Franz Overbeck

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Franz Overbeck
Franz Overbeck
Nascimento 16 de novembro de 1837
São Petersburgo
Morte 26 de junho de 1905 (67 anos)
Basileia
Sepultamento Wolfgottesacker
Cidadania Império Russo
Cônjuge Ida Overbeck
Alma mater
Ocupação escritor, teólogo, professor universitário, historiador da filosofia, historiador da religião
Prêmios
  • Doutor Honoris Causa da Universidade de St Andrews
Empregador(a) Universidade de Jena, Universidade de Basileia
Religião luteranismo
Assinatura

Franz Camille Overbeck (São Petersburgo, 16 de novembro de 1837Basileia, 26 de junho de 1905) foi um teólogo protestante alemão.

Fora da Alemanha ficou mais conhecido por sua amizade e lealdade a Friedrich Nietzsche. Mas atualmente é também considerado como um dos primeiros artífices da crítica da teologia liberal. Neste aspecto, exerceu influência sobre teólogos da crise como Karl Barth[1] e Friedrich Gogarten,[2] e sobre pensadores do século XX como Martin Heidegger [3][4] e Karl Löwith.[5] Sua obra mais importante e influente é Über die Christlichkeit unserer heutigen Theologie[6] ("Sobre o caráter cristão da nossa teologia atual").

Overbeck era filho de um comerciante anglo-germânico, Franz Heinrich Herrmann Overbeck, e de sua mulher, Jeanne Cerclet Camille, francesa nascida em São Petersburgo. Recebeu educação humanista de padrão europeu, inicialmente em São Petersburgo; posteriormente, em Paris, de 1846 até a Revolução de Fevereiro de 1848, retornando a São Petersburgo, e, a partir de 1850, em Dresden. Sua origem multinacional permitiu-lhe dominar a maioria das línguas europeias, fluentemente.

Em 1870, Overbeck tornou-se professor de Exegese do Novo Testamento e História da Igreja na Universidade de Basileia. Desde então, até 1875, ele e seu colega Nietzsche, que ensinava Filologia na mesma universidade, moraram no mesmo prédio, desenvolvendo uma duradoura amizade, que seria crucial para ambos. Depois que Nietzsche deixou a Basileia, em 1879, ele e Overbeck se corresponderam regularmente.[7]

Franz Overbeck foi a primeira pessoa a socorrer Nietzsche quando, no início de janeiro de 1889, este começou a manifestar sintomas de colapso psíquico. Ao receber uma carta do amigo e perceber o que se passava, Overbeck seguiu para Turim no mesmo dia, para resgatá-lo e salvar seus manuscritos.

Overbeck manteve uma distância crítica em relação ao conteúdo dos escritos de Nietzsche, mas denunciou o início de "revisionismo", promovido pela irmã do filósofo, Elisabeth Förster-Nietzsche, nacionalista, anti-semita e simpatizante do Partido Nacional Socialista Alemão.

Overbeck recusou-se a cooperar com Elisabeth e o seu Nietzsche-Archiv, como também recusou-se a ceder-lhe a sua correspondência com o filósofo. Em notas privadas e cartas, Overbeck acusou-a de desvirtuar a obra de Nietzsche — acusação que posteriormente se revelou procedente, sobretudo quando da edição dos fragmentos póstumos, publicados sob o título de Vontade de poder.[8]

"Com mãos de “empresária moderna”, a "irmã de Zaratustra", título que ela mesma se atribuiu, Elisabeth Förster-Nietzsche transformou o nome e a obra do irmão num empreendimento acima de tudo lucrativo e contribuiu, de maneira decisiva, para sua apropriação pelo nazismo."[9]

Overbeck continuou a visitar Nietzsche até a morte do filósofo, em 1900.

Referências

  1. McCormack, Bruce (1997). Karl Barth's Critically Realistic Dialectical Theology: Its Genesis and Development 1909-1936. New York: Oxford University Press, p. 227. ISBN 0198269560.
  2. Runyon, Theodore (1965).Friedrich Gogarten. A Handbook of Christian Theologians. Cleveland and New York: The World Publishing Company, pp. 427-444.
  3. Heidegger, Martin . Fenomenologia e Teologia, 1927.
  4. CROWE, Benjamin D. Google livros. Heidegger's religious origins: destruction and authenticity. Indiana University Press, 2006; p.130s.
  5. LÖWITH, Karl. «El análisis histórico do cristianismo originario y del cristianismo decadente cumplido por Overbeck». In De Hegel a Nietzsche. La quiebra revolucionaria del pensamiento en el siglo XIX. Katz editores, 2008; p. 480s. ISBN 3787313591.
  6. Overbeck, Franz (1963). Über die Christlichkeit unserer heutigen Theologie. Darmstadt: Wissenschaftliche Buchgesellschaft.
  7. Colli, Giorgio &, Montinari, Mazzimo (1975). Friedrich Nietzsche, Briefwechsel. Kritische Gesamtausgabe, 22 vol. Berlin/New York: Walther de Gruyter. ISBN 3110122774.
  8. A edição de Elisabeth Förster-Nietzsche foi parcial, incompleta e ordenada arbitrariamente, conforme observou Heidegger em seus cursos Nietzsche I (1936-1939), ed. B. Schillbach, 1996, XIV, 596p. and Nietzsche II (1939-1946), ed. B. Schillbach, 1997, VIII, 454p. .
  9. "Ler Nietzsche com Mazzino Montinari", por Ernani Chaves. Cadernos Nietzsche 3, p. 65-76, 1997.

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