botsuana em 1973. Outra instituição de ensino importante, a Escola Secundária Sênior de Francistown, iniciou suas atividades em 1978.[9]

Saúde[editar | editar código-fonte]

A incidência do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) em Francistown foi estimado em 40%, um número bastante elevado.

Transportes[editar | editar código-fonte]

A cidade é um importante centro de transportes. A linha férrea Cabo-Cairo liga a cidade de Francistown com Bulavaio e Victoria Falls, no Zimbabue. A mesma linha permite a ligação de Francistown com Gaborone, no sul. Além da linha férrea, a cidade é o entroncamento da Rodovia Cairo–Cidade do Cabo, da Rodovia A3 e da Rodovia A30, além de diversas outras rodovias regionais. A Rodovia Cairo–Cidade do Cabo, a principal das estradas, liga Francistown com Lobatse, no sul, e Ramokgwebana, no norte.[10]

A cidade é servida pelo Aeroporto Internacional Phillip Gaonwe Matante, um aeroporto internacional com 2 pistas localizado a cerca de 2 km da cidade. Em 2003, tinha uma capacidade total de 29.223 passageiros.

Cultura e lazer[editar | editar código-fonte]

Em Francistown está o Museu Supa Ngwao, com exposições relacionadas à história humana, cultura, tradição e artesanato do nordeste do Botsuana.[11] Há ainda a Reserva Natural de Tachila, criada a 5 km do centro histórico de Francistown,[5] bem como as ruínas de Domboshaba, onde morava o líder dos calangas.[5] Nas ruínas anualmente realiza-se o festival de artes calangas, conhecido como "festival Domboshaba".[5]

Na arquitetura destaca-se a Igreja de São Patrício e a Catedral de Nossa Senhora do Deserto, esta a sé da Diocese de Francistown.[12]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Área urbana - Censo 2001
  2. a b c d e f g h i j k Boga Thura Manatsha (Novembro de 2014). «The politics of renaming "colonial" streets in Francistown, Botswana». Universidade de Botswana. Historia. 59 (2): 269-288 
  3. a b Eriksson, Patrick G.; Altermann, W.; Förtsch, E. B. (1995). «Transvaal Sequence and Bushveld Complex». Mineralium Deposita. 30 (2): 85–88. doi:10.1007/BF00189337 
  4. a b c d e René Arthur Pelletier (1964). Mineral Resources of South-Central Africa. Cidade do Cabo/Londres/Nova Iorque/Toronto: Oxford University Press. 134 páginas 
  5. a b c d e f g h i j k «Visit Francistown». The Botswana Society. 2019 
  6. «Norilsk Nickel». Consultado em 25 de julho de 2010 
  7. Gabathuse, Ryder (6 de junho de 2008). «P3bn Tati project crashes». Francistown, Botswana: Mmegi. Consultado em 25 de julho de 2010 
  8. Harper. d’Auto. 10 de julho de 2016.
  9. Francistown Senior Secondary School
  10. «Cairo-Cape Town Highway: From Vision to Reality in 2015». Egyptian Streets. ES Media. 12 de setembro de 2014 
  11. Supa Ngwao Museum page at Botswana Board of Tourism
  12. Botswana: Papa eleva à Diocese Vicariato Apostólico de Francistown. Vatican News. 2 de outubro de 2017